sábado, 24 de agosto de 2013

Funeral Serenade

Após a estréia em grande estilo em 1990 com Sexual Carnage o Sextrash ganhou reconhecimento, tocou muito, trocou a formação e atingiu um grau de qualidade gigantesco para lançar seu segundo filho em 1992. Funeral Serenade não só é o maior registro da banda mineira como está no rol dos maiores álbuns de death metal da história. Faço um paralelo entre os dois primeiros trabalhos do Sextrash com os do Headhunter DC da Bahia. Nos dois casos os primeiros álbuns sofreram influências do thrash, tanto nas bases e solos de guitarra quanto na batida da bateria. Já no segundo trabalho vieram com aquele death metal puro, na linha das bandas européias, cheios de pedais duplos e vocal gutural mais reto, apesar de Funeral Serenade ainda conservar um pouco da influencia thrash nas bases de guitarra. Também conheci este trabalho através do Headbanger Attack apresentado pelo Laranja (Chakal) na rádio Extra em 1993. A introdução soturna nos teclados e a mesma quantidade de músicas (8) que tem o segundo trabalho de cada banda também são coincidências. 
 As músicas são "Funeral Serenade" que já entra arrebentando tudo, Dead Man Visions (excelente), Bizarre e Wind Assassin (a mais trabalhada), Prohibited Angels, Make Sex Not War, Torment of a Suicide (acho que todas as bandas daquela época fizeram música com o tema suicídio) e Your Future. As letras continuam falando de sexo, morte e aversão ao governo. Naquela época este trabalho foi lançado em CD com a faixa bônus "Hot Juicy & Bitch", uma faixa bem legal com aquelas paradinhas no início e garotas dando gritinhos (hehe), ótima música. A Cogumelo está prometendo relançar este CD em formato duplo com algumas raridades da época, mas também virou novela porque não tem previsão de sair. A banda que gravou "Funeral Serenade" tinha apenas dois membros da formação original, Oswald Sheid (vocal) e Tomy Simmons (baixo). Os demais eram Mark Monthebarr (guitarra e teclado), Daniel Medici (guitarra) e Luck Arnold (bateria). Infelizmente Osvaldo morreu em 1997 após um acidente automobilístico.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Punishment At Dawn

Já falamos deste álbum em 2011 quando a Cogumelo o lançou em CD pela primeira vez. Mas seria injusto se não o colocássemos nesta série dos melhores álbuns do metal nacional. O Headhunter DC que já chamava a atenção no debut "Burn, Suffer, Die" de 1991, lançou sua obra definitiva em 1993 e o chamou de "Punishment At Dawn". Pode ser considerado um dos maiores álbuns de death metal concebidos por estas terras. Me lembro de uma entrevista dos caras no Headbanger Attack quando eles disseram que este álbum foi buscar influências no death metal europeu. Na verdade eles apenas eliminaram os elementos thrash que o primeiro álbum  tinha e deram uma verdadeira aula de metal da morte. A introdução no teclado com sons de trovões trazem Forgotten Existence e um Headhunter com a bateria mais bate estaca, os vocais predominantemente guturais, apesar dos rasgados estarem presentes, porém mais contidos. Na sequência "Intense Infanticide", outra boa música, mas a coisa sai de uma nota 9 para 10 mesmo é a partir da terceira faixa, "Hallucinations". Nesta o trabalho de guitarras fica mais evidente e o refrão vomitado de Ballof sem nenhum instrumento ao fundo ficou muito foda. A faixa título é outra longa (como a de abertura) mas se sai melhor, tem aquele clima no meio que ficou bacana para o retorno bem pancadaria.
O lado B, na época do vinil, era irrepreensível. Era meu preferido e eu sabia as letras deste lado de cor (hehe), de tanto que ouvia. "Bloodbath", "Searching For Rottenness" e "Terrible Illusion" são uma trinca pra acabar com qualquer pescoço, o Headhunter tinha a manha de fazer brutal death metal sem que as músicas soassem todas iguais como vemos muito por aí. Pra finalizar uma obra de arte "Deadly Sins Of The Soul", com letra co-escrita com o vocalista do Mystifier, falando de um cara que se arrepende de não ter praticado os 07 pecados capitais depois de morto.Os dedilhados no início e fim da música, ora cadenciada, ora extrema, são um rico detalhe que deixou o som sorumbático no melhor estilo doom metal. A capa é uma pintura chamada "O Pesadelo" de 1781 do artista Henry Fuseli e traz o belo logotipo que substituiu aquele mega tosco do primeiro álbum. Uma obra que tem que ser ouvida e elogiada por todo headbanger que curte o metal nacional.

domingo, 4 de agosto de 2013

Beneath The Remains


O Sepultura conseguiu um contrato com a norte americana Roadrunner depois do lançamento de Schizophrenia e o 1º album desta nova parceria surgiu em 1989, o Beneath The Remains. Gravado no Rio de Janeiro, a evolução dos músicos se tornava cada vez mais latente e este trabalho abriu os olhos do mundo para o metal brasileiro. A faixa título que abre o álbum é uma cacetada que apresenta  uma banda entrosada e com gana para conquistar o mundo. Apesar da inspiração nos americanos do Slayer, o Sepultura soava autêntico e original, e sua arte passou a ser referência para centenas de bandas que surgiram nos anos 90. "Innerself" mostrou um som cadenciado, excelente para a bateção de cabeça e gerou o primeiro (e tosco) video clipe. A música foi e ainda é um sucesso. "Stronger Than Hate" dá sequencia à pancadaria, com uma levada bem thrash metal e backing vocals acompanhando Max. Depois vem "Mass Hypnosis", uma das melhores de "Beneath", com o refrão mais cadenciado que o restante da música e paradinhas perfeitas, o pedal duplo comendo solto e a música cresce ainda mais em qualidade depois do 1º solo.
O ritmo acelerado continua em "Sarcastic Existence" e depois outra que está entre as melhores: "Slaves of Pain", que Andreas Kisser trouxe de sua ex banda, o Pestilence. Fecham "Lobotomy", "Hungry" e "Primitive Future". A capa que o Sepultura iria usar é a arte do álbum "Cause of Death" que os americanos do "Obituary" roubaram (ou seria a Roadrunner privilegiando seu filho preferido?) e que é bem mais bonita que esta que saiu em "Beneath The Remains". O que não tira o brilho do play deixando o Sepultura pronto para conquistar o mundo nos anos 90.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

The Hangman Tree

É, parece que a água que os mineiros bebiam em 91 era diferente do resto do país e fazia muito bem. Ou seria o álcool? No mesmo ano em que clássicos eternos foram forjados (The Laws of Scourge e Arise), "The Hangman Tree", uma das obras mais fantásticas e originais lançadas no Brasil também ganhava vida. Se a frase que abre o álbum realmente for "você pode sentir um vento frio na espinha?" sussurrada por Vladimir Korg, então pode saber que muitos arrepios virão até que você chegue ao final da audição deste disco. Um trabalho conceitual, com todas as músicas amarradas, onde as letras de Korg são pura poesia. A entrada de Jairo Guedz, ex guitarrista do Sepultura ajudou a elevar o grau de qualidade do "The Hangman". A música que abre o trabalho é a melhor criada pela banda, "God of Black And White Images", obscura e até então a música mais pesada já composta, com belos teclados no início. Aquela parte mais lenta pouco antes do final é perfeita, e lembra aquelas viagens que o Iron fazia em canções como "Rime Of The Ancient Mariner".
Depois vem uma sequencia de clássicos que fazem um bem tremendo aos ouvidos, "Scarecrow", "Peter Pain Against The World", "Falling Into My Inner Abyss", "The Hangman Tree Act One". Assim fechava o lado A do vinilzão. Poucos vocalistas conseguiram colocar a emoção certa na hora de cantar em um disco de thrash metal como Korg em "The Hangman Tree", se você não percebeu isto ouça o álbum novamente e preste atenção e me diga se não tenho razão. E a saga continua com "The Hell Where Angels Live", "My Life Is An Eternal Dark Room" (é só uma passagem, mas a frase é profunda como um abismo) "My Pain", "The Hangman Tree - Epilogue", "Broken Toys" (cacetada), "Leave Me Alone" (emocionante) e o cover do Psychic Possessor "Toxin Diffusion" que poderia se passar por uma música própria tranquilamente. A capa (dupla) talvez seja também a maior obra prima de Kelson Frost e no CD perdeu todo o brilho. Quem sabe a Cogumelo relance esta obra remasterizada em formato digipack com um encarte digno deste que é um dos melhores álbuns do metal mundial. Os músicos que gravaram este trabalho devem se orgulhar, pois é o melhor trabalho registrado por todos eles, contando todas as bandas em que já passaram.