Vou ser sincero. Eu estou ouvindo este álbum do Vintersörg pela primeira vez em 20 anos, e coloco isso na conta de "Visions From the Spiral Generator" de 2002. Toda aquela experimentação industrial me manteve bem longe da banda por muitos anos, mesmo que continuasse fã deste vocalista em seu belo trabalho no Borknagar. Então pode se dizer que vim fazer esta resenha de 20 anos com um pé atrás. Tudo bem que a arte da capa é agradável, os tons combinam muito e já era um alento. E ao ouvir as músicas, com uma enorme camada progressiva, misturas pouco convencionais, mudanças de andamentos e estruturas de vanguarda, era óbvio que eu torceria o nariz para este trabalho. Mas não. Eu mesmo estou surpreso como estou curtindo "The Focusing Blur". A coisa está tão estranha a ponto de que quando "raramente" entra uma parte mais tradicional, eu acho que não combina e logo fico feliz quando volta algo mais progressivo. Pode parecer mentira, e eu até pensei que talvez eu esteja em dia atípico de minha vida e talvez deva voltar amanhã para continuar escrevendo e ouvir o álbum novamente, pois provavelmente alguma junção interestelar tenha me direcionado a falar bem desta obra. Mas, pra quê deixar para amanhã aquilo que podemos fazer hoje? Vintersörg manteve a mesma formação do trabalho anterior, e deve ter dito algo como "bem, vocês foram reprovados no ano anterior, e vão ter que fazer bem melhor agora para ser aprovados com uma média de pelo menos 80%". Deu certo. Eu até o momento não consegui destacar uma faixa, geralmente é aquela que estou ouvindo no momento, como "Dark Matter Mystery" que é perfeita, e os vocais limpos estão maravilhosos, a música flui tão leve que nos lembra que não existe nada melhor para acalmar nosso cérebro que uma boa melodia. Os vocais rasgados também estão ótimos, muito mais destacados que em seus álbuns junto ao Borknagar. "Curtains" é outro momento fenomenal, aquelas vozes misturadas me fazem pensar em uma ópera apresentada no inferno. Resumindo, que bom que demorei 20 anos para conhecer "The Focusing Blur". Talvez eu não tivesse o discernimento suficiente para compreender e gostar desse som, quando foi lançado.
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