domingo, 29 de junho de 2014

Darken In Quir Haresete

O Amen Corner do Paraná em 1999 lançou pela primeira vez um trabalho fora da Cogumelo, o EP Darken in Quir Haresete pela Demise Records. Seguindo sua trajetória, após o clássico Jachol Ve Tehilá, a banda lançou um trabalho com as mesmas características, inclusive algumas músicas podem até ser sobras rearranjadas daquele álbum. Darken é um EP que manteve a banda entre as mais cultuadas no Brasil, pelos fãs de black e dark metal. São apenas cinco músicas, onde novamente os vocais de Paulista (Sucoth Benoth) são ainda o diferencial, com uma interpretação macabra, aqueles momentos que parece que o cara está chorando de ódio dentro de uma caverna.
'Endless Solitude' abre de forma arrepiante, cadenciada, com os vocais berrados e vai acelerando gradativamente, bom trabalho dos guitarristas Naberus e Murmúrio. 'Black Empire' já inicia com um riff mais malvado e cai para uma levada bem Jachol, com uma interpretação vocal empolgante. 'Awakening of Evil' é a melhor faixa do EP com o som de uma tempestade no início e Paulista conclamando a que Camos se levante. A música é perfeita do início ao fim. 'The Creators Pride/Anguish of the Accused' é outra que lembra muito o álbum anterior e já por isso merece destaque. E para fechar o trabalho 'Camos God of the Gods', outra com riff maligno a la Samael. Uma pena a banda ter ficado oito anos sem lançar material após este EP, pois está no topo das hordas maléficas do metal nacional.

sábado, 21 de junho de 2014

Goddess Of Tears

O Silent Cry aproveitou a boa recepção que teve na estréia com 'Remembrance' e um ano depois, em 2000, lançou seu segundo full length, 'Goddess of Tears'. Pivô de uma briga entre a Cogumelo e a Demise, que atrasou a entrega dos CDs até que abrisse sua própria loja, e consequentemente teria um belo e aguardado trabalho saindo do forno nas prateleiras, o álbum chegou cercado de expectativas. No line up apenas uma mudança, com a saída de Jaderson Vitorino para a entrada de Roberto Freitas no baixo. Impossível falar deste trabalho sem as comparações com o debut. Primeiro a arte gráfica, que já era bela e ficou ainda melhor, com a estátua do anjo na capa e o belo logo abaixo. O álbum perdeu também um pouco da melancolia presente em 'Remembrance', que era um trabalho mais doom e este é mais gothic, com menos vocais guturais e os teclados de Bruno Selmer mais evidentes. E por falar neles, a introdução de 'Desire of Dreams' é lindíssima. Suelly canta em dueto com Dilpho, com ênfase na voz feminina e um ponto para a produção em detrimento do primeiro disco é o volume das vozes que aqui está bem melhor equiparado. Nesta música ouvimos influências de Anathema aqui e ali, principalmente da fase de 'Eternity', mas você só perceberá se for muito fã das duas bandas.
'Last Visions' mostra que o baixo aparece bem e não é apenas mais um instrumento, dando um forte suporte para o trabalho de guitarras. E ouvindo a quase instrumental 'Tears Of Serenity' fica claro como esse pessoal tocava. Em 'Eclipse' Dilpho nos brinda novamente com vocais rasgados, além de uma das passagens acústicas mais belas do álbum com Bruno Selmer e Ricardo Meireles no acompanhamento para Cassio Brandi despejar um solo de tirar o fôlego. 'Crying Violins' é uma canção rearranjada da demo 'Tears of Serenity' que ficou muito melhor. 'Illusions of Perfection' tem um começo digno de um 'Tristania' e 'The End of the Innocence' nos faz sentir saudades da voz de Suelly. 'Good-bye In The Silence' resgata toda a tristeza presente em 'Remembrance' e fecha 'Goddess of Tears' com muita competência. É verdade que quando foi lançado foi um pouco frustrante por ser um disco bem mais 'clean' que o debut. Mas analisado depois de todos estes anos a conclusão é de que não supera, mas é tão bom quanto 'Remembrance'. E pra quem presta atenção nestas coisas sem explicação da vida fica a pergunta: por que logo Bruno Selmer aparece na foto de encarte com uma camisa branca, enquanto todos estão de preto? O resto da história todos conhecem.

sábado, 14 de junho de 2014

Back From Hell


Após o sucesso com a estréia de Bonegrinder o Drowned de Belo Horizonte retornou com um EP acima da média, e em pouco tempo provava que a banda não estava para brincadeiras. O EP foi lançado em dia de festival em BH que reuniu bandas de destaque do metal nacional, como Siecrist, Nervochaos, Distraught e Torture Squad. A capa ficou novamente a cargo do cartunista Zinho, e apesar de mais simples, veio mais diabólica, para encarnar o título do disco.
Neste trabalho o Drowned veio mais cru, com o som mais sujo, para a alegria dos fãs de metal extremo, mas com a mesma técnica demonstrada no debut.
A primeira cacetada é 'Back From Hell', uma faixa que tem um refrão bem forte que gruda na cabeça. 'Rhymes of death' é instrumental e serve de abertura para a poderosa 'Demonic Cross' com Fernando soltando a voz dividida entre guturais e rasgados. 'Evil Darkness Inside' é uma das músicas que já existiam e ganhou novos arranjos para o EP. O primeiro cover é 'Bestial Devastation' do Sepultura, precedida de uma dispensável 'The Curse' que não faz jus à original. Mas 'Bestial' ficou excelente na roupagem do Drowned, mais rápida e Beto descendo a mão na bateria. Aliás, repetir a formação de Bonegrinder contribuiu muito para a qualidade atingida pela banda. 'Bloody Sand' é uma nova roupagem para a instrumental 'Blood Sand' do álbum de estréia. ' Destroyer' segue a destruição sonora com um bom solo e é uma faixa que não ficou pronta a tempo de entrar em Bonegrinder. O outro cover já não agrada tanto, 'The laws of Scourge' do Sarcófago merecia uma gravação melhor, pois é um clássico absoluto do metal nacional e além disso já havia saído no tributo à banda. 'Fuckin Twins' é outra instrumental e o trabalho ainda traz duas versões demos para músicas que saíram no debut, 'Bonegrinder' rebatizada no disco de estréia como 'Men Who Break Bones' e 'Wisdom Without Direction'. A curiosidade é que a banda decidiu lançar todos os seus álbuns com o título começando com a letra 'B'. Mais um EP mineiro que entrou para o roll dos clássicos EPs do metal nacional.