A banda belga Aborted lançava em 2005 seu quarto registro, intitulado "The Archaic Abattoir". Quero começar pela arte da capa. Lançado no Brasil pela Malignant Art sob licença da Listenable Records, a cópia que tenho em mãos vem envolta em um belo slipcase, com uma arte totalmente diferente da capa original, algo muito enriquecedor que venho falando constantemente. Selos, lancem splicases com uma arte diferente da capa do encarte, isso é fantástico para os colecionadores. Neste caso, temos um "doutor" mascarado com uma serra elétrica pronto pra dividir um corpo, enquanto o slipcase mostra o lado externo da construção onde se dá a cena. Tudo naquela aura de jogos modernos de terror, mas mesmo assim casando perfeitamente com o som brutal do Aborted. A pancadaria come solta no petardo e se você não prestar atenção vai terminar os 36 minutos do álbum achando tudo a mesma coisa so início ao fim. Ok, os caras não criaram alguns hits em meio a preenchimentos, isso é coisa de banda de hard rock, mas podemos perceber particularidades que definem cada música como única, mesmo que todos toquem o mais brutal que sabem. "Hecatomb" por exemplo tem uns breakdowns que os fazem se aproximar do deathcore, além de um riff no final muito thrash metal, enquanto a excelente "Gestated Rabidity" tem alternâncias expetaculares e um solo de guitarra que se não tem nenhum super poder, consegue carimbar a faixa com uma melodia que diz: "I don't give a fuck" pra qualquer um. "The Gangrenous Epitaph" tem um peso avassalador, com andamentos um pouco mais contidos, como um cruzamento de Gorefest com Carcass. Os vocais de Sven duelam entre o ultra gutural, que eu acho mais legal, e o gritado, que acaba dando uma pegada metal core ao som em alguns momentos. Outra faixa matadora é "Threading on Vermillion Deception", com sua letra em torno da necrofilia, mas um instrumental tão coeso e doentio quanto sua letra. Enfim, não ouça "The Archaic Abattoir" fazendo aquela faxina na casa. Pare e preste atenção nos riffs, nos vocais, na bateria destruidora. Certamente encontrará um álbum poderoso, uma ameaça aos ouvidos sensíveis.
domingo, 15 de junho de 2025
segunda-feira, 2 de junho de 2025
20 anos de Command To Charge do Suidakra!!!
Eu, particularmente, sempre achei "Command to Charge" o trabalho mais diferente da banda alemã Suidakra. Com um início bem calcado no black/folk, a banda liderada por Arkadius gravou no final de 2004 e lançou em 2005 seu sétimo trabalho, com a pegada mais melodic death possível. Nem os solos de guitarra mais folk conseguem deturpar a sensação de um som calcado em Gotemburgo, e a música "Second Skin" é um exemplo perfeito desta afirmação, tanto em seu título, que remete verdadeiramente a uma segunda pele apresentada pela banda, como o som diferente de outrora, como em suas bases death, seu belíssimo solo tipicamente celta e os vocais limpos que bandas como In Flames e Soilwork tanto imprimiram em seu som naquele período. Temos instrumentais mais folk para quebrar o clima, momentos deliciosos, que se não forem sublimes, conservam a etiqueta original da banda, como "A Runic Rhyme" e "Haughs of Cromdale". A capa do play, criada por Kai Swillus, me incomoda bastante, apesar dos tons azuis que tanto gosto, mas achei a caveira muito digital, e me faz lembrar bandas de metalcore, arte bem aquém da que ele criou para "A Light in the Dark" do Metal Church. "Gathered in Fear" já é um belíssimo tema folk, cantada com a voz limpa do guitarrista Matthias Kupka sobre cordas acústicas, dando aquele toque existencial de floresta que toda banda deste segmento adora presentear seus fãs. "Dead Man' s Reel" é uma música que lembra música tradicional escocesa e é um dos momentos que faz você se esquecer do death melódico por 4 minutos, o que é bem legal. Tenho que admitir que taxar "Command to Charge" como um álbum de melodeath é algo puro e crucialmente um sentimento de recordação, nascido em meu âmago há 20 anos quando comprei este álbum pensando nas maravilhas de "Lays From Afar" e mais precisamente no inquestionável "Emprise To Avalon", mas quando o laser destrincha as ranhuras do CD, este sentimento fica relegado a segundo plano, uma vez que o sétimo filho do Suidakra joga tanto no ataque quanto na defesa, e hoje, proporciona momentos muito mais eficazes que na época de seu lançamento. Essa dualidade pode ser identificada na faixa que deveria fechar o trabalho, não fosse uma hidden track, a "The End Beyond Me", que esconde um final que apresenta após alguns segundos a vocalista Tina Stabel em "Moonlight Shadow", bem interessante e encantador, e dali em diante ela faria várias participações nos álbuns da banda. É necessário dar uma chance a este play, caso não o tenha ouvido nestes últimos anos.
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