domingo, 29 de março de 2020

20 anos de Okkult do Barathrum



O Barathrum da Finlândia vinha numa crescente, com o lançamento de Saatana (inclusive no Brasil) um anos antes e o mercado extremamente propício para seu som mórbido e não tão extremo como as bandas de Black Metal da Escandinávia. Porém mesmo sem mudar quase nada na fórmula a banda lançou Okkult em 2000 mas continuou no Underground, tendo muitos apreciadores ao redor do mundo, mas longe da mídia especializada. Um álbum não muito fácil de ser encontrado por aí, mas recheado de boas músicas. Em Okkult, começando por The Darkness Has Landed, você terá do arrastado ao mid tempo, bases bem Death Metal de guitarra, bateria sem exageros e os vocais rasgados no melhor estilo Carcass. Talvez o que diferencie mais do lado comum, levando-os ao Black Metal seria a incursão de teclados, com passagens bem sinistras e as letras calcadas no ocultismo. Bride Of Lucifer é a típica faixa arrastada em formato de marcha, daquelas que você imagina legiões de criaturas se arrastando para a batalha, mas que no fundo é só um convite mesmo às moçoilas de vestido negro que querem entregar sua alma num matrimônio bestial com o Cramulhão. Virgin Blood Spiller é daquelas que deveriam ter o selo de letras explícitas na capa do play, e que você não deixaria um potencial psicopata ouvir. Não com suas filhas por perto. A faixa tem uma urgência em seus riffs e refrãos e pode ser considerada uma das melhores de Okkult. Halfheart é outra faixa excepcional, denotando uma seriedade pouco comum ao Barathrum, que na maioria das vezes soa musicalmente escrachado e zombeteiro, dentro do estilo que executa. Ela começa arrastada como um típico Black/Viking e parte para um estilo Headbanging bem legal. I Am Very Possessed talvez seja a faixa que melhor representa o trabalho dos caras, tendo em seu final uma parte até bem próxima de bandas como Old Man's Child faziam.
O álbum continua com Land Of Tears, Whores of Hades (a figura feminina sempre presente em toda a apresentação do trabalho, incluindo a capa com a gestante nua expelindo espectros de seres diabólicos) esta, com vocais mais falados, Devilish Sign e fechando Fatal Bite com riff na cara e vocais bem raivosos. Pra quem gosta de curiosidades, Okkult é o sexto álbum cujas iniciais formam a saudação Heil Sova (pseudônimo utilizado pelo vocalista e líder da banda Demonos Sova, ou Janne Sova). Um álbum bem legal para os apreciadores das artes metálicas negras. 

quarta-feira, 18 de março de 2020

Lançamento Nacional - In The Woods - Omnio


Que o mercado nacional está passando por um momento grandioso em matéria de lançamentos e relançamentos, todos já perceberam. Fica até difícil acompanhar tudo que está saindo, mas os mais espertos estão sempre por dentro através das redes sociais, de tudo que possa vir a estampar suas tão amadas prateleiras de CDs e LPs. E o Metal & Loucuras, que sempre teve como objetivo manter a chama do Metal acesa, ajuda a te mostrar aquilo que rola de mais urgente para entrar em sua coleção, criaturas noturnas, pois como dizia o sábio poeta Blast Doommaker, tudo que é bom, vira lenda!
O In The Woods já esteve em nossa página quando o magistral Heart Of The Ages aterrizou por aqui após quase 25 anos de lançamento e agora, a Metal Relics e a Cold Art Industry nos agraciam com Omnio, o segundo álbum dos noruegueses, que é bem diferente do debut, que trazia riffs gélidos de Black Metal, aliados a vocais rasgados na melhor linha Burzum, e que em Omnio mergulha nas auras melancólicas e viajantes da Avant-gard. O play começa com 299 796 km/s, número utilizado por Michelson para definir a velocidade da luz no vácuo, a faixa tem quase 15 minutos de duração que (pasmem), você nem percebe.
Desde seu momento inicial Doom, à aceleração momentânea e vocais limpos, à suavidade atemporal após 2 minutos e à sua reta final onde magníficos vocais femininos  de Synne Larsen dualizam com Jan-Ovl, enquanto riffs deliciosos por vezes cavalgados, entrelaçados ao enebriante som de violinos nos levam a outra dimensão. I Am Your Flesh vem numa pegada mais metal, vocais na linha Warrel Dane do Nevermore, letra interpretativa, e talvez o único grito agressivo que você possa encontrar em todo o trabalho. Mesmo que a letra exprima algo totalmente depressivo, as linhas de baixo, guitarra e bateria nesta música lembram mais um convite à loucura, você consegue se imaginar balançando numa daquelas cadeiras de um manicômio na velocidade dos riffs enquanto as esperanças de rever o mundo lá fora desaparecem rapidamente. Kairos é a menor faixa do álbum, mas é daquelas canções de uma beleza ímpar, que às vezes destoam um pouco do trabalho em si ( alguém se lembra de Day em Brave Murder Day do Katatonia? ), mas que com o tempo você descobre que o álbum não seria o mesmo sem ela. Weeping Willow tem seu início a la Pink Floyd e de repente entra uma guitarra tão gostosa de ouvir que é quando cai a ficha de estar diante de uma obra sensacional.
Esta é para arrepiar fãs de Empyrium e Serpent Rise!!! O álbum fecha com uma trilogia de mais de 26 minutos, sendo Omnio? - Pre uma viagem interestelar alucinógena, intercalada por uma tristeza relaxante e vocalizações que sobem e descem de tom conforme a emoção despejada em sua mente. Vale mencionar um riff que aparece nela lá pelos 7 minutos que lembra demais a música Ascension Of A Divine Ordinance do Messiah da Suíça (e isso me trouxe um saudosismo indescritível, porque eu sou apaixonado pelo álbum Rotten Perish). Omnio? - Bardo é uma faixa instrumental psicodélica que serve de ponte para o gran finale Omnio? - Post carregada de duetos  e mudanças de andamentos. Se você, criatura noturna, não conhece Omnio e tem a mente aberta às experimentações, principalmente aquelas que vingaram e arrastaram seguidores, corra atrás deste lançamento, que vem em formato slipcase e letras douradas que deixaram tudo muito bonito.  O Metal e Loucuras recomenda muito!!! Senhores Jorge Araújo da Metal Relics que nos enviou esta obra e Douglas Silva da Cold Art, estão trabalhando duro e trazendo obras espetaculares à nossa terrinha. Sucesso a vocês!