Álbuns com apenas covers, ou seja, versões que uma banda faz para músicas de outros artistas, muitas vezes ficam esquecidos na discografia. Assim sendo o registro acaba por satisfazer muito mais ao gosto dos músicos que o gravam do que os próprios fãs. Alguns acabam por fazer parte da discografia como se fossem músicas originais da própria banda, como o EP Garage Days do Metallica, outras bandas parecem já dar mais importância que às versões próprias, como o Six Feet Under, que já soltou no mercado 4 volumes de Graveyard Classics. Mas e Metal Jukebox, onde se encaixa nesta história dentro da discografia do Helloween? Seria uma das peças que os fãs compram apenas para completar a coleção ou realmente tem fãs loucos pelas versões apresentadas? Enquanto Lay All Your Love On Me do ABBA e Locomotive Breath do Jethro Tull soam bem sem graça, He's A Woman, She's a Man do Scorpions já ficou sensacional. Space Oddity de David Bowie pode ter ficado legal, mas o próprio Helloween já tinha baladas bem mais bonitas na carreira. From Out Of Nowhere do Faith No More ficou legal e combinou com o vocal anasalado de Andi Deris. Pra quem quer diversidade, Hocus Pocus da banda Focus vale a pena por fugir à regra do Metal Melódico e tem um instrumental bem legal. Outras versões são All My Loving dos Beatles, Faith Healer do Alex Harvey Band, bem introspectiva, Juggernaut de Frank Marino, White Room do Cream e Mexican de Babe Ruth. Um clássico não é. Se for só pra compor discografia, fica ao critério dos fãs.
domingo, 26 de maio de 2019
domingo, 19 de maio de 2019
20 anos de Dreaming Neon Black
Com a saída de Pat O' Brien o Nevermore recrutou Tim Calvert (falecido no dia 30 de abril de 2018), para a gravação de seu 3º trabalho, o grande Dreaming Neon Black. Trazendo uma figura feminina na capa, em meio a água, Warrel Dane (falecido em 2017) ainda lutava contra seus demônios, pois uma antiga namorada desaparecida sempre o perturbava em sonhos, em que ela estava se afogando. As letras do álbum acabam sincronizando-se à angústia do vocalista, trazendo uma emoção ainda maior em sua interpretação, já dramática por natureza. Aliás, o instrumental neste álbum casou muito bem com a voz de Dane (seria a dose extra de melodia na guitarra de Calvert?), mais que no pesadíssimo The Politics of Ecstasy, vide a belíssima faixa título de pouco mais de 6 minutos, em que até vocais femininos são utilizados para enfatizar ainda mais a tristeza que a permeia. Praticamente uma balada, ela tem uma das letras mais profundas da história do Heavy Metal, se levarmos em consideração ao significado de uma história real, que envolve várias conjecturas acerca do uso de drogas, cultos obscuros e suicídio. Desconstruction tem riffs com ótimo peso e um solo de Jeff Loomis totalmente inspirado no estilo flamenco da região de Andaluzia, na Espanha. The Lotus Eaters chega ao ponto em que o ser humano questiona a Deus o porque de todo o fracasso que o consome e chega à beira de um Doom, ao passo que I Am The Dog é uma das mais rápidas e uma das melhores músicas da carreira da banda, numa interpretação raivosa e fascinante do vocalista. Cenotaph tem características góticas, e nos faz lembrar de Moonspell, principalmente no refrão, além dos vocais falados bem aos estilo Fernando Ribeiro. E o que falar de Forever, que fecha o play? Arrepios serão constantes em sua audição. Vinte anos e ainda proporcionando sentimentos enlouquecedores em seus ouvintes...
"Às vezes me pergunto onde você está, você pode sentir minhas lágrimas? Eu nunca soube o que mudou você. Eles pintaram seus sonhos em tons pálidos? Eu espero por você, você sabe que não pode esconder. Divisão interior invalida o sofrimento." - Dream Neon Black.
sábado, 11 de maio de 2019
20 anos de Burning Bridges do Arch Enemy
O terceiro álbum dos suecos do Arch Enemy é o derradeiro com o vocalista Johan Liiva, pois em Ages Of Sin a banda de Michael Amott passaria a ter (até nossos dias) mulheres nos vocais. Burning Bridges abre com The Immortal, uma música com uma urgência atropelante, chega a parecer aquelas pessoas que do nada começam a te falar 500 palavras por minuto pedindo ajuda pra salvar uma cidade em chamas, e você não consegue nem lembrar onde está. Dead Inside, uma das melhores do play não fica muito atrás nesta destruição desenfreada, acelerada, com melodia no refrão e solos de guitarras dos irmãos Michael e Christopher Amott que dá vontade de colocar só os solos no repeat do som, de tão fantásticos que são. Pilgrim vem na sequência e talvez seja uma das mais conhecidas do álbum, pois ela foi escolhida para fazer parte de uma coletânea da Century Media na época, que contava com várias bandas de seu cast em ascensão, inclusive nesta versão contando com o nosso Krisiun. Silverwing esbanja melodia em belos fraseados de guitarra, mostrando o que viria dali em diante com os horizontes se abrindo para a banda alcançar uma popularidade impressionante. Já Demonic Science começa como um Death Metal de respeito, um rolo compressor pra bater muita cabeça com Liiva urrando como se deve, e nem a melodia invadindo o espaço nos momentos dos solos de guitarra e a rotação caindo lá embaixo estragaram a música. Seed Of Hate mostra que Liiva podia ser mais versátil alternando vozes gritadas e outras quase sussurradas. Angelclaw também é uma música muito legal, com bases cavalgadas (me lembrei de The Enemy do The Mist nem sei porque) e vocais mais rasgados que o normal. O álbum fecha com a música Burning Bridges que dá nome ao álbum e de repente parece que você começou a ouvir um álbum do My Dying Bride (hehe). Bases arrastadas, bateria de Daniel Erlandsson bem contida com destaque para o baixo de Shalee D'Angelo e um...violino. Bem inusitado, mas muito bem vindo para quem ama Doom Metal.
sábado, 4 de maio de 2019
20 anos de The Avenger do Amon Amarth
Já que a moda é falar de Avengers (o filme da Marvel), vamos falar de The Avengers, o segundo filho guerreiro dos suecos do Amon Amarth. Lançado em 1999, um ano após o debut, exatamente no dia 1º de Novembro pela gravadora Metal Blade, dá pra perceber um amadurecimento em relação ao Once Sent From The Golden Hall. O petardo abre com a destruidora Bleed For The Ancient Gods que vai fazer você levantar sua espada e começar a cortar as cabeças de muitos guerreiros de seu exército inimigo. Uma porrada sonora que viria ser um exemplo da máquina que a banda composta por Johan Hegg (vocais), Johan Soderberg (lugar de Anders Hansson) e Olavi Mikkonen (guitarras),Ted Lundstrom (baixo) e o também estreante Fredrik Andersson na bateria, se tornaria. The Last With Pagan Blood vem mais cadenciada na sequência e com muita classe por sinal. Em North Sea Storm Hegg canta de forma mais rasgada e temos solos de guitarras bem trabalhados. Avenger é uma daquelas músicas épicas com mais de 7 minutos, cadenciada e com letra sobre vingança e o vazio que ela trás após consumada. God, His Son And Holy Mother vem na sequência com uma pegada bem mais extrema, assim como a próxima Metalwrath, com grandes riffs e um belo trabalho de Fredrik, mostrando que não veio para brincadeira. O álbum original fecha com a bela Legend Of A Banished Man. Há vinte anos, o Amon Amarth já estava pronto para ser uma das maiores forças do Death Metal mundial.
quarta-feira, 1 de maio de 2019
Entrevista com Last Conscious
Dando continuidade às comemorações de 10 anos do Metal e Loucuras, postando 10 entrevistas com ótimas bandas de nosso cenário, desta vez trazemos para vocês o Last Conscious, portanto, aproveitem o momento, criaturas noturnas, toque no vídeo e ouça a música Political Loathing enquanto curtem a entrevista.
Last Conscious é uma banda de Death/Thrash formada em Santa Luzia, MG em 2015 e tem na formação o vocalista Gustavo Timóteo, Jefferson Soares e Fabiano Borges nas guitarras, AeD Vieira no baixo, e nossa entrevistada Lu Borges na bateria. Ouvindo o EP lançado por eles em 2017, Damn Thoughts, bateu aquela nostalgia dos maravilhosos anos 90 quando o Death Metal explodiu para o mundo. Dito isto, com a palavra: Lu Borges.
M&L - Lu, muitas formações de bandas femininas acabavam optando por um homem na
bateria, justamente por ser o instrumento que demanda mais esforço físico. No
Last Conscious acontece justamente o contrário. Conte-nos como você vê isso e
como se tornou uma baterista.
Lu - Eu vejo que não existe diferença de
gênero, é mais sobre o que corre nas veias, a vontade de fazer o som, e
expressar a nossa ideologia, independente de ser um homem tocando ou uma
mulher, o que vale é o compromisso e dedicação. Vale ressaltar que a cada dia que se
passa as mulheres estão mais presentes no ramo do metal, estão buscando seu
lugar, participando de bandas, produção de eventos indo em shows, isso é muito
importante para fortalecer a cena, não estão reprimindo suas acescências.
Comecei a tocar bateria com 25 anos
, naquele momento da minha vida foi desafiador, eu senti que poderia fazer,
ficava imaginando eu tocando bateria, tinha uma voz dentro de mim dizendo,
“você consegue”, corri atrás, comprei uma bateria que só tinha os tambores, e já estavam bem ruins, aos poucos conseguir montar ela toda, peguei alguns
vídeos na internet, e fui aprendendo, a primeira música que aprendi a tocar foi Back In Black do AC/DC, como eu já tinha uma bagagem de som, desde o Rock 'n Roll
ao metal extremo, fui colocando minhas influências na bateria, depois de um ano
me senti preparada para montar uma banda, onde surgiu Last Conscious, que veio
com uma ideia de fazer um Death Thrash. Como influências de bateristas posso
citar Dave Lombardo, Gene Hoglan, Steve Asheim, Mike
Portnoy, Neil Peart, Amilcar Christófaro.M&L - Não existe nenhuma delicadeza no som que vocês praticam, e você não tem dó da bateria, pelo menos quando ouvimos a banda a pegada é bem forte.
Lu - Sim,
temos realmente a intensão de brutalizar cada vez mais, a ideia é fazer um som
com a pegada mais suja, trazendo influências do metal old school, Death e Thrash
metal.
M&L - Hoje em dia a maioria das novas bandas de Death
Metal prefere o Brutal Death, algumas com uma pegada até mais técnica. O Last
Conscious vai contra a maré e pratica um excelente Death Metal Old School.
Quais são as influências de vocês?
Lu - Temos influências pessoais variadas,
cada integrante carrega sua própria influência, para a banda em comum somos
influenciados por Death, Vader, Deicide, Napalm Death, Sarcófago, Sepultura,
The Mist, Pestilence, Testament, Slayer, Pantera, e outras, dentro desse âmbito
musical.
M&L - A banda tem apenas o EP Damn Thoughts de 2017 na bagagem, mas já tem 2 vídeos (Black Water e Three Hours) lançados. Você acha que o fã se identifica mais com a banda que dá as caras divulgando sua imagem?
Lu - Hoje em dia sim, porque a forma de
escutar música é diferente, a música é mais vista do que só escutada, sempre
rola uma vontade de ver quem está tocando, como é a dinâmica da banda, coisas
desse tipo.
M&L - O lyric vídeo de Political Loathing foi lançado em outubro do ano passado, e a banda promete para os próximos meses o seu primeiro álbum completo. Como está o andamento?
Lu - A Political Loathing é uma música de
protesto, como um soco na cara para quem não enxerga a verdade sobre o que
estamos vivendo, a música estará como bônus track. Estamos na pré-produção do álbum,
finalizamos os detalhes das últimas músicas para começar a gravação, estamos
pesquisando e formulando ideias para a arte gráfica do CD, posso dizer que já
definimos o nome do álbum, que será Psychological Torture.
M&L - A
nova faixa é mais curta e direta, há uma mudança significativa em relação a
Damn Thoughts?
Lu - Sim, as músicas que compõem o álbum
estão mais diretas, e rápidas, bem diferente do EP Damn Thought, posso dizer
que algumas músicas tem uma linha melódica.
M&L - Soube que vocês estavam ensaiando A Step Into The Dark do The Mist para tocar nos shows. Isso aconteceu?
Lu - Sim , aconteceu nos dois últimos
shows que fizemos, BH Grot no Barreiro, e no JK Metal Fest em Santa Luzia, a
galera curtiu, e nos surpreendemos com a volta da banda, pois é uma grande
influência pra nós.
M&L - O novo logo é bem legal e é mais a cara da banda.
Lu - A mudança do logo veio ao decorrer
das composições das músicas novas, o nosso amigo Wesley Adrian Baterista do
Paradise in Flames/Mortifer Rage, nos apresentou um desenho que ele fez de um
logo com o nome da banda, todos nós gostamos, ficou mais expressivo, ao que nos
propomos fazer, então decidimos mudar.
M&L - Você continuará apoiando nos vocais?
Lu - Em algumas músicas sim, gostamos
dessa variação de vocal, nesse álbum, terá também vocais dos guitarristas
Fabiano Borges e Jefferson Soares.
M&L - Você é a responsável pela divulgação da banda nas redes sociais?
Lu - Não somente eu, mas todos os integrantes participam, dando opinião, sobre o conteúdo, arte, foto, vídeo, e
impulsionamento nas redes sociais.
M&L - Espaço aberto a suas considerações finais, o Metal e Loucuras agradece sua participação.
Lu - Satisfação praticar dessa
entrevista, muito obrigada por abrir espaço para falar um pouco da minha
história e falar também da banda, é muito importante para gente ter sido
convidados a participar desse programa. Ajuda a divulgar o nosso trabalho, são
pessoas como você que mantém a chama do metal, e do cenário underground acesa,
hail!!
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