domingo, 30 de janeiro de 2022

20 anos de Abigail II: The Revenge, do King Diamond


Claro que superar um clássico absoluto com uma sequência é algo praticamente impossível, seja no cinema, na literatura ou na música. Então devemos olhar para Abigail II sem comparações com a primeira parte da história lançada em 1987, mesmo porque o único músico que gravou os dois álbuns ao lado do Diamante Rei foi o guitarrista Andy LaRocque. Agora a parte que talvez você não esperava é que iremos dizer que a sequência é um puta álbum, começando pela linda arte da capa, digna de um excelente filme de terror. Após uma intro sinistra chamada "Spare This Life" temos a ótima "The Storm", que te deixa tranquilo, pois de cara se percebe que aquele som modernoso de alguns álbuns anteriores não está sendo repetido, mas sim o heavy metal puro e próximo do power, que caracterizou a maior parte da boa obra de King. E o play segue nesta pegada de bons riffs, vocais em alta, com graves, agudos e falsetes que somente King consegue fazer, solos de guitarra sem invencionices mas casando com as bases ("Miriam" é o exemplo perfeito disso), e um clima quase perfeito para o que pede a história. O "quase" perfeito é explicado porque em alguns momentos as bases são aquele heavy puro, sem o feeling oculto e místico que nossa pequena (e agora jovem) Abigail merece, mesmo que vozes infantis e choros femininos te levem para aquele lado. O outro guitarrista foi Mike Wed, já conhecido de vários trabalhos com Mercyful Fate, Candlemass, Memento Mori e outros, o resgatado baixista Hal Patino que esteve em alguns clássicos de King e o até então não muito conhecido batera Matt Thompson que fez um excelente trabalho e ganhou a confiança de King para os trabalhos posteriores. No geral as músicas desta sequência são muito boas, como as já citadas que se sobressaem, ao lado da magnífica "Mansion in Sorrow", mas temos vários outros destaques como "Broken Glass" com alguns teclados para dar um clima cult e é bem acelerada, "Slippery Stairs" ou a enigmática "Mommy". "Abigail II: The Revenge é uma sequência que merece ser ouvida. Muitas vezes!

 

domingo, 23 de janeiro de 2022

20 anos de Storm of Vengeance do Funeratus!!!


Você pode até acusar a banda Funeratus de ser apenas mais um seguidor do Krisiun, que em 2002 já era uma potência do brutal death metal brasileiro, mas acredito que 80% das bandas do mundo são seguidoras de alguém, afinal muitas não estão por aí por ter inventado a roda, mas por saber fazê-la girar bem e te levar a algum lugar. Então, se o primeiro álbum do Funeratus de Mococa, SP, te faz lembrar o som da galera de Ijuí, mas mesmo assim soa autêntico, devemos lhe dar todo crédito por acreditar na bandeira e se dirigir ao front com sangue nos olhos. A capa do play vai na linha monstruosa de bandas europeias, mesmo que seja com menos detalhes, casou bem com o logo da banda (que não por acaso tenho colado aqui na minha estante). A primeira coisa a chamar a atenção é a produção, muito acima da média das bandas brasileiras de brutal death em seu debut, graças a Tchelo Martins e Ciero do estúdio "Da Tribo", que deixou o som claro e potente. O baixo e vocais são de Fernando Trepador e a guitarra de André Nálio, ambos na banda até hoje, e a bateria ficou dividida entre os convidados Ronaldo William do Ancestral Malediction e Bruno Corrêa do Horned God, hoje oficializado no Funeratus. A bateria é muito veloz, e há blast beats por todos os lados. Temos riffs massacrantes, e certeiros, ouça "Soaked Blood Sword" para atestar. O baixo acompanha a pancadaria de forma apoteótica, preste atenção nas quatro cordas de "Universatan" e os vocais são guturais e um pouco abertos em alguns momentos, com todo o ódio que o estilo pede. Em "Miserable Mortals" temos a surpresa de riffs cavalgados que ficaram excelentes, e por todo o álbum há solos rápidos de guitarra muito bem tocados e encaixados. "Storm of Vengeance" é um autêntico fruto do brutal death nacional que completa 20 anos e que representou bem nosso underground nacional no início do milênio.

 

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

20 anos de Divine Blasphemies do Desaster!!!

 


Estamos falando do Desaster, banda de black/thrash da Alemanha, que em 2002 ainda trilhava o underground com seu quarto lançamento, segundo pelo selo Iron Pegasus, por onde já passaram Asphyx e Messiah, entre outros grandes do metal extremo. A grande mudança em "Divine Blasphemies" foi a troca de vocalistas, com a entrada do senhor ultra gutural Sataniac (Guido Wismmann). Após uma intro apenas para dar aquele clima, a faixa título explode nos falantes numa velocidade estonteante e se não for a faixa escolhida para apresentar o novo front-man eu corto meu pescoço. O cara escarra todas as blasfêmias com uma voz agonizante de cair o queixo e de extinguir as pastilhas pra garganta. "Symphony of Vengeance" vem na sequência com a mesma pegada no início mas logo cai num ritmo mais arrastado com guitarras mais épicas. "Beasts of Wrath and Victory" já mete o pé no freio de início mas logo entra naquele mid-tempo estilo Barathrum e se caracteriza por muitas mudanças de andamentos. O batera Tormentor (Stefan Hüskens) que hoje está no Asphyx e passou há pouco tempo pelo Sodom, é uma máquina de socar, e não deixa pedra sobre pedra. A guitarra de Infernal (Markus Kuschke) ainda não havia atingido aquele timbre rasgado e maravilhoso de "The Arts of Destruction" mas despeja riffs muito bem feitos e excelentes para o headbanging como em "Of Impurity...", e o baixista Odin (Volker Moritz) complementa a cozinha com maestria, mesmo que seu instrumento fique um pouco prejudicado sob toda a rifferama despejada. A meu ver, o termo thrash no som deste álbum, é apenas um pequeno detalhe, pois se analisarmos ao pé da letra, o death faz muito mais companhia ao black deste petardo, principalmente o death holandês. "Alliance To The Powerthrone" é a típica faixa épica que a banda sempre curtiu compor, e como sempre, é um dos destaques do play, e para quem curte participações especiais, a faixa "Nighthawk" conta com ninguém menos que Mille Petrozza nos vocais. Se você curte metal extremo, "Divine Blasphemies" é uma excelente pedida. 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Vamos de The Mist, criaturas noturnas.

 


Vamos de The MisT , criaturas noturnas!
Música: Smiles, Tears and Chaos.
Álbum: Phantasmagoria
Ano: 1989
Selo: Cogumelo Records
Estilo: Thrash Metal.
Sorrisos, Lágrimas e caos.
Hoje eu acordei tarde, mas não o bastante
Não quero mais me sentir no lado errado da estrada
Hoje eu vi coisas acontecerem pela minha janela
Eu tenho uma alma selvagem que o demônio adoraria levar para o inferno
Hoje eu tirei todas as minhas máscaras
E encarei o mundo cara a cara
Tirei meus sapatos de fuga
Pois não há lugar para se ir
Eu tenho o tempo ao meu lado
E depois?
Faça algo novo
Merda! Faça o que você tem que fazer ou desista
Não há nada de errado se você admitir sua falta de talento
Não tenho a verdade debaixo dos braços pra te mostrar
O Sr. Neblina me marcou na testa
Ele disse
Vá e siga o seu caminho
Eu corro
Às vezes caminho descalço em brasas ardentes
Corro
E correrei até cair morto
Eu sou ferrugem na engrenagem
Não posso tirar seu filho dos braços da Sra. Napalm
Mas posso enxugar suas lágrimas de dor
É isto que vejo por detrás das lentes escuras
Segura minha mão, mas, desta vez não chore
Posso estar no paraíso ou em El Salvador


sábado, 15 de janeiro de 2022

20 anos de Inwards do Dew Scented!!!

 


O Dew Scented é uma das bandas mais barulhentas que apareceu na cena metálica dos anos 90. Natural da Baixa Saxônia na Alemanha, cravou 10 petardos em seus 26 anos de existência, e fez a alegria de muitos fãs de Thrash Metal extremo, aquele com uma dose extra de Death Metal. "Inwards" foi seu quarto trabalho, e como sempre, carrega palavras de ódio e sangue nos olhos. Os vocais de Leif Jensen são inconfundíveis para quem está acostumado com o som da banda, e você com certeza não decepcionará ao ouvi-lo berrar em um "blind ear". Os riffs de Florian Müller são velozes, com sua distorção característica, naquele mezzo death/thrash e ainda traz solos rápidos e bem encaixados. As paradinhas são mortais, e um exemplo disso é a faixa "Life Ending Path", uma das melhores deste trampo. Na cozinha temos Patrick Heims nas quatro cordas e o destruidor Uwe Werning na bateria. "Inwards" é o primeiro álbum da banda pela grande Nuclear Blast, e a banda viria a estourar no mundo todo com seu próximo álbum, "Impact" de 2003, mas a essência arrasadora da banda já se concentrava neste petardo de capa em tons de verde e azul que deve ter chamado a atenção de fãs do Fear Factory. Com uma produção caprichada, suja e aterrorizante, mais um ponto para Andy Classen, que foi muito requisitado naquela época por bandas que queria aliar peso a violência sem soar embolado. É verdade que este álbum não tem muitas variações. São 37 minutos com o pé no acelerador, e apertando a buzina pra quem estiver na frente. Mas se você quer dar um tempo nas melodias bonitas ou em partes arrastadas ou mid-tempo, mergulhe de cabeça em "Inwards". Depois se jogue no sofá e beba uma cerveja. 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

20 anos de Thricefold do Goat of Mendes!!!


Você que já tem alguns bons anos de heavy metal deve ter se deparado com os dois primeiros álbuns do Goat of Mendes em lojas especializadas, em uma época em que os importados não eram tão mais onerosos quanto os álbuns nacionais. Do segundo e excepcional "To Walk Upon the Wiccan Way" para Thricefold passaram-se 5 anos, e talvez este tempo tenha servido de amadurecimento na proposta da banda, que era o de se concentrar mais no Pagan/Folk do que no black metal propriamente, mesmo que esta base não tenha se desgarrado da essência da banda alemã. A capa ultra verde já entrega esta visão mais próxima da natureza e o som continua variando momentos rápidos a outros menos velozes, onde a variação nos vocais são o grande destaque, com os graves e rasgados divididos entre o frontman Surtur e Maia. A novidade é a incorporação do violino em algumas músicas, como em "A Minuet of Ghosts", que tem uma passagem muito bonita com os vocais limpos e narrados de Maia. As guitarras sempre foram o instrumento principal do Goat of Mendes, e arranjos e riffs continuam marcando presença constante nas músicas. Méritos para Marcochias e Larz, juntos desde a primeira demo, auto-intitulada de 1996. quando Larz ainda atendia por Svarog. A bateria foi gravada por Ralle e o baixo dividido entre Marcochias e Aratron, que acabara de deixar a banda. Outro destaque vai para a empolgante faixa "Blood Moon Rising". Já "A Tale of Doom And Passion" traz características viking que deram uma renovada no som, outro grande destaque. Em "Of Torque And Antlers"  Maia resolve soltar a voz limpa e cantada, já que geralmente seu vocal é narrado ou gritado, e o resultado ficou bom, principalmente quando em dueto com Surtur. Um álbum que não muda o mundo mas feito com a alma, e é o som de uma banda que conheci há muitos anos e acho muito legal. Se você curte Cruachan, Thirfyng e Manegarm, deveria ouvir.

 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

20 anos de Back From Hell do Drowned!!!


Este EP eu peguei no dia do lançamento, na porta da casa de shows Lapa Multishow (extinto infelizmente), pouco antes de um show do Drowned. A expectativa era enorme, depois do lançamento de Bonegrinder no ano anterior e a "chapuletada" na cena mineira que ele proporcionou. E a banda não decepcionou, mesmo que este trabalho se trate de um EP, com 28 minutos de duração e um cover já conhecido do tributo ao Sarcófago, para "The Laws of Scourge" e 02 versões demo para músicas do debut, sendo a faixa título e "Wisdom Without Direction". As novidades ficaram para alguns temas instrumentais, de muito bom gosto, diga-se de passagem, para "Rhymes of Death", "Bloody Sand" e "The Fuckin Twins (Satan & God)". Um novo cover veio bem a calhar, "Bestial Devastation", com direito à intro "The Curse", com uma qualidade de gravação superior à versão de Wagner e Cia, provando que os rapazes prestavam tributo aos mestres de sua cena. As faixas novas e completas (leia-se com vocais) são os grandes destaques do EP. Elas trazem mais agressividade e crueza que as canções mais lapidadas do debut (e que tiveram anos pra chegar naquele nível, é claro), e são mais diretas e curtas, com Fernando dando mais ênfase nos guturais do que nos rasgados. "Back From Hell" e "Demonic Cross" são perfeitas, um empurrão em suas costas direto pro mosh, e "Evil Darkness Inside" junto a "Destroyer" também exalam enxofre que é a essência do underground da MG Area. A capa foi a segunda criação do cartunista Quinho e traz o mascote quebrador de ossos, agora um digno chifrudo, com o corpo enfumaçado e voltando direto do inferno. Em 2016 ele foi relançado como bônus de Bonegrinder, em versão digipack, sem as versões demo, e com a música Destroyer encabeçando a sequência do EP. Super válido para quem não adquiriu o original.