Após presentear a cena com o debut The Morning Never Came — uma verdadeira obra-prima do death doom — os finlandeses do Swallow the Sun retornaram em 2005 com seu segundo trabalho, Ghosts of Loss. Desta vez, a banda reduziu um pouco o peso em relação ao álbum anterior, introduzindo mais melodia, mas ainda soando como o monstro raivoso que nasceu para ser — sem, contudo, se tornar ainda o grupo melódico que viria anos depois.
A abertura com “The Giant”, uma faixa de quase 12 minutos, já deixava claro que o Swallow the Sun não buscava nada de comercial. A proposta era atacar com unhas e dentes, entregando uma fúria genuína e envolvente. Os vocais de Mikko Kotamäki variam com maestria entre tons limpos, guturais profundos e rasgados surpreendentes, revelando uma versatilidade que se tornaria marca registrada da banda.
As guitarras de Juha Raivio e Markus Jämsen transitam entre o death metal técnico e o gótico, alternando riffs pesados com melodias arrastadas e dedilhados melancólicos. A música “Descending Winter” ilustra bem esse amálgama, evidenciando a principal diferença entre o debut e este segundo disco: uma diminuição da raiva onipresente e um aumento da aflição e do desespero, enquanto a letra anuncia a chegada de um inverno gélido e mortal.
Já “Psychopath’s Lair” é um dos momentos mais impactantes do álbum, evocando as bases secas e densas da escola My Dying Bride, com pequenos breakdowns que impulsionam nossas cabeças no movimento instintivo de todo headbanger. Essa faixa se aproxima bastante do primeiro álbum, com uma crueza e rispidez que remetem às origens da banda.
Depois dessas duas músicas mais diretas e menos arrastadas, o álbum mergulha em composições de tom mais melódico, com riffs longos e atmosferas quase beirando o funeral doom. O melhor exemplo é a bela “Forgive Her…”, uma canção que certamente agradará aos ouvidos mais exigentes.
“Fragile” começa com vocais limpos e belíssimos, mas, ao longo da execução, surgem riffs dissonantes que a fazem destoar do restante do trabalho — um contraste proposital que mostra o lado mais inquieto da banda. Já “Ghost of Laura Palmer”, arrastada e dominada pelos guturais, pode muito bem ter inspirado a capa sombria criada por Tuomo Lehtonen. O título, aliás, remete à icônica série Twin Peaks e à clássica pergunta: “Quem matou Laura Palmer?”
O álbum encerra-se com “Gloom, Beauty and Despair” — título que sintetiza perfeitamente a essência do Swallow the Sun — e “The Ship”, concluindo uma jornada densa e melancólica.
Com Ghosts of Loss, o Swallow the Sun consolidava-se definitivamente como um nome poderoso na cena mais sombria e moribunda do metal extremo.

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