domingo, 17 de maio de 2020

20 anos de XVI do Miasthenia


O Miasthenia (palavra que nomeia uma doença muscular) foi ciado em 1994 e após algumas demos e splits, sendo o mais importante deles o "Visions Of Nocturnal Tragedies" pela Evil Horde em 1998 ao lado dos cariocas do Song D' Enfer, finalmente chegou a seu primeiro full lenght no ano 2000 através da Somber Music, que ajudou a divulgar muitas bandas poderosas do cenário nacional na passagem do século. E é justamente sobre um século, no caso o XVI, que a banda de Brasília baseia os temas de seu debut. Radicado no Pagan Black Metal, o Miasthenia que nesta época contava com Mist no baixo, Mictlantecutli na bateria, Thormianak na guitarra e Hécate nos teclados, vozes e algumas passagens na guitarra, usou este período como cortina para destilar seu ódio pelos colonizadores do Ocidente que impuseram seu domínio na América do Sul, confrontando e destruindo civilizações pagãs que aqui se estabeleciam, algumas erradicadas permanentemente nesta era. Como a vocalista Susane Hécate trilhava os caminhos da História (hoje é PhD em História), aplicou na música seus conhecimentos e crenças de forma magistral, mesmo que estejamos falando dos primeiros passos de uma banda que evoluiu muito e se tornou uma das maiores forças do cenário nacional. As letras do Miasthenia são em português, facilitando com que aqueles que curtem acompanhar as músicas com o encarte em mãos compreendam o lirismo da banda. O álbum é dividido entre faixas mais longas, como "De Volta ao Reino de Paa-Zuma" que te transporta diretamente ao vale inundado pelo Titicaca, de onde vem a lenda do Puma que iluminava o vale com seus olhos enquanto a escuridão reinava, e algumas na casa dos 5 minutos como "Rituais de Rebelião" que tem ótimos riffs e é uma das melhores faixas de XVI. O álbum tem muita melodia nas guitarras, belas passagens e climas nos teclados, contrastando com os vocais agressivos e rasgados de Hécate, que em alguns momentos vêm mais clean e falados como em "Onde Sangram Pagãs Memórias". O encarte trás belas imagens, mesmo que através de edições em programas de PCs, mas com folheto envernizado, o que era uma grata surpresa na época, um detalhe a mais que para os apreciadores das mídias físicas. XVI é um álbum especial, numa época de mudanças no cenário nacional, quando bandas do Underground puderam mostrar sua arte dando um novo fôlego, após aquele boom que deu início a tudo isso entre meados dos anos 80 a 90. um ítem que recentemente foi relançado em formato duplo com o excelente "Batalha Ritual" de 2004 e que todo fã de Metal Extremo no Brasil precisa ter na coleção.  

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