domingo, 29 de setembro de 2013

Death Is A Lonely Business

Sei que os fans de Vladimir Korg vão odiar o que vou publicar aqui, mas "Death Is A Lonely Business" de 1993 foi o melhor trabalho lançado pela banda até aquele momento. Pra não citar o EP dos porquinhos nem "Warfare Noise" que apresentaram um Chakal excelente e criativo, creio que no clássico e cultuado "Abominable Anno Domini" a banda não obteve uma mixagem à altura, o que comprometeu todo o peso das guitarras, e em "The Man Is His Own Jackal" a banda sentiu muita a saída de seu frontman e a solução encontrada do baixista Laranja assumir os vocais não foi a mais acertada. Mas com "Death Is..." o Chakal deu uma aula de thrash metal e com a entrada de Sérgio a banda ganhou cara nova com sua voz poderosa. Podemos dividir o álbum em dois, com quatro músicas cada. Um com uma veia mais divertida com as músicas "Mind Cries, Body Dies", "Panic In The Fast Food", "Useless Denial To Hear" e a instrumental "A Certain Afternoon Havin' Strawberry Jelly On Mars Watching The Dick Birds Fly South", (não sei o que os caras estavam bebendo quando criaram este título, hehe).
 A segunda metade é a parte responsável por este disco ser tão bom. Começa com "Before Is Too Late" que apresenta um Chakal mais cadenciado, as bases criativas e técnicas, uma gravação perfeita oriunda do 108 studio. "Beholder" é ainda melhor e foi a primeira música que eu vi ser apresentada ao vivo em um palco, pois meu primeiro show foi do Chakal em 93 na Praça da Estação. E sobraram duas músicas que geram a maior dúvida sobre este trabalho. Qual das duas é a melhor? "Fear of Death" com aqueles mugidos no início e toda sua brutalidade acelerada e vocais ultra poderosos, ou "Choked" com seu peso absurdo, belo trabalho de guitarras e vocais? Até hoje fico na dúvida mas uma coisa é certa, todas as duas ficariam perfeitas também com a voz de Korg. Sorte que este trabalho a Cogumelo não deixou passar batido e o relançou em CD com "The Man..." em um mesmo pacote, o que nem precisava. "Death Is A Lonely Business" já se garante sozinho. Pena que algum tempo depois o Chakal entrou no estaleiro e ficou 10 anos sem lançar material.

domingo, 22 de setembro de 2013

Progress of Decadence

 "Tudo que eu sei / Que era carnaval / No alto do morro / Cumendo o maio pau / Cadê os marginal ? / É tudo animal / Cadê os policial ? / É tudo marginal...Sai daí Curujão!!!"
É assim que começa o álbum "Progress Of Decadence" de 1993 dos mineiros do Overdose. Depois de mostrar pra todo mundo com "Circus of Death" que o negócio agora era thrash metal, a banda meteu os pés de vez na agressividade e, incorporando a percussão com ritmos nacionais, fez um álbum que agradou gringos e brasileiros. O timbre das guitarras é o melhor já tirado pela banda e é o melhor álbum dos caras pra se ouvir no volume máximo. Aqui o thrash come solto e desembolado. Músicas como "Street Law", "Straight To The Point", a faixa título, a excelente "Aluquisarrera" e "Stupid Generation" foram forjadas com muita técnica.          
Os vocais de Bozó continuam matadores, e a pronúncia em inglês melhorou muito também (hehe) e os shows como sempre eram empolgantes (quando não havia nenhuma Glória pra atrapalhar), eu estava na Gameleira naquele show que só deixaram o Overdose tocar três músicas e mesmo assim sem áudio no microfone, foi uma decepção pois era a primeira vez que eu via os caras no palco. A capa é bem sacada, mostrando os dois lados da sociedade brasileira e o título na época provocava dúvidas, pois alguns achavam que era "Decadence of Progress", o que pra mim foi proposital pois qualquer um dos títulos resumiria a idéia das letras. Época boa para o metal nacional e principalmente o mineiro. Éramos felizes e ...sabíamos sim. O problema é que achávamos que seria pra sempre.





domingo, 15 de setembro de 2013

Arise

O ano de 1991 foi especial para o metal mineiro. Três dos maiores álbuns da história do heavy metal foram lançados naquele ano, "The Hangman Tree" do The Mist, "The Laws of Scourge" do Sarcófago e "Arise" do Sepultura. O bolachão que foi lançado às pressas no Brasil com apenas uma parte da arte da capa e sem o cover do Motorhead para antecipar o Rock In Rio é até hoje o maior álbum dos mineiros que conquistaram o mundo. Lembro me até hoje que a primeira vez que ouvi este vinil na casa de meu amigo Sergio Alexandre, que eu disse "Esse som não é deste mundo, como eles conseguem fazer isso?" Foi uma coisa meio hipnótica mesmo ouvir aquela pancadaria de Arise, a faixa título, perfeita em sua brutalidade e atual até hoje. "Dead Embryonic Cells" também é um dos pontos altos do disco, altamente indicada pra quem quer bater cabeça e "Desperate Cry" que já foi minha favorita vem com melodia, cadência e é fantástica. Murder e Subtraction já são mais no estilo do álbum "Beneath The Remains", aquele thrash mais reto sem muita firula. 
Altered State é outro grande momento e começa com batidas de tambores, nada abrasileirado como foi incorporado mais tarde, mas daqueles tambores sinistros que você imagina em florestas obscuras cheias de tribos de canibais africanas prontas pra te devorar. Ótima música. A crítica religiosa veio em forma de "Under Siege (Regnum Irae), fugindo aos padrões do Sepultura, com cavernosas vozes ao contrário e o início com dedilhado e bateria. Isso mostrava que a banda estava pronta para ousar e agregar novas influências ao seu som. "Meaningless  Movements" também é thrash puro e começa com paradinhas inconfundíveis e que Big Shaw usava nas vinhetas de seu programa "Rock Festival" na 98 FM. "Infected Voice" também vai na pancadaria estilo Beneath The Remains e o cover do Motorhead "Orgasmatron" que Max gravou bêbado e nem se lembrava de ter terminado a gravação, ficou melhor que original e faz sucesso entre os fans até hoje. Se o Sepultura tivesse lançado Arise apenas no estilo das músicas que citei acima no estilo Beneath The Remains talvez não teria conquistado o mundo, pois foram as músicas diferenciadas como "Dead Embryonic, Arise, Under Siege, Desperate Cry e Altered State" que fizeram com que a banda subisse mais alguns degraus na carreira e fosse reconhecida em qualquer parte do planeta. A promessa se tornou realidade em Arise. E a arte da capa? Sem comentários! Uma das melhores da história.