sábado, 30 de novembro de 2019

20 anos de Darken In Quir Haresete do Amen Corner.


Da série "EPs maravilhosos tão bons quanto full lenghts", este é Darken In Quir Haresete, segundo EP e quarto trabalho profissional da horda Black Amen Corner de Curitiba, Paraná. Também significa uma nova era considerando-se o primeiro trabalho não lançado pela grande Cogumelo, e sim pela também mineira e iniciante Demise Records, propriedade de Wilson Jr da banda cult In Memorian. São 5 faixas de extrema qualidade, todas carregadas de sentimentos obscuros e insanos, perfeitamente e exageradamente inflamados pela voz desesperadora de Sucoth Benoth, guitarras lugubremente melódicas e quase suecas de Narberus e Murmúrio, a mente constante do Amen Corner, baixo segurando a onda destruidora de Nar Mattarus e a bateria muito bem dosada de Osculum Infame. Endless Solitude alterna perfeitamente estes momentos mais arrastados com passagens agressivas, comos vocais gritados e sendo sempre um atrativo à parte, marca registrada da banda. E quando começa Black Empire envolta em seus temas obscuros (Em uma noite negra/onde o silêncio entra pelo ar/Apenas o escuro e o lamento trazem um ar mórbido/Quando eu durmo minha alma repousa), percebemos que o EP é uma clara continuidade de Jackol Ve Tehilá, talvez um pouco menos lapidado e com uma produção menos esmerilhada, mas com canções que poderiam perfeitamente fazer parte do referido álbum, um dos mais renomados do estilo no Brasil. E o que dizer de Awakening Of Evil, com uma introdução perfeita e uma interpretação magnífica de Sucoth, um dos melhores momentos de sua carreira, unindo perfeitamente a agressividade letal do Black à mórbida desilusão do Dark/Doom. O álbum fecha com The Creator's Pride: The Anguish Of The Acused e a também fenomenal Camos God of The Gods, que é emocionante do início ao fim. O ítem que se tornou raridade ao longo dos anos foi relançado pela Dying Music em 2015 e ainda pode ser encontrado por aí. Se você é amante do metal negro com qualidade indiscutível, não espere que ele suma do mercado novamente para se arrepender. 

sábado, 16 de novembro de 2019

10 músicas com a letra 'P' que você precisa ouvir antes de morrer



                       O Metal & Loucuras separou 10 hinos que não  podem faltar no seu play list.

01º - Peace Sells...But Who's Buying? (1986). Com o baixo de David Ellefson introduzindo a pedrada, o Megadeth finalmente fazia frente ao Thrash mundial com seu primeiro grande clássico. Peace Sells até engana em sua primeira metade, com andamento cadenciado, mas próximo ao refrão grudento dá aquela acelerada que os thrashers adoram para montarem seus mosh pits e extravasarem suas emoções. O Megadeth mostrava que mesmo com todas as motivações implícitas de sua criação, estava pronto para conquistar o mundo. E conquistou!

02º - Phantom Of The Opera - Iron Maiden (1980-1985). Porque temos 2 datas para esta música?Porque ela foi gravada no debut de uma banda que se tornaria a maior da história do Heavy Metal em um distante 1980, quando nem sonhava que isto iria acontecer, e porque ganhou sua versão definitiva ao vivo em 1985 com Bruce Dickinson nos vocais, fechando Live After Death, um dos melhores "ao vivo" da história. Tudo na música inspirada na história de Gaston Leroux é perfeito, sejam as linhas de baixo, as guitarras e a estrutura em que tudo está inserido. Mais um registro histórico.

03º - Pull The Plug - Death (1988). Uma das maiores obras do Death Metal mundial, Leprosy traz músicas vomitadas da mente genial de Chuck Schuldiner. Pull The Plug já mostrava que a técnica seria preponderante no som dos americanos, sem deixar de lado a violência sonora que o estilo necessita. O som é sujo mas você consegue entender tudo o que está se passando. Pode aumentar o volume e bater cabeça à vontade. 

04º - Kreator - People of The Lie. (1990). Fechando um ciclo de álbuns sensacionais, os alemães do Kreator exageraram na dose de bom gosto em Coma of Souls. Um play maravilhoso, com canções eternamente indispensáveis no Thrash Metal mundial. People of The Lie talvez seja a mais conhecida, devido ao viídeo clipe na época, com Ventor destroçando a bateria, além de riffs insanos e vocais mais ainda. Uma compilação Thrash Metal anos 90 sem esta música não é uma compilação de bom gosto.

05º - Profit - Overdose. (1992) Ah as paradinhas do Thrash. Só de começar com elas (ou break downs, que seja), o jogo está quase ganho. Profit não é a música mais trabalhada do álgum Circus Of Death do Overdose, mas é ótima porque é porrada do começo ao fim, tem ótimos riffs, ótimos solos e os vocais de Bozó preenchem os espaços de forma perfeita, fazendo de Profit um dos maiores destaques do álbum, que como já dissemos antes, está entre os 10 melhores do metal nacional. 

06º - Prelude To A Suicide - Sarcófago. (1991). Quando um álbum é perfeito do primeiro chiado da agulha ao retorno do braço pro descanso, tudo fica lindo na sequência correta. Porém algumas canções acabam sendo um pouco menos lembradas que outras. Afinal temos Midnight Queen, Screeches From The Silence, a faixa título, além dos bônus do EP que foi incorporado quando saiu em CD. Mas Prelude To A Suicide jamais poderia ser esquecida, pois faz parte daquele conjunto de músicas da banda mineira que se arrastam no peso, deixando a velocidade de lado, e esbanjando ódio ainda assim. Que riff perfeito tem esta música, e que vocais insanos Wagner nos presenteou, quase sussurrados direto do bafo da morte. Aumente o volume. É Sarcófago.

07º - Potter's Field - Anthrax. (1993). Sempre existirão detratores da passagem de John Bush no Anthrax, mas é inegável que em sua estreia a banda lançou um álbum ótimo, Sound of White Noise. E tudo bem, Potter's Field foi a primeira música do Anthrax que ouvi na vida, e foi amor à primeira ouvida. Thrash Metal tipicamente americano, com melodia e peso, passagens de bateria estupendas, e um vocalista muito inspirado, com um timbre que casou demais com o estilo. Potter's Field é talvez a melhor música que Bush gravou com o Anthrax, mesmo que neste mesmo play ainda tenham Only e Burst, outras duas maravilhas.

08º - Propaganda - Sepultura. (1993) Pancadaria, grosseria, raiva. Sinônimos que cabem nesta música do Sepultura, quando a banda atingiu o topo do mundo do metal com Chaos A.D. O peso é descomunal, casando perfeitamente com os vocais de Max. E aquela parte cavalgada e seguida de bases cavalares pesadas como o chumbo após os solos de guitarra ficaram perfeitas. Tem Thrash. Tem Groove. E consegue se destacar dentre tantas coisas lindas neste álbum, como Territory, Refuse/Resist, Amen, Nomad, e outras.

09º - Peter Pan Against The World - The Mist. (1991) Com um dos melhores álbuns já lançados na história do Heavy Metal (e não estamos falando só de Brasil ), o The Mist desfila pérola após pérola em seu segundo filho, o perfeito The Hangman Tree. E Peter Pan Against The World tem tudo de característico da banda. Melodia (que dedilhado lindo no início), agressividade, o Thrash come solto nos primeiros versos, refrão viciante, quando a velocidade cai para um mid time lindo e um solo de guitarra sensacional. Clássico absoluto.

10º - Pilgrim - Genocídio. (1996) A banda paulista tem uma boa quantidade de clássicos em anos de discografia, sempre baseada no Death Metal, porém com uma textura gótica explicita em seu trabalho. Mas Posthumous pode ser considerado seu trabalho mais completo, um momento em que a agressividade do Death e a melancolia do Gothic deram as mãos e foram considerados o casal da noite. E para abrir o petardo temos a estonteante Pilgrim que de cara te obriga a bater cabeça em seu ritmo cavalgado, mesmo que em seu decorrer ela incorpore elementos mais Doom. Perfeita para apresentar Posthumous e um clássico absoluto na carreira do Genosha. 

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Entrevista com Korözyon




Começar do zero. Nunca será algo fácil e para muitos a palavra 'recomeçar' pode causar arrepios. Mas se a força de vontade e a coragem de botar em prática aquilo que te faz bem falarem mais forte, com certeza a satisfação pessoal, (e no caso da arte) a dos novos fãs, provavelmente serão altamente recompensadoras. Falamos com Marcos Amorim (guitarrista do Drowned), sobre a nova empreitada pesada chamada Korözyon, composta ainda por Fernando Lima (vocais), também do Drowned, Henrique Lima (bateria, também responsável pelas baquetas no Black Feather Klan, Dirty Grave e GodAlien) e Rodrigo nunes (baixo, também no Hellcome, GodAlien e Bulldogs). 

M&L -Primeiramente falem-nos da escolha do nome da banda.


MARCOS AMORIM: Incialmente estávamos buscando um nome com significado forte, fosse apenas uma única palavra. Tentamos diversas coisas, principalmente em Português e Espanhol. Até alguma coisa de Latim olhamos. O que nos afigurou melhor foi um nome em inglês, fugindo um pouco da proposta. Daí, meio que de repente, surgiu a ideia de buscar algo em línguas menos óbvias e nos deparamos com KORÖZYON, que significa corrosão em turco. Achamos bem interessante a sonoridade, a grafia, todos gostaram, tem a ver um pouco com tudo o que rola no Brasil e o mundo hoje em dia se pensarmos em termos sociais, políticos, humanitários etc., então fechamos o assunto.


M&L – O que podemos esperar do estilo de som do Korözyon?



MARCOS AMORIM: a nossa principal ideia é fazer um som atual, que seja pesado e que possa, na medida do possível, atingir a maturidade necessária em termos de composição de tal maneira que se singularize no cenário musical. É possível que vá se encontrar traços de trabalhos anteriores dos músicos no som, mas a intenção sem dúvida é nos distanciarmos disso. A personalidade musical é algo que normalmente demora algum tempo para se atingir plenamente, a gente já tem uma certa experiência na cena, sabe que isso não brota tão lapidado, mas haverá peso, energia, espírito de rock, certas experimentações e agressividade no material.
M&L – O conceito apresentando por vocês na página oficial é bem interessante. Como a banda se posiciona a respeito do mundo que vivemos/destruímos?


MARCOS AMORIM: acredito que de tempos em tempos haja momentos de negação ou oposição a modelos anteriores, a dialética que normalmente ocorre nas artes também pode ser sentida na sociedade. O mundo está em uma etapa curiosa, há bastante riqueza e miséria caminhando juntas. Há muito avanço e retrocesso ocorrendo ao mesmo tempo. Discutimos ocupação espacial e nos falta saneamento básico. Creio que numa linha do tempo, a humanidade embora se sinta evoluída, grande parte da população mundial ainda é extremamente arcaica, egoísta, individualista e, porque não dizer, perversa. Essa visão de mundo não deve ser só nossa...



M&L – Metade da banda faz parte do Drowned, além do baixista Rodrigo Nunes ter tocado na banda em seus primeiros anos. Acredito que o estilo venha bem diferente do que estão acostumados a fazer, caso contrário não faria muito sentido uma nova banda, certo?

MARCOS AMORIM: Sim, essa é a ideia. Não seria necessário criar outro Drowned do zero, de novo, um só já dá muita canseira (risos). O som é diferente, o que tem de traço semelhante é que somos também uma formação voltada ao rock pesado, mas de resto, não haverá elementos de som mais extremo ou uma pegada mais thrasher. O foco é outro, embora seja pesado.

M&L – Como está o processo de composição?

MARCOS AMORIM: Tem variado. Algumas nascem por trocas de mensagens com arquivos de áudio, daí nos reunimos em estúdio de ensaio e chegamos ao arranjo final depois de algumas mexidas. Outras praticamente já nascem das mensagens e terminam iguais, só são aprendidas. Algumas também acabam sendo desfeitas e remontadas após todos esses procedimentos. Via de regra, o processo é colaborativo, todos participam de alguma forma.

M&L – E os planos são de tocar bastante antes de um lançamento oficial ou pretendem apresentar a banda com material físico/digital?




MARCOS AMORIM: Provavelmente não iremos fazer show antes de ter algo gravado, porque não planejamos eventos para esse projeto até o final de 2019. A ideia é gravar o material de um EP ainda em outubro, possivelmente com lançamento por volta de dezembro. Imagino que antes disso não devamos tocar ao vivo.
M&L – Já existe alguma conversa com gravadora para lançamento de material ou pretendem lançar de forma independente?


MARCOS AMORIM: Como é uma proposta nova e o mercado hoje é diferente de anos atrás, nem pensamos em gravadora. A ideia é lançar um EP nos canais de Streaming e começar a tocar. O material pode vir a ganhar a forma física e também é possível que lancemos mais coisa na sequência por um selo, mas a ideia inicial é ganhar o mundo, colocar o material para rodar, conhecer as pessoas por meio do som que fizemos.

M&L – O Drowned demorou 6 anos entre os lançamentos de Belligerent – Part One e 7th. A espera foi gratificante pois lançaram um grande álbum, mas o Korözyon pode influenciar num tempo ainda maior para a gravação de um novo material do Drowned?



MARCOS AMORIM: Não creio. O Drowned já tem algumas coisas compostas para o sucessor do 7th. Claro, no Drowned há 5 integrantes, temos assim que coincidir 5 agendas, mas a princípio um projeto não influenciaria no outro, pelo menos no estágio atual das duas bandas. Acredito que a distância entre o Belligerent e o 7th ocorreu mais em virtude de agendas pessoais, foi conjuntural.


M&L – Marcos, há alguns anos você sofreu um acidente automobilístico, que inclusive atrasou alguns compromissos do Drowned. Diga o quão grave foi e se você chegou a pensar que aquilo poderia por fim no sonho que estava começando a se materializar.


MARCOS AMORIM: Foi em 2001, logo após um show em SP, divulgando o Bonegrinder. A banda deu uma parada por algumas semanas, eu segui internado e a banda pouco depois voltou a rodar, para não ficar parada. Creio que não chegou a comprometer o desenvolvimento da banda, ainda que pudesse ter atrapalhado logo quando ocorreu. Eu fiquei quase 1 ano inativo, fui recuperando aos poucos. Inicialmente pensei que não mais conseguiria tocar, pelo menos como destro. Depois, centenas de fisioterapias depois, a coisa foi melhorando e felizmente recuperei minha condição física, pelo menos na parte mais sensível à música. Nunca pensei em desistir, mas claro que assustou.

M&L – Deixem uma mensagem a quem os conhecem como músicos e estão ansiosos para ouvir o que está por vir.
MARCOS AMORIM: Fiquem ligados, o Korözyon será uma banda que não decepcionará quem acompanha a carreira de cada um dos músicos que a compõe. Será um rock bem pesado e energético, a pegada metal vai estar lá, terá uma abordagem diferente em alguns aspectos e pretendemos deixar o som no jeito para todos ouvirem ainda em 2019, fiquem ligados! Valeu!