terça-feira, 23 de abril de 2024

20 anos de Beast of Bourbon do Tankard!!!


Dois anos antes o Tankard lançava um álbum para comemorar 20 anos de banda, e agora em 2004, Beast of  Bourbon, seu 11º trabalho, com aquele alienígena cavalgando um cão raivoso, chegava com energia renovada. E temos que registrar, este novo álbum é ainda melhor que B-Day. Aliás, é um tanto quanto difícil encontrar um álbum ruim destes alemães, concordam? "Under Friendly Fire" abre com velocidade e já percebemos que a voz de Gerre está excelente, o que confirmamos em "Slipping From Reality". "Genetic Overkill" tem um riff bem legal, com um solo rápido de guitarra muito bom. Uma das melhores do trabalho, com uma letra criticando o governo americano pela contaminação alimentícia cultivada nos países de terceiro mundo. E a marcha fúnebre no meio de "Die With a Beer in Your Hand" pode não ser a ideia mais original do heavy metal, mas ficou perfeita casando à letra da música. "The Horde" é outra música forte e não dá pra disfarçar que o nome da música "Endless Pleasure" seja uma alusão aos 2 primeiros álbuns do Kreator, mas é claro, não podemos afirmar, já que a letra não entrega mais nada de indícios. Andy Classen produziu a obra, ponto para toda a equipe, o som está ótimo, muito audível (dá para ouvir o baixo sem esforço) e mesmo assim o som não está plástico, parece realmente uma banda de thrash dos anos 80. "Fistful of Love" é outra pancada que merece ser citada, com um refrão cheio de energia (o que não falta em todo o petardo), além de "Beyond The Pubyard" que é muito agressiva e gera um excelente "headbanging".   Os últimos álbuns dos outros 3 grandes representantes do thrash alemão haviam sido nada menos que "Violent Revolution", "M-16" e "Metal Discharge", portanto, a fúria do berço do thrash agressivo se mantinha viva, forte e mortal. Ouça sempre! 

 

20 anos de The Gorgon Cult do Stormlord!!!


Estamos quase completando 15 anos de Metal e Loucuras, e os posts de aniversário de 20 anos dos principais álbuns do heavy metal mundial, que começamos timidamente em 2007, ganha foto estilizada com nova roupagem, sem que nossa bandeira cubra parte da arte da capa dos álbuns. Esperamos que vocês curtam. Para este pontapé, temos o prazer de falar de uma banda italiana que gostamos muito, o Stormlord, que chegava a seu 3º trabalho em 2004, com o majestoso "The Gorgon Cult". Trazendo novamente uma arte bem legal, com destaque para uma adaptação da Medusa, carregando 7 cabeças de dragão, e tonalidade estritamente azul, as canções passeiam por temas obscuros, com criaturas épicas, como a própria Medusa, Wurdulak e Hecate, e menções a obras do escritor H.P. Lovecraft e do diretor italiano de filmes de terror nos anos 60 e 70, Mário Bava. Após a intro "The Torchbearer" temos na faixa "Dance of Hecate" a certeza de que a banda amadureceu seu som. O black sinfônico prevalece, e ainda temos muitas batidas rápidas, porém a bateria de David Folchito agora está acompanhando as guitarras com mais técnica, sem aquela necessidade de soar desenfreado o tempo todo. Os teclados de Simone Scazzocchio continuam sendo essenciais para o grupo, porém não soam tão altos como outrora, e os riffs de guitarras são melhor ouvidos agora. A banda acrescentou um guitarrista nesta fase, Gianpaolo Caprino, que deu um poder maior aos riffs e, ao lado de Pierangelo Giglioni, gravaram riffs e melodias como se tocassem juntos desde o início da banda. Além de cantar em algumas músicas com vocais limpos, como na excelente "The Oath of the Legion", uma das melhores do álbum, e que ele canta como numa ópera. O legal é que a qualidade não diminui em nenhuma canção, até a instrumental "Memories of Lemuria", que poderia ter ganhado uma letra, caso a banda optasse, ficou bem legal. Arriscaram, e se deram muito bem, numa versão para a maravilhosa "Moonchild", que abre um dos melhores álbuns do Iron Maiden, "Seventh Son of a Seventh Son", com o vocalista Cristiano Borchi incorporando um Bruce Dickinson do black metal com uma perfeição poucas vezes ouvidas numa versão da donzela. Completa o line-up o baixista Francesco Bucci que acaba não sendo muito ouvido devido à presença constante do teclado. Se você gosta de bandas como Cradle of Filth e Siebenburgen, certamente aprecia o som do Stormlord.



 

terça-feira, 9 de abril de 2024

20 anos de Prophecy do Soulfly!!!


Prophecy é o quarto trabalho do Soulfly e sugere uma mudança de estilo, não muito brusca é verdade, mas se aproximando mais daquilo que sempre esperamos de Max Cavalera. Groove, Thrash e Death metal incorporados. Não que este trabalho seja o amanhecer dos deuses, existe ainda uma boa quantidade de atabaques, influências folclóricas e a degradação Nu Metal, mas até então é o álbum mais digerível da banda, isso é claro, na visão de quem aprendeu a ouvir metal com Bestial Devastation e Morbid Visions debaixo do braço. Temos bons riffs, o que não pode faltar num álbum do guitarrista, e bastante raiva nas cordas vocais, afinal é Max berrando, então, pontos positivos. O início com a faixa título é certeiro, sem espaço para invencionices, uma música agressiva, com groove e direta. já "Living Sacrifice" é uma composição mais trabalhada, com algumas incorporações mais acústicas, porém sem carregar demais, e mesmo que você não curta estas passagens mais zen,  o percentual pesado compensa muito. "Execution Style" e "Defeat U" são duas pauladas post thrash muito diretas, com letras e durações curtas, e poderiam estar em um álbum do Cavalera Conspiracy. Já "Mars" tem uma passagem acústica com berimbau que ficou bem interessante. "I Believe" talvez seja a música que mais lembra o estilo "miscelânico" do Soufly, com muitas partes acústicas apresentando vozes limpas, enquanto "Moses" é assustadoramente um negócio reggae, com intercessões extremas. Certamente você não vai bater cabeça ouvindo essa música, e ela me faz pensar se essas ideias realmente saem da cabeça do Max ou tem alguém por trás incentivando essas maluquices. Não que não seja válido, a música fica até legal quando entra a pancadaria, e outras bandas fazem isso, como o Obituary misturando death metal com rap em "Bullituary" do Back From the Dead, que ficou fudido, mas é que conhecendo o jeito "tosco" no bom sentido, do Max, não enxergo nele essas ideias extremas de junções. "Born Again Anarchist" te confunde, pois a letra e a agressividade parecem uma ode ao retorno às raízes da anarquia política, mas logo ela cai numa levada viajante, quebrando o clima feroz. "Porrada", cantada em português e com riffs no melhor estilo Ratos de Porão surpreende, tem uma veia punk e um solo de guitarra melódico sensacional. O final de Prophecy traz 1 cover para a melhor música do grupo alternativo Helmet, a ótima "Meantime" que ouvi demais em época de MTV, "Wings/Mars Na Drinu", com uma marcha da Sérvia composta durante a 1ª grande guerra, e a instrumental "Soulfly IV". Os ventos da mudança soprando pro lado certo.

 

segunda-feira, 8 de abril de 2024

20 anos de Invisible Circles do After Forever!!!


O terceiro trabalho dos holandeses do After Forever foi lançado em uma época em que o estilo estava bastante saturado, e os olhos não brilhavam mais ao presenciar lançamentos de álbuns com vocais líricos femininos e guturais. Talvez seja uma das razões para a vida relativamente curta desta grande banda, que surgiu de forma bombástica para o mundo pouco depois da explosão de bandas como Theatre of Tragedy e Tristania. Mas a grande verdade é que sua vocalista, Floor Jansen, cresceu mais que a banda frente as multidões, e neste álbum fica evidente que ela estava além de seus companheiros. Não que Sander Gommans e companhia não tivessem destaque, tudo é muito bem feito e caprichado em "Invisible Circles", mas quando os holofotes estão virados 90% do tempo para a bela e talentosa vocalista, todo o resto fica na penumbra, difícil de visualizar. Eu sempre preferi, neste estilo, vocais femininos angelicais, tristes e que causavam um frio na espinha, e os vocais mais sinfônicos nunca fizeram muito minha cabeça, portanto o trabalho do After que mais chamou minha atenção foi "Prison of Desire", e não fui um ouvinte assíduo do restante do material da banda, mesmo que houvessem amigos por perto sempre apresentando seus novos trabalhos. Algumas coisas aqui chamam atenção, como aquele diálogo em "Between Love And Fire", que fugiu à regra e ficou bem teatral. A música "Digital Deceit" ganhou versão em vídeo, e é interessante ter a garotinha da capa do álbum contracenando, numa das faixas menos progressivas do álbum, que é conceitual, e aborda o tema do escapismo, no caso desta música, a fuga solitária para o mundo conectado, algo que só piorou com o tempo e as famosas redes sociais. Enfim, há bons momentos em "Invisible Circles", mesmo que ele não consiga soar extremo nos momentos em que tente ser, e o mais legal de tudo continua sendo a voz de Floor. 

 

20 anos de Serenity In Fire do Kataklysm!!!


"Serenity In Fire" dos canadenses do Kataklysm marca a saída do baterista Max Duhamel, que neste play foi substituído por Martin Maurais. Coincidência ou não, é o último álbum da banda marcado por hyper blasts, que fez o mundo voltar os olhos para a banda de death metal com um dos pedais duplos mais rápidos da história. Só que no próximo trabalho, Duhamel estava de volta à banda, derrubando qualquer conjectura que possamos fazer acerca deste detalhe. Então prendamo-nos a "Serenity", em minha opinião, um dos melhores trabalhos dos caras. "The Ambassador of Pain" abre as portas com os dois pés, e ainda sai esmurrando as paredes. A bateria quebra tudo e os vocais de Maurizio Iácono naquele misto de gutural e rasgado sensacional que faz nossa alegria. "As I Slither" tem uns breakdowns infernais e um refrão que fica marretando sua mente até os confins do mundo, enquanto "For All Our Sins" carrega uma veia mais tradicional, e os vocais rasgados chegam a lembrar algo de Dani Filthy do Cradle. A arte da capa lembra aqueles desenhos que vinham nas figurinhas de álbuns de rock que colecionávamos quando "aborrescentes", como Rock Free, com caveiras, cruzes e cobras. Outra grande faixa é "The Night They Return" e é impossível não lembrar do Krisiun naquela massa sonora de início. Em vários momentos o Kataklysm já dava mostra de que a melodia faria um papel importante em seus próximos lançamentos, mas aqui, nas melodias de guitarra de Dagenais, elas completam os riffs extremos com precisão, sem melar todo o esquema. "The Tragedy I Preach" tem um riff inicial que difere do restante do álbum, e é muito legal, pena que não foi mais aproveitado no decorrer da música, creio que tornaria esta a faixa fora da curva do trabalho. A última é "Under The Bleeding Sun", com os vocais ligeiramente mais guturais e bons riffs. Um álbum do Kataklysm que não apresenta tantas variações, mas o suficiente para ser um trabalho lembrado e muito bem apreciado.

 

domingo, 24 de março de 2024

20 anos de Where Ironcrosses Grow do Dismember!!!


Os veteranos do Dismember retornavam em 2004 com seu 6º trabalho completo, e com uma novidade. Pela primeira vez lançava um opus com apenas 1 guitarrista em sua formação, pois Magnus Sahlgren participou apenas de "Hate Campaign" de 2000, substituindo o antigo guitarrista, Robert Sennebäck, que gravou os maiores clássicos da banda, fazendo dupla com Davis Blomqvist, e que voltou à banda em 2019 até os dias atuais. Mas isso em nada tirou os méritos de "Where Ironcrosses Grow", pois aquela potência das 6 cordas, parecendo uma moto-serra tipicamente sueca, dos primórdios e melhores anos de seu death metal, continua intacta, suja e eficiente. Este pode não ser o trabalho mais comentado da banda, mas deve ser ouvido com atenção. A bateria de Fred Estby continua forte, como o álbum pede, e os vocais de Matti Kärki mostrando toda grosseria que qualquer fã de música extrema almeja ouvir. As duas primeiras faixas, "Where Ironcrosses Grow" e "Forged With Hate" vão para um lado mais brutal, que não estamos muito acostumados a ouvir no Dismember, e é estranho dizer isso, uma vez que esta banda sempre foi brutal, mas estas faixas beiram um som mais extremo ainda, e o tiro de 12 que une estas faixas é apenas um detalhe interessante na passagem, e algumas faixas são interligadas, deixando a audição mais dinâmica. Quando chega "Me-God" temos aquela velha escola aflorando e a certeza de estarmos ouvindo o velho Dismember. Criaturas familiarizadas com toda a cena death metal dos anos 90 certamente também lembrarão dos americanos do Autopsy, pois nesta música e em outros momentos as influências são evidentes. Podemos destacar os solos de guitarra melódicos, especialmente em "Sword of Light", magnífico, e a influência da NWOBHM, em especial do Iron Maiden, em "Tragedy of the Faithful", que ficou excelente, e é uma das faixas mais ouvidas deste álbum no streaming. Um álbum que, mesmo após 20 anos, não decepcionará criaturas que amam o lado podre da vida. Altamente indicado.

 

quinta-feira, 14 de março de 2024

20 anos de The Wretched Spawn do Cannibal Corpse!!!


Durante muitos anos eu tive "The Wretched Spawn" do Cannibal Corpse em CDR, comprado em uma loja do centro que gravava o petardo e vinha com capa e contracapa em xerox colorido a R$5,00. A capa em questão era a da caveira que foi imposta em vários países substituindo a original censurada. Há poucos anos tive a oportunidade de comprar o original, lançado no Brasil pela Rock Brigade em parceria com a ColdArt Industry, com a linda capa censurada e ainda em slipcase. Essa capa só perde para a do terceiro álbum dos americanos e tenho amigo que teve problemas de família ao usar uma camisa com esta estampa, hehe. Musicalmente falando, com a mesma formação do álbum anterior, não acho que eles conseguiram superar "Gore Obssessed", que eu acho espetacular, mas a banda manteve a qualidade e a imagem repugnante, então tudo certo no reino da podridão. "Severed Head Stoning" abre as cortinas do caos, a princípio parece que as guitarras estão baixas, mas logo a sensação desaparece. Os vocais guturais são rápidos, assim como a faixa que tem 1:45. Já "Psychotic Precision" se aproxima da casa dos 3 minutos, que é o normal da banda e traz riffs mais quebrados e complicados, e inclusive a bateria vai no mesmo patamar. O refrão, com o título da música gritado repetidamente é coisa linda de se ouvir e o solo de guitarra é curto e grosso, lembrando alguma coisa de Deicide. Tudo bem, são da mesma família. Já "Decency Defied" não é nenhum trator desenfreado, e tem um ritmo ligeiramente mais contido e o instrumental chega a dar um tempo na hora de Fisher urrar o refrão, para dar aquela valorizada na voz do vocalista. O álbum segue sem muitos destaques, já que as músicas são bem lineares, com exceção de alguma passagem mais arrastada, mas com uma produção acima da média e que deixa a massa sonora com muita consistência, onde a distorção das guitarras cria uma parede que não deixa buracos. Uma pedrada que não pode faltar na coleção de amantes do metal da morte. 

 

sábado, 9 de março de 2024

20 anos de Scars of the Crucifix do Deicide!!!


Senhoras e senhores, tirem seu chapéu. Os americanos do Deicide voltavam a vencer um campeonato da liga do Death Metal americano, após duas temporadas em que o time não agradou todos os seus fãs e torcedores. Mesmo que eu não reprove os dois lançamentos anteriores (leia nossas resenhas sobre eles), é óbvio que a qualidade de "Scars of the Crucifix" é bem superior. Isso aqui veio para resgatar qualquer ovelha que tenha se desgarrado do rebanho, com uma brutalidade impiedosa, com uma dose de peso espetacular. De início, temos talvez a introdução mais empolgante da carreira da banda, com um riff tão pesado, que você, seu peixe e seu cachorro já começam a bater cabeça sem nem saber o que está fazendo. Estamos falando da faixa de abertura e que nomeia o álbum, sétimo da discografia (dizem que 7 é o número da perfeição). Essa música, mesmo que hoje possa soar um pouco abafada, o que não gera nenhum desconforto, pois não estamos resenhando um álbum de melodic death, é tão poderosa, que sempre que vejo a capa do play, seu riff automaticamente me vem à mente, para você ter uma ideia de como ele se tornou marcante. Os vocais de Glen Benton continuam com aquela suavidade de um vulcão em erupção, para nossa felicidade. Gutural ao extremo e novamente introduzindo aquela voz dobrada e rasgada que fez tanta falta nos últimos trabalhos. Elogiar a bateria de Steve Asheim é indispensável, o cara soca seu kit com muita vontade e precisão, e os irmãos Hoffman, em seu último trabalho desde o início da banda, mostram que estavam sim ainda muito criativos, ao contrário das declarações de benton anos depois, talvez para justificar a saída dos irmãos. São 9 faixas condensadas em apenas quase 30 minutos de caos e blasfêmias, mas devem ser apreciadas em conjunto, porque é tudo irrepreensível, mesmo que você possa se derreter com o trabalho vocal de "Mad At God", ou a pancadaria insana e espetacular de "Enchanted Nightmare", dois momentos de enorme satisfação para quem ama o metal da morte desenhado com enxofre nas paredes do submundo idealizado pela banda. Não aplicamos notas para os trabalhos das bandas em nossas resenhas, mas se assim fosse vocês saberiam qual.

 

domingo, 25 de fevereiro de 2024

20 anos de Songs of Darkness, Words of Light do My Dying Bride!!!


Songs of Darkness, Words of Light é o oitavo álbum de estúdio dos ingleses do My Dying Bride e, sinceramente, uma das melhores obras deste estilo arrastado, melancólico e sombrio, que nós, criaturas noturnas, amamos tanto. A despeito da primeira fase da banda nos anos 90, onde temos clássicos atemporais desta banda, após a virada do milênio o My Dying Bride, apesar de lançar bons álbuns, nenhum se sobressaiu à essência funesta deste lançamento. Começando pela arte da capa, a terceira seguida a contar com a figura de um anjo, mesmo que a cabeça pela metade não tenha sido feita com a qualidade que a obra pedia, ela consegue passar a mensagem de dor e tormenta que acompanha as músicas que você ouvirá. O início com "The Wreckage of My Flesh" não poderia ser mais desalentador, com um riff extremamente sujo, característica das guitarras ao longo do álbum, porém estes riffs iniciais possuem uma conotação mais maléfica, como se fossem feitos por uma banda de black metal da Escandinávia que se aventurasse pela música arrastada, e os urros do vocalista Aaron Stainthorpe só corroboram pra esta impressão, pois eles remetem a um demônio encarcerado em uma cela no limbo, rogando por liberdade. A música é tão pesada que você nem percebe que os urros são somente no início e no decorrer da faixa os vocais são limpos, chorados ou falados, além de não termos uma variação grande a respeito dos riffs, eles se intercalam periodicamente, não deixando a música cair na mesmice. Já "The Scarlet Garden" tem uma função um tanto diferente, ao introduzir mais elementos góticos, e uma variação maior em sua estrutura, quando chegam a ensaiar um movimento acelerado, e tem como destaque o som daquele órgão de igreja, deixando a música ainda mais hipnótica e fria. Na sequência temos a melhor faixa do trabalho e uma das melhores músicas de toda história da banda, a seminal "Catherine Blake", esta sim, não apenas ameaçando entrar numa aquarela rebuscada de tons grosseiros, mas mergulhando de vez na era sombria do death/doom com riffs pesados e mais rápidos, e vocais guturais proclamando o fim do mundo na maior parte da música, onde as mudanças de andamento são maravilhosos e a bateria de Shaun Taylor com os pedais duplos também são destaque. Para dar uma guinada na agressividade mórbida a próxima é uma semi-balada gótica chamada "My Wine In Silence", a mais curta do play (menos de 6 minutos) e com uma letra um tanto apaixonada demais, porém musicalmente trazendo um sentimento gelado e quase acústico, onde os teclados de Sara Stanton fazem diferença, além de apresentar uma melodia de guitarra bastante depressiva. "The Prize of Beauty" parece ter saído diretamente das gravações de "The Dreadful Hours", com aqueles interlúdios entre o sofrimento e a raiva, enquanto "The Blue Lotus" é uma grata surpresa quando você pode começar a imaginar que tudo de possível já permeou as faixas anteriores, mostrando passagens mais tétricas com vocais falados a outras onde Aaron canta com uma tristeza genuína, mesmo que não seja aquela tristeza quase suicida de "A Angel and the Dark River", pois o peso dos instrumentos te mantém no inferno o período todo. Chegando ao final desta obra de arte temos a música mais death/doom do álbum, a começar pelo título raivoso, "And My Fury Stands Ready", que além de uma guitarra mais death metal, tem um interlúdio soturno, já utilizado em outras vezes e de formas diferentes pela banda, onde quase nada acontece na música, mas que foi feito para que muita coisa aconteça em sua mente. "A Doomed Lover" fecha o caixão com uma lentidão quase funeral doom, e já faz com que você sinta uma necessidade sufocante de começar a ouvir tudo novamente. Poucas obras sobre a terra detém este poder.

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domingo, 18 de fevereiro de 2024

20 anos de An Elixir For Existence do Sirenia!!!


Ao que tudo indica, o Sirenia seria um projeto de Morten Veland, onde ele poderia abusar de sua criatividade para fazer o que tivesse vontade, já que pela segunda vez ele cuidou de tudo, porém agora creditando uma nova vocalista ao posto, a bela Henriette Bordvik, hoje no Abyssic, que ficou por volta de 3 anos ao lado do músico. Em "An Elixir For Existence" podemos dizer que Morten se desprendeu um pouco daquela sequência de 3 álbuns anteriores, dois com o Tristania e o debut do Sirenia, o ótimo "At Sixes And Sevens", mas não muito. O que podemos atestar é que este álbum traz músicas menos bombásticas, e mais intimistas, em alguns momentos com aquela melancolia que caracterizou bandas que uniram o gótico ao death/doom, vide aquela passagem mais triste em "Voices Within", uma das melhores músicas deste trabalho. Esta faixa também apresenta riffs de guitarra não muito comuns na música do Sirenia, soltos e sem acompanhamento de teclados, lembrou um híbrido de thrash e góthic metal. Os violinos foram um atrativo interessante, num duo com as guitarras como ouvimos em "A Mental Symphony", gravados pela convidada Anne Verdot, que tocou o instrumento em 4 canções. "Euphoria" também é uma música legal, e talvez devesse ser a faixa de abertura no lugar de "Lithium And a Lover". A mais pesada é "In My Darkest Hour" (quase hein Megadeth), que já inicia furiosa, mas cai na delicadeza perene para entrar a voz de Henriette. Agora, comparando a moça à sua antecessora, Fabienne Gondamin, seria algo injusto, visto que os vocais femininos no primeiro registro foram usados com muito mais força, ao passo que neste play, eles às vezes são até esquecidos, salvo na faixa "Save Me From Myself", toda cantada pela moça. Por isso os vocais angelicais não são destaque neste trabalho. Por outro lado Morten, que apresenta como sempre ótimos vocais guturais e rasgados, agora canta magistralmente com vozes limpas, os melhores clean que ele despejou numa bolacha até aqui, enriquecendo divinamente este petardo. A arte da capa a princípio não condiziria muito  com o estilo, mas se você prestar atenção nas letras que falam de suicídio e consumo excessivo de drogas e álcool, certamente fará todo sentido, e mais ainda ao casar a mensagem com o gótico, quando perceber que tem um anjo tentando tirar a garrafa da mão da moçoila... Outro momento que fará você se apaixonar por este álbum é em "Star-Crossed", que tem um riff de guitarra que por algum motivo me lembrou a atmosfera de "Wastland's Caress" presente em "Widow's Weed" do Tristania. Se perdeu a chance de ouvir este opus nestes 20 anos, não perca mais.

 

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

20 anos de Devil's Ground do Primal Fear!!!


Ah, esse tal de Heavy Metal é bom demais! O quinto trabalho dos alemães do Primal Fear chegou em 2004 carregado de... metal. Pra início de conversa temos a melhor capa até aqui, dos álbuns da banda. O equilíbrio entre o azul do céu e o vermelho da cidade ficou perfeito, e as águias estão bem intimidadoras. O trabalho começa de cara com uma das melhores músicas da carreira (que ótimo que não colocaram nenhuma intro idiota como de costume), mesmo que contendo uma letra clichê, estamos falando de "Metal Is Forever", rápida e com vocais sensacionais, esta se tornou uma música obrigatória da banda. Devemos destacar a produção, o timbre dos instrumentos está perfeito. Outro momento sensacional do álbum é "Sea of Flames", que tem em seu início uma bateria que lembra aquele arranjo clássico de Painkiller do Judas Priest. Os riffs são arrasadores, e os solos de guitarras não deixa você indiferente. O Primal Fear neste trabalho deixou para trás aquele som mais sujo e ficou com uma produção mais limpa, e isso fez muito bem a eles. "The Healer" é uma balada pesada que lembra qualquer coisa que o Iced Earth lançara recentemente com Ripper nos vocais, e tem um longo refrão, porém com aquela melodia que vai deixar rastros em seu cérebro. Temos muito peso também e em alguns momentos você poderia estar ouvindo um thrash americano no estilo de "Master of Puppets", ouça os riffs pesados de "Sacred Illusions", uma música agressiva e com influência da bay area. Quer mais peso? "In Metal" pode te satisfazer, onde além de uma performance mais lenta, temos os vocais de Ralf mais anasalados, além de apresentar um coro sinistro que deixaria King Diamond envergonhado, mas que ficou legal na música do Primal, hehe.  Enfim, para quem aquele álbum clássico de 1990 do Judas, ouvir um álbum do Primal Fear como "Devil's Ground" é satisfação garantida!

 

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

20 anos de Thunderball do U.D.O.!!!


Certa vez comentaram em uma de nossas resenhas que o legal de lê-las é que o que temos que criticar nós criticamos, ao invés de passar pano como alguns. Ok, não estamos aqui para esculachar ninguém, a não ser é claro que seja algo impossível de não resenhar, como o "St. Anger" por exemplo, mas alguns detalhes precisam ser alvejados, como essa capa horrorosa que a banda U.D.O. usou em seu nono trabalho. Lógico que todos sabem que arte de álbum não é o forte do baixinho, nem mesmo na época de Accept, então deixa passar e pulemos ao som. "Thunderball" não é nenhum clássico, não reinventou a roda e nem decepciona. É um típico álbum de heavy metal. E precisa mais que isso? Acredito que não. Basta nos proporcionar 45 minutos de entretenimento sem vontade de pular faixas ou trocar de bolacha, e está tudo certo. A faixa título que abre o petardo até assusta um pouco, pois parece que o vocal está um pouco acima do normal, mas depois você vai se acostumando. Acredito que este trabalho seja até um pouco mais hard rock que o anterior, e certamente menos pesado, mas temos momentos bem legais, onde Udo usa do artifício de vozes dobradas para deixar as coisas mais interessantes, como na faixa "Fistful of Anger" com um refrão rock 'n roll que vai fazer você balançar as madeixas. Em contraponto temos uma faixa como "The Land of the Midnight Sun" com uma veia épica e letra fantasiosa, enquanto "Hell Bites Back" tem aquele riff tipicamente alemão, que poderia estar em um álbum do Running Wild. Resumindo, U.D.O. conseguiu reunir algumas qualidades em seu álbum, sem que ele se tornasse uma colcha de retalhos, talvez por saber que não tinha em mãos um álbum primoroso, mas que não faria ninguém torcer o nariz, e assim tornar sua audição mais interessante. O mais diferente de tudo porém, é uma faixa chamada "Trainride in Russia (Poezd po Rossii), que se não for uma adaptação para alguma canção da cultura russa, é claramente uma homenagem, e ficou legal, é um dos destaques do play. Como eu disse, não é para mudar o mundo, mas garante bons momentos.
 

domingo, 4 de fevereiro de 2024

20 anos de The Arrival do Hypocrisy!!!


"The Arrival" foi o trabalho do Hypocrisy com a difícil tarefa de atrair novamente os holofotes para a banda sueca, após o repudiado "Catch 22". Ser melhor que um álbum pouco aceito é fácil, o difícil é justamente reconquistar a confiança de nossa chata raça de metalheads. O tema alienígena volta forte e aparentemente com título e capa de revista em quadrinhos científica, muito clichê, mas em um tom de azul e preto que salvou a arte de ser profundamente esculachada. Mas as músicas de "The Arrival" são superiores ao seu antecessor, ao menos aqueles ruídos eletrônicos foram limados, e o death melódico escalou as paredes e ficou te olhando do teto pronto para pular em sua jugular em caso de crítica severa. A abertura com "Born Dead, Buried Alive" é legal, e o estilo é um híbrido entre o death e o black sinfônico norueguês, que vai deixar os fãs de Dimmu Borgir com aquela sensação de já ter ouvido aquilo antes. A segunda faixa, que ganhou vídeo clipe é a "Eraser", aquela música que vai te fazer chutar Children of Bodom em um "blind ear", mas tudo bem, ela é legal. "Stillborn" tem um "quê" de nu metal no riff, mas é algo não muito esquadrinhado graças aos deuses do metal. "Slave to the Parasites" é uma música comum, mas "New World" tem um peso e energia bem interessantes, a primeira faixa a te lembrar que o Hypocrisy já foi uma banda de death tradicional. Os vocais nesta música estão bem gritados e a base com stop and go ficou ótima. "The Abbys" é uma música bem legal, arrastada com as garras no doom metal, e traz alguns vocais limpos que ficaram excelentes, dando um toque diferenciado no play, enquanto "Dead Sky Dawning" tem uma estrutura "feliz", se me permitem dizer. Em "Departure" Peter canta com aquela característica voz ultra rasgada e é uma música mais viagem (interestelar, é claro), enquanto "War Within" fecha o trabalho resgatando agressividade e alguns vocais guturais. 

 

domingo, 28 de janeiro de 2024

20 anos de Tempo of the Damned do Exodus!!!


12 anos sem lançar um novo álbum e o que poderíamos esperar dos thrashers americanos do Exodus? Em minha opinião, um Exodus melhor. A começar pela excelente arte da capa, criada pela artista polonesa Jowita Peruzzi, com aquele carinha tocando um órgão, ao que parece no inferno, com vários corpos moribundos logo abaixo. O trabalho começa com duas faixas impecáveis, com agressividade escorrendo pelos poros, "Scar Spangled Banner" e "War Is My Shepperd", que ganhou video clipe e é uma das melhores músicas que o Exodus já gravou. Temos que destacar o trabalho de bateria de Tom Hunting, com viradas super rápidas e o solo de guitarra de Rick Hunolt, perfeito. Na sequência temos uma faixa com mais peso e groove, a ótima "Blacklist", com uma interpretação ferrada de Steve Souza. "Shroud of Urine" é outra música muito boa, com riffs cavalgados e vocais mais rasgados, e letra pouco religiosa. "Forward March" é a faixa mais extensa, com quase oito minutos, e mesmo que não tenha riffs à altura das faixas anteriores, ainda apresenta ótimos solos de guitarras e um vocal quase hardcore. Tudo bem que a segunda metade do play não seja tão brilhante quanto a primeira, de cara com "Culling the Herd" que é a faixa mais fraca do trabalho, e melhora com "Sealed With a Fist" e sua letra de esposa vingativa. "Throwing Down" já temos uma ênfase maior no baixo de Jack Gibson e alguns vocais menos agressivos. "Impaler" começa com uma pegada mais hardcore americano e logo descamba para a violência com riffs bem agressivos e baixo estalando. E o álbum fecha com a faixa título, "Tempo of the Damned", outra faixa com muita brutalidade. Um bom recomeço para a banda do guitarrista Gary Holt.

 

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

20 anos de The Focusing Blur do Vintersörg!!!

 


Vou ser sincero. Eu estou ouvindo este álbum do Vintersörg pela primeira vez em 20 anos, e coloco isso na conta de "Visions From the Spiral Generator" de 2002. Toda aquela experimentação industrial me manteve bem longe da banda por muitos anos, mesmo que continuasse fã deste vocalista em seu belo trabalho no Borknagar. Então pode se dizer que vim fazer esta resenha de 20 anos com um pé atrás. Tudo bem que a arte da capa é agradável, os tons combinam muito e já era um alento. E ao ouvir as músicas, com uma enorme camada progressiva, misturas pouco convencionais, mudanças de andamentos e estruturas de vanguarda, era óbvio que eu torceria o nariz para este trabalho. Mas não. Eu mesmo estou surpreso como estou curtindo "The Focusing Blur". A coisa está tão estranha a ponto de que quando "raramente" entra uma parte mais tradicional, eu acho que não combina e logo fico feliz quando volta algo mais progressivo. Pode parecer mentira, e eu até pensei que talvez eu esteja em dia atípico de minha vida e talvez deva voltar amanhã para continuar escrevendo e ouvir o álbum novamente, pois provavelmente alguma junção interestelar tenha me direcionado a falar bem desta obra. Mas, pra quê deixar para amanhã aquilo que podemos fazer hoje? Vintersörg manteve a mesma formação do trabalho anterior, e deve ter dito algo como "bem, vocês foram reprovados no ano anterior, e vão ter que fazer bem melhor agora para ser aprovados com uma média de pelo menos 80%". Deu certo. Eu até o momento não consegui destacar uma faixa, geralmente é aquela que estou ouvindo no momento, como "Dark Matter Mystery" que é perfeita, e os vocais limpos estão maravilhosos, a música flui tão leve que nos lembra que não existe nada melhor para acalmar nosso cérebro que uma boa melodia. Os vocais rasgados também estão ótimos, muito mais destacados que em seus álbuns junto ao Borknagar. "Curtains" é outro momento fenomenal, aquelas vozes misturadas me fazem pensar em uma ópera apresentada no inferno. Resumindo, que bom que demorei 20 anos para conhecer "The Focusing Blur". Talvez eu não tivesse o discernimento suficiente para compreender e gostar desse som, quando foi lançado.

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

20 anos de The Glorious Burden do Iced Earth!!!


É horrível quando uma banda está no auge, idolatrada por sua legião de fãs, e o vocalista resolve abandonar o barco. Aconteceu com o Judas Priest, Iron Maiden e desta vez com os americanos do Iced Earth. Mathew Barlow deixou a banda para (não acredito muito nisso até hoje) se dedicar a uma carreira de policial. Cortou as longas madeixas ruivas e seguiu sua vida, deixando o "chefe" da banda, Jon Schaffer, com um abacaxi para descascar. Foi por aí que ele deve ter comparado o que aconteceu com sua banda ao Judas Priest, e por uma ironia do destino, chamou Tim Ripper Owens para cantar em sua banda, o mesmo vocalista que havia substituído Rob Halford no Judas Priest. A experiência no Priest não fora das melhores, tendo gravado dois álbuns e execrado pela crítica, injustamente, diga-se, e não seria no Iced Earth também. Não é que Ripper seja um vocalista ruim, ele está acima da média, na verdade. Mas como eu sempre digo, a voz é a alma de uma banda, e é uma tarefa extremamente difícil emocionar as pessoas da mesma forma que seu antigo vocalista fazia. Pois bem, o cara foi lá e gravou com Schaffer, que sempre tocou o barco com mãos de ferro, e Richard Christy na bateria e James Macdonough no baixo, além da importante participação na guitarra em 4 faixas do finado Ralph Santolla. A arte da capa é espetacular, uma das mais lindas que a banda já teve, demonstrando uma cena da famosa batalha de Gettysburg, de 1863, entre os confederados (sulistas) e a União, dois opostos que lutavam para acabar ou permanecer com a escravidão, e que deixou mais de 30 mil mortos em campo de batalha em apenas 3 dias. Musicalmente hoje, 20 anos depois, eu acho "The Glorious Burden" um trabalho magnífico. Obviamente inferior a 3 objetos indiscutíveis anteriores (The Dark Saga - Something Wicked - Horror Show), mas ainda assim com seu devido lugar na montanha sagrada do metal. Liricamente tem muita bobagem no trabalho, uma letra como a de "Red Baron" parece ter sido criada na 5ª série, e o patriotismo fanático de Schaffer não ajuda em nada, só contribuiu para criar repulsa ao redor do mundo. Mas as músicas, quase todas criadas quando Barlow ainda estava na banda, aliás ele é co-creditado em duas delas, parecem uma sequência de "Horror Show", um pouco mais épicas e com menos peso. Os riffs galopantes estão espalhados pelo álbum, algo muito criticado, mas que eu curto pacas, e as baladas não são a oitava maravilha do mundo, como "When the Eagle Cries", em homenagem às vítimas do 11 de setembro, talvez pelo fato de Ripper não ser muito bom neste quesito, deixando saudades de Barlow com aquele vocal profundo e ameaçando derramar lágrimas. Mas nas faixas enérgicas, Ripper mata a pau. "Greenface" é sensacional, um dos melhores momentos, enquanto "Attila" e "Red Baron/Blue Max" mantêm o clima bélico lá nas alturas. "Valley Forge" e a trabalhada "Declaration Day" também são destaques positivos. É legal ouvir a potência da voz de Ripper nestas faixas, o cara consegue alcançar notas muito altas. O disco 2 traz três faixas épicas sobre a batalha de Gettysburg, e é um momento ímpar no trabalho, e mesmo não estando especificado na ficha técnica, creio que Barlow não tenha feito apenas backing vocals na faixa "The Devil to Pay". Enfim, estas faixas possuem o acompanhamento da orquestra filarmônica de Praga, e deu um upgrade na música do Iced Earth, e consequentemente, carregando o disco 2 com uma emoção não encontrada no disco 1, e evidenciado mais o vocal de Ripper. Quando "The Glorious Burden" foi lançado, eu achei que Schaffer tinha carregado a mão no power metal para combinar melhor com seu novo vocalista, e senti falta dos riffs thrash de outrora. Mas com o passar do tempo, como disse acima, este álbum conquistou um lugar especial, e o considero ítem indispensável na coleção. Envelheceu tão bem quanto vinho.

 

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Corrida maluca do metal nacional!

 

Alguns personagens folclóricos e pouco sábios, espalhados por este mundo afora, adoram proclamar que o rock/metal está morto, o que sabemos ser uma grande piada. A única verdade por trás disso é que o rock/metal envelheceu, afinal, no caso do metal que é nossa especialidade, estamos falando de um estilo musical cujo primeiro álbum foi lançado em 1970. E se o metal envelheceu e envelhecemos com ele, certamente muitos de vocês que estão lendo esta postagem já têm idade suficiente para ter assistido ao famoso desenho da Corrida Maluca, criado em 1968 pelos estúdios Hanna-Barbera nos Estados Unidos e findado em 1970 (ops) após 34 episódios e acusações de ser muito violento. Pois então enquanto morria a corrida, nascia o metal e hoje vamos fazer uma analogia de grandes bandas do cenário nacional a esse desenho que chamou a atenção de muitos que cresceram nos anos 80. Os desenhos dos 11 carros e seus participantes malucos foram totalmente redesenhados pelo Metal e Loucuras, a mão e sem artifícios tecnológicos, e todos eles carregam uma bandeira com o logo de uma banda de nosso cenário e, claro, com as devidas explicações de cada relação. Se você discorda de alguma ou de todas, fique à vontade para reclamar. Só não dá para questionar a qualidade destas 11 bandas sensacionais. Com vocês, preciosas criaturas noturnas, a Corrida Maluca do Metal Nacional!!!

"Sequência obedece a ordem que os desenhos foram feitos"


Carro 5: Penélope Charmosa e banda Crypta - A única representante feminina da animação tem todo um charme com seu carro rosa com um guarda-sol de upgrade para proteger a pele da vaidosa. Mas se engana quem pensa que não tem uma ávida competidora por trás daquele rostinho bonito. Aliás as meninas da Crypta, além de lindas, fazem frente a qualquer banda de marmanjos com seu som agressivo e de excelente qualidade, com 2 full álbuns no currículo, sendo o último o melhor álbum nacional de 2023. Se em algumas corridas Penélope chegou em primeiro lugar, Crypta também tem feito isso em nosso metal.



Carro 9: Peter Perfeito e banda Overdose - O carro de Peter Perfeito é o mais arrojado da corrida maluca. Com seu design aerodinâmico, aparentemente é um dos que mais poderiam ter a chance de vitória. Esse capricho no modelo nos faz lembrar do Overdose, que em meio à fúria do metal mineiro dos anos 80, com letras demoníacas e rosnados, já no primeiro full se enveredou por um lado mais melódico e "bonito" do metal, com influências de bandas como Iron Maiden e até KISS. Claro que alguns anos depois veio uma fase mais pesada e rápida, pra combinar com a velocidade do carro da corrida maluca.




Carro 6: Sargento Bombarda e banda Holocausto - O carro Tanque, pilotado pelo sargento e seu fiel soldado é uma máquina de guerra e coloca medo em qualquer competidor. E como não relacionar como o nosso Holocausto, que sempre passeou por temas bélicos, seja nas letras, nas artes das capas ou em seu visual de guerra? Aliás, em sua nova encarnação, a banda uso o termo War Metal no nome, e continua assolando nossos ouvidos com granadas e tiros de canhão, seja nos riffs sujos ou pancadas no kit de bateria. Melhor correlação, impossível.




Carro 1: Irmãos Rocha e Dorsal Atlântica - Sim, o carro da idade da pedra, pilotado pelos Irmãos Rocha, que inspiraram o Capitão Caverna, nada mais é que uma pedra sobre rodas, e sua simplicidade pode se resumir no som da Dorsal Atlântica, que sempre foi simples e direto, enraizado no hardcore, e é um dos metais extremos mais antigos do Brasil, pois os caras influenciaram até o Sepultura. Portanto, a nossa Dorsal também é da idade da pedra!





Carro 4: Barão Vermelho e Sepultura - O Barão em seu avião já destruiu muito do que via pela frente e seu avião também é uma máquina de guerra. É certamente o veículo da corrida maluca que conseguiu chegar mais alto enquanto corria, e por isso nos lembra o Sepultura, que foi a banda brasileira a alçar os voos mais alto de todos, se tornando entre o início e a metade dos anos 90 um dos maiores nomes do metal mundial.





Carro 3: Professor Aéreo e The Mist - Com seu carro de mil e uma utilidades, o Professor Aéreo certamente possuía o veículo mais estranho da corrida, uma mistura de barco e avião, mas que sempre arranjava um jeitinho de ultrapassar seus competidores, usando alguma artimanha maluca. Pra quem viveu os anos 80, sabe o quanto o The Mist estava à frente de seu tempo, e praticava um som que nem mesmo a sua gravadora conseguia definir, algumas vezes o chamando de thrash progressivo. É que o The Mist tinha um som muito trabalhado, com letras quase poéticas e ainda assim soava agressivo, algo bem incomum para a época. Diferente, mas bom pra caraca.



Carro 7: Quadrilha de Morte e Krisiun - A Quadrilha de Morte dirigia o carro à prova de balas, um veículo bem mafioso e com a lataria reforçada, assim como o som do Krisiun, que parece revestido com uma cortina de aço intransponível, um paredão sonoro brutal com irmãos que não são gangsteres, mas que tocam com feições carregadas assim como os personagens dentro do carro.





Carro 2: Irmãos Pavor e Head Hunter DC - Os irmãos Pavor dirigem o cupê mal-assombrado e era o carro que eu mais gostava quando criança. Sempre tive uma queda por filmes de terror e coisas do gênero, então ficava doido pra saber quais monstros aqueles carro irado escondia. Assim como nosso Head Hunter da Bahia, que sempre espalharam o terror com seu metal da morte com vocais ultra cavernosos, prontos para assustar qualquer fã de Bon Jovi que encontrasse pela frente (hehe)




Carro 8: Tio Tomás e Urso Chorão e Tuatha de Danann - Eita, mas a carroça a vapor vai descendo desgovernada ladeira abaixo! Parece sem controle, mas tio Tomás até dorme enquanto pilota com os pés. A dupla em seu carro que parece ter sido tirado de um vilarejo lá do fim do mundo. E não é que o Tuatha de Danann saiu lá de Varginha, a terra dos ETs e Chupa Cabras e ganhou o Brasil com seu Folk Metal rico e muito bom gosto. Esse carro desgovernado tem direção sim, e é rumo ao sucesso!




Carro 10: Rufus Lenhador e Dentes de Serra e Mutilator - Até que ponto um carro de madeira pode meter medo em outros competidores? É só olhar para o carro do lenhador Rufus e seu co-piloto castor Dentes de Serra, com aquele tronco à frente, o enorme machado na lateral e rodas que podem te mutilar, como não lembrar do Mutilator, que com esse nome está propenso a arrancar braços e pernas sem piedade, com machado ou rodas serrilhadas? Sem contar a cara de psicopata do lenhador que lembra a agressividade do som do Mutilator.




Carro 00: Dick Vigarista e Muttley e Sextrash - Ok, pode parecer uma ofensa ser comparado a um vilão, que sempre trapaceou e tentava chegar em primeiro das formas menos nobres. Mas não no metal. Aliás, nós metalheads temos mais ídolos do mal, como Jason e Freddy Krueger (hehe) do que mocinhos. E eu sinto que o Sextrash, ao longo da história não teve o reconhecimento merecido como outros de sua época, e por isso acabou sendo aquele que não vencia as corridas, mas fala a verdade, todos nós sempre torcemos para ver ao menos uma vitória da máquina malvada. Aliás, o nome vigarista tem muito a ver com a maioria das letras que o Sextrash escreveu.