domingo, 30 de julho de 2023

20 anos de Anthems of Rebellion do Arch Enemy!!!


Após a entrada de Ângela Gossow e o sucesso de "Wages of Sin" que tirou o Arch Enemy do underground para um status mainstream do death metal, a turma liderada por Michael Amott precisava cravar um novo álbum que consolidasse sua imagem, senão dar um passo à frente. E para frustração daquela galerinha que prefere a época em que a banda era conhecida apenas por alguns poucos apreciadores que não se importavam com o vocal de poucas ambições de Johan Liiva, eles conseguiram subir mais ainda no pódio. Com uma arte melhor, a cargo de Niklas Sundin, guitarrista por muitos nos do Dark Tranqüillity, a produção sempre refinada de Andy Sneap e a distribuição competente da Century Media, a banda com a frontwoman carismática e com suas feições agressivas em palco ficou mundialmente conhecida e valorizada. Por gosto individual eu ainda prefiro Wages of Sin, mas "Anthems of Rebellion" também ocupa uma posição de destaque em minha prateleira. Certamente Ângela estava mais segura durante sua gravação e seu desempenho foi além, enquanto os irmãos Amott (Michael e Christopher nas guitarras), Sharlee no baixo e Daniel Erlandsson na bateria, compuseram músicas com mais pompa que outrora, aquele melodic death metal com uma pitada de agressividade acima das demais concorrentes. "Silent Wars" que vem após uma intro estilo aclamação de estádio, já quebra tudo, além de ter uma passagem bem Necroticism, para alegria dos fãs de Carcass. As duas próximas faixas são aquelas que carregam o álbum nas costas, por se tornarem as mais conhecidas, "We Will Rise" com um início mais melódico e um refrão que ecoa na mente por muito tempo, e a fantástica "Dead Eyes See No Future" com riffs assustadoramente potentes e solos curtos e bem elaborados, com uma sugestão de teclados bem discretos no refrão. Destaques ainda para o peso de "Exist To Exist" e as guitarras de "End of the Line", mas a dica é ouvir o play na íntegra, pois ele é sensacional. 

 

quarta-feira, 26 de julho de 2023

20 anos de Sweet Vengeance do Nightrage!!!


Me lembro de acabar de conhecer o Fernando Lima, grande designer e vocalista do Drowned, na Cogumelo, quando ele me perguntou o que eu estava levando pra casa e eu disse que era o novo do At The Gates. Ele fez uma cara de espanto mas logo entendeu a referência, afinal o At The Gates não lançava nada oficial desde o clássico "Slaughter of the Soul" de 1995, ou seja, há 8 anos, e a banda havia encerrado as atividades, deixando muitos fãs órfãos de seu maravilhoso som. O caso é que Tomas Lindberg, a eterna voz do At The Gates era o vocalista do Nightrage neste debut, e o som da banda se assemelhava muito ao som de Gotemburgo. Criada na Grécia pelo ex-guitarrista do Exhumation, Mario Iliopoulos, e com a missão de montar uma nova banda de death melódico que se destacasse na cena, além de um vocalista perfeito para o cargo, ele convocou para o baixo Brice Leclercq, que posteriormente integrou nada menos que o Dissection, e o guitarrista Gus G., famoso pelo heavy e power metal, como Dream Evil e Firewind, culminando anos depois a atuar no line up de Ozzy Osbourne. Como convidados tivemos Tom Englund do Evergrey para os vocais limpos, o produtor e tecladista Fredrik Nordström e o baterista do The Haunted Möller Jensen. Com um time destes, o sucesso estava praticamente garantido. E "Sweet Vengeance" é um baita álbum. A urgência que Lindberg consegue imprimir nas músicas é fora de série, o cara tem um vocal poderosíssimo, arrisco a dizer o melhor vocalista do melodic death metal. De cara "The Tremor" mostra uma rifferama bombástica, um soco na cara pra mostrar quem era o Nightrage. "The Glow of the Setting Sun" começa com mais melodia mas logo ganha velocidade e peso, com um belo trabalho nas baquetas. O som do álbum é totalmente orientado para as guitarras e os solos beiram o heavy tradicional. Temos também algumas mudanças de andamento bem legais como em "Hero" que até então parecia uma mistura de In Flames com Children of Bodom, para entrar um solo inspirado sequenciado de vocais limpos, curtos, fortes e muito bem encaixados. Os teclados são apenas pontuais, apenas para dar uma atmosfera diferente em algumas passagens. Minha faixa preferida é "Circle of Pain", pelas alternâncias vocálicas bem criativas. Grande álbum de algo que começou parecendo um projeto e hoje já soma 9 álbuns, mesmo que as formações não tenham sido constantes. 

 

quinta-feira, 20 de julho de 2023

Bell Witch - Four Phantoms!!!


Quatro músicas, 66 minutos e 28 segundos de duração! Por este resumo bem frio, você pode imaginar que o segundo álbum dos americanos do Bell Witch apresenta um som arrastado, com um riff em câmera lenta que dura dois minutos entre cada nota, e que não importa se você ouve os primeiros 10 minutos ou os últimos porque é tudo a mesma coisa. Mas então alguém vai gritar pra você: SURPRESA!. Porque na verdade os americanos, mesmo sentados sobre o trono funerário de um cemitério no alto de um penhasco do inferno, e evocando todos os espíritos que estão sofrendo e perambulando pelos becos escuros da terra, conseguem alternar momentos frígidos e repugnantes a passagens de uma tristeza solitária impressionante, sem que a bolacha te faça dormir antes do fim da primeira música, que é o medo que todos nós, fanáticos por Doom, temos ao ouvir uma banda que não conhecemos. Este álbum foi lançado em 2015, e a dupla Bell Witch era formada por Dylan Desmond no baixo e vocais, e Adrian Guerra na bateria e vocais. E se você não sabe, e pra ficar ainda mais maluco e curioso, a banda não tem guitarrista. Toda aquela massa sonora é feita com muita distorção num baixo de 6 cordas a cargo de Dylan, e você pode gritar truco, eu também não acreditei de início e precisei fazer uma bela pesquisa para acreditar. E enquanto o baterista Adrian Guerra urra como um Kull numa guerra por território, o baixista canta hinos com sua voz limpa como se estivesse num funeral pronto para atear fogo ao corpo de um guerreiro a caminho de Valhalla. Alguns gritos rasgados e agonizantes permeiam o álbum também, e como o Guerra disse uma vez, os cânticos harmônicos trazem uma vibe mais funeral, enquanto gritos e grunhidos têm uma vibe mais suicida. Uma pena que ele tenha partido desta terra 1 ano após este lançamento, e pouco depois de também ter deixado a banda, aos 36 anos. A banda é de Seattle, e ainda bem que lá não vive só de grunge. Pra quem não sabe, o selo ColdArt Industry lançou recentemente esta pérola no Brasil, mas apenas 200 cópias. Afinal, poucos são aqueles que poderão ter este prazer em sua coleção.

 

quarta-feira, 19 de julho de 2023

20 anos de Signs For The Fallen do Suidakra!!!


Quem conheceu o Suidakra através de "Lupine Essence", "Auld Lang Syne" e "Lays From Afar", como este que vos escreve, certamente ouvir "Signs For The Fallen" com a mente fechada não seria muito agradável. Tudo bem que este é o terceiro e mais acentuado trabalho com aquela influência de death melódico por onde a banda passeou, mas ele não consegue se equiparar aos dois trabalhos anteriores, mesmo porque "Emprise To Avalon" é realmente insuperável. Mas este álbum não é aquele melodeath descarado que os caras fizeram no álbum seguinte, mesmo não conservando nada do black metal de início de carreira. Temos um som extremo e pesado, não muito rápido, mas com as guitarras de Arkadius um ou dois tons abaixo do ideal. Em músicas mais mezzo tempo como a ótima faixa título isso não se destaca tanto mas na porrada de abertura chamada "Revenant" você acaba se assustando ouvindo apenas bateria e vocal, com os riffs em quase terceiro plano e um baixo bem inaudível. Os vocais de Arkadius continuam sublimes, um ogro muito bem representado. Alguns interlúdios são os grandes responsáveis pelo que restou da aura folk, como a instrumental "Threnody" e a acústica passagem de 20 segundos "The Ember Deid". Os vocais limpos de Marcel Schoenen são perfeitos para o som da banda, e trazem belas melodias que enriquecem o petardo sem soar forçado, como muitas bandas fazem, apenas pra dar um toque bonitinho de fundo na escuridão. A arte esverdeada da capa trazendo um Orc sugere algo na linha Tolkien, mas não é a tônica do trabalho, e eu coloriria o fundo com uma cor que destacasse melhor nosso belo personagem. A música "Bound In Charges" é a mais longa e trabalhada, e logo em seus primeiros momentos ouvimos finalmente o baixo (oh glória) de Marcus Riewaldt. "Signs For The Fallen" pode ser um álbum um pouco obscuro na carreira do Suidakra, (culpa-se a divulgação da gravadora por isso) mas certamente, ouvido com atenção, ainda é parte essencial da fase inicial da banda. 

 

domingo, 16 de julho de 2023

20 anos de Enemies of Reality do Nevermore!!!


"Enemies of Reality" é o 5º trabalho dos americanos do Nevermore e inicialmente foi produzido por Kelly Gray (Dokken, Queensryche entre outros), e ninguém gostou do resultado, o que fez com que o álbum fosse para as mãos de Andy Sneap novamente. A arte ficou mais uma vez a cargo de Travis Smith, criando meio que uma identidade própria da banda. A meu ver este é até aqui o álbum mais progressivo do Nevermore, mesmo que a construção das músicas se aproxime daquilo que fizeram em "The Politics of Ecstasy", mas acaba que o instrumental não consegue ser thrash metal, mesmo com toda força que faça pra isso. Na verdade este trabalho está longe de ter a criatividade do álbum anterior, o ótimo "Dead Heart in a Dead World" nem a emoção de "Dreaming Neon Black". Ele soa mais como um trabalho até pretencioso, tocado com velocidade, além de alguns destaques na guitarra, como o solo perfeito de "Ambivalent" ou em "I, Voyager", que é uma das melhores faixas do play. Mas a necessidade de não fazer o óbvio que a banda parece ter adquirido é justamente o que faz deste trabalho um álbum maçante. Os vocais de Dane parecem ter sido criados apenas para se ajustarem ao instrumental, sem muita personalidade nem sentimentos, apesar da balada "Who Decides" ainda tentar me contradizer. Quem consegue ouvir este trabalho duas vezes em sequência é realmente um herói e merece uma medalha. "Seed Awakening", a faixa que encerra o play também merece alguma atenção, pela energia e alguns vocais mais extremos. Se você conhece pouco da banda, não comece por este trabalho.

 

domingo, 9 de julho de 2023

20 anos de Butchery Age do Drowned!!!


Terceiro trabalho oficial (2º full) dos mineiros do Drowned, Butchery Age mostrou que a banda não estava para brincadeira, e aproveitaria ao máximo o contrato com a Cogumelo para colocar rapidamente algumas pérolas no mercado. Após o sucesso de "Bonegrinder" e "Back From Hell", EP que serviu para manter relevante o nome da banda, "Butchery Age" de 2003 chegou carregado de expectativas. Com uma bela arte, novamente a cargo de Quinho, e mantendo a mesma formação, este trabalho serviu para consolidar o nome dos mineiros no cenário nacional, e a banda ganhou ainda mais prestígio em locais como o nordeste. Em entrevista ao Metal e Loucuras, Marcos Amorim contou que a ideia era fazer o álbum mais rápido e brutal que conseguissem, e a pré-produção deixou o trabalho condensado em pouco mais de 20 minutos de duração, e foi quando a banda resolveu parar e incluir novas ideias para que não ficasse tão direto. O resultado é que este álbum é o trabalho com mais melodias de guitarras até então, porém com muitos riffs, bem próximos do death melódico, além de um trabalho bem agressivo de bateria. O tempo entre as músicas quase não existe, o que dá um sentido de maior urgência na agressividade. Outra característica é que os vocais de Fernando Lima continuam variando entre o gutural e o rasgado, porém a meu ver, este foi o álbum do Drowned com mais vocais rasgados até os dias de hoje. O trabalho de guitarras está com novas e excelentes ideias, algumas passagens fazem com que nossas orelhas de elfos se estiquem em direção às caixas acústicas, como por exemplo naquela guitarra solada que entra com mais ou menos 1:20 da primeira e melhor faixa, "Butchery Age Has Come", e nas bases de "Massacre Is Justice" com riffs empolgantes, e no início de "The Peace Comes To Destroy". Já "Cry Your Dead Away" parece ter saído direto de "Bonegrinder" com aquela melodia mais simples e a adição dos vocais limpos de Marcos. Particularmente falando, hoje eu consigo ver (e ouvir) este trabalho com muito mais interesse que 20 anos atrás, por isso pra mim ele envelheceu surpreendentemente melhor que a maioria dos petardos do Drowned. Excelente!!!