Tem gente que é incansável. Que batalha até a última gota de sangue mesmo que o reconhecimento seja ínfimo. Mas o amor é a força motivadora mais poderosa do universo, e amor ao Metal é o que podemos perceber em tudo o que Rhodz Costa faz. Seja tocando como músico ao vivo em algumas bandas, seja em projetos próprios, este grande Headbanger ainda consegue manter o Bewitchment relevante na cena nacional, mesmo que sozinho. Vamos ao bate papo que trouxe uma bela surpresa. Em primeira mão Rhodz divulga o título do novo álbum do Bewitchment que está a caminho.
M&L – Primeiramente Rhodz, nos fale o motivo da
criação do Bewitchment e de fazer tudo sozinho, gravando todos os instrumentos
e vocais. Quais os prós e contras de uma One Man Band?
Rhodz - Primeiramente quero agradecer o espaço cedido
pelo Metal e Loucuras!!!! O motivo pelo qual criei o Bewitchment foi devido ao
fato de querer ter um projeto onde eu criasse tudo do meu jeito, desde o instrumental, linhas vocais, temática e parte visual, etc.
Eu estava num período criativo bem intenso mas
as músicas que eu estava criando não se encaixavam muito na proposta do
Heritage, banda que eu tocava na época, e eu também queria aprender a gravar e
fazer minhas coisas sem ter que ficar
dependendo e esperando por membros de banda, estúdio e tal, em uma banda nem sempre suas
ideias serão compreendidas e aceitas pelos demais membros, pra criar uma única
música rola todo um processo onde ou se cria tudo junto ou quem faz sozinho tem
que passar pela aprovação dos demais membros!
Isso vale pro instrumental, pra
letra etc.; imagine fazer sei lá, 10 sons rsrsrs! Ainda vai ter a capa, o
encarte e todas as outras coisas que envolvem uma banda! É um processo
demorado e cansativo! No caso do estúdio é a mesma coisa e ainda tem o lance
financeiro envolvido. Como hoje em dia tem como fazer tudo em casa com uma
qualidade legal e sem custos muito altos, eu corri atrás e botei a coisa pra
funcionar! Pra mim o contra de um
projeto assim é se tiver que tocar ao vivo, correr atrás de bons músicos e pessoas, ensaiar, esse tipo de coisa.
Mas como no momento tocar ao vivo ainda não faz
parte dos planos, eu não tenho mais nada de negativo pra dizer sobre fazer tudo
sozinho! Acho até um processo
libertador!
M&L – A banda continua apenas com você? Como fica
a questão dos palcos, já que você sempre tocou ao vivo, seja no Cemitério,
Blasthrash, Side Effectz e outros?
Rhodz - Sim, continuo sozinho a frente do Bewitchment e sobre os palcos, eu amo tocar, mas estou
vivendo um momento pessoal e financeiro bem complicado, então acabei por sair
das bandas que eu tocava, o lado ruim é que tocando ao vivo com as outras
bandas eu sempre montava uma banquinha com material e acabava vendendo algo e
mesmo divulgando o Bewitchment indiretamente,
agora só pela internet é mais difícil, pois não é sempre que se tem
novidades pra postar e tal então a visibilidade da parada fica comprometida!
Mas quem sabe num futuro próximo dê certo de colocar esse projeto pra tocar ao
vivo! Alguns amigos próximos já até me
disseram que se eu fosse tocar ao vivo que os chamassem pra participar! Algo que me deixa bastante feliz! Então quem sabe?
M&L – Parece que você já está colhendo os frutos
do álbum Towards Desolation de 2017, pois já há uma parceria entre vários selos
para o lançamento do 2º álbum. Fale a respeito.
Rhodz - Sim, o
álbum teve uma repercussão bem legal e acima das minhas expectativas, tive muita dificuldade na parte de divulgação
e por não fazer show e ser bem recluso fica mais difícil ainda ter notícias pra
postar nas redes sociais, mas tive bastante apoio do pessoal do underground e
de zines e páginas como vocês do Metal e Loucuras, Sepulchral Voice, Fly Kintal, Crush The Cross, Total Hate , Mauá UPM e
Zine Death Metal! Terreiro do Heavy Metal, Brasil Metal História, Metal
Ground e Arte Metal! E páginas muito relevantes como Heavy Metal do Brasil, Eu Apoio o Metal Nacional, União Headbanger
e outras de fora do Brasil também foram e são essenciais para a proliferação do
Bewitchment mundo a fora! Desculpem se esqueci mais alguma!!!! E recentemente , finalizei as gravações do
segundo álbum e fechei parceria com os selos Heavy Metal Rock, Rapture Records, Psicose Records, ABC Terror Records e Extreme Sounds Records! Quero agradecer aqui publicamente aos amigos
por acreditarem no trabalho! Se tudo
ocorrer conforme o planejado, o álbum sai em setembro!
M&L – Foi divulgado o single From My Throne e
percebemos que o som está um pouco mais brutal, com vocais mais urrados, e
solos de guitarra ainda mais elaborados e produzidos. Esta é a tendência do
novo álbum?
Rhodz - Sim, o
novo álbum está 100% Death Metal, com muita influência da cena sueca e das
bandas americanas dos anos 90! O Primeiro álbum como citei anteriormente, a maioria das músicas eu fiz pensando no
Heritage, elas são bem mais thrash e tem bastante melodia e tal, mas como não
foram aprovadas pelos caras eu acabei trazendo as pro Bewitchment! Já no segundo álbum eu fiz tudo do zero, já tinha uma ideia da
sonoridade que eu queria fazer, embora
não tenha forçado a linha de compor e as músicas tenham vindo naturalmente! No
Bewitchment pretendo não ter um padrão ou estilo definido e a sonoridade dos
próximos álbuns serão totalmente guiadas pela emoção musical do momento, então num próximo álbum pode ser que role
algo mais Black Metal ou Doom! Vamos
ver! Esse é mais um lado bom de fazer tudo sozinho, você não se prende e tem toda liberdade de
explorar a musicalidade da sua mente sem ter que convencer os outros membros da
banda caso eles não queiram seguir o mesmo caminho e tal! Voltando ao segundo
álbum, a parte dos solos foram feitas em
sua grande maioria pelo meu grande irmão de muitos anos de bandas, Henrique
Perestrelo, foram todos gravados em
questão de horas e o resultado ficou foda!
O cara é muito talentoso e fiquei muito feliz quando ele aceitou o
convite e veio até minha casa pra gravá-los! Eu toquei apenas 2 pequenos solos
no álbum .
M&L – O álbum já tem um título?
Rhodz - Estou indeciso ainda mas em primeira mão irei divulgar o provável
título pra vocês! Oblivion Shall Reign será o título! O álbum conta com 8 sons sendo dois deles em
português!
M&L - Que legal, esperamos que não mude de ideia, será nosso primeiro furo (kkk). Voltando em Towards Desolation, são muitos riffs e mesmo que possamos
sentir grande influência do Death Metal sueco, são bases que se aproximam muito
do Thrash Metal mais visceral.
Sim, como
disse antes, a maioria dos sons eram
pro Heritage, eu tinha a ideia de fazer algo bem thrash mas com bastante
melodias e tal, daí usei no Bewitchment
e criei mais um ou dois sons pra completar o álbum!
M&L – A inspiração para a música O Machado é a
Cura, cantada em português, veio de sua participação no Cemitério?
Rhodz - Não , eu queria fazer uma letra em português
dando uma criticada nessa sociedade podre, decadente e altamente narcisista! Então nada melhor do que contar a
história de um maníaco que enxerga toda essa podridão e sai fazendo justiça com
as próprias mãos! E o que estamos
vivendo hoje no Brasil mostra que estamos
doentes! E só o machado pode nos
curar Hahaha! Gosto muito dessa música!
No Cemitério eu nunca criei nada, o
Hugo é quem faz tudo e com perfeição! Eu só tocava guitarra nos shows! Mas com certeza eu levo comigo a influência musical dele e do Henrique
Perestrelo e apesar de não ter tocado
junto com ele em nenhuma banda o Adriano Perfetto é outro cara que também me
influenciou muito! Pra mim esses três
caras são referência sem dúvida nenhuma!
M&L – No debut temos 2 covers, um para o Exorcist
e a Broken Witchcraft do ByWar, ex banda de Adriano Perffeto que você citou, e que ficou espetacular. Teremos mais versões no
próximo trabalho?
Rhodz - Valeu! Fico feliz que tenha curtido! Pra
mim são duas bandas que cresci ouvindo e tenho um amor grande por ambas, então acabei fazendo as versões, na verdade o cover do Exorcist eu já tinha
gravado desde quando comecei a aprender a gravar, ela não faz parte da sessão do Towards! Tá bem mais crua e tosca hehehe, já a Broken Witchcraft foi o último som que
gravei e ter a oportunidade de homenagear uma das maiores bandas do mundo não
tem preço! Foi muito divertido ! Nesse segundo álbum eu até pensei em fazer
uma versão pra Love Like Blood do Killing Joke, mas fiquei com preguiça de tirar a música e fazer outra versão (risos)!
Quem sabe num próximo!
M&L – Fale da arte da capa criada por Márcio
Aranha, que ficou muito legal. Parece que há uma tendência de retomar o desenho
à mão, característica que sumiu na era do CD.
Rhodz - A arte da capa é uma viagem! Eu desde que comecei a curtir metal sempre
pirei em capas desenhadas! Lembro de ir na galeria do rock e ficar horas
viajando nas capas, imaginando o estilo
das bandas olhando as capas e tal! Então foi muito natural que eu corresse
atrás de alguém pra materializar minhas ideias e o Márcio Aranha já tinha feito
um trabalho animal na capa do Heritage, então pedi a ele que fizesse a capa pro
Bewitchment! Passei as referências e o
cara me entregou muito mais do que eu imaginava! Definitivamente todas as bandas que eu fizer
parte ativamente terão capas desenhadas! Sem contar que hoje em dia a maioria das bandas está seguindo uma
tendência mais minimalista, com capas em preto e branco com aqueles desenhos
meio gore sei lá, ou aquelas capas
modernas que parecem fotos e não desenhos!
Muitas delas eu acho bem legal e tal mas não pra ter nos meus trampos! A
capa do novo álbum do Bewitchment será desenhada pelo Márcio novamente!
M&L – Esta semana fomos surpreendidos com a morte
precoce de André Matos (na semana da entrevista), um ícone do metal nacional e do mundo. Como você
recebeu esta notícia?
Rhodz - Putz Meo, eu não sou muito de me manifestar em redes sociais pra esse tipo de
notícias e tal mas particularmente eu ainda estou meio que sem acreditar! Meu
primeiro contato com o Angra foi em 1996 vendo o vídeo da Make Believe na
saudosa MTV! Depois conheci o Angels
Cry e tal! Gosto muito dessa fase da
banda e sempre dei uma acompanhada na carreira dele após sair do Angra e quando
comecei a assistir algumas entrevistas dele fui notando como o cara era humilde
e muito culto! Alguns amigos meus o
conheceram pessoalmente e todos diziam que o cara era um amor de pessoa, nunca
tratou um fã mal e além disso gostava de animais, resgatava cachorros de rua, fez até uma
música pra um gato dele que morreu! Não
tem como não admirar alguém assim!! Acho que todos deveríamos ser simples e
humildes e ele por ser quem era tinha essa humildade foda! A parte musical então nem se fala! Um mestre! Eu nunca vi um artista do Metal ser
tão homenageado nas redes sociais como ele foi, e isso mostra o respeito e o
carinho que ele conquistou em vida!
M&L – Sim, todos sentimos esta perda. Bom, o Metal & Loucuras deseja boa sorte com
o próximo lançamento, Rhodz. Espaço aberto a suas considerações finais.
Rhodz - Agradeço demais a vocês do Metal e loucuras pela
oportunidade de contar um pouquinho sobre o Bewitchment! Obrigado a todos que
tem apoiado, curtido e compartilhado! Me sinto privilegiado de poder produzir arte com honestidade e que ela
esteja atingindo as pessoas! Que a música continue tendo o poder de unir as
pessoas e que ela volte a ser tratada e encarada como forma de arte e expressão
dos mais variados sentimentos e não como um mero produto qualquer fabricado
para as massas, de qualquer jeito unicamente pra fazer grana!