sábado, 27 de abril de 2024

20 anos de Pagan do Cruachan!!!


O quarto trabalho da banda irlandesa Cruachan começa mais metal que o álbum anterior, onde as coisas demoram um pouco para engrenar. A abertura com "Michael Collins", que idealiza um líder revolucionário irlandês, assassinado em 1922, traz referências folks balanceadas ao black metal, com vocais femininos e masculinos rasgados. Já a música "Pagan", que dá nome ao petardo, mostra uma banda crua em seus arranjos mais metal e bem cristalina nos arranjos folk, como se juntassem partes distintas de fitas cassetes perdidas no tempo de bandas diferentes. É proposital? Não sei, mas eu preferia que as partes mais extremas tivessem uma roupagem mais gorda, neste caso. Independente disso, "Pagan" é uma boa faixa, e só de começar com um canto gregoriano já ganhou muitos pontos. Não é genuíno, mas eu adoro. "The Gael" é uma faixa mais folk, onde a voz de Karen Gilligan ganha destaque, e as melodias são mais doces. "Ard Ri Na Heireann" tem uma pegada mais alegre e rock 'n roll, sem realmente ser, mas é aquele folk que conta uma história e foi feito para ser apresentado em uma taberna com muita cerveja rolando. O álbum tem 4 canções instrumentais, que reforçam a veia folclórica irlandesa, onde encontramos instrumentos de todos os tipos, como violinos, violoncelos, flauta e outros que eu não saberia nomear. Pra quem curte esta veia vale ainda ressaltar a música "Some Say The Devil Is Dead", uma releitura para a criação de uma banda de música tradicional irlandesa chamada "Wolf Tones", que ficou bem legal. A arte da capa é bela e novamente traz tons verdes enfatizando o lado da natureza que a banda preza, além de ser a primeira cor da bandeira de seu país. O Cruachan não é uma banda que agrada qualquer fã de metal, isso é bem certo, mas aquela parcela que gosta de uma mistura feita com zelo, e às vezes, exagero, certamente gostará de "Pagan", mesmo que seja para ouvir esporadicamente.

 

terça-feira, 23 de abril de 2024

20 anos de Beast of Bourbon do Tankard!!!


Dois anos antes o Tankard lançava um álbum para comemorar 20 anos de banda, e agora em 2004, Beast of  Bourbon, seu 11º trabalho, com aquele alienígena cavalgando um cão raivoso, chegava com energia renovada. E temos que registrar, este novo álbum é ainda melhor que B-Day. Aliás, é um tanto quanto difícil encontrar um álbum ruim destes alemães, concordam? "Under Friendly Fire" abre com velocidade e já percebemos que a voz de Gerre está excelente, o que confirmamos em "Slipping From Reality". "Genetic Overkill" tem um riff bem legal, com um solo rápido de guitarra muito bom. Uma das melhores do trabalho, com uma letra criticando o governo americano pela contaminação alimentícia cultivada nos países de terceiro mundo. E a marcha fúnebre no meio de "Die With a Beer in Your Hand" pode não ser a ideia mais original do heavy metal, mas ficou perfeita casando à letra da música. "The Horde" é outra música forte e não dá pra disfarçar que o nome da música "Endless Pleasure" seja uma alusão aos 2 primeiros álbuns do Kreator, mas é claro, não podemos afirmar, já que a letra não entrega mais nada de indícios. Andy Classen produziu a obra, ponto para toda a equipe, o som está ótimo, muito audível (dá para ouvir o baixo sem esforço) e mesmo assim o som não está plástico, parece realmente uma banda de thrash dos anos 80. "Fistful of Love" é outra pancada que merece ser citada, com um refrão cheio de energia (o que não falta em todo o petardo), além de "Beyond The Pubyard" que é muito agressiva e gera um excelente "headbanging".   Os últimos álbuns dos outros 3 grandes representantes do thrash alemão haviam sido nada menos que "Violent Revolution", "M-16" e "Metal Discharge", portanto, a fúria do berço do thrash agressivo se mantinha viva, forte e mortal. Ouça sempre! 

 

20 anos de The Gorgon Cult do Stormlord!!!


Estamos quase completando 15 anos de Metal e Loucuras, e os posts de aniversário de 20 anos dos principais álbuns do heavy metal mundial, que começamos timidamente em 2007, ganha foto estilizada com nova roupagem, sem que nossa bandeira cubra parte da arte da capa dos álbuns. Esperamos que vocês curtam. Para este pontapé, temos o prazer de falar de uma banda italiana que gostamos muito, o Stormlord, que chegava a seu 3º trabalho em 2004, com o majestoso "The Gorgon Cult". Trazendo novamente uma arte bem legal, com destaque para uma adaptação da Medusa, carregando 7 cabeças de dragão, e tonalidade estritamente azul, as canções passeiam por temas obscuros, com criaturas épicas, como a própria Medusa, Wurdulak e Hecate, e menções a obras do escritor H.P. Lovecraft e do diretor italiano de filmes de terror nos anos 60 e 70, Mário Bava. Após a intro "The Torchbearer" temos na faixa "Dance of Hecate" a certeza de que a banda amadureceu seu som. O black sinfônico prevalece, e ainda temos muitas batidas rápidas, porém a bateria de David Folchito agora está acompanhando as guitarras com mais técnica, sem aquela necessidade de soar desenfreado o tempo todo. Os teclados de Simone Scazzocchio continuam sendo essenciais para o grupo, porém não soam tão altos como outrora, e os riffs de guitarras são melhor ouvidos agora. A banda acrescentou um guitarrista nesta fase, Gianpaolo Caprino, que deu um poder maior aos riffs e, ao lado de Pierangelo Giglioni, gravaram riffs e melodias como se tocassem juntos desde o início da banda. Além de cantar em algumas músicas com vocais limpos, como na excelente "The Oath of the Legion", uma das melhores do álbum, e que ele canta como numa ópera. O legal é que a qualidade não diminui em nenhuma canção, até a instrumental "Memories of Lemuria", que poderia ter ganhado uma letra, caso a banda optasse, ficou bem legal. Arriscaram, e se deram muito bem, numa versão para a maravilhosa "Moonchild", que abre um dos melhores álbuns do Iron Maiden, "Seventh Son of a Seventh Son", com o vocalista Cristiano Borchi incorporando um Bruce Dickinson do black metal com uma perfeição poucas vezes ouvidas numa versão da donzela. Completa o line-up o baixista Francesco Bucci que acaba não sendo muito ouvido devido à presença constante do teclado. Se você gosta de bandas como Cradle of Filth e Siebenburgen, certamente aprecia o som do Stormlord.



 

terça-feira, 9 de abril de 2024

20 anos de Prophecy do Soulfly!!!


Prophecy é o quarto trabalho do Soulfly e sugere uma mudança de estilo, não muito brusca é verdade, mas se aproximando mais daquilo que sempre esperamos de Max Cavalera. Groove, Thrash e Death metal incorporados. Não que este trabalho seja o amanhecer dos deuses, existe ainda uma boa quantidade de atabaques, influências folclóricas e a degradação Nu Metal, mas até então é o álbum mais digerível da banda, isso é claro, na visão de quem aprendeu a ouvir metal com Bestial Devastation e Morbid Visions debaixo do braço. Temos bons riffs, o que não pode faltar num álbum do guitarrista, e bastante raiva nas cordas vocais, afinal é Max berrando, então, pontos positivos. O início com a faixa título é certeiro, sem espaço para invencionices, uma música agressiva, com groove e direta. já "Living Sacrifice" é uma composição mais trabalhada, com algumas incorporações mais acústicas, porém sem carregar demais, e mesmo que você não curta estas passagens mais zen,  o percentual pesado compensa muito. "Execution Style" e "Defeat U" são duas pauladas post thrash muito diretas, com letras e durações curtas, e poderiam estar em um álbum do Cavalera Conspiracy. Já "Mars" tem uma passagem acústica com berimbau que ficou bem interessante. "I Believe" talvez seja a música que mais lembra o estilo "miscelânico" do Soufly, com muitas partes acústicas apresentando vozes limpas, enquanto "Moses" é assustadoramente um negócio reggae, com intercessões extremas. Certamente você não vai bater cabeça ouvindo essa música, e ela me faz pensar se essas ideias realmente saem da cabeça do Max ou tem alguém por trás incentivando essas maluquices. Não que não seja válido, a música fica até legal quando entra a pancadaria, e outras bandas fazem isso, como o Obituary misturando death metal com rap em "Bullituary" do Back From the Dead, que ficou fudido, mas é que conhecendo o jeito "tosco" no bom sentido, do Max, não enxergo nele essas ideias extremas de junções. "Born Again Anarchist" te confunde, pois a letra e a agressividade parecem uma ode ao retorno às raízes da anarquia política, mas logo ela cai numa levada viajante, quebrando o clima feroz. "Porrada", cantada em português e com riffs no melhor estilo Ratos de Porão surpreende, tem uma veia punk e um solo de guitarra melódico sensacional. O final de Prophecy traz 1 cover para a melhor música do grupo alternativo Helmet, a ótima "Meantime" que ouvi demais em época de MTV, "Wings/Mars Na Drinu", com uma marcha da Sérvia composta durante a 1ª grande guerra, e a instrumental "Soulfly IV". Os ventos da mudança soprando pro lado certo.

 

segunda-feira, 8 de abril de 2024

20 anos de Invisible Circles do After Forever!!!


O terceiro trabalho dos holandeses do After Forever foi lançado em uma época em que o estilo estava bastante saturado, e os olhos não brilhavam mais ao presenciar lançamentos de álbuns com vocais líricos femininos e guturais. Talvez seja uma das razões para a vida relativamente curta desta grande banda, que surgiu de forma bombástica para o mundo pouco depois da explosão de bandas como Theatre of Tragedy e Tristania. Mas a grande verdade é que sua vocalista, Floor Jansen, cresceu mais que a banda frente as multidões, e neste álbum fica evidente que ela estava além de seus companheiros. Não que Sander Gommans e companhia não tivessem destaque, tudo é muito bem feito e caprichado em "Invisible Circles", mas quando os holofotes estão virados 90% do tempo para a bela e talentosa vocalista, todo o resto fica na penumbra, difícil de visualizar. Eu sempre preferi, neste estilo, vocais femininos angelicais, tristes e que causavam um frio na espinha, e os vocais mais sinfônicos nunca fizeram muito minha cabeça, portanto o trabalho do After que mais chamou minha atenção foi "Prison of Desire", e não fui um ouvinte assíduo do restante do material da banda, mesmo que houvessem amigos por perto sempre apresentando seus novos trabalhos. Algumas coisas aqui chamam atenção, como aquele diálogo em "Between Love And Fire", que fugiu à regra e ficou bem teatral. A música "Digital Deceit" ganhou versão em vídeo, e é interessante ter a garotinha da capa do álbum contracenando, numa das faixas menos progressivas do álbum, que é conceitual, e aborda o tema do escapismo, no caso desta música, a fuga solitária para o mundo conectado, algo que só piorou com o tempo e as famosas redes sociais. Enfim, há bons momentos em "Invisible Circles", mesmo que ele não consiga soar extremo nos momentos em que tente ser, e o mais legal de tudo continua sendo a voz de Floor. 

 

20 anos de Serenity In Fire do Kataklysm!!!


"Serenity In Fire" dos canadenses do Kataklysm marca a saída do baterista Max Duhamel, que neste play foi substituído por Martin Maurais. Coincidência ou não, é o último álbum da banda marcado por hyper blasts, que fez o mundo voltar os olhos para a banda de death metal com um dos pedais duplos mais rápidos da história. Só que no próximo trabalho, Duhamel estava de volta à banda, derrubando qualquer conjectura que possamos fazer acerca deste detalhe. Então prendamo-nos a "Serenity", em minha opinião, um dos melhores trabalhos dos caras. "The Ambassador of Pain" abre as portas com os dois pés, e ainda sai esmurrando as paredes. A bateria quebra tudo e os vocais de Maurizio Iácono naquele misto de gutural e rasgado sensacional que faz nossa alegria. "As I Slither" tem uns breakdowns infernais e um refrão que fica marretando sua mente até os confins do mundo, enquanto "For All Our Sins" carrega uma veia mais tradicional, e os vocais rasgados chegam a lembrar algo de Dani Filthy do Cradle. A arte da capa lembra aqueles desenhos que vinham nas figurinhas de álbuns de rock que colecionávamos quando "aborrescentes", como Rock Free, com caveiras, cruzes e cobras. Outra grande faixa é "The Night They Return" e é impossível não lembrar do Krisiun naquela massa sonora de início. Em vários momentos o Kataklysm já dava mostra de que a melodia faria um papel importante em seus próximos lançamentos, mas aqui, nas melodias de guitarra de Dagenais, elas completam os riffs extremos com precisão, sem melar todo o esquema. "The Tragedy I Preach" tem um riff inicial que difere do restante do álbum, e é muito legal, pena que não foi mais aproveitado no decorrer da música, creio que tornaria esta a faixa fora da curva do trabalho. A última é "Under The Bleeding Sun", com os vocais ligeiramente mais guturais e bons riffs. Um álbum do Kataklysm que não apresenta tantas variações, mas o suficiente para ser um trabalho lembrado e muito bem apreciado.