Parece que foi ontem que eu e meus amigos ficamos numa grande expectativa quando soubemos que o Metallica iria lançar seu segundo registro oficial ao vivo, já que o primeiro, Live Shit, Binge And Purge de 1993, era muito difícil e salgado para nossos bolsos. E como tudo na vida, quando a expectativa é grande, a decepção pode ser irreparável. Foi o que senti ao ouvir o álbum pela primeira vez. O álbum duplo foi gravado junto à Orquestra Sinfônica de São Francisco, e por isto intitulado S & M ( Symphony and Metallica ), com a condução do maestro Michael Kamen, falecido em 2003 por causa de uma esclerose múltipla. Kamen também trabalhou no vídeo "The Wall" do Pink Floyd, além de ser o responsável por algumas trilhas sonoras clássicas do cinema, como Máquina Mortífera, Duro de Matar e X Men. Poxa, então por que a decepção com a união de 2 lados tão gabaritados assim? É que quando se pensa em Metallica ao vivo, o peso que sempre se eleva num show do quarteto é o que mais esperamos, e o peso ficou meio apagado em meio às orquestrações, mesmo que em alguns momentos, dá até pra esquecer que ela esteja lá, porque realmente não ficaram tão evidentes, principalmente em músicas dos 2 últimos álbuns de estúdio, Load e Reload. Deram uma repaginada drástica em clássicos como For Whom The Bell Tolls e a bela instrumental The Call of Ktulu, não que pudessem melhorar aquilo que não tem como melhorar, como os clássicos do Ride The Lightning, mas nestas faixas realmente deu pra sentir um trabalho bem pensado. Senti falta especialmente de duas canções que caberiam perfeitamente neste formato, que são Fade To Black e Welcome Home, mas pelo menos Nothing Else Matters e Until It Sleeps estão lá pra representar as baladas pesadas tão especiais da banda. Só que ainda existem The Unforgiven, Mama Said....Tudo bem, talvez minha decepção (na época) tenha me afastado deste álbum, na verdade não o tenho em minha coleção nem me lembro de tê-lo ouvido nos últimos 15 anos, a não ser hoje para fazer esta resenha, é claro, mas estes dias vi a postagem de um fã que tem (se contei direito) 26 versões de S & M 😱😱😱. Pra mim, deu foi vontade de ouvir de novo, com o volume no talo, os álbuns de estúdio.
sábado, 30 de março de 2019
domingo, 17 de março de 2019
20 anos de Code Red do Sodom
Para quem insiste em denegrir os anos 90 citando apenas trabalhos fracos de alguns medalhões, a banda de Tom Angelripper deu um soco na cara de todos eles com este álbum simplesmente destruidor. Para muitos fãs, Code Red é o Reign In Blood do Sodom, e não é apenas por sua importância na discografia da banda, mas pelo timbre das guitarras e solos presentes de cara na faixa título, que destrói tudo e ainda tem aquela parte Thrash Cavalgada que arrasa tudo no mosh. Em What Hell Can Create temos uma pancadaria desenfreada, mas nas mais cadenciadas a banda realmente impõe respeito, como na sensacional Tombstone com seu início numa batida pesadíssima de Bobby Schottkovsky e também em Cowardice, que avança para algo mais veloz e volta como um rolo compressor com muito peso, e que peso.
Bernemann criou riffs insanos no play, como em Visual Buggery. Destaque também para a arte da capa, que ficou muito bonita e detalhada, numa bela combinação entre azul e vermelho. São 20 anos de Code Red e quase 40 anos na ativa (pqp). É até difícil de acreditar, mas o Sodom ainda tem lenha pra 🔥 queimar fácil, fácil.
sábado, 9 de março de 2019
20 anos de Endorama do Kreator
Mesmo que o vocalista e guitarrista do Kreator, Mr Mille Petrozza, afirme que a sonoridade encontrada em clássicos posteriores como Enemy Of God e Hordes Of Chaos só foi possível depois do lançamento de Endorama, não tem jeito. Este álbum que completa 20 anos sempre vai ser lembrado como o patinho feio da banda, mesmo que Cause For Conflit com toda sua sujeira industrial também esteja lá, rastejando no porão da discografia dos alemães como um monstro faminto. Mas ouvindo Golden Age, a faixa que abre o Gothic Thrash dos rapazes, não é aquela coisa que faz o nariz torcer a ponto de dar câimbra. A produção é boa, bem melhor que Renewal e Outcast por exemplo, os vocais de Mille (quando agressivos) estão bons, o início do solo assusta pois parece que vai rolar uma desafinada clássica e de repente o trem volta aos trilhos. A faixa título que ganhou um vídeo clipe ultra gótico com a participação mais que especial de Tilo Wolff do Lacrimosa e satisfez todas as necessidades e ansiedades Dark de Mille, hehe. Shadowland vem bem no estilo Outcast, que é um grande álbum, é energética e possui um andamento mais conservador dentro do Thrash Metal. Chosen Few é a outra faixa a ganhar um vídeo, e ela agrada muito mais aos amantes do Paradise Lost daquele mesmo período do que fãs de Slayer e Destruction, uma faixa bem morna. Agora, Everlasting Flame é daquelas músicas que os detratores do álbum e thrasheiros rigorosos devem dar o braço a torcer, mesmo que a ouçam escondidos em suas tocas, porque é uma música que não tem absolutamente nada de Thrash mas é maravilhosa. Outra que caiu super bem no gosto da galera Gothic Doom. Passage To Babylon também é uma boa música, aliás muitos que curtem muito Endorama apontam esta como um de suas melhores faixas. Tem uma letra bem interpretativa, aliás, as letras de Petrozza neste álbum estão acima da média. Enfim, Endorama foi experimental, mas não foi um erro. E continua sendo descoberto por bangers ao redor do mundo mesmo depois de tanto tempo. Dê uma chance sem esperar por um Pleasure To Kill, Extreme Agression ou Coma Of Souls.
domingo, 3 de março de 2019
20 anos de Risk do Megadeth.
Você coloca pra rodar o álbum e já tem algumas coisas estranhas acontecendo em Insomnia. Parece que pegaram o ótimo Cryptic Writings de 1997 e adicionaram muita informação para quem estava acostumado ao Thrash Metal magistral da banda. Teclados e implementos eletrônicos permeiam a faixa e te deixa meio sem saber o que esperar, afinal, mesmo se afastando aos poucos do Thrash furioso de Rust In Peace, a banda caminhava nos últimos 2 álbuns para alcançar talvez o sucesso de Metallica no Black Album. Ok que houve uma baixa, já que o baterista Jimmy DeGrasso, ex Suicidal Tendencies e Alice Cooper entrou no lugar de Nick Menza com problemas de saúde, e interrompeu o chamado line-up clássico dos americanos. Ok, aguardemos a próxima. Aí temos Prince of Darkness e a coisa melhora bastante. Ah, era só uma pegadinha do Sr Dave Mustaine, aqui a coisa é mais séria. Tem sua base pesada, mesmo que fique meio enjoativa no refrão, Mustaine cantando e solando como deveria (na época)...em suma, uma boa música. A próxima tem um título legal, então...Enter The Arena não passa de uma passagem desnecessária e sem sentido para a faixa de divulgação Crush 'Em. Escolha errada. Quando parece que vai ficar bom entram vocais com filtros nada agradáveis e a música não engrena. Nem os corais gritando 'Crush' salvaram o pobre gladiador na arena. Breadline é bem calma e novamente traz a esperança de que nem tudo está perdido, uma música legal mas longe de agradar um fã de Holy Wars...The Doctor Is Calling também não decepciona, tem uma estrutura legal e é até melhor que Breadline, com bom som de baixo e uma base criativa de guitarras, esta é a música que bate de frente com Prince of Darkness na disputa pela primeira posição de Risk. I'll Be There vem num clima meio pop mostrando que a intenção da banda era romper horizontes e atingir um público que até então não os conhecia. Bem, o próprio nome do disco já nos diz o que isto envolve e ele na verdade foi um tiro no pé. Tem lá seus bons momentos mas no geral a maioria torceu o nariz e na balança do perde e ganha o Megadeth perdeu com Risk, apesar de que se ele estiver em sua coleção, não ficará muito tempo sem uma audição esporádica, se é que me entendem. A capa original é bem comum, mas tem o logo de volta, que não apareceu no anterior, e depois apareceu diferente (com o rato) após a remixagem em 2004. Para finalizar, em se tratando de Megadeth, o álbum pode ter sido um divisor de águas, mesmo que fica claro duas fases, a pré e a pós Risk, ficando ele perdido e servindo de elo entre dois mundos em que um tem ótimos lançamentos e outro tem lançamentos irrepreensíveis que serão lembrados eternamente.
sábado, 2 de março de 2019
Entrevista com Eternal Fall
O Metal e Loucuras irá completar 10 anos em novembro deste ano. E para comemorar vamos voltar a publicar algumas entrevistas com as melhores bandas do cenário nacional. Para reinaugurar esta seção, trazemos para vocês uma das melhores bandas de Doom Metal nacional, que depois de uma pausa está de volta e com novidades. Toque no banner e ouça um pouco do som da música Regret, presente no primeiro álbum de 2003, enquanto lê a entrevista com a criatura finíssima Luiz Toledo, baterista da banda.
01 –
Começamos com o relançamento do álbum “Under The Mind’s Sheet” pela Tales From
The Pit Records. Como aconteceu esta parceria?
Toledo: O contato teve início com o grande
amigo Leandro Fernandes (Distro Eclipysys Lunarys), que sempre entrava em
contato comigo perguntando sobre os nossos trabalhos e etc... em um determinado
momento estávamos para voltar com a banda e numa conversa com ele citei que
estávamos procurando um selo para relançar algum material nosso. Então o Leandro
me passou o contato do Filipe da Tales From the Pit Records e então fechamos a
parceria em relançar o “ Under The Minds Sheet” juntamento com o EP “Souls
Fragments” de bônus.
02 –
Existem planos para relançar o clássico “...and in the Forbidden Sky” de 2003?
Toledo: Confesso que temos planos para
relançar o “And in the Forbidden Sky”, porém ainda não recebemos nenhum tipo de
oferta para que o mesmo ocorra. Mas estamos abertos e negociações!
03 –
A banda ficou uns 02 anos parada e provoca expectativas para este retorno em
2018. Quanto é difícil fazer parte de um estilo tão underground quanto é o
Death Doom no Brasil?
Toledo: Na verdade, a banda teve seu fim em
2011... em 2015 fizemos alguns ensaios mas por problemas de horários não
tivemos como nos dedicar 100% com a banda, então decidimos dar outra parada até
que todos nós pudéssemos dar 100% para a banda. Então no segundo semestre de
2018 voltamos a ativa. Confesso que não temos a pretensão de viver da nossa
música, pois sabemos o quanto é difícil ainda mais no país em que vivemos e ainda
mais tocando Doom Metal, mas estamos aí para mostrar o nosso trabalho apesar de
todas as dificuldades do estilo!
04 –
Mesmo assim percebemos um crescente interesse pelo estilo ultimamente, com
bandas calejadas que persistem com lançamentos excelentes como o Mythological
Could Towers, Eternal Sorrow, e outras emergentes como Abske Fides, Pantáculo
Místico e Dying Suffocation representando bem o Doom nacional. Isso motivou o
retorno do Eternal Fall?
Toledo: Sem dúvida o Doom Metal está em
alta no Brasil e em todo o mundo, hoje em dia a mídia cede mais espaço para o
estilo, coisa que não ocorria quando começamos em 1995, os produtores brasileiros
estão dando maior apoio ao estilo também e não posso deixar de citar o grande
trabalho feito pelas bandas nacionais de Doom que tem mostrado profissionalismo.
Isso tudo nos deu um gás a mais para esse retorno, porém o que mais motivou o
nosso retorno foi o amor ao estilo e também ao nosso trabalho e esperamos em
algum momento dividir o palco com as grandes bandas citadas por você!
05 –
Festivais como o ThorHammerFest ajudaram no crescimento do Folk, Viking e
estilos parecidos. Falta um festival como este para catapultar o Doom no país?
Como está a programação de shows para o Eternal Fall e a dificuldade para tocar
hoje em dia?
Toledo: Realmente falta um festival
especifico de Doom no Brasil. Aqui em Belo Horizonte rolou o Doom Over BH por 3
anos seguidos porém por falta de apoio já fiquei sabendo que esse ano o
festival não vai acontecer, o que pra nós é uma pena! Inicialmente iríamos
participar desse festival que citei acima na versão 2018 mas por um problema
de saúde em minha família não tocamos... estamos sempre abertos a propostas de
show, só entrar em contato conosco!
06 –
Under The Mind’s Sheet tem um clima bem interessante, onde belos arranjos de
teclados e dedilhados se intercalam a bases ultra pesadas como por exemplo na
música “Amaldiçoado”. Quais foram as bandas que influenciaram vocês?
Toledo: Primeiramente agradeço pelo elogio,
o Under the Minds Sheet foi composto num período bem conturbado na banda, onde
estávamos trocando de vocalista na pré-produção do disco, só que na mixagem
nosso antigo vocal retornou à banda e regravamos todos os vocais e
acredito que tudo isso contribuiu para o clima denso e melancólico do disco.
Acredito que as maiores influencias da banda sejam: Anathema (old), My Dying
Bride, Paradise Lost, Darkthrone, Boltthrower, Morgoth entre outras...
07 –
Voçês têm planos para registrar material novo em breve?
Toledo: Recentemente passamos por uma baixa
na banda, nosso amigo Anderson (baixo) decidiu deixar a banda e então
recrutamos o Nelson Guerreiro para ocupar o posto de baixista, então além de
estamos nesse momento repassando todo o repertório com o Nelson, já estamos
criando material novo para um futuro lançamento.
08 –
O Metal e Loucuras agradece muito a sua participação. Espaço aberto a suas
considerações finais.
Toledo: Gostaria de agradecer imensamente o
nobre amigo Nilson Doommaker e a todos do Metal e Loucuras pelo espaço cedido, foi um prazer participar com esta entrevista e espero retornar com mais informações do nosso trabalho para vocês em breve.
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