quinta-feira, 16 de junho de 2022

20 anos de At Sixes And Sevens do Sirenia!!!


Morten Veland é um músico que consegue forjar trabalhos majestosos dentro do estilo em que está inserido. Depois de um início bombástico com o Tristania, cravando seus dois melhores opus na história do gothic/doom ele saiu da banda para criar o Sirenia, com a mesma pegada. Em 2002 o clássico "At Sixes And Sevens" viu a luz do dia, oito meses depois de sua antiga banda lançar "World of Glass" pela mesma gravadora, a Napalm Records. Neste play Morten preferiu fazer tudo sozinho, sem uma banda formada, com alguns convidados para os vocais e violinos. Dando início a uma sequência de experiências com vocalistas, a bola da vez era de Fabienne Gondamin, que participou apenas deste registro de estúdio, além do EP Sirenian Shores de 2004, mas apenas na versão acústica de "Meridian", a faixa que abre este full. Este play poderia muito bem ser a continuação de "Beyond The Veil" do Tristania, pois tem todos os elementos de outrora, guitarras pesadas, teclados amplificando o som de forma orquestral e várias vocalizações, limpas, guturais e femininas de grande desenvoltura. É óbvio que Vibeke sempre foi uma referência, e os fãs de Tristania ainda sentem sua falta, mesmo que as cantoras que as duas bandas apresentaram ao longo dos anos sejam eficientes em seus papéis. Em alguns momentos Morten elevou a camada gótica ao extremo como em "In a Manica", que tem uma carga extra de vocais clean masculinos e corais, além daquela  influência eletrônica nos teclados, quase imperceptível, mas que chama a atenção, para o bem ou para o mal, dos ouvidos mais atentos. A expressão que leva o nome deste álbum literalmente seria "Em Seis e Setes", e pode não fazer muito sentido em nosso idioma, mas é uma expressão que significa estar perdido em meio a algo. Se Veland esteve perdido entre a despedida de sua banda anterior e a nova empreitada, certamente isto não se mostra no som deste álbum, pois ele mostra a maioria das facetas do músico, mesmo que este play tenha servido para ele se libertar de seus demônios passados e mergulhar em novas nuances mais sinfônicas nos trabalhos posteriores, principalmente no ótimo "Nine Destinies and a Downfall". Eu, particularmente não colocaria "At Sixes and Sevens" à frente de "Beyond The Veil" e "Widow' s Weeds", mas certamente é um passo em solo firme em direção ao que Veland achava que era o certo naquele momento. Um álbum para se colocar no mesmo patamar na prateleira e que, cá entre nós, superou "World of Glass", mesmo que este outro conte com a linda Vibeke.

 

20 anos de Weiland do Empyrium!!!


O Empyrium é um duo alemão formado por Schwadorf e Helm, muito conhecido pela galera ligada ao doom metal e sons mais arrastados. Eles iniciaram sua jornada praticando um Doom mais sinfônico na primeira metade dos anos 90, e posteriormente sobrecarregaram sua arte com influências folk, mas com aquela melancolia arrebatadora que sempre esteve presente em sua música. Weiland é o quarto full dos músicos, apresentando uma veia mais atmosférica e sorumbática, com raros gritos agonizantes que os amantes de death/doom tanto amam, mas ainda conseguindo arrebanhar errantes criaturas viciadas em tristezas e sofrimentos da caminhada terrena. Com seu logo alternativo e mais legível, eles trazem novamente uma imagem da natureza, como de costume, mas não apenas na arte da capa, como também em suas letras, todas em alemão, com referências a lendas e variantes da natureza desértica e gelada, transportando o ouvinte a um vale solitário e sem vida. "Fortgang" é um dos pontos altos deste trabalho, que apresenta de forma inesperada vocalizações à capela, dedilhados rápidos e vocais rasgados em sua parte final. Para enfatizar esta carga atmosférica temos 4 canções instrumentais, e que conseguem elevar através de notas melancólicas o status de soturnidade que o Empyrium carrega. "Waldpoesie" com seus quase 14 minutos empunha uma espada de sentimentos aterrorizantes, principalmente perpetuados pelos vocais, onde você consegue sentir o medo daquilo que não se vê, senão por sombras, nas profundezas da floresta. Se você é forte o suficiente para atravessar os portais deste som maldito sem deixar que ele te obrigue a fazer alguma besteira sem volta, pode viajar ao som de Weiland sem medo.

 

quarta-feira, 1 de junho de 2022

20 anos de Maleventum do Opera IX!!!

 


O quarto álbum dos italianos do Opera IX foi o primeiro sem a vocalista Cadaveria, que decidiu seguir carreira solo, e o primeiro e único da vocalista Madra. No tocante aos vocais rasgados de black metal não podemos dizer que houve uma grande mudança, já que o timbre de voz das duas vocalistas é bem próximo, mas em momentos mais amenos, fica fácil perceber a diferença, pois os vocais limpos de Cadaveria são realmente femininos, enquanto quando Madra não está vociferando, ela apresenta algumas vocalizações mais próprias. O coral masculino é uma das novidades, como se houve na faixa de abertura, que dá nome ao opus. Na sequência "Princess of the Ancient" tem uma introdução épica muito bonita, e novamente os vocais masculinos mostram um diferencial para o álbum anterior que agrada bastante. Por incrível que pareça a banda soa melhor quando ataca com mais melodia, com riffs mais arrastados e teclados bem na cara, e quando tenta soar mais extrema deixa um pouco a desejar com um som ingênuo e aquém de uma banda já rodada como eles. Já "In The Dark I Found the Reflection of the Hidden Mirrors" percebemos uma banda tentando balancear estes dois pontos, e em alguns momentos soando bem mais agressiva que outrora. Madra com certeza não desapontou os fãs que estavam de luto pela saída de Cadaveria. Algumas inovações aparecem aqui e ali, como um violão em "Muscaria" e o início com a gaita de foles em "Forgotten Gods", coisas que destoam da característica mais gótica que a banda apresentava no trabalho anterior e que agora davam um tom mais pagan/folk ao Opera IX. Não é aquele álbum que mudaria o mundo mas é bom de se ouvir, mesmo que tenha perambulado por estes 20 anos apenas no Underground mais obscuro.