sábado, 19 de outubro de 2019

20 anos de Judgement do Anathema.


O Anathema da Inglaterra tinha apenas 9 anos de vida e em 1999 já lançava seu 5º álbum de estúdio, além de 2 importantíssimos EPs que na verdade deveriam ser considerados álbuns, já que um passa dos 33 minutos e o outro de 41 (???). Mas além de mostrar que os garotos tinham muita lenha pra queimar, porque estes 7 trabalhos são simplesmente perfeitos, não consigo encontrar nenhum "se" em nenhum deles, ainda assim passaram por mudanças drásticas em tão pouco tempo, já que perderam seu vocalista original, Darren White, após o lançamento de Pentecost III em 1995, e se obrigaram a mudar seu som após o lançamento de The Silent Enigma no mesmo ano, já que o guitarrista Vincent Cavanagh assumiu também as cordas vocais, e passou por problemas em sua turnê, já que não  tinha garganta para os guturais exigidos pelo Death/Doom. Então o jeito foi focar no Doom melódico e totalmente carregado de emoções que exprimem dor, perda e melancolia. Judgement é o terceiro trabalho nesta sequência mais clean, e fica difícil dizer qual dos três é o melhor, mesmo que eu já tenha uma ordem de gosto definida, fica confuso escolher quando se ouve qualquer um deles. Mas vamos à obra que completa 20 anos. O dedilhado de Deep, acompanhado da voz de Vincent já mostra que o único sentimento feliz  que você terá é na certeza de estar ouvindo algo único, que irá mexer com seus sentimentos, mesmo que seja para atormentá-lo profundamente. E não é o máximo que a música pode fazer pelo ser humano? Despertar sentimentos às vezes escondidos no fundo da alma? Ao lado de Daniel Cavanagh, seu irmão, temos melodias de guitarras limpas e enebriantes, sendo base para uma construção vocal que beira à perfeição e à beleza celestial. Que voz tem este rapaz. Pitiless vem na sequência e se não estiver olhando o mostrador, pode até pensar que ainda é a mesma faixa, porém numa toada mais sufocante que triste, como quando se tem um nó na garganta mas você não consegue se expressar e se libertar da aflição. Na cozinha temos Dave Pybus no baixo e John Douglas na bateria, ambos fazendo um trabalho consistente e adequado ao estilo, afinal para este som você não precisa ser uma máquina de guerra, mas tem que ter feeling e saber dosar seu instrumento para que ele esteja a serviço da música e dos sentimentos que ela provocam. Alguns sentiram a falta do baixista Duncan Petterson, que também fazia as vezes nos teclados e piano (além de grande letrista), mas acredito que ele tenha feito mais falta nos trabalhos posteriores, não em Judgement. Forgotten Hopes é bem introspectiva, outro ponto alto e belo, que emenda à instrumental Destiny Is Dead, que nada mais é que o cartão de visitas do baixista recém chegado. Então vem Make It Right (F.F.S.)  quando você pensa que Vincent já mostrou tudo que sabe e se esbanja numa daquelas canções de show acústico em que o cara toca violão sentado e manda uma melodia simples de voz que beira a perfeição. Os teclados também assumem o comando em determinados momentos aqui. One Last Goodbye vem carregada de tristeza, é um daqueles momentos que tem que passar bem longe de alguém que esteja perdido emocionalmente, pois pode ser um empurrão para o fundo do poço. E fico me perguntando, como é possível passar tão grande sentimento de perda e saudades numa simples canção? Não é de se assustar ao saber que esta música em especial foi escrita em homenagem à mãe dos Cavanagh que falecera há pouco tempo. Ok, você neste ponto do álbum já está impressionado, chorando e desesperado, talvez até com a navalha nas mãos, e acha que daí pra frente não tem mais nada pra acrescentar quando entra a cereja do bolo. Com pouco mais de 2 minutos e um conjunto de vozes e teclados, com a graça dos vocais femininos de Lee Douglas, Parisienne Moonlight é mais um momento ímpar na carreira dos ingleses, digna de tirar o chapéu. Daí pra frente sim, o álbum fica um pouco mais progressivo, mais enigmático, mesmo que isso não seja nenhum demérito, já que a obra é maravilhosa no geral. Mas em Emotional Winter por  exemplo você percebe que num futuro próximo o gosto por texturas a la Pink Floyd iriam fazer mais parte do repertório da banda do que a tristeza miserável do Doom. Se não conhece Judgement, ouça e se apaixone. Se apaixone loucamente!!!

sábado, 5 de outubro de 2019

20 anos de Infernal Satanic Verses do Mystic Circle


Após flertar com o vampirismo em seu debut e com a saga do anel Nibelungo e dragões no excelente Drachenblut, os alemães do Mystic Circle resolveram liberar a capetagem no ótimo álbum Infernal Satanic Verses que está completando 20 anos. A começar pela arte da capa muito bem feita, onde o clássico logo da banda se misturava num altar nada sagrado, o play começa com uma intro de corais arrepiantes acompanhados de fraseados demoníacos para alertar os desavisados que preferem algo mais calmo a saírem do recinto enquanto suas almas ainda forem suas por garantia. "Undestructable Power Of Darkness" trás tudo aquilo que o Mystic começou no álbum anterior e lapidou para este lançamento. Guitarras serrando pescoços, bateria e baixo suportando toda a agressividade, muitos teclados funestos acompanhando cada segundo de caos e muitos vocais rasgados, guturais, falados e até femininos (influenciados por Cradle of Filth) professando todas as blasfêmias aprendidas na escolinha negra do Back Metal. Aliás os ingleses do COF são uma clara referência para quem desejar conhecer este petardo, caso ainda não tenham trombado ao longo da história. Hordes of The Underworld tem tudo que o fã de Melodic Black procura, com muitas mudanças de ritmo e clima, que deixam a canção extremamente eletrizante, pois cada passagem se desfaz para dar lugar a uma nova em seus quase 7 minutos. E a maioria das faixas está na casa dos 6 minutos pra lá. The Devilstone, apesar de um começo mais simples quando você acha que vai entrar na lenda do mal da terceira faixa, geralmente a mais morna da primeira trinca dos álbuns, acaba se enganando, pois a qualidade continua nas profundezas (no bom sentido) e ela tem algumas partes onde o peso das guitarras se sobressai aos teclados mostrando que os caras não se escondiam atrás de nenhum instrumento, e sabiam destruir tudo com muito bom gosto. Críticas a este petardo apenas à parte lírica, uma vez que a banda vinha desenvolvendo um belo trabalho nos primeiros álbuns, escolhendo temas mais adultos. Mas  se pra você o que importa é apenas som, esqueça o lirismo e aproveite as porradas do play. Mesmo porque em pouco tempo o quinteto se tornaria um trio eliminando 2ª guitarra e teclados, mudando completamente o som para o Death/Black.

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

In Flames

Vamos de In Flames criaturas noturnas!

Música: Episode 666
Álbum: Whoracle (1997)
Suécia

Bem vinda aqui, o esquilo na roda começa
prenda as correias da mão esquerda
Lembre-se de não pensar muito
e sua viagem será muito agradável

Não importar-se é a maneira mais fácil
mas para garantir uma passagem ao segundo plano
você tem que terminar o nível um
Seus lábios de sorrisos-mortos ligam a TV
enquanto sepulturas urbanas arranham os céus
Levantando-se sobre cidades e céus de marionetes

Este é o episódio 666
Destino: caos
Cada um é um ator cego

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Entrevista com Escarnnia.



Quando músicos desconhecidos da cena lançam um primeiro trabalho, geralmente passam batido no cenário nacional, principalmente se estão radicados em um estado longe do grande eixo metálico, composto por São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros mais tradicionais como Rio Grande do Sul, Paraná e Bahia. Então precisam mais do que simplesmente lançar seu trabalho. Têm que suar muito na divulgação, caprichar no material, além de apresentar um álbum bem convincente. E a galera do Escarnnia de Palmas no Tocantins está mais do que enquadrada em tudo isso, conforme as palavras do guitarrista e vocalista Ismael Santana a seguir, exclusivamente para o Metal e Loucuras. 


M&L – Primeira coisa a chamar a atenção no Escarnnia são os nomes dos integrantes. Há um parentesco ou apenas coincidência?

Ismael - Apesar da coincidência dos nomes, somente o Natanael (baixista) e o Samuel (baterista) que são irmãos, todos somos amigos desde a infância praticamente rs.

M&L – Aparentemente a média de idade da banda é baixa. O Escarnnia é a primeira experiência profissional com música de todos os integrantes?

Ismael - Sim, essa é nossa primeira experiência profissional, eu já tive projetos de bandas junto com Natanael, mas não vingaram, por incrível que pareça nossas primeiras tentativas foram calcadas no black metal (rs).

M&L – Sob o contexto regional, Tocantins, apesar de ser um novo estado, não tem tanta tradição no Heavy Metal. Conte-nos sobre a cena da região.

Ismael - Aqui tem uma cena muito legal, as poucas bandas que tem sempre se ajudam, e isso acaba que unindo as bandas, tem bandas promissoras em nossa cena, como Mata Burro HC, Trator Metal, Heresia, Vocifer que em breve lançará seu primeiro álbum, Abyssal Forest também com lançamento já em andamento, Atrox, Dr Alibi, Chico Doido HC, Clamor ,Ritos Ocultos e Andromalius, são as bandas que junto com a gente batalham pra manter nossa cena sempre intacta.

M&L – Por que vocês decidiram gravar em São Paulo? E ainda, se a banda fosse paulista, você acha que ela teria uma maior visibilidade ou a disputa por um reconhecimento nos grandes centros é ainda mais difícil?

Ismael - Isso foi algo inusitado (rs), abrimos pra uma banda paulista a Worst, os caras piraram no nosso som e dai surgiu o convite do Tiago Hospede que nessa época era guitarrista, no mês seguinte partimos para dar o passo mais importante de nossas vidas, creio que se atuássemos na cena paulista nosso trabalho teria tido mais visibilidade, pois a facilidade de shows seria mais viável e com mais frequência.

M&L – Vamos falar de Humanity Isolated. Fiquei impressionado com a qualidade do registro, principalmente por ser o primeiro álbum!

Ismael - Muito obrigado pelas palavras, trabalhamos por muito tempo nessas musicas, a vantagem que elas já estavam concluídas há anos, e no estúdio o Tiago Hospede adicionou alguns elementos essenciais para o fechamento perfeito de cada faixa.

M&L – A produção está acima da média. Cada música tem sua propriedade e a timbragem dos instrumentos está excelente. Inclusive o álbum tem um som de baixo muito presente, principalmente nas faixas The Evil Spell e Back In Time. Como tem sido a repercussão do trabalho?

IsmaelGostamos demais do resultado, todos os instrumentos se destacaram, e o baixo é fundamental no estilo que propomos, a repercussão alcançou patamares que nunca imaginaríamos (rs), como foi lançado também de forma digital ficou mais fácil a expansão desse álbum.

M&L – É natural procurarmos referências no som de bandas mais novas, e mesmo que o Escarnnia tenha potencial para ser reconhecido pelo estilo próprio, há influências de grandes nomes do Death Metal. E o que mais chama a atenção é o instrumental de algumas faixas, em especial Total Death e Condemned To Kill, que poderiam ter sido criadas pelo grande e saudoso Chuck Schuldiner. Falem das suas influências.

Ismael - Ficamos lisonjeados pelo elogio de comparar ao nível da perfeição musical Chuck Schuldiner (rs), nossas referencias são de bandas nessa linha do Death mesmo de onde veio a maior parte das influências somada com bandas como Obituary, Sarcófago, Morgoth e Necrophagist.

M&L – A arte gráfica é outro atrativo. Com uma capa interessante e compatível com a temática, encarte muito bonito, o CD vem no formato slip case e ainda acompanha um adesivo com o logo da banda. Tudo isso é por uma satisfação pessoal ou algo para cativar os fãs e estimular a compra do material físico?

Ismael - Essa belíssima arte foi feita pelo saudoso João Duarte, que tem bagagem nesse ramo, a ideia dos brindes a parte no CD veio da Classic Metal, que nos possibilitou a existência desse álbum físico, devemos muito a eles por apoiarem nosso projeto.

M&L – Foi gravado um vídeo clipe para a música Total Death, muito bem produzido, o que tenho certeza que levou muitas pessoas a conhecerem a banda (incluindo este que vos fala). Pensam em gravar mais algum vídeo para este álbum?

Ismael - Esse clipe nos ajudou bastante em ampliar nossa imagem como banda, uma obra registrada por Adriano Lima FilmMaker, todos os show que tocamos a galera sempre pede essa música e isso é bastante satisfatório, já estamos com projeto de gravar novas músicas e o próximo clipe será dessa próxima remessa.

M&L – Quais os próximos passos do Escarnnia?

Ismael - Como digo antes já estamos em fase de confecção das próximas faixas para registrar um EP ou logo outro álbum.

M&L – Deixem uma mensagem à galera que acompanha a página e a seus fãs.

Ismael - Agradecemos sempre por nos apoiar e sempre apostar no Escarnnia, Nossas músicas estão em todas as plataformas musicais, muito obrigado a página Metal e Loucuras por esse espaço e um forte abraço para todos que curtem nosso som !!!

Escarnnia é composto por: 

Natanael (Baixo) - Samuel (bateria) - Ismael (Guitarra e vocal) - Valber (guitarra)