Hoje o Desaster da Alemanha é um grupo conhecido no cenário do metal extremo mundial, e isso talvez se deva ao fato de que, em 2005, eles lançaram seu 5º trabalho, pela gravadora Metal Blade, abrindo novos caminhos para a banda, que já mostrara muita qualidade em seus lançamentos anteriores, angariando vários adeptos no underground. Com uma arte de capa simples, de Chris Moyen, que já fez inúmeras artes, incluindo Incantation e Vital Remains, mas na sua maioria em singles e EPs, talvez a capa de Angel Whore seja sua arte mais conhecida. Após a intro "The Arrival" a aniquilação sonora se dá com "The Blessed Pestilence", talvez uma unanimidade quando falamos deste artefato. Ela já começa com um riff gelado e uma bateria puxando um headbanging. A forma descompromissada com que Sataniac berra a letra conclamando os horrores da peste negra medieval, nos dá uma ideia de uma banda crua e desgracenta, mas os riffs de guitarra somados a uma passagem em que o baixo aparece de forma clara, mostram que não é uma horda de submundo berrando maldições de forma pueril, mas um nome que chegou para ficar. O riff da faixa título é bem thrash, evocando primórdios de bandas como seus conterrâneos do Kreator, com um vocal mais gutural e uma interpretação incomum, mostrando que o vocalista não se acomodaria berrando sempre da mesma forma obscena. Ótima música! "Conqueror's Supremacy" é outra faixa excelente, já num esquema mais épico, com andamento mais mediano e vocalizações diferenciadas contendo até narrativa. Tem até música pra quem curte death metal, com "Nihilistic Overture" o Desaster aposta em bases old school, com peso e velocidade mediana, enquanto Sataniac manda guturais cavernosos. "Angel Whore" é um álbum essencialmente extremo, onde fãs de thrash, death e black irão se deleitar com uma banda que encontrava seu caminho de glória (ou danação) há 20 anos.
sábado, 25 de outubro de 2025
sábado, 18 de outubro de 2025
20 anos de The Inventor of Evil do Destruction!!!
O Destruction é, indiscutivelmente, uma das maiores forças do thrash metal mundial. Desde o início dos anos 80 até os dias atuais sempre foi assunto no mundo do metal, por seus lançamentos e principalmente por apresentações carregadas de energia, com seu líder Schmier (baixo e vocal) sendo uma das figuras mais carismáticas e metaleiras (se me permite o termo) da cena. "Inventor of Evil" é o seu 9º trabalho de estúdio, lançado em 2005 pela AFM Records. Após 2 álbuns icônicos, o sensacional "The Antichrist" e o plástico, mas ainda bom "Metal Discharge", "Inventor of Evil" finalmente trouxe de volta à sua capa o mascote Mad Butcher, com todo sangue e carniceria que lhe é peculiar. Produzido por Marc Reign e a banda e mixado por Peter Tägtgren, a sonoridade ficou melhor que o trabalho anterior, apesar de que o som meio digital que a banda empregou em seus álbuns daquele período e tentou fugir disso nos últimos anos, sempre me deixou um pouco chateado. Seria muito bom ouvir um álbum do Destruction com uma gravação analógica como nos anos 80. Enfim, o trabalho tenta se diversificar um pouco, mas acaba permanecendo um som típico dos caras. O início de "The Calm Before The Storm" e sua estrutura mais clássica é um diferencial bem planejado e ficou legal. Já a participação de 1 milhão de outros artistas na música "The Alliance of Hellhoundz" soou forçada e meio bagunçada. Talvez Tobias Sammet, que também é alemão, pudesse dar uma forcinha a Schmier sobre como colocar vários vocalistas em um projeto de forma organizada, hehe. Mas nesta faixa temos a participação ilustre de grandes nomes como o finado Paul Di'Anno, Biff Byford do Saxon, a rainha Doro Pesch, Shagrath do Dimmu Borgir (aehhh), Björn Strid do Soilwork, Messiah Marcolin do Candlemass, Mark Osegueda do Death Angel e Peavy do Rage. Uma de minhas músicas preferidas do álbum é "The Defiance Will Remain", com uma pegada elétrica e riffs rápidos. Outra bem legal é "Under Surveillance" com uma base mais quebrada bem thash e refrão forte. Mike Sifringer conservava seu pulso forte para palhetar as 6 cordas e Marc Reign em seu segundo álbum de estúdio mostrando que não era só no metal extremo que ele se destacava.
20 anos de Chimaira do Chimaira!!!
A banda Chimaira, de Cleveland nos Estados Unidos, é comumente associada ao NWOAHM, uma versão americana dos anos 2000 em contrapartida à New Wave da Inglaterra dos anos 80. Com um álbum autointitulado em 2005, seu terceiro trabalho, o sexteto (?) abdicou de alguns elementos mais eletrônicos de seus 2 primeiros álbuns para ostentar uma vertente mais tradicional, apesar de ainda continuar soando como uma banda de groove/metalcore. Mas os fãs de Thrash Metal se surpreenderam com vários riffs extremamente encaixados na proposta post thrash, principalmente nos elementos encontrados em alguns capítulos de Machine Head e Lamb of God. Acostumado a trabalhos mais groove da banda, ao ouvir esta pancada, fiquei muito entusiasmado, pois até o momento este álbum é o mais próximo daquilo que eu realmente aprecio quando o assunto é agressividade e peso no groove. O groove por si só é um bolo que você aprecia no momento, mas ele te deixa empanzinado e pode causar vômitos. Já o groove com thrash é aquele bolo que você come e repete 2 pedaços antes de libertar um sonoro arroto de satisfação. As 2 músicas de abertura, "Nothing Remains" e "Save Ourselves" definem bem a magnitude deste trabalho. Mesmo que a estrutura destas músicas caminhem pelo metal mais gordo, volta e meia entra um riff old school (pero no mucho) para te fazer levantar da cadeira e olhar o que realmente está acontecendo. Os vocais de Mark Hunter também ajudam a curtir este som, na linha de Randy Blythe, porém caminhando na direção de Burton C. Bell, ex Fear Factory. As músicas são longas, passando em sua maioria de 5 minutos e as letras às vezes me parecem bem individuais, contando algumas situações de vida e família do vocalista, como em "Left for Dead". A arte da capa, criada por Garret Zunt, que também fez a anterior (branca e vermelha), agora se concentrou no preto e branco, e para ficar melhor eu colocaria o logo da banda maior e sobre as figuras. O baterista recrutado para este petardo foi Kevin Talley, que na época socava os kits da banda de death metal Dying Fetus, portanto, acostumado a groove e desgraceiras. Completam o time os guitarristas Rob Arnold e Matt DeVries, o baixista Jim LaMarca e o tecladista Chris Spicuzza. Outro grande momento no play fica com solos de guitarra. Ouça "Everything You Love" e comente sobre o solo.
domingo, 12 de outubro de 2025
20 anos de Doomsday Machine do Arch Enemy!!!
Se fizer um top 10 da discografia do Arch Enemy, "Doomsday Machine", sexto opus da banda sueca, ficará em terceiro. Isso é bem positivo em se tratando de gosto, mas se eu também disser que nenhum outro trabalho posterior superou este álbum, estamos quase alegando que "Doomsday" seja a última grande obra do Arch Enemy. Há um pouco de verdade nisso, mas é também real que houveram sim belos trabalhos desde então, mas nenhum me fisgou com a mesma intensidade que estes trabalhos da época em que Angela Gossow esteve à frente do microfone. Pode ser apenas gosto pessoal, mas...
Com uma intro carregada de melodia e um estrondoso gancho de guitarra, "Enter the Machine" chega causando ótima impressão. "Taking Back My Soul" cumpre bem seu papel de música inicial e pós intro, com as características esperadas de uma banda de melodic death no mainstream. Vocais rasgados, peso, melodia e uma trilha fácil de lembrar. "Nemesis" é a música de trabalho e merece tal posto, a melhor do álbum, mesmo que com o passar dos anos ela soe comercial, se é que podemos chamar death metal de comercial. Gosto muito de "My Apocalipse", são bases pouco convencionais, onde Michael Amott toca como nos tempos de Carcass, levando uma base sem muita lógica nem melodia bonitinha, apenas metal incomodando, e bem feito. Bom citar "I Am Legend/Out For Blood", uma faixa diferenciada, com Daniel Erlandsson soltando a mão (e os pés) na bateria, além de melodias de guitarras criativas e enriquecedoras, além de seu riff principal bem direto. A penúltima música do álbum, "Machtkampf" é bem enérgica, beirando o thrash, e o começo da bateria lembra demais aquele início de "Territory" do Sepultura. Já a derradeira "Slaves of Yesterday" é bem trabalhada, tem um riff bem pesado e palhetadas abafadas, mas as melodias inseridas são bem interessantes, e o solo de guitarra também é uma viagem. Bela faixa para te pedir um novo play de todo o petardo. "Doomsday Machine" não se perde repetindo os trabalhos anteriores, ele segue o mesmo molde de "Anthems of Rebellion", mas não tem o mesmo brilho. Ele também não soa repetitivo, cada faixa tem mais ou menos criatividade que as outras, mas as suas particularidades não deixam o som enfadonho. Certamente foi um álbum pensado para grandes arenas.
20 anos de Harzadous Mutation do Municipal Waste!!!
Agora sim a banda americana Municipal Waste teve seu merecido suporte para um crescimento na cena de thrash - crossover. Seu segundo play, "Hazardous Mutation", de 2005, foi lançado pela grande Earache. Com uma arte de capa bem bacana, a cargo de Ed Repka, aquele caminhão carregado de gente legal numa metrópole apocalíptica, e cores vivas como o artista gosta, o play ganhou mais minutagem, dos 17 do debut, pularam para pouco mais de 26 minutos de metal agressivo e rápido. Se você ama crossover, hardcore e thrash em sua veia mais speed, "Hazardous Mutation" é um banquete. E músicas como "Blood Drive" ainda tem tempo para riffs menos acelerados e solo de guitarra e tudo, mesmo com pouco mais de 1 minuto de duração. Com uma nova cozinha (Dave White na bateria e Land Phil no baixo) a banda se manteve com Tony Foresta nos vocais e Ryan Waste na guitarra. Impossível não lembrar de bandas de hardcore de Nova York ao ouvir uma música como "Guilty of Being Tight" e aquela energia que vem das ruas e guetos repletos de gangues barras pesadas. Curto uma pancadaria desenfreada, mas é tão legal quando acrescentam uma melodia diferente como em "Nailed Casket". São as músicas mais lembradas durante as próximas audições. E a punk "Black Ice" com seus 23 segundos serve para você apresentar a banda a seu amigo desavisado. Ele vai amar ou odiar o Municipal para sempre e é sempre bom separar o joio do trigo. O fato de se repetir na maioria das músicas (estou falando de fórmula e não do mesmo som) pode cansar um pouco quem não conhece, mas é bom que saibam, além da duração do CD ajudar neste quesito. A música "The Thrashing of Christ" tem aquele riff cavalgado, com uma pitada de groove, e ficou muito legal. Indicamos essa pancada para quem quiser se divertir sem constrangimentos.
sábado, 11 de outubro de 2025
20 anos de Frozen in Time do Obituary!!!
Obituary, minha banda favorita de death metal, estava a 8 anos sem lançar um álbum. Após especulações do término da banda após "World Demise" de 1994 eles retornaram 3 anos depois com "Back From the Dead" e mesmo sem mais rumores 8 anos foi um tempo difícil de esperar sem especular mais uma pausa. Só que a espera acabou dia 18 de julho de 2005 com "Frozen in Time". O cenário da capa traz o esqueleto de aparentemente um dragão, em um local deserto e aterrador, como já havíamos visto nas capas de "The End Complete" e da coletânea "Anthology", mais uma arte fenomenal do mago dos desenhos do metal da morte, power metal e outros, Andreas Marschall. Lançado pela Roadrunner, e com apenas 34 minutos de duração, um tempo muito curto para a era de CDs, o trabalho não trouxe muitas novidades musicais. É o velho Bitu com seu slow death cativante e regido com maestria por um dos melhores vocais de death metal do planeta. A pancadaria começa com uma instrumental icônica, apesar do nome esquisito, "Redneck Stomp" é de encher os olhos com aquele peso descomunal e muito groove remetendo aos tempos de "Cause of Death" e "The End Complete". Mesmo sendo longa (3:30) vale a pena pra começar o caos. Tudo bem que as demais faixas não carregam nenhuma necessidade especial em ser diferente, a banda já usou isso nos 2 álbuns anteriores. São riffs até bem parecidos entre si, e algumas faixas têm apenas um riff em seu ouvido do início ao fim, mas carácolas, é Obituary em sua essência, não tem que ter nenhuma fórmula mágica de divindade celestial, basta provocar um movimento retilíneo uniforme de cabeças para frente e para trás. "On the Floor" parece tirada dos anos 90, alternando partes lentas e aceleradas. Allen West e Trevor Peres continuam esmagando tudo com suas 6 cordas. "Insane" foi o primeiro vídeo clipe que vi deste play, então foi o cartão postal do álbum e cumpriu seu papel, mesmo sendo bem retona, dando uma floreada no pós solo. A velocidade de "Lockjaw" é bem interessante, se você se cansar rápido do som arrastado. Não chega perto de ser um álbum icônico do Obituary, mas caminha no solo arrastado com segurança e não deixa o deserto para respirar outros ares insalubres.





