domingo, 29 de outubro de 2023

20 anos de Pandemonium do Torture Squad!!!


Em 2014, quando listamos os melhores álbuns do metal nacional, Pandemonium estava na lista, e naquele ano, fizemos uma resenha para este álbum. Porém agora o petardo está completando 20 anos, e como de costume, não poderíamos deixar de estampá-lo novamente em nossas páginas oficiais. Quando esta bolacha saiu no mercado, elevou o status do Torture Squad de São Paulo à mais nova força do metal nacional, consolidando um momento de revitalização do metal nacional iniciado em 2000. Daí em diante, nestes 23 anos, o metal brasileiro se manteve forte, sempre apresentando lançamentos competindo com o resto do mundo, graças aos deuses do metal. Este trabalho é perfeito do primeiro segundo ao último riff, um opus de death thrash recheado de técnica, com riffs e viradas de bateria intrincados, e longe de ser meros brilhantismos individuais. Músicas carregadas de "breakdowns", riffs pesados, com uma timbragem seca e muito bem mixada, graças à produção no estúdio "Mr. Som", que deixou a produção a nível internacional. Os solos de guitarra de Maurício Nogueira voam, e a cozinha com Castor e Amílcar Cristófaro é afiadíssima, com músicas sempre dando aquele stop para o baixo aparecer. Vítor Rodrigues é um espetáculo à parte, alternando vocais rasgados e guturais com maestria, regendo a orquestra do caos com sangue nos olhos. Todas as faixas são matadoras, mas devemos destacar algumas, como a arrasa quarteirão "Horror And Torture", que abre o petardo após uma intro, quebrando tudo, com paradinhas, viradas e riffs que ficam reverberando na cabeça por muito tempo, e o refrão é pra cantar junto nos shows. "Towers On Fire" é daquelas que nos faz pensar que a técnica não precisa deixar o som chato, pois depende muito do bom gosto dos músico, e o Torture Squad consegue nesta música apresentar momentos super intrincados que são uma verdadeira apoteose da arte extrema. A faixa "Pandemonium" é outro grande destaque que alia bases thrash metal a refrões death metal e a sensacional "The House of Sleep Holow", gravada anteriormente para o projeto Hamlet, que reunia várias bandas do metal nacional para uma ópera rock, e é o momento mais thrash do álbum. "Pandemonium" é certamente um dos melhores álbuns lançados neste milênio do metal nacional.
 

domingo, 22 de outubro de 2023

20 anos de Works of Carnage do Krisiun!!!


Podemos começar a resenha de 20 anos de "Works of Carnage" dos brasileiros do Krisiun pela arte da capa, criada por Jacek Wisniewski (Belfegor, Decapitated...) e na minha opinião não condiz com a grandeza da banda. Não é ruim, mas passa aquela impressão de sobreposição de imagens criada em photoshop. Dito isto, passemos à música, que é mais um rolo compressor em forma de brutal death metal. Toda sessão rítmica se encaixa como um quebra cabeças intrincado de peças de ferro. A bateria de Max Kolesne é um ataque sonoro de guerra, enquanto os riffs de Moyses são debulhados no decorrer das faixas com precisão. Graças à boa produção, podemos ouvir muito bem o baixo de Alex Camargo pulsando como um coração, preste atenção em "Thorns of Heaven", faixa explosiva de abertura que quebra todas as cadeiras e mesa da sala. Algumas pessoas criticam o álbum pela duração, algo em torno de 32 minutos, e ainda conter faixas instrumentais dispensáveis e o cover previsível de "In League With Satan" do Venom. Olhemos pelo lado bom, que são as músicas matadoras dispostas, como a citada faixa de abertura, a quebradeira de "Wolfen Tyranny", "Sentinel of the Fallen Earth", com sua estrutura de faixa trabalhada para chamar atenção, e a minha preferida neste álbum, "Ethereal World", uma música impossível de ouvir sem bater cabeça, com duração de pouco mais de 2 minutos, mas que tem uma batida sensacional. Claro que não estamos falando do melhor trabalho da discografia do Krisiun, mas não podemos deixar de lado um álbum com músicas tão fodas, e que exala a fragrância de enxofre inerente ao death metal, mantendo o poderoso nome dos brasileiros no primeiro escalão do metal da morte mundial. Respeitem a irmandade!  

 

20 anos de Open The Gates of Hell do Mystic Circle!!!


O segundo álbum de death/black do Mystic Circle, depois da primeira metade de vida blasfemando através do black sinfônico, foi a consolidação de um som poderoso que se iniciou em "Damien" um ano antes. Com uma arte bem endiabrada criada por Anthony Clarkson (Fear Factory, Blind Guardian, etc;), em tons infernais com predominância de cores laranja, "Open the Gates of Hell" pode não ter aberto os portões lá de baixo, mas certamente fez a cabeça de muitos metalheads que apreciam um som desgracento e muito bem feito. As ideias presentes em Damien ganharam um status melhor, com uma riqueza de detalhes imprescindíveis para forjar um grande álbum. Temos passagens arrasa-quarteirão como em "Beyond the Black Dawn", incluindo "breakdowns" como se algo do bom thrash oitentista baixasse sobre os músicos. Por falar em thrash, em "Awaken By Blood" temos riffs de guitarra que também poderiam estar num álbum de thrash alemão, uma música furiosa e direta. Minha faixa preferida é a faixa título, que começa após a instrumental "Deadly Ghosts" para dar um up mórbido e depois entrar numa pancadaria magnífica, onde a banda intercalou partes mais cavalgadas a outras mais extremas. Já a urgência de "Book of Shadows", com Marc Zimmer gritando com seu vocal rasgado, contrapõe-se à beleza fúnebre de "Wings of Death", onde a banda lança mão como sempre, de um suporte de vocais femininos para criar um clima melancólico, que funcionou muito bem. Os riffs são o ponto forte deste álbum, algo necessário após a eliminação dos teclados que tinham papel importante em outras épocas, e agora se resume a intros e instrumentais. Pontos para o guitarrista Ezpharess. Mas a bateria de Alex Koch também mandou muito bem. Um trio afiado para a concepção de um petardo violento e muito bem feito. Excelente!!!   

 

domingo, 1 de outubro de 2023

20 anos de Heretic do Morbid Angel!!!


Uma das lendas do death metal americano, o Morbid Angel, chegava a seu 8º álbum completo em 2003, com uma formação que já estava calejada na estrada do metal extremo, com seu guitarrista líder Trey Azagthoth, o baixista e vocalista Steve Tucker e Pete "Commando" Sandoval socando a bateria e debulhando blast beats por todos os lados. "Heretic" não foge à regra de um bom petardo de metal da morte, com sua típica e reconhecível guitarra carregada de muito peso e arrastada em alguns momentos sendo a maior característica do Morbid Angel. Tucker continua urrando como um touro, ouça "Enshrined By Grace" e fique de beiça aberta com o vocal deste cara. Esta faixa também tem um solo de guitarra que destoa do instrumental brutal, pois é um solo bem viagem, e ficou muito legal este casamento trevoso. A batera nem precisa de apresentações, Sandoval destrói seu kit como um fiel representante do metal extremo, sem dó, sem pausa para respirar, é insanidade a cada virada e batida. No geral, este álbum se parece mais com "Blessed Are The Sick", se formos levar em consideração os clássicos da banda, e uma clara referência àquele play é a fortíssima "Curse The Flesh", mesmo que não tenha um riff autenticamente peculiar, ela tem toda estrutura que encontramos no álbum de 1991, e eu amo isso, pode ter certeza. Um ponto negativo de "Heretic" é o som praticamente inaudível do baixo, mas isso não é nenhum ingrediente exclusivo da receita de "Heretic", visto que o baixo muitas vezes desaparece em muitas obras. Gosto também de um pouco de variação dos vocais, como em "Stricken Arise", quando Tucker abre mais o gutural. Ok, algumas ideias neste trabalho parecem ter saído de uma sessão de narguilé, começando pela instrumental "Place of Many Deaths", totalmente desnecessária, assim como a sequência com "Abyssous". Além delas, temos um bando sobrenatural de vinhetas (24???) entre novas faixas instrumentais, no final do disco. Uma coisa meio sem noção, e que deve ser ignorada.