domingo, 24 de fevereiro de 2019

20 anos de The Burning Red do Machine Head



Dizem que o 3º álbum de qualquer banda significa a reafirmação dela no cenário ou sua queda definitiva. No caso do Machine Head, podemos dizer que foi uma queda, mas não definitiva, pois a banda conseguiu se reerguer anos depois. Mas uma coisa é fato. Se Robb Flyn e Cia Ltda tivessem dado sequência no som de The More Things Change... e o arregaçador Burn My Eyes, com certeza a banda seria considerada hoje uma das maiores do mundo, mas o álbum de nossa resenha de hoje na verdade tirou muitos fãs da reta do MH. Ok, a virada do milênio eminente parece ter virado também a cabeça de muita gente importante do Metal, como Dave Mustaine, Mille Petroza, Nick Holmes e todos os seus asseclas, incorporando pop, gótico, eletrônico em seu som, mas o Machine Head foi na onda que crescia e que mais aterrorizava os metalheads, que foi o New Metal. O estilo criado pelo Sepultura e que o Korn jura que é seu e ficou conhecido aqui como Pula-Pula, pois ao invés de bater cabeça e fazer air guitar a galera salta como sacis ao som de guitarras gordas com afinações baixas e vocais carregados de referências Hip Hop. Mas The Burning Head não é 100% esta mistureba, ainda dá para curtir bons momentos no disquinho. Nothing Left é uma música legal, com uma pegada bem na linha do segundo álbum e Silver intercala momentos calmos e a gritaria convencional de Flyn, num dos melhores momentos do álbum. From This Day tem lá sua boa pegada nas partes Post Thrash, e se sua mente for bem aberta, as partes Hip Hop podem até agradar, apesar de alguns efeitos na voz e nas guitarras serem bem deprimentes. Message In a Bottle, cover do The Police ficou bem legal aqui. Num simples e franco resumo de The Burning Red podemos afirmar que sua fama o precedeu. Muitos fãs que souberam da nova fase e visual da banda sequer chegaram a ouvi-lo para uma conclusão correta. Com certeza a banda não teria sido tão malhada caso isso acontecesse , pois a mão com os melhores momentos do play pesa bem mais que a outra.

sábado, 16 de fevereiro de 2019

20 anos de Host do Paradise Lost



Tem que ser muito fã. Começando a resenha com esta frase nada encorajadora revisitamos o 7º álbum de estúdio dos britânicos que ajudaram a colocar em erupção a segunda fase do Doom Metal mundial (se considerarmos Candlemass e seus congêneres os percursores). E se biblicamente o 7 é o número da perfeição, então estamos mesmo todos ao inverso, já que falamos do Paraíso Perdido. Porque seguramente Host é o disco mais fraco do PL. Bem, pode ser que você goste dele e de nenhum outro, aí já é questão de gosto e sua praia não é o Metal, porque Host é tudo menos isso. Uma viagem gótica eletrônica seria mais adequado para classificar o trabalho, que tem uma capa simples, porém bela e adequada para o álbum, já que os músicos estão com os rostos desfigurados e irreconhecíveis, assim como sua música, que amamos em álbuns como Draconian Times, Icon e Gothic por exemplo. Quase nada de guitarra pode ser ouvido no play, mas teclados estão lá o tempo todo. Lembra da resenha do Tonight's Decision do Katatonia que  fizemos há poucos dias? A coisa caminha mais ou menos por aí, com o teclado aqui substituindo a guitarra mas com um diferencial gigantesco. Nick Holmes canta muito em qualquer estilo que passeia, no Doom, no Gothic ou no Death Metal e ouvir as músicas de Host só não vai te fazer tirar o CD e colocar um Shades of God para ouvir porque o cara manda muito bem. Ouça Nothing Sacred e a bela It's Too late. Estas músicas com certeza irão tirar o gosto amargo de sua boca toda vez que se lembrar de Host. E mesmo com todos os barulhos eletrônicos insuportáveis de Permanent Solution, Holmes solta a voz e nos brinda com uma de suas melhores performances, (neste álbum, é claro.) Ouça de mente bem aberta, sem aquela sede de bater cabeça. Deita numa rede, toma um vinho e relaxa. E quando terminar Host (a música) que fecha o play, coloque pra rodar um Tragic Idol por exemplo. E deixa a vida seguir...

sábado, 9 de fevereiro de 2019

20 anos de Same Difference do Entombed.


Você é fã de carteirinha de Death Metal? Amava até certo ponto as bandas Suecas que tiveram milhares de seguidores com suas guitarras de serra elétrica? Tem até na parede a arte de álbuns como Left Hand Path, Clandestine e Wolverine Blues? Ah, então você estava louco há 20 anos atrás quando o famoso álbum do cachorro apareceu por aí. Porque Same Difference não tem nada a ver com estes clássicos e o Entombed caía de boca e alma no 'para alguns' famigerado Death 'n Roll. E os cabelos devem ter caída da cabeça lá pela 4ª faixa Kick In The Head com algum tipo de Rap falado do meio ao final da faixa. Mas se tu nunca tinha ouvido os primórdios do Entombed e queria conhecer uma banda de Rock 'n Roll sujo você provavelmente deve ter curtido o play. Tudo bem que os puristas esperam sempre mais do mesmo, mas os músicos de mente aberta não se prendem a isso e fazem o que der na telha. Riscos à parte, pois na minha opinião é sempre melhor criar um novo projeto do que tentar se beneficiar de um nome consolidado para fazer outra coisa (imagine a Motorola vendendo motor de carro?!), o fato é que a maioria das bandas que se arriscaram no Death 'n Roll acabaram voltando para o Death Metal anos depois, como Gorefest, Carcass e o próprio Entombed. Mas temos aqui um álbum não muito difícil de ouvir (não pulei nenhuma faixa até agora e já estou na 7ª, What You Need, com uma veia Hard Core até). Addiction King abre bem o trabalho com velocidade e os vocais de LG  Petrov gritados (não rasgados), o que não é de se assustar pois desde o EP Hollowman de 1993 o rapaz já dava mostras de que queria uma voz mais reconhecível e menos doentia. O balanço entre músicas mais rápidas e outras mais cadenciadas como a faixa título foi uma boa sacada pra deixar o álbum mais agradável. Não temos uma grande produção (já é um estigma da banda) mas nada desprezível, apenas o que o tipo de som pede. Destaque para as faixas The Day, The Earth, The Supreme Good e Smart Aleck, rápida e com um bom solo e vocais limpos muito bem colocados em seu final. Eu realmente sempre corri deste trabalho do Entombed, mas ouvindo-o agora não me fez torcer o nariz. Talvez os que o conheceram há 20 anos e deram as costas à banda devessem ouví-lo agora com ouvidos menos exigentes e mente mais aberta.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

20 anos de Saatana do Barathrum



O Barathrum da Finlândia sempre foi uma banda underground, daquelas que os amantes do metal extremo veneram e os demais nunca chegaram a ouvir uma nota sequer, porém de alguma forma a Rock Brigade lançou no Brasil este que é o quinto trabalho da banda, fato que aumentou a quantidade de seguidores. Com as bases fincadas no Black Metal, porém naquele andamento próximo ao Doom, o que se convencionou a chamar de Dark Metal (alguém lembra do Bethlehem?) temos um álbum muito interessante de se ouvir, principalmente se você curte bandas como o Samael de início de carreira e Amen Corner de Curitiba. Após uma intro sinistra e pouco convencional para o estilo o trabalho começa com Dark Sorceress II (Winter Siege) que tem uma batida de bateria em sua entrada que parece uma marreta dando forma ao aço numa oficina. O andamento é de médio a rápido (sem metrancas, bem longe disso), vocais rasgados e uma passagem pesada a base de paletadas de guitarra que privilegia o som do baixo lá pela metade. Boundless Arts, apesar de ter alguns gritos bem malignos e que estão entre os melhores e mais agressivos do álbum, tem uns barulhos eletrônicos que causam arrepios (no pior sentido) e a sorte é que não passa dos 2 minutos. Beltane chega num andamento mais lento e traz guitarras que realmente lembram Samael da época do Worship Him, apesar do som aqui ser bem mais limpo e claro, um dos grandes momentos do álbum se seu negócio não for velocidade. Na sequência temos Helluva Agitator, e pra fazer um trocadilho infame podemos afirmar que o play ganha uma agitação extra aqui, gritos em coro, pedais duplos, riffs na melhor escola Venom que não ficam se repetindo sempre, uma grande faixa. Melancoly, Infinity, Agony vem para mostrar que a banda tem bala na agulha, uma música com suporte no baixo naquele estilo Dawn Patrol do Megadeth com vocais praticamente limpos e falados. Regent of Damnation imprime mais velocidade na sequência e tem um grande refrão que o vocalista Demonos Sova com certeza deve ter precisado dos backing vocals pra intercalar as frases, caso contrário teríamos que tirar o chapéu para tanto fôlego. Aliás todos os demais músicos fazem backing vocais no álbum, são eles G'thaur no baixo, Beast na bateria, e os guitarristas Warlord e Somnium que cometeu suicídio em 2003 quando fazia parte do Fintroll e já havia passado por Thy Serpent e Impaled Nazarene. Countess Erszebeth Nadasdy é outra faixa mais 'animada' que te faz bater cabeça enquanto Sacrilegium quebra o ritmo no começo mas que depois ganha velocidade, e em algumas partes o vocal de Sova fica bem parecido com o de Sucoth Benoth do Amen Corner. Saatana fecha o trabalho com riffs até alto astral para esse tipo de som, com um coral de (hey) bem próximo das bandas de Folk Metal. No geral Saatana é um álbum muito bom, que não mudou o mundo do metal extremo mas que garantiu e ainda garante ótimos momentos a seus fãs. Aumente o volume e quebre o pau.