domingo, 26 de janeiro de 2025

20 anos de The Last Supper do Grave Digger!!!


Confesso que de início tive um pouco de dificuldade de gostar de "The Last Supper", décimo primeiro trabalho dos alemães do Grave Digger, lançado em 2005. Isso veio após algumas audições a "25 To Live", gravado ao vivo em São Paulo durante a turnê de "Supper" e por isso, com muitas músicas deste álbum no set. Hoje não posso negar que é um grande trabalho, não comparado a pérolas como "Tunes of War" mas ainda assim mantendo a banda relevante no cenário internacional. A intro "Passion" é bem melancólica, e emenda com a abertura igualmente triste da faixa título. É neste momento que você olha para a capa do álbum e incorpora a tristeza do filho de Deus que, desta feita representado sozinho, faz sua última ceia com a certeza de que o que lhe aguarda é a morte. Arrepios à parte, logo a música ganha um riff de peso estrondoso e com a ajuda de um refrão poderoso, se torna um dos melhores momentos do álbum. Na sequência temos uma porrada power metal chamada "Desert Rose", rápida com um belo solo de guitarra, serve para animar os ânimos e convida ao headbanging. "Grave in the No Man's Land", que abre o CD 2 do álbum ao vivo tem um riff muito metal, digno de bandas como o conterrâneo dos Diggers, o Running Wild. Ela tem um ritmo médio para rápido, sem muitos exageros, mas mantém a atenção de quem ouve o petardo em alta, enquanto Chris Boltendahl canta com charme metálico e seu tom rouco característico, nos dando vontade de pegar o encarte e cantar junto. Os riffs de Manni Schmidt continuam sendo despejados em "Hell to Pay" e "Soul Savior" é aquela música que poderia estar em qualquer um dos primeiros álbuns da banda, heavy metal de primeira, com refrão na medida. "Crucified", a música mais longa do álbum, tem um ritmo bem lento, mas o peso da guitarra e a forma como  ela muda depois dos 4 minutos para originar o solo não deixam que a faixa se torne enfadonha, além da interpretação de Chris que é bem interessante, considerando sua voz rouca e pouca convidativa a belas melodias, é um contrapeso interessante aqui. O álbum continua com as faixas "Divided Cross", "The Night Before", "Black Widows", "Hundred Days" e a balada "Always And Eternally". Mais uma obra do Grave Digger a passar no teste do tempo.

 

20 anos de Character do Dark Tranquillity!!!


O Dark Tranquillity sempre foi uma das melhores bandas do death melódico da Suécia, em minha opinião. Com uma carreira iniciada em 1991 e hoje com 13 álbuns de estúdio, é natural que uma banda tenha seus altos e baixos, porque agradar a gregos e troianos o tempo inteiro é tarefa impossível. E mesmo que meu álbum preferido destes caras seja o "Projector", um dos trabalhos mais diferentes de sua carreira, não dá para dizer que "Character", seu sétimo opus, não seja um grande trabalho. Muito pelo contrário, ele se sobressai a Haven e Damage Done, seus predecessores. O motivo é simples. Character é mais pesado e menos melódico que eles. Ainda existe um pequeno flerte com o eletrônico, e muitas melodias de teclado, muito bem executadas por Martin Brändström, algumas vezes empregando uma nuance estelar como em "Out of Nothing", e outras soando mais sinistro e melancólico como em "The Endless Feed". Mas o teclado é indispensável em um trabalho como este, e ele consegue um grande destaque, mesmo que tenhamos riffs de guitarras por todos os lados, são os teclados que dão vida a este lançamento. Ok, outro ponto fortíssimo aqui é o vocal de Mikael Stanne. Mesmo abrindo mão das vozes limpas, ele está rosnando como um bom cão de raça, e outro vocalista não teria feito melhor nesta peça. Ele consegue soar raivoso nos momentos mais agressivos e maquiavélico nas pausas melódicas. Em "Character", mesmo que os riffs de Martin Henriksson e Niklas Sundin fiquem repetitivos algumas vezes, a banda tentou imprimir características próprias a cada faixa, motivo de destaque para os teclados, mas algumas faixas como "Am I 1?", com uma veia mais melódica, provoca sensações que podem ser desconforto ou júbilo, dependendo do ouvinte, e isso por si só já mostra que a banda procura um diferencial, ao invés de soar igual do primeiro ao último riff. A arte da capa é bem interessante, com aquela imagem de tecnologia futurística em declínio e abandono. "Character" é um dos melhores trabalhos de Dark Tranquillity? Ouça, caso não o conheça e responda. Em minha opinião, ele é sim um dos melhores. E já está a 20 anos por aí sem soar enjoativo. 



 

domingo, 19 de janeiro de 2025

20 anos de Enemy of God do Kreator!!!


Quatro anos após meter novamente os pés no Thrash que o projetou para o mundo, com "Violent Revolution", o Kreator da Alemanha retornava com mais um petardo, agora denominado "Enemy of God". Lançado pela Steamhammer e produzido por Andy Sneap, o 11º trabalho de estúdio da banda de Mille Petrozza e Ventor, acompanhados de Giesler no baixo e Sami na 2ª guitarra, veio carregado de expectativas de sua legião, se a banda manteria a sonoridade clássica ou voltaria a incorporar elementos eletrônicos ou góticos em sua música. Para a felicidade geral da nação, "Enemy" é um petardo genuinamente thrash, mesmo que uma veia melódica um tanto excessiva o assombre durante seus 55 minutos. O som das guitarras é pesado e possui algum groove, uma gordura que te lembra que os tempos de Coma of Souls jamais voltarão, então, se você odeia o peso que bandas como Machine Head imprime ao seu som, há aquele risco eminente de se recusar a apreciar esta obra, mesmo que as músicas de Kreator sejam mais extremas e também mais rápidas. O vocal gritado de Mille ainda é excepcional, então não há o que reclamar disso. E algumas estruturas são bem mais complexas, como podemos conferir em "Dying Race Apocalipse", uma música que começa com muita melodia, mas ainda tem um peso fenomenal, e que eu acho que serviu para ditar as regras do que o Kreator viria a fazer em álbuns futuros. o trabalho é bem homogêneo, mesmo que as músicas não soem iguais, mas temos alguns destaques individuais. "Dystopia" e "Suicide Terrorist" podem ser lembradas de imediato, após uma audição atenta do play, principalmente esta segunda com sua agressividade estonteante. Mas o ponto alto mesmo fica por conta das 2 faixas de abertura. A música "Enemy of God" que foi a faixa com vídeo clipe usada para promover o trabalho, é um arrasa quarteirão que abala as paredes do quarto. Ela é extrema e raivosa, como há muito não se ouvia do Kreator, e as imagens do vídeo ajudam a criar este estigma maligno da música que critica tanto as religiões quanto os governos do mundo. Em seguida temos a sensacional "Impossible Brutality", emendada na primeira por viradas de bateria, com uma estrutura mais elaborada, privilegiando o peso e uma letra apocalíptica sobre alienação e escravidão. Imperdível. Temos a participação do guitarrista Michael Amott (Carcass e Arch Enemy) no solo da música "Murder Fantasies". A arte da capa mostra a cabeça do tradicional mascote do Kreator, numa mistura de aparelhos eletrônicos e seria uma arte melhor sem aquelas imagens à esquerda da cabeça. "Enemy of God" não supera "Violent Revolution", mas é um álbum muito acima da média, com uma nova abordagem musical dos mestres do thrash alemão, sem experimentações como nos anos anteriores, mas ainda mostrando uma banda muito relevante no cenário, e mantendo sua base de fãs empolgados e felizes com a volta definitiva ao estilo que todos amam.

 

domingo, 12 de janeiro de 2025

20 anos de Test of Fire do Vulture!!!


O Vulture é uma banda de death metal da cidade de Itapetininga, que fica a mais ou menos 180 km da capital São Paulo, e começou sua trajetória em 1995 com a alcunha de "Damnation", mudando para Vulture no ano seguinte, quando gravou sua primeira demo de forma independente com 7 músicas, incluindo uma versão de "Countess Bathory" do Venom. "Test of Fire" saiu pela Die Hard em 2005, conhecido selo nacional, e foi muito bem recebido pelos fãs de metal da morte. Formada por Yuri Schumamn na guitarra, e os irmãos André Xavier na bateria e Adauto Xavier se ocupando provisoriamente no baixo e guitarra e vocais, a banda nomeou seu debut de forma criativa, afinal de contas toda estreia é uma prova de fogo para qualquer banda, pois ela determina se a banda tem um futuro, ou morre após o primeiro ato. Neste caso, "Test of Fire" passou no teste, pois a banda já conta hoje com 5 full albuns nestes 20 anos. A arte da capa é simples, com um crânio chifrudo abaixo do logo da banda em destaque com formas tribais ao fundo, num misto de vermelho e amarelo. Mas se você prestar mais atenção verá uma massa de corpos ao fundo. As letras são um tanto filosóficas e seguem a tendência de questionamento da fé. As músicas são extensas, entre 6 e 7 minutos, com muitos riffs de guitarra, e é impossível não lembrar de Amon Amarth ao ouvir o Vulture. Hoje em dia, a banda sueca já tem seu extenso séquito, quase na mesma proporção que um bando de haters, devido a coreografia que seus fãs fazem nas apresentações, quando todos se tornam vikings por uma hora, mas em 2005 a banda poderia ser lembrada como referência sem nenhum risco. Os vocais de Adauto seguem a mesma linha, aquele gutural compreensível e forte, que abala estruturas, enquanto os riffs pesados e o tempo todo se alternando mostram uma banda que ensaiou e tocou muito antes de gravar seu álbum. Em alguns momentos o som fica bem melódico, como no final de "Walls of Flesh" e em outros mais raros, temos um som mais cadenciado, como em "Vicious Void", onde o som do baixo fica mais em evidência. Também temos uma letra em português, a "Empalação Brutal", pra galera que gosta de cantar junto. O Vulture começou sua jornada com força e uma pegada longe de se mostrar principiante. 

 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

20 anos de Anno Aspera: 2003 Years After Bastard's Birth do Barathrum!!!

 


Fico me perguntando porque diabos um álbum com este nome foi lançado em 2005, ou seja, 2 anos depois daquilo que o título sugeria. Enfim...este "Anno Aspera: e tal" era o oitavo álbum da banda finlandesa Barathrum. Fazendo um comparativo com alguns dos últimos trabalhos, este play resgata um pouco mais da raiva e sujeira que os primórdios da banda traziam, sem músicas de astral elevado, como encontramos em "Saatana" por exemplo. O início com "Antikristus Neutrostar" já revela uma banda com a capirotagem renovada na fila do chifre. Parece uma centena de demônios gritando, dando risadas e gemidos, até que todos conseguem gritar o nome da intro em uníssono, uma coisa bem arrepiante que incomoda de cara qualquer ouvinte. As músicas seguem o padrão Barathrum. Nada excepcionalmente rápido, a maioria das músicas naquele ritmo mediano, exceto a última faixa, "Anno Aspera" que tem uma vibe quase funeral doom em sua primeira metade. Os instrumentos (baixo, guitarra e bateria) estão bem definidos pela mixagem, e mais sujos também, mostrando uma aura maléfica mais apurada. As músicas, mesmo que a banda se esforce para imputar uma característica própria em cada uma, no conjunto da obra acabam soando muito homogêneas, sem que alguma nos chame atenção de imediato. Talvez "Angelraper" com sua agressividade e retidão seja a candidata a isso, mesmo que a banda não lance mão de nenhum artefato, instrumento ou voz diferente para posicioná-la em algum pódio. A capa do opus também é bem direta e crua, com a cor preta predominante e destacando o logo vermelho em chamas. Um ponto negativo para ele, e algo não muito importante pra quem vive do lado ocidental de cá, são as letras obscenas e blasfemas, que deixaria qualquer músico do funk carioca envergonhado. Se você costuma ofender os amantes do funk (e não estou defendendo este estilo nojento) dizendo que suas letras só têm putaria, repense conhecendo algumas letras de alguns álbuns de metal extremo como "Anno Aspera".