segunda-feira, 27 de março de 2023

20 anos de Nordland II do Bathory!!!


E o Bathory, banda criadora do viking metal e do black metal da forma que ele tem que ser (doa a quem doer) chegava a seu último capítulo em 2003, 14 meses antes de seu criador, Quorthon, sofrer um ataque cardíaco aos 38 anos em seu apartamento. Nordland II é a segunda parte da obra e traz alguns momentos realmente memoráveis, e de imediato já afirmo que "The Land" é uma das melhores músicas já compostas por ele. O sentimento que ela carrega é indescritível, ao mesmo tempo que te movimenta de corpo e alma, com uma guitarra belíssima e corais que fazem chegar aos portões de Asgard. Viajando ou não, é quase improvável ouvir Nordland sem se imaginar em um drakkar navegando mares gelados da Escandinávia. Mesmo que eu prefira Nordland I, as duas obras se completam, e momentos como a bela "Death and Resurrection of a Northern Son" lembra bastante "Blood On Ice", ao mesmo tempo que incorpora uma passagem mais acústica como aquelas encontradas em "Twilight of the Gods", de uma forma tão natural, que em momento algum soa forçado para reviver o passado, mas é Quorthon deixando aflorar aquilo que ele sabia fazer de melhor. "The Messenger" é mais um momento peculiar, com riffs próximos do heavy metal e um trabalho vocal primoroso. E para finalizar este registro, vamos deixar uma estrofe da música "The Wheel of Sun", imaginando se Quorthon sentia que seus dias estavam próximos:

"Tão certo quanto verdadeiro uma vez que nós morreremos...
é verdade que nem todos os homens vivem!
Um rei cairá, uma criança nascerá, os deuses levarão e os deuses irão dar!
Antes que sua hora chegue, escale sua montanha em uma bela manhã...
E sinta a fragrância trazida pelo vento, deixe-o soprar livremente seus cabelos..."

Descanse em paz! O fim do Bathory foi uma das maiores perdas para o metal extremo!

 

domingo, 26 de março de 2023

20 anos de Killbox 13 do Over Kill!!!


Este talvez seja o "review" mais positivo que você já leu a respeito de Killbox 13 dos americanos do Over Kill, e se ouso escrever isso, mesmo tendo um dia de merda, é porque boto fé que este play é tão fudido que nem se eu estivesse passando por uma crise de cálculo renal, isso soaria ruim. Demorei um bocado de tempo para adquirir esta obra, mas quando enfim coloquei minhas mãos nele, foi que percebi que recheei algumas coletâneas ao longo dos anos com algumas músicas aqui presentes, que já se tornaram clássicas em meu "tracklist" cerebral. O início com "Devil By The Tail" é simplesmente perfeito e você percebe que a produção deixou tudo perfeitamente equilibrado, além de permitir que o som da guitarra de Dave Linsk tenha um dos melhores sons em um álbum do Over Kill, até aquele ano. A produção é digital, mas a alma analógica permeia todas as músicas, então não temos nada plastificado em saco bolha pra tirar a vida das músicas. "Damned" é outra faixa sensacional, onde o baixo de D.D. Verni explode tudo com a costumeira precisão. Temos um bom peso de groove neste play, em contraponto ao "speed" de outrora, e ele aparece na terceira faixa, "No Lights", mas ela tem um "up" estratégico pra não deixar os críticos com nariz torto logo de cara, mas retorna com fervor na quinta música, a doomzaça "Crystal Clear", que é ótima, além de apresentar o refrão mais forte que Bobby Blitz conseguiu criar em anos. "The Sound of Dying" te remete a momentos de garagem como se alguém quisesse gravar um novo "Garage Days", aquele EP perfeito que apresentou Jason Newsted ao grande público. O Over Kill conseguiu em Killbox 13 dar identidade a todas as músicas, sem que pareça que você está ouvindo uma única faixa de 50 minutos e nem encher linguiça pra completar um álbum com apenas uma música de alto nível. E pra finalizar temos 3 pancadas sensacionais, a quebradona "Struck Down" (que baixo, Verni!!), a acelerada "Unholy" e a pesada (e sem groove) "I Rise" pra finalizar um trabalho nota 10 que completa 20 anos.



 

domingo, 19 de março de 2023

20 anos de Where Moth and Rust Destroy do Tourniquet!!!


O Tourniquet da Califórnia retornava com um novo trabalho após 3 anos, intitulado "Where Moth and Rust Destroy". As doses de hardcore do álbum anterior sumiram aqui, e este álbum é mais thrash, mesmo que toda influência progressiva ainda persista e é algo latente na carreira dos músicos. O que muito chama a atenção neste novo trabalho é a saída do guitarrista Aaron Guerra, porque a gravação deste play foi com 2 guitarristas muito conhecidos na cena metálica. Um deles foi Bruce Franklin, muitos anos comandando as 6 cordas na banda doom Trouble, e que trouxe este lado mais Sabbath para o som do Tourniquet, mesmo que eu ache que as "acusações" de um som mais arrastado sejam demasiadamente exageradas, pois o álbum tem uma pegada thrash bem consistente. O outro guitarrista é ninguém menos que Marty Friedman, ex guitarrista do Megadeth que fez parte da formação clássica que gravou os trabalhos de maior sucesso do gigante da bay area. Com músicas divididas entre os dois e algumas ainda por conta do saudoso baterista Ted Kirkpatrick (falecido ano passado), temos várias passagens de extremo bom gosto, como na excelente e minha favorita "Convoluted Absolutes", com guitarras fazendo aquilo que se ouve na música clássica, com camadas crescendo em apoteose frenética. Já "Healing Waters of the Tigris" possui melodias orientais bem legais e um solo de bateria em sua metade pra deixar qualquer indivíduo com bom gosto por música de boca aberta, enquanto a thrasheira de "Architeuthis" é para bangear "a la vontê".  O celo e a flauta utilizados no álbum anterior foram substituídos pelo violino, em 3 faixas, e como sempre, é um instrumento que enriquece bastante qualquer material pesado, desde que bem encaixado. Em "Healing Waters..." ainda temos um duelo de solos de guitarras entre Friedman e Franklin, que obviamente não poderia deixar se ser fenomenal. O Tourniquet mais uma vez se sobressaia, com um grande álbum.

 

quinta-feira, 16 de março de 2023

20 anos de Hate Them do Dark Throne!!!

 


O Dark Throne da Noruega chegava a seu 10º "full length" em 16 anos de existência. Em uma época que talvez já estivesse claro para seus seguidores que a dupla Nocturno Culto e Fenriz não dava a mínima para o que se esperasse de um trabalho deles, mas sim a própria intuição daquilo que a banda exigia, afinal o Dark Throne se tornou uma entidade de vida própria dentro do movimento Black Metal norueguês dos anos 90, transcendendo toda polêmica envolta na cena. Para mim, "Hate Them" ainda soa puramente um álbum de Black Metal ríspido, mesmo que influências punk sejam sentidas, como podemos ouvir em "Det Svartner Na". Mas diversidade não pára por aí, já que a abertura com "Rust" surpreende bastante, e para meu gosto, bem positivamente, pois se inicia num Death Doom que caracterizaria os álbuns recentes da banda, mas que no início dos anos 2000 ainda era uma surpresa. Mas os puristas não devem se intimidar, pois em "Fucked Up And Ready to Die" tem aquela veia black metal clássica e uma aceleração empolgante no final que deveria até durar mais um tempo. Com exceção destas 3 faixas, as outras não diferem muito entre si, seguindo um padrão, mesmo que não soem mais do mesmo, como podemos ouvir no encerramento enérgico de "In Honour of Thy Name", que quebra tudo pelo caminho, mas tem uma passagem "slow" lá pelos 2 minutos, e pode ser uma das melhores faixas do álbum. Vale destacar os vocais de Nocturno Culto em "Hate Them", bem agressivos e raivosos.

domingo, 12 de março de 2023

20 anos de Damnation And A Day do Cradle of Filth!!!

 


É difícil de acreditar que "Damnation And A Day" é apenas o 5º full dos ingleses do Cradle of Filth, porque eles têm alguns EPs tão importantes quanto álbuns completos em sua trajetória. Mas acredito que este álbum foi lançado em um momento em que o público estava começando a perder o interesse na banda, e por isso ele não seja tão aclamado quanto seus antecessores. O fato de terem saído da Music For Nations e irem para a gigante Epic/Sony (Iron Maiden, Judas Priest, Accept entre outros), algo que acredito ter prejudicado a banda que passou a ser apenas mais um número. A capa não é grande coisa, para quem estava acostumado a bruxas e vampiras com boa dose de erotismo. Com poucas mudanças na formação que lançou 3 anos antes o clássico "Midian", a saída do guitarrista Gian Pyres e a troca do baixista Robin Graves pelo ex-Anathema Dave Pybus, o que ouvimos neste álbum de quase 77 minutos, mesmo que sem muitos destaques particulares, é ainda o mesmo som característico do Cradle, ou seja, aquele black sinfônico e cheio de sonorizações bombásticas, que fizeram da banda amada incondicionalmente por seus seguidores mas também atraiu "haters" pelo mundo afora, aqueles que acham que qualidade musical mancha a bandeira black. Mas o pecado de "Damnation And A Day" (e a parte lírica fala muito de pecado), é que ele acaba sendo um álbum simples dentro de tudo que estávamos acostumados a ouvir da banda, ou traduzindo, não tem nenhuma música que te faça ficar de queixo caído ou seja memorável como "Desire in Violent Overture" ou "Her Ghost in the Fog". Mas é um feijão com arroz, o que é muito melhor que comer lavagem quando se está acostumado a salmão. Tem fã que adora este trabalho e tem aqueles que acham indiferente. Eu sou da turma que cortaria 30 minutos dispensáveis e ficaria com um play muito mais dinâmico.