"Stabbing the Drama" é o sexto álbum de estúdio dos suecos do Soilwork, um dos principais nomes do death melódico mundial. E um dos mais massacrados pela crítica de bumbum atrás dos PCs. É compreensível que alguns fãs tenham torcido um pouco o nariz para o direcionamento de "Stabbing the Drama", uma vez que a banda se afastou um pouco do death melódico aqui e encheu o peito de ar metalcore americano. A veia progressiva foi meio que deixada de lado e os vocais de Speed Strid não estão muito rasgados, mas gritados com raiva. Essas mudanças foram ruins? Foram boas pra caraca, criaturas! As músicas ganharam uma objetividade muito maior, com construções nem tanto simplistas, mas ainda assim num direcionamento mais metal bate cabeça que outrora, independente das passagens com vocais limpos, que servem muito mais para criar refrãos instigantes e um tanto dramáticos. A arte da capa, com o punho segurando uma faca, asas e chamas ao fundo, remete a um estilo revolucionário, e acompanha a simplicidade que a música tentou imprimir, e não é que o som também foi uma revolção dentro da discografia do Soilwork? Uma nova troca de baterista, com a entrada de Dirk Verbeuren (atual Megadeth) pode ter contribuído para esta pegada mais metal da banda e fica difícil citar destaque em um trabalho tão homogênio. Talvez "Fate In Motion" e "If Possible" não estejam tão bem no nível das demais, porém o restante do trabalho é bem forte, pesado e agressivo. Mas assim mesmo vou citar uma faixa não muito falada que acho sensacional neste play que é "Stalemate" e a inversão de vocais limpos/agressivos que Strid faz no refrão ficou perfeita. Os guitarristas Peter Wichers e Ola Frenning despejam riffs muito bem projetados, ao passo que já não mandam aqueles solos magníficos da era "Natural Born Chaos". Ola Flink continua aparecendo pouco com seu baixo, e os teclados de Sven Karlsson foram um pouco mais explorados, o que pode parecer uma contradição na mudança do som da banda, mas agora eles tendem a destoar mais das guitarras mais pesadas. Eu não sou fã de Metalcore, salvo raras exceções, mas a mudança neste play foi muito bem vinda.
sábado, 22 de fevereiro de 2025
sábado, 15 de fevereiro de 2025
20 anos de Rogues En Vogue do Running Wild!!!
Então descobrimos que os piratas envelhecem e cansam, e aquela antiga crença de que o rum conserva em parte sua juventude acaba sendo suplantada por um álbum alemão de "quase" power metal chamado "Rogues En Vogue". O álbum foi o décimo quarto da carreira do Running Wild, lançado em 2005 e nem mesmo a arte estranha da capa consegue erguer a moral desta peça. Não é um trabalho que soa ruim, ele apenas parece o fruto de uma árvore cansada. A abertura com "Draw The Line" agrada, mesmo que a produção possa ter falhado em algum ponto, pois o som não soa aberto, tem um certo tilintar de paredes metálicas, como uma estação abandonada no subsolo de alguma história pós apocalíptica de Stephen King. Mas a guitarra e a voz de Rock 'n Rolf (ou Rolf Kasparek, como preferir) são perfeitamente distinguíveis como sendo o Running Wild, e assim sempre foram, louvado sejam os deuses dos mares. A sequência com "Angel of Mercy" tenta seguir a mesma linha, com a bateria alguns BPMs mais rápida, mas peca pelo refrão um pouco irritante. Rolf sempre foi o dono da banda, e na época do lançamento deste álbum ele tinha apenas 43 anos, bem jovem para um pirata, mas com a longevidade da carreira da banda, já deveria ter uma visão de que precisava se cercar de novos músicos para manter seu som relevante. Mas como pirata dominador, seus ciúmes da embarcação que comanda não permite que alguém cheque perto do timão, nem por um segundo. A bateria programada é o maior exemplo disso, uma vez que ela soa simples e sem vida (o que é mesmo), e o baixista Peter Pichl que gravou apenas 4 faixas do petardo não foi suficiente para impedir o naufrágio em alto mar. Mas eu repito, não é um álbum ruim, mas é morno, e vai alegrar aquele churrasco com os amigos numa tarde quente de sábado. Algumas músicas mais rápidas e vocais mais enérgicos talvez tivessem melhorado o ranking dentro da discografia. Ouça as faixas citadas e "Skull & Bones"!
sábado, 8 de fevereiro de 2025
20 anos de Harnessing Ruin do Immolation!!!
O sexto álbum de estúdio dos americanos do Immolation, "Harnessing Ruin", lançado em 2005 pela Listenable Records, foi o primeiro trabalho dos caras a dividir opiniões, com críticas mais severas ao death metal praticado por eles. Primeiro porque ele veio logo após um trabalho cultuado como "Unholy Cult" (perdão pelo trocadilho, não foi proposital). Segundo que alguns fãs culparam a troca de bateristas, com a saída de Alex Hernandez e a entrada de Steve Shalaty. Eu já prefiro direcionar a culpa a um cara fora da banda, chamado Paul Orofino, produtor quase um 5º elemento do Immolation que produziu e mixou vários de seus trabalhos, mas que fez um trabalho bem abaixo da média em "Harnessing Ruin". Tudo está bem abafado, contribuindo para uma suave torcida de nariz. Tudo bem que os guitarristas Robert Vigna e Bill Taylor também não estavam lá muito inspirados neste período. O álbum até apresenta bons momentos, como na abertura com "Swarm of Terror" ou naquelas puxadas de cordas de "Challenge the Storm". Tirando essas duas músicas, o restante é bem mediano. Vi muitas pessoas criticando os solos de guitarras, mas creio que estão enganadas. Podem não ser os solos mais versáteis das galáxias, mas eles acabam salvando algumas músicas. "Dead to Me" poderia ser citada como um destaque, mas ela será citada como uma tentativa de fugir da mesmice, com aquele vocal sussurado e enfadonho de Ross Dolan, sobre um dedilhado que passa longe do death metal tradicional. O som proposto pela banda, um death com bases bem complexas, tocadas de traz pra frente e sem nenhum nexo (proposital é bom que se fale), já é motivo para não cair de cara com sorriso no rosto, mas sim com um pé atrás. E quando esse som não é realçado por uma gravação decente, e muito menos por músicos bem inspirados, a audição se torna um martírio. Me martirizei umas 6 vezes essa semana para tentar soar mais positivo, afinal o Immolation merece uma resenha bacana. Mas não consegui.
domingo, 2 de fevereiro de 2025
20 anos de Arcane Rain Fell do Draconian!!!
Para o segundo e fundamental álbum de estúdio da banda sueca Draconian, "Arcane Rain Fell", de 2005, a banda perdeu um de seus guitarristas presente no debut, Magnus Bergström, e trocou de baixista, retornando Jesper Stolpe, que havia gravado as demos da banda, de 96 a 2002 e não participara do debut em 2003. O que percebemos de "Arcane..." em relação a "Where Lovers Mourn" é que a banda deixou praticamente de lado as influências góticas e carregou no peso death/doom. Quando adquiri este opus e conheci o Draconian, costumava dizer que ele é a perfeita junção de My Dying Bride e Theatre of Tragedy, porque tinha o peso e morbidez dos trabalhos mais pesados dos ingleses, e a voz angelical feminina dos noruegueses. O início com a faixa "A Scenery of Loss" é inesquecível. Aquele som de trovões e chuva enquanto uma guitarra extremamente triste ganha volume é uma das introduções mais bonitas que já ouvi e marca completamente este álbum logo de início. O peso da guitarra de Johan Ericson é estonteante, baixo e bateria (Jerry Torstensson) ajudam no carregamento do peso e o vocal gutural de Anders Jacobsson tem a agressividade necessária para enaltecer os sentimentos furiosos que os temas de revolta em relação ao divino pedem, enquanto muitos momentos falados complementam a tragédia. Os teclados de Andreas Karlsson conseguem criar uma atmosfera perene que em nenhum momento rouba a cena. E a doce voz de Lisa Johansson quebra a imundície da escravidão subterrânea e rastejante dos lamentos, transportando o ouvinte a um estado flutuante e purgatório, derrubando todas as armas erguidas em busca de sangue. Ela é a brisa suave em meio ao caos de uma terra devastada pelos ataques de uma natureza cansada de ser molestada e ultrajada pelo homem. A voz de anjos, erguidos e caídos, quando o ser humano não sabe mais a qual divindade servir, aos céus ou aos infernos. A arte da capa, em indispensáveis tons de cinza, mostra um anjo sentado abaixo de uma árvore sem folhas, debaixo de uma tempestade, com a cabeça apoiada em uma das mãos, e um semblante de desolação de dar pena. Com exceção da primeira faixa, o restante do material não precisa apresentar destaques, pois o Draconian descobriu a poção mágica da alquimia, e transformou um álbum de death/doom metal em ouro puro. "Arcane Rain Fell" não é apenas indispensável em qualquer coleção dos amantes deste estilo. Ele veio para ficar num patamar tão elevado, que mãos impuras jamais poderão tocá-lo.
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