A Holanda sempre foi um dos grandes berços do death metal e o Sinister, de Schiedam, está no rol das maiores e chegava a seu sexto trabalho em 2003, o "Savage Or Grace". Gravado no estúdio "Excess" em Rotterdam e lançado pela Nuclear Blast, dizem que a banda estava desunida neste período, e que este material foi todo composto pelo guitarrista Ron Van Polder, sua última participação no Sinister. Seu colega de instrumento, Pascal Grevinga estava a pouco tempo na banda e deixou apenas este registro, enquanto a vocalista Rachel gravava seu segundo e último trampo com a banda. Os únicos remanescentes são os membros da cozinha, Alex Paul nas cordas e Aad Kloosterwaard nas baquetas, mesmo que este tenha abandonado o posto no fundo do palco e assumido os vocais a partir do próximo trabalho. "Savage Or Grace" é o típico álbum que não mudará sua vida para sempre, amém! Com uma gravação suja, onde as guitarras parecem um motor a diesel quase afogando, e os inacreditáveis vocais femininos parecem guturalizados em estúdio, e espero que não sejam, mas temos raros momentos de melodia, como o início de "Concepcion of Sin" que tem ótimos blast beats, mas uma guitarra fora de escala que insiste em aparecer entre os bons riffs. "Chapel Desecration" também é uma boa música, agressiva e com riffs bem encaixados, mas a pouca ou quase nenhuma variação também é um problema deste álbum. Fica parecendo um álbum feito para fãs de death metal pouco exigentes. Se você for um destes, aprecie sem moderação.
domingo, 29 de janeiro de 2023
quinta-feira, 26 de janeiro de 2023
20 anos de Waste 'Em All do Municipal Waste!!!
O Municipal Waste surgiu em Richmond, na Virgínia em 2001 e seu primeiro registro deu as caras ao mundo em janeiro de 2003, o rápido "Waste 'Em All". Um EP geralmente é medido pelo tempo total de gravação, mas parece que a gravadora "Six Weeks" não apostou nisso e sim na quantidade de músicas para chamar o trabalho de full, já que temos 16 músicas distribuídas em pouco mais de 17 minutos. Com essa média de músicas de 1 minuto é provável que o som seja rápido também. O baixista Andy Harris (?), o guitarrista Ryan Waste, o finado baterista Brandon Ferrell e o vocalista Tony Foresta sintetizaram todas as influências hardcore intrinsicamente incorporadas ao speed thrash num play que tem o título inspirado no debut de uma outra banda famosa de thrash que você conhece. As letras são agressivas e estúpidas como de se esperar, e por isso mesmo rendem uma boa diversão, como a frase (você vendeu meus discos que você pegou emprestado, agora você será massacrado) da música "Sweet Attack". Uma coisa interessante é que algumas letras do Municipal Waste são 3 vezes maiores que algumas letras de bandas de funeral doom com 12 minutos de duração. E uma vantagem é que daqui uns 20 anos poderão relançar os 4 primeiros álbuns da banda apenas em 1 CD. Brincadeiras à parte, o som dos garotos é forte, despojado, agressivo e bem tocado, se você estiver atrás de riffs e energia "Waste 'Em All" é a pedida certa. Se quiser algo mais técnico e com mais melodia, bem, ouça aquela outra banda. No final o que vale é o prazer de ouvir uma boa música.
domingo, 22 de janeiro de 2023
20 anos de Defiance of Existence do Old Man's Child!!!
Sempre fui um grande fã do som do Old Man's Child, e mesmo achando que os 3 primeiros trabalhos do grupo sejam indispensáveis e acima da média, os posteriores também têm sua importância para o metal extremo. "In Defiance of Existence" é o quinto trabalho, mais uma vez lançado pela Century Media, mas apresenta algumas mudanças que, inclusive, já davam as caras no trabalho anterior, "Revelation 666". A veia mais death metal deste álbum talvez seja aquela que faz com que muitas pessoas erroneamente classifiquem a banda como uma banda de death. A verdade é que neste álbum Galder mudou a forma de cantar, saindo daquele rasgado de caverna para algo bem mais próximo do gutural. Temos passagens mais intrincadas também, como na faixa "The Soul Receiver", com teclados bem dinâmicos gravados por Galder, e entrelaçados aos riffs de guitarra, com a bateria quebrada. Vale lembrar que após ter o ser extraterrestre Gene Hoglan em um de seus álbuns, Galder investiu novamente em um baterista técnico, porém mais habituado às bestialidades da música extrema, o carequinha Nicholas Barker, seu companheiro de Dimmu Borgir (pra quem não sabe Galder nesta época já integrava o gigante do symphonic black). Mas se pegarmos o instrumental de uma música como "The Underworld Domains" vemos que quase tudo nela lembra o sensacional e segundo álbum, "Pagan Prosperity", portanto, Galder manteve a essência do Old Man's Child, trazendo apenas um pouco mais de técnica e brutalidade. A capa icônica, com a bela diabinha chorando sangue, foi a que mais vi estampar camisetas da banda, mesmo que isso seja um fato raro por estas bandas de cá. Galder gravou voz, guitarra, baixo e teclados, Barker a bateria e Jardar a guitarra acústica novamente, sua última participação como guitarrista da banda.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2023
20 anos de Elements Part 1 do Stratovarius!!!
O décimo álbum de estúdio dos finlandeses do Stratovarius foi a primeira parte de Elements, e certamente é a melhor parte. Lançado no início de 2003, quando a banda estava no auge, o álbum, que é excelente, acabou por decepcionar alguns fãs que o acharam um pouco progressivo demais, com músicas menos diretas que a época bombástica de "Destiny" e "Episode". Certamente a primeira parte dos elementos é menos direta que a maioria dos opus denominados "Power Metal", e as sessões rítmicas trazem pompa e sentimentos individuais de enorme classe. Talvez possamos resumir isso tudo numa única canção, chamada de "Fantasia". Não que ela seja minha preferida neste álbum, mas ela apresenta todos os elementos inerentes aos adjetivos que possamos atribuir ao trabalho. Um refrão forte, numa interpretação linda de Kotipelto, teclados orquestrais, riffs de guitarra bem power metal em algumas partes e um solo de baixo (se me permitem chamar de solo) com uma aura anos 70 que não deixa a palavra "progressivo" se perder em devaneios desta resenha. Falando em baixo, eu piro no início de "Soul of a Vagabond", com as quatro cordas sustentando as melodias de forma espetacular. Ponto para 2 caras, Jari Kainulainen (hoje no Masterplan) pela desenvoltura e Timo Tolkki pela produção, por deixar tanto o baixo, quanto tudo mais tão equilibrado e perfeito. Pra quem devora power melódico com os ouvidos a faixa "Learning to Fly", (power até no nome) talvez seja o ponto alto do trabalho, com a bateria super acelerada de Jörg Michael e a guitarra de Tolkki debulhando milho pelas galáxias, mas eu gosto mais dos momentos introspectivos, com melodias doces, pesadas e até tristes, como na épica "Papilon". Que refrão perturbador! Ótimo álbum!
sábado, 14 de janeiro de 2023
20 anos de Deadland do Chakal!!!
É muito complicado falar de uma banda que você ama, com imparcialidade, principalmente se você estiver falando de um trabalho pouco louvável desta banda. E "Deadland" está para o Chakal assim como "St Anger" está para o Metallica, e quisera o destino que ambos fossem lançados no mesmo ano. Mas cá estamos diante de uma banda que ouço desde sempre, da primeira banda de metal que vi sobre um palco, da banda que tinha um membro que apresentava o melhor programa de rádio que já existiu e que eu não perdia um dia sequer, numa época que essa era a forma mais fácil de conhecer novas bandas, e conheci muitas assim. Então vamos ver o lado positivo de "Deadland". O primeiro é que, como já disse outras vezes, o metal nacional, mais ou menos de 95 a 2000, passou por um período crítico, com raros lançamentos de impacto, já que muitas bandas davam seus primeiros passos naqueles anos, conseguindo lançar seus álbuns apenas na virada do milênio, e as bandas consolidadas num hiato silencioso que deixava muitas dúvidas de sua existência. O Chakal, por sua vez, mesmo ficando 10 anos sem lançar nada, foi a primeira destas bandas a jogar um novo play no mercado, o CD em questão. Por si só já soma pontos, puxando a fila para outros medalhões como Korzus, Sextrash e Holocausto, todos aí com aproximados 10 anos entre estes álbuns de retorno aos holofotes. O segundo destaque é o retorno do vocalista Vladimir Korg. Mesmo que eu ache o vocal de Sérgio, que gravou o álbum anterior, um vocal espetacular e não por menos ser meu álbum preferido da banda, acredito que todos os amantes de metal estejam de acordo que Korg seja um dos melhores frontman do metal nacional, e sua voz é inconfundível, além de ter um jeito para interpretação muito acima da média. Já o instrumental, para quem estava acostumado ao death/thrash do debut, e à thrasheira dos 2 plays posteriores, ouvir as experimentações de "Deadland", com influências descabidas de "Nu Metal", sujeiras eletrônicas por todos os lados e até "grunge" como na faixa "Liar (safe place), é um pouco demais pra mim. Tem alguns bons riffs, tem bastante peso na guitarra e tem o vocal de Korg. Tem a importância histórica de reabrir a porteira para o retorno dos deuses do metal nacional, e é a isso que devemos nos apegar.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2023
20 anos de Hate Crew Deathroll do Children of Bodom!!!
Mesmo "Follow The Reaper" sendo um álbum sensacional, eu começava a achar o Children of Bodom repetitivo. E se seu sucessor, "Hate Crew Deathroll" não fosse tão maravilhoso, certamente teria deixado de acompanhar a banda naquela época. Mas este álbum é destruidor do primeiro riff ao último, além de trazer algumas características para fugir da mesmice. A primeira e mais clara é a afinação da guitarra mais baixa, que deixou o som surpreendentemente mais pesado que nos álbuns anteriores. Claro que ainda temos muita melodia, além dos teclados de Janne Warman continuarem sendo parte importantíssima no som, preenchendo espaços, duelando com a guitarra de Laiho ou criando atmosferas de terror como no início de "Angels Don't Kill". Por falar nela, segue o mesmo e diferente padrão de "Everytime I Die" do play anterior, arrastada e pesada. Outros detalhes que diferenciam este álbum é que mesmo com uma produção esmagadora, o som está bem mais sujo e moderno, numa tênue linha entre o death e o thrash, mesmo que haja muito Power Metal no som dos finlandeses. A arte, que a cada disco tinha uma cor predominante, desta vez o laranja bem próximo do vermelho, traz o mascote assassino do lago em movimento, pronto para te decepar com sua enorme foice. Pode ser difícil encontrar destaques em álbuns soberbos, mas a trinca que abre este petardo, a modernosa "Needled 24/7", a rifferosa "Chokehold (Cocked 'n' Loaded) e a cereja do bolo e uma das melhores da carreira "SixPounder" são de arrepiar os fiapos da barba!
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