O Penumbra da França, que no ano anterior soltara "The Last Bewitchment", num salto gigantesco em qualidade em relação a seu debut de 1999, agora em 2003 conseguiria subir mais alguns degraus, lançando um trabalho soberbo, sem nenhum defeito ou pecado em relação às maiores bandas do estilo. Com duas trocas na formação, sendo o baterista Garlic saindo para entrada de Arathelis, e a mais significativa, a soprano Medusa, presente nos dois trabalhos anteriores deixou a banda para entrada de Anita Covelli. Se Medusa já havia feito um trabalho excepcional no play anterior, Anita simplesmente levou a banda aos portões dourados do paraíso, com uma voz sensacional, em alguns momentos lembrando a diva Liv Kristine do Theatre of Tragedy (ouça Hope), banda norueguesa que praticamente criou este estilo. Anita consegue soar tão doce em momentos mais acústicos, e cantar como uma soprano mesmo quando a música pede, e "Seclusion" seguramente acaba sendo um híbrido dos melhores momentos de Trsitania e Theatre, porém já com sua característica própria de adicionar elementos orientais em seu som. Os vocais de Jarlaath continuam rasgados em sua maior parte, porém os vocais limpos são um diferencial, pois não são apenas resmungos, mas um vocal único que não tenta ser bonito, apenas dá seu recado. A banda acrescentou um pouco de peso também e praticamente retirou os vocais guturais presentes no trabalho anterior, que acredito ser do baixista Agone, talvez numa tentativa de evitar comparações com outras bandas do estilo. Se quer ouvir apenas uma música para se decidir se vai atrás deste material, vou indicar "The Prophetess". Ela tem muitos dos elementos que fazem do som deste álbum tão bom, pesado, bem feito, um ou outro instrumento inusitado aparecendo de mansinho sem causar nenhum susto, como uma singela percussão quase em seu final. Ouvir vez ou outra Anita Covelli sussurrando em francês também vai te causar arrepios. Enfim, se não conhece Seclusion e gosta do estilo citado, ouça sem medo!
sábado, 26 de agosto de 2023
domingo, 20 de agosto de 2023
20 anos de Far From the Sun do Amorphis!!!
Hei de confessar que é a primeira vez nestes 20 anos que ouço "Far From the Sun", o sexto álbum de estúdio do Amorphis, e talvez isso possa refletir nesta resenha, uma vez que este trabalho precisa de mais audições para ser melhor compreendido. Verdade que esta fase em que a banda havia abandonado o death metal nunca foi atrativa para mim, porque ela não tem as duas características que mais aprecio no heavy metal, que são agressividade e melancolia. As melodias folk que a banda sempre carregou estão lá, a faixa de abertura, "Day of Your Beliefs" mostra isso claramente, e é até uma música bonita, pra se colocar no play do carro quando estiver viajando à noite. A faixa título também tem algum potencial para ser uma das favoritas do trabalho, mas algo em seu instrumental acaba incomodando, se tornando algo que deveria ser feito de outra forma, mas os vocais de Pasi Koskinen salvam a música. Como é o seu último trabalho como vocalista da banda, provavelmente você me lerá comemorando a entrada de Tomi Joutsen no ano seguinte, mas nem é demérito de Pasi, mas Joutsen tem uma voz muito superior. De modo geral nem sei afirmar se este álbum é melhor que seu anterior, o morno "Am Universum", temos um tema quase dançante em "Killing Goodness" e outro mais interessante em "God of Deception" até aqui o momento mais interessante do trabalho. A capa de "Far From the Sun" também não colabora para chamar atenção para o trabalho, o excesso de vermelho e a ilustração é de uma pobreza artística decepcionante. Enfim, uma fase em que o Amorphis jogou na série B do metal finlandês, e que pra mim, é um passado a ser esquecido.
sábado, 12 de agosto de 2023
20 anos de Impact do Dew Scented!!!
A meu ver, "Impact" foi o álbum que tornou a banda alemã Dew Scented conhecida pelo mundo afora. Segundo trabalho saindo pela Nuclear Blast e quinto dos alemães, este trabalho é violência extrema do início ao fim. É o 'atípico' trabalho que pode agradar fãs de Slayer, At The Gates e Napalm Death, três bandas de estilos distintos. Como de costume, o som não dá descanso, não apresenta nenhuma melodia bonita, é um death/thrash rápido, nervoso, com algumas passagens especialmente gratificantes de se ouvir, como o refrão indecente de "Soul Poison". Se você não gostar das duas faixas de abertura, "Acts of Rage" e "New Found Pain", pode pegar outra coisa pra ouvir, porque elas entregam tudo que você espera de um álbum dos caras. E a maioria delas é assim, mesmo que uma faixa como "Destination Hell" seja menos impactante, o play segue a mesma fórmula em toda sua duração, fazendo com que em alguns momentos você ache o som um pouco repetitivo. Mas se você não liga pra isso, e prefere faixas que não se diferem muito do que experiências desagradáveis em faixas experimentais, então, Impact é um prato feito. A capa não é uma maravilha, preferia ver dois carneiros se enfrentando, mas condiz com o título. Destaques ainda para a poderosa "Down My Neck" com uns "breakdowns" cavalgados sensacionais, e um grande desempenho do batera Uwe Werning. Aliás, ele novamente é quem mais se destaca no play. Os solos de guitarras também são muito bons, rápidos como um raio, ouça "One By One", que solos matadores. Enfim, "Impact" está entre os melhores trabalhos do Dew Scented, e merece uma audição com atenção. E como curiosidade, todos os álbuns da banda têm títulos iniciando com a letra "I".
quarta-feira, 9 de agosto de 2023
20 anos de Dechristianize do Vital Remains!!!
Talvez o maior trunfo da história da banda americana Vital Remains seja a presença do vocalista Glen Benton neste álbum, 'Dechristianize' de 2003 e no seu sucessor, pois Benton é aquele cara que todo fã de metal extremo ama ou odeia, mas certamente conhece, e sempre esteve à frente de uma das maiores bandas de death metal do planeta, o Deicide. Não que os vocalistas anteriores estejam abaixo de Benton nos vocais, pois todos eles foram muito competentes em seus registros, mas a publicidade que a banda ganhou no meio metálico foi muito grande. Sem contar que muita gente diz que só ouve os mais recentes álbuns do Vital Remains justamente por causa do vocalista. Musicalmente falando, "Dechristianize" é uma evolução de "Dawn of the Apocalypse", que também é muito bom. Toda complexidade e brutalidade que encontramos no trabalho anterior estão aqui, mas com uma dose a mais de melodia, especialmente nos solos de guitarra, que são o diferencial neste álbum. Os vocais de Benton estão extremamente guturais gritando todas as blasfêmias que conduzirão sua alma em prantos ao inferno, mas a duração das músicas é um ponto negativo em minha opinião. O som do Vital é muito rápido e extremo para músicas com 7, 8 e 10 minutos, coisas que ficariam perfeitamente condensadas em 4 minutos de selvageria, como ouvimos por exemplo em "Serpents of the Light". Outro ponto que incomoda é aquele som da caixa do batera Dave Suzuki. É um som muito aberto e se fosse mais grave certamente ficaria bem melhor e mais pesado. Independente disso ou da duração das músicas você irá se deliciar com a pancadaria que vem após a intro "Let the Killing Begin" com aquele som "O Fortuna" de fundo (ah Morbid Visions), em especial com a trinca que segue da faixa 4 à 6. "Devoured Elysium", "Saviour To None...Failure For All" e "Unleashed Hell" que tem a frase em português berrada por Benton no início "Vai pro diabo seu filho da puta", e têm os melhores solos e estruturas de todo o álbum. Ouça!
sábado, 5 de agosto de 2023
Morre Cláudio Lopes, um dos fundadores da Dorsal Atlântica!
Cláudio Lopes, baixista que co-fundou a banda carioca Dorsal Atlântica em 1982, faleceu nesta data aos 59 anos. Uma grande perda ao metal nacional.
20 anos de ...and in the Forbidden Sky... do Eternal Fall!!!
O Eternal Fall é uma das bandas mais antigas do death/doom nacional, tendo iniciado suas atividades em 1995 em Belo Horizonte, MG, terra do metal extremo nacional. Praticando um estilo que insiste em viver no limbo até os dias atuais, se arrastando como um morto vivo pelos undergrounds, o estilo tem apreciadores fieis que não deixam de desejar o material físico destas bandas em suas coleções, e graças a alguns selos o debut dos mineiros, datado de 2003, foi relançado pouco tempo atrás, com esta nova arte que você confere em nossa página, e o EP "My Little Mahogany Box" de bônus. A clássica obra inicia com "Screams of Souls", uma abertura que tem em sua letra os nomes de quase todas as faixas do álbum, uma bela sacada da banda. Em seguida já temos "Jesus Will Never Come Back", com mais de 7 minutos de obscuridão e muito peso, vocais guturais e o som do baixo bem na cara. A faixa título já é um pouco mais acelerada, mostrando que a banda tinha algumas influências de bandas europeias de death metal em seu som, e não apenas as clássicas podreiras inglesas de doom. O som é muito bem trabalhado e a gravação, mesmo que independente na época, está muito boa. Todas as características dos amantes do estilo permeiam as faixas, desde passagens acústicas e tristes a riffs agressivos. A música "The Innocence of Murder", rebatizada de "The Innocence Killing" no relançamento, começa com dedilhados soturnos e letra falada com vocal grave, e mostra que a banda gosta de diversificar sua música, mostrando facetas variadas que deixam o som mais interessante. Vale destacar a faixa "Hunter", com muitas e insanas mudanças de andamento, em que o batera Luiz desce a marreta e temos alguns do melhores riffs do álbum. Além dela, a melhor faixa, "Cego", cantada em português, um clássico exemplo de música mórbida, com vocais cavernosos sobre um dedilhado triste que logo se transforma em gritos agonizantes com guitarras fúnebres, e a maravilhosa "Regret", que também concorre a melhor faixa do álbum! ...and in the Forbidden Sky... é um álbum lindo, feito com alma, de quem realmente curte o estilo arrastado, e em sua simplicidade representa os amantes da solidão e os perdidos no lado escuro, com muita força.
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