sábado, 24 de outubro de 2020

20 anos de Midian do Cradle Of Filth

 


Midian (a cidade dos monstros do escritor Clive Baker) é considerado o ápice da carreira dos ingleses do Cradle Of Filth. Com uma arte de capa meio confusa, com destaque para os tons roxos, ainda temos a figura feminina, uma constante nas artes da banda, porém sem a mesma sensualidade de trabalhos anteriores. Temos a primeira e instrumental abertura com "At The Gates Of Midian" com uma atmosfera gótica imperial, dando passagem para a destruidora "Cthulhu Dawn" com riffs fortes e aquela variação insana de vocais de Dani Filth. Os teclados de Martin estão muito bem casados com o instrumental, e se sobressaem em uma parte apenas com bateria e vocais. "Saffron's Curse" inicia com um belo tema de teclados e temos ótimos riffs de Paul e Gian, além das belas narrações de Sarah Jezebel Deva (Therion) convidada de peso para o trabalho. As mudanças de andamento são perfeitas, um show à parte do baterista Adrian em sintonia perfeita com o baixista Robin Graves. "Death Magick For Adepts" segue com uma aura soturna com destaque para a bateria precisa. É nesta música que podemos ouvir aquela influência de Iron Maiden nas guitarras pela primeira vez no álbum, mesmo que seja apenas em alguns momentos. Ela também apresenta uma narração do ator Doug Bradley logo após 4 minutos, nada mais nada menos que o cara que interpreta Pinhead nos famosos filmes da sequência Hellraiser, uma parceria que ainda aparece nas músicas "Her Ghost In The Fog" e "Tortured Soul Asylum", além de em vários outros álbuns posteriores do Cradle. "Lord Abortion" é uma música que privilegia os riffs, deixando os teclados mais contidos, e é uma música em que ouço algumas influências Death Metal, além de apresentar uma fabulosa passagem de violoncelo após 5 minutos com uma narrativa aterrorizante de Dani. É a típica faixa que começa como quem não quer nada e avança para um final matador. "Amor e Morte", que só tem o título em português é a que mais lembra o clássico "Cruelty and The Beast" com arranjos mais tradicionais. A instrumental "Creatures That Kissed In Cold Mirrors" é um trunfo de Martin e serve para abrir as cortinas para a entrada triunfante da sensacional "Her Ghost In The Fog" que ganhou vídeo clipe e ainda conta com a maravilhosa voz de Sarah. É uma música menos acelerada e faz parte do cast até hoje. "Satanic Mantra" tem menos de 1 minuto e é mesmo um mantra como o título diz, e em seguida temos "Tearing The Veil From Grace", com destaque para backing femininos de início e logo dispara para a pancadaria, com muitas mudanças de andamento, além de se tratar da música mais longa de Midian. "Tortured Soul Asylum" fecha o álbum com um pouquinho de tudo apresentado nas outras músicas, e novamente aquela veia Maiden lá pelos 6 minutos que deixa o som ainda mais lindo. 20 anos de um petardo digno de nota máxima! Aniversário no próximo dia 30 de outubro.

sábado, 10 de outubro de 2020

20 anos de Renegade do Hammerfall

 


O Hammerfall surgiu como uma nova força para o Power Metal melódico nos anos 90. Oriundos da Suécia, os músicos Joacim Cans (vocais), Stefan Elmgren e Oscar Dronjak (guitarras), Magnus Rosén (baixo) e Anders Johansson (bateria) gravaram seu terceiro petardo, encerrando uma fase de Heavy mais tradicional numa trinca de muito respeito. "Templars of Steel" abre o trabalho com muita pompa, uma faixa cadenciada para cantar junto com os fãs e muito apropriada para abertura de shows. O início é de arrepiar, com a guitarra gritando sobre um ritmo cavalgado espetacular e um refrão fortíssimo. Já "Keep The Flame Burning" vem mais acelerada, com um belo solo de guitarra e a voz sensacional de Joacim num tom alto e belo. Falar em voz, ele dá outro show na faixa título que ganhou vídeo clipe. Não é qualquer vocalista que apresenta uma voz como a dele acompanhada apenas pela bateria! "Living In Victory" é uma música mais básica, porém os solos de guitarra são de cair o queixo. Outra que ganhou vídeo foi a balada "Always Will Be", bela como a maioria das baladas dos suecos, mas nem tanto a ponto de se aproximar de "The Fallen One" presente no álbum anterior. "The Way of The Warrior" é outro grande destaque do trabalho, com os backing vocals muito bem criados para o refrão e uma estrutura musical perfeita. "Destined For Glory" tem aqueles riffs Power Metal rápidos enquanto "The Champion" manda uma base bem NWOBHM e os corais com 'ôôô' que não podem faltar numa banda que se inspirou no Accept em seu início. "Raise The Hammer" é uma ótima canção instrumental que prova (como se ainda fosse preciso) a capacidade técnica dos dois guitarristas, e "A Legend Reborn" fecha o álbum, uma música com cara de Heavy Tradicional e com a melodia do Power Metal. A arte da capa traz o mascote Hector sobre um cavalo negro, erguendo seu martelo com um castelo em chamas ao fundo e uma criatura como que um dragão emergindo da água. Arte muito bonita para coroar um trabalho relevante na história do Heavy Metal, que completou 20 anos ontem, dia 09 de outubro.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

20 anos de Infinite do Stratovarius


Quatro anos antes das coisas começarem a sair dos eixos com os problemas de saúde do guitarrista Timo Tolkki, o Stratovarius da Finlândia voava baixo (pode dizer que é um trocadilho com a faixa que abre o álbum) e era referência para o Metal Melódico no mundo inteiro. A banda tinha lançado uma trinca de encher os olhos de uma geração dos anos 90 que os amou incondicionalmente, formada pelos álbuns Episode, Visions e Destiny, portanto esperava-se muito de Infinite. Ele com certeza não conseguiu superar a trinca, mas foi eficiente o suficiente para manter a banda sob os holofotes. A primeira música do petardo é a conhecidíssima "Hunting High And Low" que foi o carro chefe do play, apresentada em vídeo clipe que bombou na MTV. O clipe mostrava até uma cena em que uma equipe apresenta a bela capa do álbum ao personagem chave do clipe. A faixa tem muita melodia, principalmente nos refrões que grudam de imediato, mas eu prefiro sua sucessora "Millenium" bem mais speed metal com os famosos pedais duplos do estilo. A banda entrou de cabeça no tema "salve a natureza" e a longa e arrastada "Mother Gaia" mostra isso claramente, numa tendência que se esticou ao próximo trabalho "Elements #1". E são em momentos como este que o vocalista Timo Kotipelto mostra que tem ouro nas cordas vocais, além da presença marcante do baixo de Jari Kainulainen e nos teclados de Jens Johansson, inclusive com uma passagem operística que remete ao Queen e ao Savatage, muito interessante. Jörg Michael já se destaca obviamente quando o ritmo acelera, como na ótima Phoenix que tem um riff bem legal e umas partes cavalgadas de extremo bom gosto, além do duelo entre guitarra e teclado nos solos, coisas que seus irmãos do mal, o Children of Bodom também faziam com maestria. "Glory To The Brave" vem numa pegada mais Power Metal e eu poderia gostar ainda mais dela se os teclados se resumissem aos "ooohhh" e aos duelos com a guitarra, ao invés daquela parte solada logo após o início da música que apagou o belo riff inicial. "A Million Light Years Away" é outra daquelas passagens mágicas que fazem o público vibrar, com uma melodia inicial muito bonita que se repete ao longo da música. "Freedom" é outra faixa bem acelerada, mas que não empolga muito, ao passo que a música "Infinity" é a junção de tudo de bom que o Stratovarius tinha, alternando momentos épicos a outros de velocidade e passagens de extrema beleza, despachando inclusive um momento bem inquietante lá pelos 5 minutos, que poderia estar num álbum do Dimmu Borgir (hehe). O álbum fecha com a semi balada Celestial Dream com fundo orquestrado e outra demonstração impecável de Kotipelto. Um grande álbum de uma banda que estava no topo!