Há 20 anos a Finlândia despontava como uma das potências do Metal mundial, capitaneada por nomes como Children of Bodom e Stratovarius. Em meio àquele turbilhão de bandas estourando surgiu o Kalmah que colocou nas prateleiras seu debut "Swamplord" através da Spikefarm Records e lançado no Brasil pela Century Media. Por tocar um Death Metal melódico com vocais rasgados, logo foram comparados aos seus conterrâneos do C.O.B. que conquistava o mundo lançando seu terceiro álbum neste mesmo ano. Mas o Kalmah já demonstrava em seu debut que procurava uma identidade própria. Pekka Kokko diversificava seu rasgado com alguns vocais mais graves, os teclados de Pasi Hitula não solavam como uma guitarra mas serviam de camadas para acompanhar as guitarras de Pekka e Antti Kokko, e Petri Sankala abusava um pouco mais das passagens extremas na bateria. O baixista era Altti Veteläinen, que gravou apenas um álbum e desde 1997 se dedica a baixo e vocal na banda "Eternal Tears Of Sorrow". "Evil In You" abre com todas estas características e na sequência "Withering Away" abre com belos acordes de guitarras que já se tornaram clássicos para os fãs da banda. "Black Roija" mostra que as influências do Kalmah iam bem além da banda de Alexi Laiho, pois tem uma introdução que é a cara dos noruegueses do Old Man's Child. "Dance Of The Water" é outra grande faixa com destaque para os solos de guitarras. E por falar nisso, aquele trampo de guitarras em "Hades" é uma coisa absurda de linda, mostra como os músicos já tinham domínio do instrumento além de imenso bom gosto. "Alteration" segue na mesma pegada de qualidade e o play encerra com a quase épica "Using The World" como forma de crítica religiosa. Um grande álbum de uma banda que começou sob desconfiança de pouca identidade mas que hoje, com 8 álbuns de estúdio, provou que veio pra marcar lugar na enciclopédia do Metal.
sábado, 23 de maio de 2020
domingo, 17 de maio de 2020
20 anos de XVI do Miasthenia
O Miasthenia (palavra que nomeia uma doença muscular) foi ciado em 1994 e após algumas demos e splits, sendo o mais importante deles o "Visions Of Nocturnal Tragedies" pela Evil Horde em 1998 ao lado dos cariocas do Song D' Enfer, finalmente chegou a seu primeiro full lenght no ano 2000 através da Somber Music, que ajudou a divulgar muitas bandas poderosas do cenário nacional na passagem do século. E é justamente sobre um século, no caso o XVI, que a banda de Brasília baseia os temas de seu debut. Radicado no Pagan Black Metal, o Miasthenia que nesta época contava com Mist no baixo, Mictlantecutli na bateria, Thormianak na guitarra e Hécate nos teclados, vozes e algumas passagens na guitarra, usou este período como cortina para destilar seu ódio pelos colonizadores do Ocidente que impuseram seu domínio na América do Sul, confrontando e destruindo civilizações pagãs que aqui se estabeleciam, algumas erradicadas permanentemente nesta era. Como a vocalista Susane Hécate trilhava os caminhos da História (hoje é PhD em História), aplicou na música seus conhecimentos e crenças de forma magistral, mesmo que estejamos falando dos primeiros passos de uma banda que evoluiu muito e se tornou uma das maiores forças do cenário nacional. As letras do Miasthenia são em português, facilitando com que aqueles que curtem acompanhar as músicas com o encarte em mãos compreendam o lirismo da banda. O álbum é dividido entre faixas mais longas, como "De Volta ao Reino de Paa-Zuma" que te transporta diretamente ao vale inundado pelo Titicaca, de onde vem a lenda do Puma que iluminava o vale com seus olhos enquanto a escuridão reinava, e algumas na casa dos 5 minutos como "Rituais de Rebelião" que tem ótimos riffs e é uma das melhores faixas de XVI. O álbum tem muita melodia nas guitarras, belas passagens e climas nos teclados, contrastando com os vocais agressivos e rasgados de Hécate, que em alguns momentos vêm mais clean e falados como em "Onde Sangram Pagãs Memórias". O encarte trás belas imagens, mesmo que através de edições em programas de PCs, mas com folheto envernizado, o que era uma grata surpresa na época, um detalhe a mais que para os apreciadores das mídias físicas. XVI é um álbum especial, numa época de mudanças no cenário nacional, quando bandas do Underground puderam mostrar sua arte dando um novo fôlego, após aquele boom que deu início a tudo isso entre meados dos anos 80 a 90. um ítem que recentemente foi relançado em formato duplo com o excelente "Batalha Ritual" de 2004 e que todo fã de Metal Extremo no Brasil precisa ter na coleção.
sábado, 9 de maio de 2020
20 anos de Thelema.6 do Behemoth.
O Behemoth da Polônia é outra banda que viveu aquela polêmica mudança de estilo que tanto irrita alguns fãs, ao passo que angaria uma nova leva de seguidores. Em Thelema.6 de 2.000, o 5º trabalho da banda, que sempre teve à frente o guitarrista e vocalista Nergal, nesta empreitada com Inferno na bateria e Havoc na outra guitarra, nos trás um trabalho extremo e brutal. A massa sonora do trio não foi concebida para agraciar ouvidos sensíveis. A bateria de Inferno não pára, é socada desgraçadamente como se o indivíduo tivesse braços mecânicos. Se você não se importa que seu cérebro seja chacoalhado num triturador, ao passo que riffs quebrados e certeiros com quase nenhuma melodia te sufoquem como as paredes de um quarto almofadado para loucos, então Thelema.6 talvez seja uma boa pedida pra ouvir num aparelho logo ali ao lado de sua cama enquanto espera o sono chegar, (carregado de pesadelos com muita probabilidade). Nergal tira da garganta aquele gutural carregado sem soar como uma pedra como Alex Camargo do Krisiun, mas sim como lama descendo a montanha (ou goela abaixo) se é que você me entende. Você ouve o álbum que provavelmente agrade qualquer fã de metal extremo, ao passo que agradar nem sempre é o que se espera, muitas vezes você fica no aguardo daquele momento que vai te fazer se concentrar melhor no que está ouvindo, que é quando o 'agradar' pode se transformar em 'pirar', e isso só vai acontecer de verdade na 6ª faixa, com Christian To The Lions, porque este é 'o' momento do play. São apenas 3 minutos de caos e destruição onde ouvimos claramente o ódio brotar da alma de Nergal. Não é a toa que se tornou um hino do Behemoth mundo afora. Outro grande momento é em "The Universe Illumination" que começa mais cadenciada, depois acelera com um fraseado de guitarra por cima e depois volta naqueles riffs jogados que fazem nossas cabeças acompanharem o ritmo no Headbanging. Vinum Sabbati é outro destaque de Thelema.6, assim como 23 (The Youth Manifesto) com sua aura mais progressiva. No ano seguinte o álbum foi relançado com alguns bônus, como Hello Space Boy do David Bowie que ficou sensacional, e outro de Satanas do Sarcófago.
sábado, 2 de maio de 2020
20 anos de Brujerismo do Brujeria
O Brujeria no aspecto visual às vezes consegue ser mais aterrorizante que muitas bandas de Black Metal mundo afora, com suas referências a mortes e sacrifícios embalados pela magia negra. A banda que chamou atenção do mundo por não revelar a identidade de seus membros foi criada no México, país que já carrega uma aura mística e religiosa latente, o que pode explicar a extremismo exercido por aqueles que estão do outro lado da linha de raciocínio e crença. Portanto a capa de Brujerismo, assim como a introdução arrepiante da faixa título (tirado de um programa mexicano infantil) já afasta para bem longe aqueles que não querem se meter com as forças desconhecidas. Se a banda realmente acredita em tudo que apresenta em seu conteúdo, não sabemos, mas para nós que vivemos do Metal, o que importa é o som. Então vamos lá. Brujerismo é o terceiro trabalho da banda, que devido aos membros estarem envolvidos em outros projetos, manteve o Brujeria na categoria de banda cult, mesmo que tenha álbuns como este lançados pela Roadrunner, que já foi gigante quando se dedicou à boa música. Lançado no dia 7 de novembro de 2000, o som apresenta diferença dos 2 trabalhos anteriores, que era mais Death Metal e que incorporou características Grind ao seu som, com faixas mais curtas e mais extremas. Você ouve os riffs de "Desmadre" por exemplo e Ratos de Porão saltam à mente como um raio. O play trás uma ótima produção, privilegiando as guitarras pesadas, algumas manifestações eletrônicas e samples aqui e ali com frases sobrepondo o instrumental para dar ênfase às letras. Outro destaque é o som de baixo, muito presente e segurando bem toda a massa sonora. Para algumas pessoas Brujerismo soa mais fácil de ouvir que "Matando Gueros" por exemplo. Mas não concordo com isso, mesmo que o som esteja mais limpo e com mais groove, este álbum soa bem perturbador, mesmo que Juan Brujo, o vocalista, muitas vezes leve as coisas para um lado mais irônico e abusado. As melhores músicas são "Brujerismo", "La Traicón", "Pititis, Te Invoco", "Anti-Castro" em homenagem singela a Fidel Castro e "Sida De La Mente".
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