Quatro músicas, 66 minutos e 28 segundos de duração! Por este resumo bem frio, você pode imaginar que o segundo álbum dos americanos do Bell Witch apresenta um som arrastado, com um riff em câmera lenta que dura dois minutos entre cada nota, e que não importa se você ouve os primeiros 10 minutos ou os últimos porque é tudo a mesma coisa. Mas então alguém vai gritar pra você: SURPRESA!. Porque na verdade os americanos, mesmo sentados sobre o trono funerário de um cemitério no alto de um penhasco do inferno, e evocando todos os espíritos que estão sofrendo e perambulando pelos becos escuros da terra, conseguem alternar momentos frígidos e repugnantes a passagens de uma tristeza solitária impressionante, sem que a bolacha te faça dormir antes do fim da primeira música, que é o medo que todos nós, fanáticos por Doom, temos ao ouvir uma banda que não conhecemos. Este álbum foi lançado em 2015, e a dupla Bell Witch era formada por Dylan Desmond no baixo e vocais, e Adrian Guerra na bateria e vocais. E se você não sabe, e pra ficar ainda mais maluco e curioso, a banda não tem guitarrista. Toda aquela massa sonora é feita com muita distorção num baixo de 6 cordas a cargo de Dylan, e você pode gritar truco, eu também não acreditei de início e precisei fazer uma bela pesquisa para acreditar. E enquanto o baterista Adrian Guerra urra como um Kull numa guerra por território, o baixista canta hinos com sua voz limpa como se estivesse num funeral pronto para atear fogo ao corpo de um guerreiro a caminho de Valhalla. Alguns gritos rasgados e agonizantes permeiam o álbum também, e como o Guerra disse uma vez, os cânticos harmônicos trazem uma vibe mais funeral, enquanto gritos e grunhidos têm uma vibe mais suicida. Uma pena que ele tenha partido desta terra 1 ano após este lançamento, e pouco depois de também ter deixado a banda, aos 36 anos. A banda é de Seattle, e ainda bem que lá não vive só de grunge. Pra quem não sabe, o selo ColdArt Industry lançou recentemente esta pérola no Brasil, mas apenas 200 cópias. Afinal, poucos são aqueles que poderão ter este prazer em sua coleção.
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