sábado, 7 de dezembro de 2013

Hate

Sarcófago sempre foi uma banda polêmica, devido à personalidade de seus principais membros Wagner Lamounier e Gerald Minelli. Em 1994, pós o sucesso de The Laws of Scourge eles resolvem chutar o balde. Agora uma dupla, gravam Hate com bateria eletrônica, uma aberração para a maioria dos fans de heavy metal. Além disso rasparam a cabeça e decidiram não tocar mais ao vivo. Muitos viraram a cara para a banda. Mas a essência está presente em Hate, e é um álbum que deve ser apreciado sim, principalmente em se tratando de uma banda tão arrasadora e com discografia tão curta. Após uma introdução estranha entra "Song For My Death", mostrando que a bateria eletrônica foi para esculhambar com a velocidade mesmo. Guitarra cortante e pesada, baixo pouco audível e o vocal de Wagner muito bem, rasgado no mais puro estilo black metal. O que muda destas características entre as músicas são a cadência e velocidade da bateria, os backing vocals espalhados por todo lado, incluindo de Marcos do saudoso Divine Death, e os teclados que foram essenciais para dar aquela camada maquiavélica de fundo.

"Pact of Cum" com toda sua temática sexual mostra que a bateria programada, quando tocada em velocidade humana, pode ser legal, já nas partes ultra rápidas nem tanto, pois esta música alterna claramente estas duas formas. "The God's Faeces" é uma das melhores do álbum, refrão simples e forte. "Satanic Terrorism" é uma pancadaria pura, estilo "Deathrash" do INRI e parece uma homenagem ao pessoal do Inner Circle, já que Wagner andou trocando cartas com Euronymous, lider do Mayhem da Noruega. Depois vem "a" música. Essa é de dar gosto, daquelas que é obrigatório aumentar o volume: "Orgy of Flies". Música perfeita, poderia fazer parte de The Laws. A faixa título começa com uma desafinada canção gospel no piano até que alguém com muito ódio esgana o cantor, quebra tudo e começa a pancadaria. Pouco mais de dois minutos sem tempo pra respirar. "The Phantom" e "Rhabdovirus (The Pitbull's Curse) podem ser comentadas juntas. É o que já falei anteriormente. A primeira parte de cada uma delas não chama a atenção por nada, é só pancadaria com a bateria ao extremo (e mal programada diga-se), mas a segunda parte, em "The Phantom) bem arrastada com o teclado em alta e na "Rhabdovirus" num ritmo bate cabeça natural, elas passam a ser excelentes músicas. Acredito que o Sarcófago foi muito afoito para fazer este álbum com um instrumento que não teve muito tempo de ser entendido e bem explorado. Se fosse, Hate teria sido melhor aceito pois tem músicas de muita qualidade e uma dupla ainda com muito ódio para transformar em arte. "Anal Vomit" vem em seguida bem cadenciada e pesada e Hate é fechado com algo na mesma linha da intro, um troço sem sentido e dispensável. Vou ficar com o som da privada no desfecho de INRI que é muito mais legal. Mas se você é daqueles que parou de ouvir Sarcófago em The Laws of Scourge e acha que o que veio depois não vale a pena, dê uma conferida neste play. Arrependimento é uma palavra que você não dirá depois.

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