quinta-feira, 14 de março de 2024

20 anos de The Wretched Spawn do Cannibal Corpse!!!


Durante muitos anos eu tive "The Wretched Spawn" do Cannibal Corpse em CDR, comprado em uma loja do centro que gravava o petardo e vinha com capa e contracapa em xerox colorido a R$5,00. A capa em questão era a da caveira que foi imposta em vários países substituindo a original censurada. Há poucos anos tive a oportunidade de comprar o original, lançado no Brasil pela Rock Brigade em parceria com a ColdArt Industry, com a linda capa censurada e ainda em slipcase. Essa capa só perde para a do terceiro álbum dos americanos e tenho amigo que teve problemas de família ao usar uma camisa com esta estampa, hehe. Musicalmente falando, com a mesma formação do álbum anterior, não acho que eles conseguiram superar "Gore Obssessed", que eu acho espetacular, mas a banda manteve a qualidade e a imagem repugnante, então tudo certo no reino da podridão. "Severed Head Stoning" abre as cortinas do caos, a princípio parece que as guitarras estão baixas, mas logo a sensação desaparece. Os vocais guturais são rápidos, assim como a faixa que tem 1:45. Já "Psychotic Precision" se aproxima da casa dos 3 minutos, que é o normal da banda e traz riffs mais quebrados e complicados, e inclusive a bateria vai no mesmo patamar. O refrão, com o título da música gritado repetidamente é coisa linda de se ouvir e o solo de guitarra é curto e grosso, lembrando alguma coisa de Deicide. Tudo bem, são da mesma família. Já "Decency Defied" não é nenhum trator desenfreado, e tem um ritmo ligeiramente mais contido e o instrumental chega a dar um tempo na hora de Fisher urrar o refrão, para dar aquela valorizada na voz do vocalista. O álbum segue sem muitos destaques, já que as músicas são bem lineares, com exceção de alguma passagem mais arrastada, mas com uma produção acima da média e que deixa a massa sonora com muita consistência, onde a distorção das guitarras cria uma parede que não deixa buracos. Uma pedrada que não pode faltar na coleção de amantes do metal da morte. 

 

sábado, 9 de março de 2024

20 anos de Scars of the Crucifix do Deicide!!!


Senhoras e senhores, tirem seu chapéu. Os americanos do Deicide voltavam a vencer um campeonato da liga do Death Metal americano, após duas temporadas em que o time não agradou todos os seus fãs e torcedores. Mesmo que eu não reprove os dois lançamentos anteriores (leia nossas resenhas sobre eles), é óbvio que a qualidade de "Scars of the Crucifix" é bem superior. Isso aqui veio para resgatar qualquer ovelha que tenha se desgarrado do rebanho, com uma brutalidade impiedosa, com uma dose de peso espetacular. De início, temos talvez a introdução mais empolgante da carreira da banda, com um riff tão pesado, que você, seu peixe e seu cachorro já começam a bater cabeça sem nem saber o que está fazendo. Estamos falando da faixa de abertura e que nomeia o álbum, sétimo da discografia (dizem que 7 é o número da perfeição). Essa música, mesmo que hoje possa soar um pouco abafada, o que não gera nenhum desconforto, pois não estamos resenhando um álbum de melodic death, é tão poderosa, que sempre que vejo a capa do play, seu riff automaticamente me vem à mente, para você ter uma ideia de como ele se tornou marcante. Os vocais de Glen Benton continuam com aquela suavidade de um vulcão em erupção, para nossa felicidade. Gutural ao extremo e novamente introduzindo aquela voz dobrada e rasgada que fez tanta falta nos últimos trabalhos. Elogiar a bateria de Steve Asheim é indispensável, o cara soca seu kit com muita vontade e precisão, e os irmãos Hoffman, em seu último trabalho desde o início da banda, mostram que estavam sim ainda muito criativos, ao contrário das declarações de benton anos depois, talvez para justificar a saída dos irmãos. São 9 faixas condensadas em apenas quase 30 minutos de caos e blasfêmias, mas devem ser apreciadas em conjunto, porque é tudo irrepreensível, mesmo que você possa se derreter com o trabalho vocal de "Mad At God", ou a pancadaria insana e espetacular de "Enchanted Nightmare", dois momentos de enorme satisfação para quem ama o metal da morte desenhado com enxofre nas paredes do submundo idealizado pela banda. Não aplicamos notas para os trabalhos das bandas em nossas resenhas, mas se assim fosse vocês saberiam qual.

 

domingo, 25 de fevereiro de 2024

20 anos de Songs of Darkness, Words of Light do My Dying Bride!!!


Songs of Darkness, Words of Light é o oitavo álbum de estúdio dos ingleses do My Dying Bride e, sinceramente, uma das melhores obras deste estilo arrastado, melancólico e sombrio, que nós, criaturas noturnas, amamos tanto. A despeito da primeira fase da banda nos anos 90, onde temos clássicos atemporais desta banda, após a virada do milênio o My Dying Bride, apesar de lançar bons álbuns, nenhum se sobressaiu à essência funesta deste lançamento. Começando pela arte da capa, a terceira seguida a contar com a figura de um anjo, mesmo que a cabeça pela metade não tenha sido feita com a qualidade que a obra pedia, ela consegue passar a mensagem de dor e tormenta que acompanha as músicas que você ouvirá. O início com "The Wreckage of My Flesh" não poderia ser mais desalentador, com um riff extremamente sujo, característica das guitarras ao longo do álbum, porém estes riffs iniciais possuem uma conotação mais maléfica, como se fossem feitos por uma banda de black metal da Escandinávia que se aventurasse pela música arrastada, e os urros do vocalista Aaron Stainthorpe só corroboram pra esta impressão, pois eles remetem a um demônio encarcerado em uma cela no limbo, rogando por liberdade. A música é tão pesada que você nem percebe que os urros são somente no início e no decorrer da faixa os vocais são limpos, chorados ou falados, além de não termos uma variação grande a respeito dos riffs, eles se intercalam periodicamente, não deixando a música cair na mesmice. Já "The Scarlet Garden" tem uma função um tanto diferente, ao introduzir mais elementos góticos, e uma variação maior em sua estrutura, quando chegam a ensaiar um movimento acelerado, e tem como destaque o som daquele órgão de igreja, deixando a música ainda mais hipnótica e fria. Na sequência temos a melhor faixa do trabalho e uma das melhores músicas de toda história da banda, a seminal "Catherine Blake", esta sim, não apenas ameaçando entrar numa aquarela rebuscada de tons grosseiros, mas mergulhando de vez na era sombria do death/doom com riffs pesados e mais rápidos, e vocais guturais proclamando o fim do mundo na maior parte da música, onde as mudanças de andamento são maravilhosos e a bateria de Shaun Taylor com os pedais duplos também são destaque. Para dar uma guinada na agressividade mórbida a próxima é uma semi-balada gótica chamada "My Wine In Silence", a mais curta do play (menos de 6 minutos) e com uma letra um tanto apaixonada demais, porém musicalmente trazendo um sentimento gelado e quase acústico, onde os teclados de Sara Stanton fazem diferença, além de apresentar uma melodia de guitarra bastante depressiva. "The Prize of Beauty" parece ter saído diretamente das gravações de "The Dreadful Hours", com aqueles interlúdios entre o sofrimento e a raiva, enquanto "The Blue Lotus" é uma grata surpresa quando você pode começar a imaginar que tudo de possível já permeou as faixas anteriores, mostrando passagens mais tétricas com vocais falados a outras onde Aaron canta com uma tristeza genuína, mesmo que não seja aquela tristeza quase suicida de "A Angel and the Dark River", pois o peso dos instrumentos te mantém no inferno o período todo. Chegando ao final desta obra de arte temos a música mais death/doom do álbum, a começar pelo título raivoso, "And My Fury Stands Ready", que além de uma guitarra mais death metal, tem um interlúdio soturno, já utilizado em outras vezes e de formas diferentes pela banda, onde quase nada acontece na música, mas que foi feito para que muita coisa aconteça em sua mente. "A Doomed Lover" fecha o caixão com uma lentidão quase funeral doom, e já faz com que você sinta uma necessidade sufocante de começar a ouvir tudo novamente. Poucas obras sobre a terra detém este poder.

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domingo, 18 de fevereiro de 2024

20 anos de An Elixir For Existence do Sirenia!!!


Ao que tudo indica, o Sirenia seria um projeto de Morten Veland, onde ele poderia abusar de sua criatividade para fazer o que tivesse vontade, já que pela segunda vez ele cuidou de tudo, porém agora creditando uma nova vocalista ao posto, a bela Henriette Bordvik, hoje no Abyssic, que ficou por volta de 3 anos ao lado do músico. Em "An Elixir For Existence" podemos dizer que Morten se desprendeu um pouco daquela sequência de 3 álbuns anteriores, dois com o Tristania e o debut do Sirenia, o ótimo "At Sixes And Sevens", mas não muito. O que podemos atestar é que este álbum traz músicas menos bombásticas, e mais intimistas, em alguns momentos com aquela melancolia que caracterizou bandas que uniram o gótico ao death/doom, vide aquela passagem mais triste em "Voices Within", uma das melhores músicas deste trabalho. Esta faixa também apresenta riffs de guitarra não muito comuns na música do Sirenia, soltos e sem acompanhamento de teclados, lembrou um híbrido de thrash e góthic metal. Os violinos foram um atrativo interessante, num duo com as guitarras como ouvimos em "A Mental Symphony", gravados pela convidada Anne Verdot, que tocou o instrumento em 4 canções. "Euphoria" também é uma música legal, e talvez devesse ser a faixa de abertura no lugar de "Lithium And a Lover". A mais pesada é "In My Darkest Hour" (quase hein Megadeth), que já inicia furiosa, mas cai na delicadeza perene para entrar a voz de Henriette. Agora, comparando a moça à sua antecessora, Fabienne Gondamin, seria algo injusto, visto que os vocais femininos no primeiro registro foram usados com muito mais força, ao passo que neste play, eles às vezes são até esquecidos, salvo na faixa "Save Me From Myself", toda cantada pela moça. Por isso os vocais angelicais não são destaque neste trabalho. Por outro lado Morten, que apresenta como sempre ótimos vocais guturais e rasgados, agora canta magistralmente com vozes limpas, os melhores clean que ele despejou numa bolacha até aqui, enriquecendo divinamente este petardo. A arte da capa a princípio não condiziria muito  com o estilo, mas se você prestar atenção nas letras que falam de suicídio e consumo excessivo de drogas e álcool, certamente fará todo sentido, e mais ainda ao casar a mensagem com o gótico, quando perceber que tem um anjo tentando tirar a garrafa da mão da moçoila... Outro momento que fará você se apaixonar por este álbum é em "Star-Crossed", que tem um riff de guitarra que por algum motivo me lembrou a atmosfera de "Wastland's Caress" presente em "Widow's Weed" do Tristania. Se perdeu a chance de ouvir este opus nestes 20 anos, não perca mais.

 

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

20 anos de Devil's Ground do Primal Fear!!!


Ah, esse tal de Heavy Metal é bom demais! O quinto trabalho dos alemães do Primal Fear chegou em 2004 carregado de... metal. Pra início de conversa temos a melhor capa até aqui, dos álbuns da banda. O equilíbrio entre o azul do céu e o vermelho da cidade ficou perfeito, e as águias estão bem intimidadoras. O trabalho começa de cara com uma das melhores músicas da carreira (que ótimo que não colocaram nenhuma intro idiota como de costume), mesmo que contendo uma letra clichê, estamos falando de "Metal Is Forever", rápida e com vocais sensacionais, esta se tornou uma música obrigatória da banda. Devemos destacar a produção, o timbre dos instrumentos está perfeito. Outro momento sensacional do álbum é "Sea of Flames", que tem em seu início uma bateria que lembra aquele arranjo clássico de Painkiller do Judas Priest. Os riffs são arrasadores, e os solos de guitarras não deixa você indiferente. O Primal Fear neste trabalho deixou para trás aquele som mais sujo e ficou com uma produção mais limpa, e isso fez muito bem a eles. "The Healer" é uma balada pesada que lembra qualquer coisa que o Iced Earth lançara recentemente com Ripper nos vocais, e tem um longo refrão, porém com aquela melodia que vai deixar rastros em seu cérebro. Temos muito peso também e em alguns momentos você poderia estar ouvindo um thrash americano no estilo de "Master of Puppets", ouça os riffs pesados de "Sacred Illusions", uma música agressiva e com influência da bay area. Quer mais peso? "In Metal" pode te satisfazer, onde além de uma performance mais lenta, temos os vocais de Ralf mais anasalados, além de apresentar um coro sinistro que deixaria King Diamond envergonhado, mas que ficou legal na música do Primal, hehe.  Enfim, para quem aquele álbum clássico de 1990 do Judas, ouvir um álbum do Primal Fear como "Devil's Ground" é satisfação garantida!

 

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

20 anos de Thunderball do U.D.O.!!!


Certa vez comentaram em uma de nossas resenhas que o legal de lê-las é que o que temos que criticar nós criticamos, ao invés de passar pano como alguns. Ok, não estamos aqui para esculachar ninguém, a não ser é claro que seja algo impossível de não resenhar, como o "St. Anger" por exemplo, mas alguns detalhes precisam ser alvejados, como essa capa horrorosa que a banda U.D.O. usou em seu nono trabalho. Lógico que todos sabem que arte de álbum não é o forte do baixinho, nem mesmo na época de Accept, então deixa passar e pulemos ao som. "Thunderball" não é nenhum clássico, não reinventou a roda e nem decepciona. É um típico álbum de heavy metal. E precisa mais que isso? Acredito que não. Basta nos proporcionar 45 minutos de entretenimento sem vontade de pular faixas ou trocar de bolacha, e está tudo certo. A faixa título que abre o petardo até assusta um pouco, pois parece que o vocal está um pouco acima do normal, mas depois você vai se acostumando. Acredito que este trabalho seja até um pouco mais hard rock que o anterior, e certamente menos pesado, mas temos momentos bem legais, onde Udo usa do artifício de vozes dobradas para deixar as coisas mais interessantes, como na faixa "Fistful of Anger" com um refrão rock 'n roll que vai fazer você balançar as madeixas. Em contraponto temos uma faixa como "The Land of the Midnight Sun" com uma veia épica e letra fantasiosa, enquanto "Hell Bites Back" tem aquele riff tipicamente alemão, que poderia estar em um álbum do Running Wild. Resumindo, U.D.O. conseguiu reunir algumas qualidades em seu álbum, sem que ele se tornasse uma colcha de retalhos, talvez por saber que não tinha em mãos um álbum primoroso, mas que não faria ninguém torcer o nariz, e assim tornar sua audição mais interessante. O mais diferente de tudo porém, é uma faixa chamada "Trainride in Russia (Poezd po Rossii), que se não for uma adaptação para alguma canção da cultura russa, é claramente uma homenagem, e ficou legal, é um dos destaques do play. Como eu disse, não é para mudar o mundo, mas garante bons momentos.
 

domingo, 4 de fevereiro de 2024

20 anos de The Arrival do Hypocrisy!!!


"The Arrival" foi o trabalho do Hypocrisy com a difícil tarefa de atrair novamente os holofotes para a banda sueca, após o repudiado "Catch 22". Ser melhor que um álbum pouco aceito é fácil, o difícil é justamente reconquistar a confiança de nossa chata raça de metalheads. O tema alienígena volta forte e aparentemente com título e capa de revista em quadrinhos científica, muito clichê, mas em um tom de azul e preto que salvou a arte de ser profundamente esculachada. Mas as músicas de "The Arrival" são superiores ao seu antecessor, ao menos aqueles ruídos eletrônicos foram limados, e o death melódico escalou as paredes e ficou te olhando do teto pronto para pular em sua jugular em caso de crítica severa. A abertura com "Born Dead, Buried Alive" é legal, e o estilo é um híbrido entre o death e o black sinfônico norueguês, que vai deixar os fãs de Dimmu Borgir com aquela sensação de já ter ouvido aquilo antes. A segunda faixa, que ganhou vídeo clipe é a "Eraser", aquela música que vai te fazer chutar Children of Bodom em um "blind ear", mas tudo bem, ela é legal. "Stillborn" tem um "quê" de nu metal no riff, mas é algo não muito esquadrinhado graças aos deuses do metal. "Slave to the Parasites" é uma música comum, mas "New World" tem um peso e energia bem interessantes, a primeira faixa a te lembrar que o Hypocrisy já foi uma banda de death tradicional. Os vocais nesta música estão bem gritados e a base com stop and go ficou ótima. "The Abbys" é uma música bem legal, arrastada com as garras no doom metal, e traz alguns vocais limpos que ficaram excelentes, dando um toque diferenciado no play, enquanto "Dead Sky Dawning" tem uma estrutura "feliz", se me permitem dizer. Em "Departure" Peter canta com aquela característica voz ultra rasgada e é uma música mais viagem (interestelar, é claro), enquanto "War Within" fecha o trabalho resgatando agressividade e alguns vocais guturais.