O Metal e Loucuras está comemorando 10 anos e como todos sabem programamos 10 entrevistas com grandes bandas de nossa cena, postadas no início de cada mês desde março. E é com muita honra que desta vez falamos com Maurício Pampuch, líder do Eternal Sorrow de Curitiba, que abriu as portas do Death Doom no Brasil em 1994 e lançou até hoje 3 álbuns de extrema importância para nosso cenário. Então, abrace a melancolia e viaje ao som das catástrofes aterrorizantes do Doom.
M&L – Maurício, vamos fazer uma análise da
trajetória do Eternal Sorrow. Como era o cenário Doom em 1994 quando vocês
começaram? Bandas como Anathema, My Dying Bride e Paradise Lost eram uma
influência real para vocês?
Não haviam muitas bandas nacionais de Doom na
época, mas alguns grandes nomes estavam começando também, tudo era mais difícil
até para o acesso dos admiradores do estilo, mas mesmo assim era uma cena forte
querendo descobrir, conhecer mais. E essas bandas fizeram parte de nossa influência sim, como outras que não eram do estilo.
M&L – O que a banda esperava em termos de
carreira quando lançou a demo The Sadness Elevation em 95?
No começo você só
quer tocar e mostrar seu trabalho, mas lógico que empolga quando grava algo e a
repercussão é positiva, tivemos um bom reconhecimento com a demo que inclusive
foi eleita a melhor demo tape estrangeira em uma publicação metálica de Portugal.
M&L – Então vocês participaram da coletânea The
Winds of a New Millennium da Demise Records e pouco tempo depois estavam
lançando seu debut pela gravadora. Já havia um acordo para este lançamento ou o
convite veio pela repercussão que a música Dreams of Reality teve através da
coletânea?
Não, não havia acordo com a Demise, o convite veio pela boa
repercussão da música e pelo trabalho que havíamos feito com a demo.
M&L – The Way of Regret fez um grande sucesso
entre os apreciadores do Death/Doom no Brasil. Vocês consideram este álbum o
precursor do estilo no país?
Esse álbum é considerado por muitos um marco e
para nós foi algo que nos colocou como referência e nos ajudou a crescer no
cenário Doom nacional e até para fora, então com a importância que muitos fãs dão a esse
álbum, acho que seja um dos precursores sim.
M&L – Já Legacy é um álbum mais progressivo, há
presença de vocais limpos e músicas mais ‘viagem’ como a longa The Last Rain.
Não foi uma grande mudança em relação ao debut, mas ainda assim é perceptível.
Fale sobre isso.
Sim, pensamos em aprimorar, experimentar mais, não sei se foi
certo ou errado mas quisemos fazer algo diferenciado, em partes para alguns deu
certo, outros talvez não gostaram, mas é um álbum que fez sua parte e tem
grandes músicas. Com certeza nos divertimos fazendo ele.
M&L - Então a banda ficou um longo período
afastada da cena e voltou a lançar outro álbum 13 anos depois. O que ocorreu
neste período? Por que demoraram tanto?
Nesse período trocamos as duas guitas e
isso atrapalha muito. Mas gravamos o The House em 2010, aí resolvemos parar por um
tempo, nos reunimos 5 anos depois e resolvemos voltar às atividades e retomar o
processo de master e a gráfica do álbum para finalmente lançarmos em 2015.
M&L – Para The House houve a troca dos dois
guitarristas que gravaram os primeiros álbuns. Mesmo assim ouvindo as canções
parece a mesma banda, com aquele timbre característico de outrora. Vocês
tiveram receio que esta troca pudesse descaracterizar o som da banda?
Um pouco
mas os guitars que entraram conheciam o som da banda então já sabiam a proposta
de nosso trabalho e nos ajudaram muito nesse processo, entraram de corpo e alma
na ideia.
M&L – The House vem naquela linha mais agressiva
de The Way of Regret. São ótimas melodias, e um belo trabalho artístico, em
versão digipack. Mas ele foi lançado de forma independente. Você não acha que
isso restringe bastante o acesso ao álbum pelo público?
Sim com certeza, mas
infelizmente no Brasil você tem que remar contra a maré e também não tivemos
propostas interessantes, decidimos fazer isso de forma independente, mas hoje tem muitas formas de mostrar o seu
trabalho, às mídias sociais e as plataformas de streamings ajudam.
M&L – Podemos dizer que se trata de um álbum
conceitual? Que história retrata The House?
Sim como o próprio nome diz toda a
história se passa na casa, porém as letras dão liberdade para que cada um crie
o seu conceito , mas recomendo escutar e
ler o encarte.
M&L – O Doom tem crescido ultimamente no Brasil.
Você tem acompanhado a cena? Quais bandas recomenda?
Com certeza o Doom está
cada vez crescendo mais. Acompanho sim temos até grupo de WhatsApp para nos
fortalecer e divulgarmos nossos trabalhos, tem muita coisa boa saindo lá,
recomendar bandas? Recomendo todas, procurem, existem grandes bandas e uma
ótima diversidade, seria de uma tamanha injustiça minha recomendar só algumas.
M&L – O Metal & Loucuras agradece muito sua
participação. Espaço aberto a suas considerações finais.
Muito obrigado pelo
convite, fico lisonjeado, espero que a cena só cresça. E que possam vir mais
grandes nomes nacionais, que essa nova geração mantenha essa chama acesa. E
aguardem que em breve teremos novidades! Um
enorme abraço a todos nossos fãs! Stay Doom !
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