domingo, 26 de fevereiro de 2023

20 anos de Souvenirs do The Gathering!!!

 


Você não encontrará nada de extremo do ponto de vista musical em "Souvenirs", da banda holandesa The Gathering. A não ser na parte lírica, que tem um quê de pessimismo e melancolia impressionantes. É um álbum de rock com pitadas góticas e apelo comercial disfarçado, porém, dependendo da sua vibe, é bem legal de se ouvir. Sendo bem sincero, nunca fui de acompanhar a carreira da banda, e talvez por isso seja mais fácil falar deste trabalho, pois ele certamente foi um pouco difícil de engolir pelos fãs mais saudosistas, da fase doom. Claro que a maior atração é a voz de Anneke Van Giersbergen, perfeita em todos os sentidos, doce e miserável, entrando em seus ouvidos e preenchendo sua alma com tanta delicadeza que você, que tem o metal correndo nas veias, até esquece que não tem blast beats ou distorções de guitarra com peso nas alturas. Não precisaria nem citar alguma música especificamente para atestar isso, mas se você é daqueles que precisa de um norte, vá direto a "You Learn About It" e apague as luzes. Quem é fã da fase "Host" do Paradise Lost e "Assembly" do Theatre of Tragedies e até "A Natural Desaster" do Anathema, certamente tem "Souvenirs" em sua discoteca particular. Teclados muito presentes é outra característica da obra e às vezes eles acabam exagerando, como em "We Just Stopped Breathing", mas no geral, atendem bem às expectativas. Destaques para "You Learn About It", "These Good Peoples", "Even the Spirits Are Afraid", a minimalista "Golden Grounds" e a última faixa, "A Life All Mine", num belo dueto de Anneke com Garm, vocalista do Ulver da Noruega.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Hell Mosh 2023!

 



Hell Mosh no Mister Rock!!!

O evento Hell Mosh, idealizado pela BH Hell's Produções ocorreu na 6ª feira, dia 17 de fevereiro de 2023 no Mister Rock em Belo Horizonte e foi um exemplo de fest bacana que deveria ocorrer com mais frequência. São bandas consolidadas do cenário nacional com apresentações impecáveis em um local organizado e com aparelhagem profissional e equipe competente. Os portões se abriram às 19:00 e por volta de 20:00 a bruxa Witchhammer subiu ao palco para um retorno pós pandemia com direito a apresentação de nova formação e comemoração do relançamento do clássico álbum Mirror My Mirror, ano passado pela Cogumelo Records. Para a bateria o Witchhammer trouxe de volta Alfredo Malagoli no lugar de Teddy, o guitarrista Kiko Ianni (ex Mutilator) e nos vocais femininos Larissa Alencar, um dos destaques da apresentação ao lado dos velhos de guerra Casito (baixo e vocal) e Paulinho (guitarra e vocal). Com muito carisma por parte do vocalista a banda tocou o álbum quase na íntegra, com muita energia, com destaque para as melhores músicas da carreira da bruxa, Mirror My Mirror e A Party For the Sunrise que abriu a pancadaria. Engana-se quem pensou que Larissa cantaria apenas na introdução destas músicas, pois a moça mandou backing vocais nervosos nas outras faixas também, além de banguear como louca. Sua voz no início de "A Party..." ficou perfeita, como se ela tivesse gravado o original. Outra que foi de encher os olhos foi "From A Suicide Man To God", poucas vezes tocada pela banda e um dos pontos altos do álbum. Pra não ficar apenas em Mirror a banda também levou Ouija Board do álbum Ode To Death de 2006, que ao vivo tem um peso descomunal e soou muito bem, além de "The Leather Boy" do sensacional Blood On The Rock de 1992. Espero que a banda faça um show de comemoração dos 30 anos deste álbum tocando outros clássico fenomenais como Terrorist Prize e Path to the Cemetary em outras oportunidades. Grande Witchhammer. Depois foi a vez do Torture Squad. Confesso que esperava que a banda fosse se concentrar no álbum "Far Beyond Existence", por ser o único full gravado com a vocalista Mayara Puertas, mas para felicidade geral da nação a banda desfilou clássicos de todas as fases, abrindo com "The Unholy Spell", e detonando outros clássicos como "Living For The Kill", "Raise Your Horns", "No escape From Hell" que ao vivo foi um soco no estômago bem maior que no álbum de 2013, "Blood Sacrifice" e até uma música nova, onde Mayara canta algumas partes com voz limpa. Uma parte engraçada do show foi quando a vocalista perguntou quem sabia qual álbum da banda estava fazendo aniversário este ano (hehe) e bem, todos estão não é? Mas ela emendou com a preciosidade "The Curse of Sleepy Hollow" que fecha o destruidor álbum Pandemonium de 2003. Mayara é um ótima frontwoman, agita bastante, tem o público na mão e ótima voz, que venha um novo trabalho do Torture Squad. Pra fechar a noite a entidade do death metal, o Krisiun, promovendo seu mais recente álbum, Mortem Solis, lançado ano passado. Quem já assistiu a uma apresentação do Krisiun sabe que o rolo compressor do trio de irmãos passa destruindo tudo, não deixando pedra sobre pedra, e desta vez não foi diferente. Mesmo com o guitarrista Moyses Kolesne (com camisa do Sarcófago yeah) não muito satisfeito com a aparelhagem, por algum problema que não afetou em nada ao público, mas com Alex Camargo se mostrando sempre grato e satisfeito por estar mais um vez em Belo Horizonte. Algumas porradas como Bloodcraft (que início) a nova "Serpent Messiah" o cover de Ace of Spades do Motörhead que deixou a galera mais que feliz da vida e o bis pedido com o resto de voz das criaturas noturnas presentes para "Black Force Domain" fechando uma noite sensacional, com Max Kolesne mais uma vez parecendo ter 4 braços e tocando na velocidade da luz, e um som de baixo tão nítido e arrasador que particularmente me fez gostar ainda mais deste instrumento. Uma noite sensacional com 3 bandas muito profissionais, com carreiras consolidadas e álbuns importantíssimos no cenário metálico mundial, que vai ficar na memória de todos que enfrentaram trânsito ruim, chuva e uma cidade com cheiro de carnaval por toda parte. 

20 anos de We've Come For You All do Anthrax!!!


Que bom que toda aquela dor de barriga que a banda teve nos 2 álbuns anteriores foi por esgoto abaixo e o Anthrax novamente gravou um álbum digno de sua história como uma banda do Big 4, mesmo que este título não signifique nada além de uma turnê. Bom mesmo para acabar com o estigma de que a culpa seja do vocalista John Bush, porque na realidade o vocal do cara é sensacional, mesmo que não seja categoricamente thrash. "We've Come For You All" pode não sobrepor "Sound of White Noise", que na minha opinião é um dos melhores trabalhos da banda, mas chega bem perto de ser um dos melhores da fase Bush. A produção está ótima, e a capa também uma das melhores em muitos anos. Este pode não ser um álbum para o mosh ou headbanging mas é muito gostoso de ouvir, começando pela pesada "What Doesn't Die" que mantém um pequeno resquício de industrial, mas que felizmente são apenas resquícios. "Superhero" não é grandes coisas por apresentar um instrumental bem próximo de bandas new metal farofa, aquelas que suavizaram seu som pra fugir de um estereótipo e só conseguiram ficar mais melosas, mas a faixa "Refuse To Be Denied" corrige a situação e é um dos melhores momentos do álbum. "Safe Home" e "Any Place But Here" seguem um estilo mais calmo e até um pouco melancólico, mas o solo de bateria em forma de música de Benante na diferentona "Nobody Knows Anything" retoma o astral para a excelente "Strap It On" com participação do guitarrista Dimebag Darrel, isso, um ano antes de seu trágico fim. Outra que merece citar é "Black Dahlia", que apesar de alguns efeitos vocais, temos blast beats insanos, e "Think About An End" que intercala estrofes bem cantadas a solos a la Maiden. Grande álbum que não passa despercebido na carreira dos americanos liderados por Scott Ian. E a faixa título que tem apenas as iniciais das palavras e fecha o álbum também agrada muito.

 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

20 anos de Sumerian Daemons do Septic Flesh!!!


O Septic Flesh da Grécia cresceu muito nos últimos 15 anos, a partir do álbum "Communion". Mas 5 anos antes dele, tivemos o lançamento de "Sumerian Daemons", que está comemorando bodas de porcelana, ou 20 anos de lançamento, como quiser. Gravado nos estúdios Fredman da Suécia e primeiro e único lançado pela Hammerheart, após uma parceria duradoura com a Holy Records. Já os anos de maior reconhecimento vieram com a "Season of Mist", com uma distribuição bem mais ampla, o que pode explicar este crescimento dos gregos. Mas e o som de "Sumerian Daemons"? Ignorante, é o que podemos dizer. Um Death Metal brutal debaixo de camadas góticas, como se um ogro pudesse sair das entranhas de uma donzela, e às vezes eles saem mesmo. Temos variações de harmonia, como se o ogro sofresse de dupla personalidade, como se um Dr. Jekyll se transformasse no Mr. Hyde num piscar de olhos, sem sofrer com a transição. Baterias insanas, baixo socado, riffs pesadíssimos e teclados e orquestras transformando cada nuance do álbum em um filme de terror. Os vocais femininos da convidada Natalie Rassoulis aparecem em momentos oportunos para te regozijar e lembrar que a beleza mórbida da música feia, rebelde e agressiva, existe, e somente os loucos que compreendem um pouco mais do mundo que nos cerca podem apreciar. Os vocais de Spiros são extremos e soturnos e fazem jus ao estilo raiz da banda, que é o Death Metal. Mesmo que o som deles vá muito além disso. Eu ainda tenho "Titan" e "The Great Mass" como favoritos do Septic Flesh, mas "Sumerian Flesh" é um dos grandes destaques da discografia e vale muito a pena conferir.

 

sábado, 4 de fevereiro de 2023

20 anos de World Funeral do Marduk!!!


"World Funeral" foi o primeiro álbum do Marduk que eu adquiri, mas conheci a banda pelo "La Grande Danse Macabre", lançado 2 anos antes. Temos a tendência de gostar mais das primeiras impressões, mas não acredito que é só isso que torna "World Funeral" o melhor álbum da discografia dos suecos. Primeiro que foi neste álbum que os músicos aprenderam a balancear as músicas rápidas e as mais arrastadas, Anteriormente era tudo muito veloz, como no apocalíptico "Panzer Division", até que resolveram meter o pé no freio e gravar um álbum que soa muito arrastado como foi em "Grande Danse", mas neste play aqui temos um meio termo entre músicas extraordinariamente rápidas e de riffs cortantes como na abertura com "With Satan and Victorious Weapons" e a morbidez arrepiante de faixas como "Bleached Bones" ou a nojenta "Castrum Doloris". Ponto mais que válido para não deixar que um álbum caia na mesmice. Outro fator que faz deste opus um "masterpiece", é a formação. Morgan na guitarra, Emil Dragutinovic substituindo Fredrik Andersson na bateria, B.War no baixo e um dos melhores vocalistas de black metal, Legion! O cara não é a perfeição no sentido de uma vez sem falhas, mas sua presença de palco, o visual e os berros esporrentos foram significativos para o estabelecimento da banda como uma das maiores do mundo dentro do metal negro. Sua caracterização facial baseada na personagem principal do filme "O Exorcista" de William Friedkin (1973) transmitia todo horror que o lirismo do Marduk sempre mostrou. E outro fator para mostrar o quanto "World Funeral" é especial, é que foi o álbum derradeiro com o frontman, encerrando um ciclo de 5 petardos definitivos para o metal extremo. "World Funeral" é um álbum a ser ouvido até o funeral do mundo.