quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Chaos A D


Nunca o álbum de uma banda nacional foi tão aguardado. Em 1993 todos os headbangers brasileiros aguardavam ansiosos pelo novo petardo da banda que ganhou o mundo com Arise. A capa já causou ótima impressão, seguindo as características de Arise, com muitos detalhes e mais moderna, já dava vontade de abrir logo a embalagem e botar no aparelho para tocar. A foto do encarte assustou um pouco. Os jovens selvagens do Brasil estavam mais velhos, barbados e mais "cheios". E mais "gordo" estava também o som. O início vem com as batidas de coração de Zyon, primeiro filho de Max ainda antes de nascer, e a pancadaria tomou conta dos alto-falantes com Refuse/Resist (erroneamente chamada por alguns de Chaos AD devido o refrão). Batida acelerada, vocais de Max mais roucos, afinação mais baixa das guitarras. Este foi o primeiro video clipe e mostrava cenas de violência policial e militar em todo o mundo. Era o Sepultura direcionando a temática para temas sociais e políticos. Territory é o grande destaque deste disco. Com clipe gravado no Oriente Médio, uma levada com muito groove e refrão grudento, é uma das melhores já compostas pela banda. "Slave New World" volta com a pancadaria pra não deixar nenhum metalhead órfão da bateção de cabeça. "Amen" pra não perder o hábito de criticar a religião tem inspiração em "Under Siege", tanto no tema como no começo hipnótico descambando pro peso. "Kaiwoas", uma instrumental com o nome de uma tribo indígena brasileira que cometeu suicídio em massa em revolta contra o governo que queria tomar suas terras tinha tudo pra provocar a ira dos mais radicais, mas foi muito bem recebida pela maioria. "Propaganda" é outra bem thrash para agradar a galera old school. 
                                         
   "Biotech Is Godzilla" co-escrita e gravada junto com Jelo Biafra, vocalista do "Dead Kennedy's" é curta e grossa, uma viagem meio louca pelos experimentos científicos (alguém lembrou de "Dead Embryonic Cells"?). "Nomad" é outra arrastada na sequência com uma parada com sons indígenas e é também um dos destaques de Chaos Anno Domini. "We Who Are Not As Others" também mostra uma nova face do Sepultura, principalmente nos vocais, uma faixa bem legal. "Manifest" não chama tanto a atenção e "the Hunt" é um cover do "New Model Army" e que ficou interessante. Pra fechar "Clenched Fist" com um início meio industrial. O álbum foi lançado e relançado ao redor do mundo com alguns bônus, mas não posso deixar de mencionar o cover de "Polícia" da banda de rock Titãs, que ficou matador. Ao final uma boa dose de gritos e risadas dos marmanjos que provavelmente estavam bêbados quando gravaram aquela sessão. Chaos AD foi um álbum aguardado e aprovado, apesar de uma minoria não ter digerido bem. Mas é extremo, inovador, pesado e de altíssima qualidade. Pena que é o último grande álbum desta banda pioneira do metal brasileiro, pois de Roots pra cá, nada mais desceu muito bem, com algumas poucas músicas interessantes e a desconfiguração da banda com as trocas de integrantes.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Anarkophobia

João Gordo, Jão, Jabá e Spaghetti não perderam tempo. Após lançar Brasil no ano anterior soltaram Anarkophobia em 1990, esse sim o mais metal dos álbuns do R.D.P.. Se alguém torceu o nariz para a sonoridade mais polida de Brasil, com este álbum com certeza se jogou de um viaduto. Este é o play que melhor se consegue entender o que o Gordo está cantando e as bases de guitarra beiram o thrash. Com uma capa bem política estilo quadrinhos o Ratos angariou mais uma legião de fãs com sua música pesada e cheia de letras revolucionárias. "Contando os mortos" já abre o trabalho numa cacetada sonora e ideológica pra quebrar pescoços. O maior diferencial são os 4':50", um marco em se tratando de R.D.P., e uma das características de Anarkophobia. "Morte ao Rei" segue a pancadaria condenando todos os reis de sangue azul. Depois vem um dos maiores clássico dos caras, "Sofrer" tem uma letra que muitos com certeza se identificaram, e toda a estrutura da música é digna de nota 10. Também foi um dos destaques do álbum "Vivo" lançado em 1992. "Ascenção e Queda" fala de uma banda que se deixou levar pelo sucesso, esqueceram seu passado e depois foram consumidos por tudo que o dinheiro trás, mas com o tempo voltaram pro mesmo buraco. Qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência. "Mad Society" é cantada em inglês com uma base muito firme e contagiante. "Ódio" começa com um dedilhado (banda punk???) que vira uma base thrash e depois descamba pra pancadaria com o refrão furioso (Detestar,Odiar,Desprezar).
  A faixa título é o grito de revolução do Ratos de Porão. Em seguida outro grande clássico "Igreja Universal", uma crítica à seita fundada por Edir Macedo que enriqueceu às custas de pessoas humildes e alienadas. "Commando" é um cover do Ramones que ficou muito legal, diga-se de passagem. E o álbum fecha com "Escravo da TV". Aquela mesma pra onde João Gordo foi trabalhar e ser apresentador. Hehe.
Grande álbum de uma das melhores bandas de nossa querida terra.