quinta-feira, 24 de abril de 2025

20 anos de Ashes do Tristania!!!


Me apaixonei pelo Tristania nos primeiros segundos de "Widow' s Weeds" e esta paixão duplicou com a chegada de "Beyond The Veil". Porém no terceiro álbum, "World of Glass", quando lançado, acabei por relegar a banda a patamares inferiores em minhas prateleiras de gosto musical, por todas as questões que já abordei aqui na página, quando o álbum completou 20 anos em 2021. O álbum anterior conserva ainda uma filosofia musical ou gene artístico de seu fundador Morten Veland, mas o 4º álbum da banda, "Ashes", lançado em 2005 pela Steamhammer (uma clara referência de perda de popularidade após trabalhar com a Napalm Records ou o motivo para isso?) viu a luz do dia, apesar de sua alma cinza, num formato bem diferente do anterior. "Ashes" tem uma essência totalmente gótica. Tem a melancolia Doom, mas com efeitos mais soturnos e menos tristes. Os vocais masculinos não são mais guturais, eles se revezem entre o rasgado de Kjetil Ingebrethsen e os limpos de Osten Bergoy, ótimos por sinal, mas os rasgados não têm nenhuma qualidade que me faça mostrar os dentes durante a audição. No quesito voz, a sensação continua sendo a belíssima Vibeke Stene, que reduziu consideravelmente o canto lírico e agora nos presenteia com vozes angelicais em perfeita harmonia com o som mais acústico proposto pela banda em "Ashes". As 3 primeiras faixas são exemplos fiéis daquilo que o Tristania praticou neste álbum. A abertura com "Libre" mostra que as camadas excessivas de outrora não existem mais, e a banda aposta mais na simplicidade e introspecção, mas os vocais rasgados soam forçados e desnecessários nesta faixa. Em seguida temos "Equilibrium" e é quando percebemos quão soberba é Vibeke com sua voz importantíssima para a banda. E logo depois temos o maior destaque do álbum, a raivosa "The Wretched", com todos os músicos se sobressaindo e um riff gelado e mal de Anders Hoyvik tomando os espaços. O baixo de Rune Osterhus está presente em todo o trabalho, mas ganha destaque especial em "Circus", numa passagem pesada e cheia de charme. As letras de "Ashes" são um prato de sangue e flores à parte. São o tipo de letras que dá gosto de se ouvir e compreender elevando a experiência da audição do álbum, transmitindo uma profundidade mórbida, transformando músicas como "Shadowman" em pura, bela e sensível arte gótica. O Tristania mudou, perdeu identidade, perdeu público, mas se reinventou, e encontrou na simplicidade uma fórmula quase perfeita para se transformar, sem perder totalmente os vínculos, se distanciando sem se distanciar do espírito que deu início a esta jornada desolada e perene!

 

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