Quatro anos após meter novamente os pés no Thrash que o projetou para o mundo, com "Violent Revolution", o Kreator da Alemanha retornava com mais um petardo, agora denominado "Enemy of God". Lançado pela Steamhammer e produzido por Andy Sneap, o 11º trabalho de estúdio da banda de Mille Petrozza e Ventor, acompanhados de Giesler no baixo e Sami na 2ª guitarra, veio carregado de expectativas de sua legião, se a banda manteria a sonoridade clássica ou voltaria a incorporar elementos eletrônicos ou góticos em sua música. Para a felicidade geral da nação, "Enemy" é um petardo genuinamente thrash, mesmo que uma veia melódica um tanto excessiva o assombre durante seus 55 minutos. O som das guitarras é pesado e possui algum groove, uma gordura que te lembra que os tempos de Coma of Souls jamais voltarão, então, se você odeia o peso que bandas como Machine Head imprime ao seu som, há aquele risco eminente de se recusar a apreciar esta obra, mesmo que as músicas de Kreator sejam mais extremas e também mais rápidas. O vocal gritado de Mille ainda é excepcional, então não há o que reclamar disso. E algumas estruturas são bem mais complexas, como podemos conferir em "Dying Race Apocalipse", uma música que começa com muita melodia, mas ainda tem um peso fenomenal, e que eu acho que serviu para ditar as regras do que o Kreator viria a fazer em álbuns futuros. o trabalho é bem homogêneo, mesmo que as músicas não soem iguais, mas temos alguns destaques individuais. "Dystopia" e "Suicide Terrorist" podem ser lembradas de imediato, após uma audição atenta do play, principalmente esta segunda com sua agressividade estonteante. Mas o ponto alto mesmo fica por conta das 2 faixas de abertura. A música "Enemy of God" que foi a faixa com vídeo clipe usada para promover o trabalho, é um arrasa quarteirão que abala as paredes do quarto. Ela é extrema e raivosa, como há muito não se ouvia do Kreator, e as imagens do vídeo ajudam a criar este estigma maligno da música que critica tanto as religiões quanto os governos do mundo. Em seguida temos a sensacional "Impossible Brutality", emendada na primeira por viradas de bateria, com uma estrutura mais elaborada, privilegiando o peso e uma letra apocalíptica sobre alienação e escravidão. Imperdível. Temos a participação do guitarrista Michael Amott (Carcass e Arch Enemy) no solo da música "Murder Fantasies". A arte da capa mostra a cabeça do tradicional mascote do Kreator, numa mistura de aparelhos eletrônicos e seria uma arte melhor sem aquelas imagens à esquerda da cabeça. "Enemy of God" não supera "Violent Revolution", mas é um álbum muito acima da média, com uma nova abordagem musical dos mestres do thrash alemão, sem experimentações como nos anos anteriores, mas ainda mostrando uma banda muito relevante no cenário, e mantendo sua base de fãs empolgados e felizes com a volta definitiva ao estilo que todos amam.
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