sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Entrevista com Korözyon




Começar do zero. Nunca será algo fácil e para muitos a palavra 'recomeçar' pode causar arrepios. Mas se a força de vontade e a coragem de botar em prática aquilo que te faz bem falarem mais forte, com certeza a satisfação pessoal, (e no caso da arte) a dos novos fãs, provavelmente serão altamente recompensadoras. Falamos com Marcos Amorim (guitarrista do Drowned), sobre a nova empreitada pesada chamada Korözyon, composta ainda por Fernando Lima (vocais), também do Drowned, Henrique Lima (bateria, também responsável pelas baquetas no Black Feather Klan, Dirty Grave e GodAlien) e Rodrigo nunes (baixo, também no Hellcome, GodAlien e Bulldogs). 

M&L -Primeiramente falem-nos da escolha do nome da banda.


MARCOS AMORIM: Incialmente estávamos buscando um nome com significado forte, fosse apenas uma única palavra. Tentamos diversas coisas, principalmente em Português e Espanhol. Até alguma coisa de Latim olhamos. O que nos afigurou melhor foi um nome em inglês, fugindo um pouco da proposta. Daí, meio que de repente, surgiu a ideia de buscar algo em línguas menos óbvias e nos deparamos com KORÖZYON, que significa corrosão em turco. Achamos bem interessante a sonoridade, a grafia, todos gostaram, tem a ver um pouco com tudo o que rola no Brasil e o mundo hoje em dia se pensarmos em termos sociais, políticos, humanitários etc., então fechamos o assunto.


M&L – O que podemos esperar do estilo de som do Korözyon?



MARCOS AMORIM: a nossa principal ideia é fazer um som atual, que seja pesado e que possa, na medida do possível, atingir a maturidade necessária em termos de composição de tal maneira que se singularize no cenário musical. É possível que vá se encontrar traços de trabalhos anteriores dos músicos no som, mas a intenção sem dúvida é nos distanciarmos disso. A personalidade musical é algo que normalmente demora algum tempo para se atingir plenamente, a gente já tem uma certa experiência na cena, sabe que isso não brota tão lapidado, mas haverá peso, energia, espírito de rock, certas experimentações e agressividade no material.
M&L – O conceito apresentando por vocês na página oficial é bem interessante. Como a banda se posiciona a respeito do mundo que vivemos/destruímos?


MARCOS AMORIM: acredito que de tempos em tempos haja momentos de negação ou oposição a modelos anteriores, a dialética que normalmente ocorre nas artes também pode ser sentida na sociedade. O mundo está em uma etapa curiosa, há bastante riqueza e miséria caminhando juntas. Há muito avanço e retrocesso ocorrendo ao mesmo tempo. Discutimos ocupação espacial e nos falta saneamento básico. Creio que numa linha do tempo, a humanidade embora se sinta evoluída, grande parte da população mundial ainda é extremamente arcaica, egoísta, individualista e, porque não dizer, perversa. Essa visão de mundo não deve ser só nossa...



M&L – Metade da banda faz parte do Drowned, além do baixista Rodrigo Nunes ter tocado na banda em seus primeiros anos. Acredito que o estilo venha bem diferente do que estão acostumados a fazer, caso contrário não faria muito sentido uma nova banda, certo?

MARCOS AMORIM: Sim, essa é a ideia. Não seria necessário criar outro Drowned do zero, de novo, um só já dá muita canseira (risos). O som é diferente, o que tem de traço semelhante é que somos também uma formação voltada ao rock pesado, mas de resto, não haverá elementos de som mais extremo ou uma pegada mais thrasher. O foco é outro, embora seja pesado.

M&L – Como está o processo de composição?

MARCOS AMORIM: Tem variado. Algumas nascem por trocas de mensagens com arquivos de áudio, daí nos reunimos em estúdio de ensaio e chegamos ao arranjo final depois de algumas mexidas. Outras praticamente já nascem das mensagens e terminam iguais, só são aprendidas. Algumas também acabam sendo desfeitas e remontadas após todos esses procedimentos. Via de regra, o processo é colaborativo, todos participam de alguma forma.

M&L – E os planos são de tocar bastante antes de um lançamento oficial ou pretendem apresentar a banda com material físico/digital?




MARCOS AMORIM: Provavelmente não iremos fazer show antes de ter algo gravado, porque não planejamos eventos para esse projeto até o final de 2019. A ideia é gravar o material de um EP ainda em outubro, possivelmente com lançamento por volta de dezembro. Imagino que antes disso não devamos tocar ao vivo.
M&L – Já existe alguma conversa com gravadora para lançamento de material ou pretendem lançar de forma independente?


MARCOS AMORIM: Como é uma proposta nova e o mercado hoje é diferente de anos atrás, nem pensamos em gravadora. A ideia é lançar um EP nos canais de Streaming e começar a tocar. O material pode vir a ganhar a forma física e também é possível que lancemos mais coisa na sequência por um selo, mas a ideia inicial é ganhar o mundo, colocar o material para rodar, conhecer as pessoas por meio do som que fizemos.

M&L – O Drowned demorou 6 anos entre os lançamentos de Belligerent – Part One e 7th. A espera foi gratificante pois lançaram um grande álbum, mas o Korözyon pode influenciar num tempo ainda maior para a gravação de um novo material do Drowned?



MARCOS AMORIM: Não creio. O Drowned já tem algumas coisas compostas para o sucessor do 7th. Claro, no Drowned há 5 integrantes, temos assim que coincidir 5 agendas, mas a princípio um projeto não influenciaria no outro, pelo menos no estágio atual das duas bandas. Acredito que a distância entre o Belligerent e o 7th ocorreu mais em virtude de agendas pessoais, foi conjuntural.


M&L – Marcos, há alguns anos você sofreu um acidente automobilístico, que inclusive atrasou alguns compromissos do Drowned. Diga o quão grave foi e se você chegou a pensar que aquilo poderia por fim no sonho que estava começando a se materializar.


MARCOS AMORIM: Foi em 2001, logo após um show em SP, divulgando o Bonegrinder. A banda deu uma parada por algumas semanas, eu segui internado e a banda pouco depois voltou a rodar, para não ficar parada. Creio que não chegou a comprometer o desenvolvimento da banda, ainda que pudesse ter atrapalhado logo quando ocorreu. Eu fiquei quase 1 ano inativo, fui recuperando aos poucos. Inicialmente pensei que não mais conseguiria tocar, pelo menos como destro. Depois, centenas de fisioterapias depois, a coisa foi melhorando e felizmente recuperei minha condição física, pelo menos na parte mais sensível à música. Nunca pensei em desistir, mas claro que assustou.

M&L – Deixem uma mensagem a quem os conhecem como músicos e estão ansiosos para ouvir o que está por vir.
MARCOS AMORIM: Fiquem ligados, o Korözyon será uma banda que não decepcionará quem acompanha a carreira de cada um dos músicos que a compõe. Será um rock bem pesado e energético, a pegada metal vai estar lá, terá uma abordagem diferente em alguns aspectos e pretendemos deixar o som no jeito para todos ouvirem ainda em 2019, fiquem ligados! Valeu!

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