sábado, 31 de agosto de 2019

Eternal Fall - Under The Mind's Sheet



Até que enfim a espera acabou. Re-lançado há alguns meses numa parceria entre Tales From The Pit Records, Kaotic Records, Violent Records, Eclipsys Lunarys Productions, DeathCult Distro, Underground Voice Records,Trevas Nascemos Distro e Totem Records (Ufa) o segundo álbum dos mineiros do Eternal Fall, Under The Mind's Sheet de 2007 saiu da escuridão e veio nos agraciar com o mais puro e sorumbático Death/Doom. Detalhes deste trabalho você pode conferir na entrevista exclusiva que publicamos com o baterista Luiz Toledo em Março deste ano. O que vale agora é o som que você irá encontrar nesta pérola. Vocais guturais, ainda que vez ou outra uma linha mais limpa apareça, e que lembra até algumas passagens antigas dos gregos do Rotting Christ. Muito peso nas guitarras e melancolia, principalmente nos trabalhos de teclados e dedilhados que permeiam toda a obra. O play começa com For The Eternity que talvez seja a melhor música do trabalho. Uma viagem soturna de seres se arrastando no porão de uma mansão assombrada. Algumas faixas têm letra em português, herança da clássica música "Cego" do primeiro álbum da banda, como Angústia Suprema e Esquecimento, que dão um sentimento a mais na audição. Se sua praia são bandas como Anathema (antigo) e My Dying Bride, o Eternal Fall é ítem obrigatório na coleção, e este relançamento não pode passar batido. De bônus o trabalho traz o EP Soul's Fragment de 2009, com 4 faixas maravilhosas que enriqueceram demais o play, com destaque para a quase Funeral Doom Walking In The Darkness. A arte é simples, mas com belas e lúgubres ilustrações bem características do gênero. Que bom que alguns selos estão se unindo para lançar novos trabalhos e resgatar os antigos que muitas vezes foram lançados de forma independente, restringindo o alcance ao público que valoriza o material físico e as bandas do underground nacional. Mereceu o carimbo de "FUDIDO' do Metal e Loucuras.

Entrevista com Serpent Rise.


O cenário nacional há anos está repleto de bandas de qualidade. Se por um lado a arte como um todo não tem seu devido reconhecimento por aqui, por outro há aqueles que insistem em expor ao mundo aquilo que amam fazer, independente de todas as dificuldades que a falta de uma estrutura adequada possam trazer, e frear expectativas de um lugar ao sol. O Serpent Rise de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, vem desde 1993 percorrendo os caminhos arrastados do Doom Metal, e mantem a chama acesa e a expectativa de doomers ao redor do mundo com o relançamento de seu debut Gathered By... de 1998, que até pouco tempo era uma famosa "mosca branca" para os colecionadores.
Com a palavra o vocalista Agnaldo Gomes e o multi-instrumentista Julio Wojciechowski.

M&L – Vamos começar falando do início do Serpent Rise. Como vocês se conheceram e o que os motivou a tocar algo tão contrário ao metal que se fazia no Brasil, marcado pela velocidade?
Agnaldo – Eu e o Julio nos conhecemos desde o final dos anos 80 e de certa forma tocamos juntos desde então.  Nossa parceria musical começou com a Nuctemeron (Death/Black/Grind), depois estivemos na primeira formação da banda Garbage (Death Metal) até final de 1992, então sentimos que nossas ambições com a música iam muito além do que criar musicas rápidas e resolvemos criar a Serpent Rise.  É impossível não falar aqui que muito nos influenciou o fato de sermos tape traders e na época recebemos muitas fitas com bandas undergrounds, lançamentos vindos de fora  e entre eles a demo tape do Paradise Lost, o  Forest of Equilibrium do Cathedral e isso foi fundamental para nossa decisão de seguirmos esta linha musical.

Julio – Acho que o Agnaldo respondeu tudo, poderia acrescentar em termos históricos, acho que nunca falei sobre isso em entrevista alguma, depois da Nuctemeron, tive um projeto de Grind Core chamado Skull Grinder, onde de fato comecei a compor, logo em seguida o Agnaldo me convidou para a Garbage que estava no início onde contribuía com composições junto com outros membros da banda. Com o tempo, minhas composições já apresentavam uma queda para o que chamam hoje de Death Doom, tanto que, duas composições originalmente escritas por mim para Garbage, foram deixadas de lado na época e logo em seguida, quando saímos da banda e fundamos a SR, aproveitamos para Anastenárides, por isso essa demo tem a pegada que tem.

M&L – O Rio Grande do Sul já tinha uma cena metálica consolidada nesta época.  Como era o movimento no estado?
Agnaldo – Bom, eu penso que não só naquela época , mas até os dias atuais, o underground gaúcho é celeiro de ótimas bandas.  Naquela época lembro-me que Krisiun, Leviaethan, Blessed se destacavam bastante e na contra mão surgimos nós (Serpent Rise) com uma proposta sonora diferente e um direcionamento do trabalho amplo.  Eu não digo que tenhamos influenciado outras bandas , mas creio que nosso pioneirismo incentivou ainda mais o surgimento de outras bandas  explorando o estilo e dando seu toque pessoal.

Julio - O underground gaúcho era everfescente na época. Em uma época pré SR (somos experientes hehehe) já haviam bandas fudidas como Sarcastic, Apostasia, Dissector, Satanic Voice, Psychopatic Terror (banda do falecido Paulo Schroeber na época), nossos irmãos que conhecíamos pessoalmente no qual trocávamos correspondências, flyers, demos, etc... isso falando especificamente do nosso estado.

M&L – Na biografia da banda, vocês fazem questão de frisar que um dos melhores momentos da carreira foi aquele show no BHRIF (BH Rock Independent Fest) em Belo Horizonte no ano de 1994, abrindo para Anathema e Dorsal Atlântica. Eu estive neste show, foi quando conheci o Serpent Rise e sempre menciono que foi uma das melhores apresentações que já presenciei num palco, sendo a banda mais aclamada da noite. Fale sobre o evento.
Agnaldo – Bom, deve-se analisar o fato de que na época, em que fomos convidados para tocar no B.H.R.I.F,  a banda ainda era relativamente nova na cena e estávamos divulgando há pouco tempo nossa primeira  demo tape.  Nós eramos jovens e nossa expectativa com a banda era conseguir algo ao passar dos anos e não em questão de meses, por isso, ter iniciado nossa trajetória em um mega festival (para época) é algo que nunca vamos esquecer.  Além do que receber comentários e críticas positivas sobre nossa performance, nos deixa cada vez mais motivados a seguir compondo mais músicas e tocando em todos os lugares que nos chamarem. 

Julio – Legal, você estava lá e viu, nós fomos pegos de surpresa com tamanha aceitação e respeito do público, acho que não é exagero dizer que representamos à altura o Doom Metal nacional. Aquele evento penso hoje, que foi um outlier, pois bandas como nós, iniciando e totalmente desconhecida, teve a chance de subir em um palco com nomes já consolidados na época, me lembro de ter comentado com Carlos Vândalo que a música Álcool era um hino, hehehe, jogamos um futebol rápido com o pessoal do Anathema no lado do palco entre as passagens de som. Pelo menos pra nós, aquele evento foi um divisor de águas em nossa percepção como artistas, todos os comentários advindos daquele evento foram positivos e ajudaram uma banda que estava começando sua jornada.

M&L – Qual a repercussão da demo Anastenárides e a importância da faixa Betrayer God ter feito parte da coletânea The Winds of A New Millenium da Demise Records?
Agnaldo – Para a demo “Anastenárides” nós usamos o espírito “tape trader” , ou seja, não vendemos as cópias, nós pedíamos que os interessados mandassem uma fita k7 virgem, ou com alguma gravação de bandas da sua cidade / país ,  selos para postarmos de volta e assim distribuimos muitas cópias pelo Brasil e mundo.  Já a faixa que faz parte da coletanea “The Winds of a New Millenium” é importante porque é o nosso primeiro registro no formato CD e lógico por estarmos figurando entre bandas de prestígio na cena brasileira.
Julio – Essa pegunta é boa, originalmente a faixa que havíamos escolhido para a coletânea era Misericordium e não Betrayer, mas eu acho que os caras gostaram mais de Betrayer sei lá, mas fomos surpreendidos positivamente eu diria.

M&L – O até então único full length da banda “Gathered By...” foi lançado através da Megahard e durante muitos anos foi um ítem raro e desejado pelos colecionadores do país. Agora ele foi relançado com duas demos de bônus pela Nuktemeron Productions. Fale de Gathered By...
Agnaldo – Gravamos o “Gathered by...kharma” em 1996 , só conseguimos lança-lo dois anos depois , em 1998, e acredito que para a época este álbum foi muito avantgarde.  Lembro-me que um dos mais famosos redatores de uma importante publicação metal do país na época, não conseguiu resenha-lo porque o álbum estava à frente do que era produzido na cena brasileira. Atualmente o álbum recebe resenhas que conseguem expressar o que nós queríamos passar com nossa música há anos atrás. Foi um álbum que passou desapercebido, porque a gravadora não investiu em promoção para ele, porém, ele se manteve vivo e atual em sentido amplo.  No final do ano passado, após muitos anos recebendo e-mails e mensagens de pessoas desejando adquiri-lo, então, encontramos no selo Nuktemeron Productions a confiança e parceria necessárias para tornar este re-lançamento comemorativo de 20 anos em uma realidade.  Então o Julio, em seu estúdio Loudness Art, remasterizou todas as músicas do “Gathered by...” ,as demos tapes e juntamente com o Fabio evoluímos a ideia inicial para um relançamento em versão dupla.  

M&L – A faixa In The Cosmic Sea é sensacional, uma de minhas favoritas. Mas ela tem uma passagem de aproximadamente 1 minuto em que quase não se ouve nada, que sempre me deixou encucado. Daí a pergunta, esta foi mesmo uma intenção de vocês ou algo deu errado na produção, deixando o som mais baixo que o previsto?
Julio – Excelente pergunta, isso também me incomodava, todavia quando fiz a remasterizarão dela, aumentei essa passagem. Mas sim era intenção de ser do jeito que foi, mas ficou muito baixo na original lançado em 98. Pecamos um pouco em algumas partes na produção do álbum, foram 100 horas de estúdio, para nós foi difícil e tinha muita coisa em jogo, certamente algumas coisas escaparam do nosso controle, mesmo eu ouvindo todas as audições e presente em praticamente 90% das audições, mesmo assim, hoje com um olhar mais de produtor e menos de músico, vejo o quanto aquele material foi bem captado e nossa sonoridade foi atingida, a própria música que você citou como favorita eu estava gravando o solo da parte mais rápida e eu simplesmente atravessei o andamento na minha cabeça e continuei tocando até terminar o take, olhei para os caras que estavam fora do aquário de gravação com um semblante de quem fez merda e atravessou tudo e os caras: não, tá massa, ficou ótimo, é isso mesmo, kkkkkk. Bem, essa pequena historinha serve pra reforçar o que penso, um bom álbum requer coisas as vezes antagônicas, como planejamento e acaso, e um pouquinho de sorte, se não fosse meu erro, a música não sairia do jeito que é.

M&L – Em 2008 vocês lançaram o EP Euphoric Waves of Melancholy pelo selo próprio Doom Whorshippers. Fale um pouco do selo. A intenção é apenas para lançamentos do Serpent Rise ou pretendem fechar contrato com outras bandas de Doom?


Agnaldo – Eu criei a Doom Worshippers Productions para poder gerenciar , divulgar  e realizar varias ações para as bandas ao qual eu estou envolvido como músico, ou seja, Serpent Rise, Arcanum XIII e Monochrome Life. Eu cuido da divulgação, dos contratos para relançamentos e quem sabe no futuro fazer os lançamentos também.  O EP - “Euphoric Waves of Melancholy”(2008) foi uma experiência importante.

M&L – Confesso que fiquei admirado com o som do EP. Imaginei que a banda iria seguir uma linha mais atmosférica, como já dava a entender a música Travelling Free... mas temos quase um Funeral Doom, com vocais guturais e limpos que elevaram o som da banda a um novo patamar. Por que o EP não foi tão divulgado, ou até mesmo porque na época não optaram por um álbum completo.
Agnaldo -  Bom, em 2005, o Julio por motivos profissionais foi morar em outro estado, então, eu continuei as atividades da banda com outros integrantes e no período de 2006 à 2008 estávamos trabalhando em novas composições para um novo álbum porém, sentimos a necessidade de proporcionar uma amostra para todos os amigos  e lançamos o Ep.  Logo que lançamos o “Euphoric Waves of Melancholy” a banda perdeu integrantes e isso me desmotivou, naquele momento, a continuar insistindo em um line up completo, então, eu suspendi a comercialização, divulgação do Ep.

M&L – Você já informou que podemos esperar um novo álbum do Serpent Rise. Como ele está? Podemos esperar algo na linha de Euphoric Waves?

Agnaldo – Em 2009 , eu procurei o Julio para uma conversa e expus minha ideia de retomarmos nossa parceria musical, mesmo morando em estados diferentes, pois o grande objetivo seria preparar o segundo álbum da Serpent Rise e continuar as atividades da banda sendo apenas um duo.  Desde então foram feitos alguns investimentos em equipamentos, cursos , o que possibilitou ao Julio montar seu próprio estudio – Loudness Art -  e desde então estamos compondo  novas músicas para o segundo álbum que esperamos ficar pronto logo.

 Julio - Bem, o que temos para um segundo trabalho, é na verdade uma mistura de músicas que não foram gravadas em 2009 com material mais atual, é aguardar para ver.

M&L – O Metal e Loucuras agradece imensamente vossa participação. Deixem um recado para a galera que segue  a página.

Agnaldo -  Eu quero dizer obrigado Nilson & “Metal e loucuras” por nos ceder este precioso espaço e nos oportunizar contar um pouquinho da nosso história.  Um especial obrigado e abraço a todos os leitores e continuem apoiando nossos webzines , zines , bandas , selos e shows.  Stay Doom!

Julio – Obrigado pelo honroso espaço e pelas excelentes perguntas.

domingo, 25 de agosto de 2019

10 músicas com a letra 'O' que você precisa ouvir antes de morrer.


                O Metal & Loucuras separou 10 hinos que não  podem faltar no seu play list.

1º (a) - One - Metallica. A música que rendeu o primeiro vídeo clipe da banda e quase o primeiro Grammy. O tema mais metal impossível, guerra, morte, eutanásia. O início lento como uma balada e o final apocalíptico com solos incendiadores e bateria metralhando tudo. Se existe a perfeição criada por mãos humanas, One é uma delas.

1º (b) - One Rode To Asa Bay - Bathory. Esta música é a definição máxima de 'épica' dentro do Heavy Metal. Narrando o início do declínio do império Viking frente ao Cristianismo, Quorthon criou algo atemporal e fascinante, com sua característica voz rouca e carregada de sentimentos revoltosos.

2º - Overactive Imagination - Death. Porrada Death Metal super técnica pra abrir um álbum avassalador de um ícone do estilo. Pronto, tá aí a descrição perfeita pra esta música. Agora é só bater cabeça, fazer air guitar e se esgoelar.

3º - Orgasmatron - Sepultura. Ok, não é deles mas... Uma das melhores versões da história do metal, que nos orgulha por ser obra de uma trupe brasileira, cujo vocalista mal lembra de ter gravado de tão bêbado estava. Mas essa cachaça fez milagres.

4º - Overkill II (The Nightmare Continues) - Over Kill. Encerrando o master piece da banda de forma aterrorizante (no bom sentido). Essa música se diferencia um pouco do comum da banda justamente pela aura de terror impressa. Uma faixa épica e soberba.

5º - Only The Good Die Young - Iron Maiden. Essa música é a típica faixa lado B da donzela, não muito lembrada dentre as preferidas mas que todo mundo gosta. Simples e eficiente, encarna a New Wave of British Heavy Metal de corpo e alma, naquele que para muitos, é o álbum que encerra a fase de ouro da banda.

6º - Orgy of Flies - Sarcófago. A melhor música de um dos álbuns mais polêmicos dos mineiros, Orgy of Flies é cadenciada, tem um ótimo riff e vocais perfeitos de Wagner, além dos backings fazendo coro no refrão, que tenho certeza que todo mundo canta junto em casa.

7º - Over The Wall - Testament. Que música é essa? Um rolo compressor que Chuck Billy e companhia criaram em seu primeiro petardo, que só desacelera para a entrada de solos de guitarras irreparáveis e maravilhosos. Obrigatório nos shows até hoje.

8º - Obsolete - Fear Factory. Os americanos podem não ter conseguido superar seu álbum Demanufactore na sequência com Obsolete, mas mesmo assim fizeram um grande trabalho, onde a faixa título é um dos destaques. Proclamando a extinção de uma raça humana obsoleta, a forma de cantar no início chega a ser engraçada, mas logo a raiva toma conta de tudo e a quebradeira industrial chega a te convencer que realmente estamos próximos da erradicação.

9º - Overkill - Motörhead. Um clássico eterno criado pela trupe de Lemmy. Rápida e rasteira como a banda sempre gostou de ser. Um hino que vários seguidores já fizeram suas versões e que simplifica e exemplifica demais o que é o Heavy Metal.

10º - Opus Relinque - Tristania. A banda norueguesa se preparava para dominar o mundo com seu segundo álbum Beyond The Veil e lançou o single Angina, que vinha com a faixa Opus Relinque em versão mais curta para rádio. E quem ouviu este aperitivo percebeu que a banda de Veland e Vibeke estava mais inspirada que nunca. Opus Relinque é épica, agressiva e bela, tem raiva, êxtase e melancolia. Como pode tudo isso em uma única música? Ouça!


sexta-feira, 16 de agosto de 2019

20 anos de Colony do In Flames


Lançado em 31 de maio de 1999 pelos suecos Anders Friden (vocais), Peter Iwers (baixo), Jesper Stromblad (bateria), Daniel Svensson e Bjorn Gelotte (guitarras), Colony é um dos álbuns mais aclamados do In Flames, que a esta altura da carreira já ostentava status de uma das maiores bandas do Gotemburg Sound, ou Death Melódico Sueco, como quiserem. O álbum tem todos os predicados que os ardorosos fãs curtem no estilo: músicas rápidas, vocais gritados com muita personalidade, bases pesadas e diversificadas, porém carregadas de muita melodia. Digamos que se fosse um prato seria a  amargura do Death Metal carregada de mel pra dar aquela quebra no paladar. E olha que Colony desce macio e em nenhum momento fica indigesto. Um pouco de influências eletrônicas aqui e ali e um órgão Hammond muito bem encaixado, mesmo que isso possa parecer fora de contexto, vide a faixa título, que também carrega um trabalho vocal sensacional. Zombie Inc. é também um dos destaques do play, onde Anders lembra até o timbre de Jeff Walker do Carcass e tem passagens acústicas que enriqueceram demais a canção. E por falar em acústico a faixa instrumental Pallar Anders Visa é belíssima e, ao meu ver, deveria ter sido melhor explorada e chegar a pelo menos uns 3 minutos, tenho certeza que ninguém iria reclamar. E os vocais limpos (gritados) no refrão de Coerced Coexistence? Pode se dizer que isso influenciou muitas bandas a partir dali, incluindo o Metalcore. Pode ser que 20 anos atrás alguns fãs tenham torcido um pouco o nariz para Colony, achando que a melodia estava aumentando de mais no som 'extremo' dos caras, porém com certeza estas 2 décadas fizeram com que Colony galgasse degraus preciosos até chegar num patamar muito elevado na cadeia alimentar metálica. Quer ouvir apenas uma música para se apaixonar pelo Colony? Ouça Behind Space '99. Que riffs perfeitos e batidas seminais! A arte da capa é linda! Casa tão bem com o título do álbum e nos faz pensar em filmes futurísticos onde pessoas sem lei vivem em meio a uma cultura que une costumes do passado a uma nova geração apocalíptica.

sábado, 10 de agosto de 2019

20 anos de Asylum of Shadows doTorture Squad


O garotos do Esquadrão aproveitaram que a criatividade estava jorrando pelos poros e no ano seguinte ao debut Shivering já emplacaram no mercado negro o ótimo Asylum of Shadows. E que evolução espantosa aconteceu de um ano pro outro!! Asylum já abre a porteira com a monumental Convulsion, que chega atordoante e cai naquele ritmo bate cabeça que clama pelo mosh supremo. Shades of Evil vem quebrando tudo, acelerada e gutural, uma das melhores do play. Já a faixa título começa mais cadenciada, e vai nesta levada até o final mais acelerado em que Vitor Rodrigues solta um gutural que parece que não vai acabar. Acordou todos os demônios do inferno com este grito. Murder Of A God que critica as doutrinas que conduzem seus seguidores através do medo é uma tijolada e foi tocada pela banda por várias vezes, sendo sempre aclamada pelo público. Agonies In Your Brain que começa cheia de paradinhas mostra porque Amílcar Christófaro é um dos maiores bateristas do Brasil, o cara sempre destruiu com passagens técnicas e viradas insanas em um curto espaço de tempo, que lembram aquele jogador de futebol que não tem muito espaço pra passar por 2 zagueiros e rola a bola para um lado e outro e passa no meio sem que alguém o segure. Castor como sempre muito seguro no baixo e Cristiano Fusco imprimindo muito peso na guitarra completavam o time de peso da banda paulista. Mad Illusions fala da ilusão que manipula um usuário de drogas, "A loucura está correndo através de suas veias, Tentando mostrar a você um mundo diferente, Mas esta loucura está possuindo você, Como a máscara da morte em um sonho louco." Já mostrando a postura coerente da banda naquela época. The Hangman's Call é um acústico instrumental curto  que abre a porrada Come To Torture que também é instrumental e é uma quebradeira descomunal. E para fechar outra música que ficou muito conhecida da banda, Finally The Disgrace Reigns é uma música mais longa e trabalhada, com bases beirando o Thrash Metal e vocalizações certeiras entre o rasgado e o gutural que Vitinho sempre fez tão bem, e pode ser a música que mostrava a direção que a banda tomaria e alcançaria no ultra mega clássico Pandemonium em 2003. Mas calma, no meio deste caminho ainda temos o obsceno The Unholy Spell para comemorar 20 anos em 2021.

sábado, 3 de agosto de 2019

20 anos de Apocalypse Manifesto do Enthroned


Os belgas da horda Enthroned aos poucos conquistavam seu lugar no topo da cadeia alimentar do sub gênero mais desgracento do metal. Concorrendo com as hordas norueguesas que dominaram a cena no início dos anos 90, o Black Metal escarrado do Enthroned chegava ao seu 3º álbum em 1999 e firmava a banda entre as mais devastadoras do estilo.
Após a intro Whisperings of Terror a destruição come solta com a faixa título. Bateria devastadora de Namroth, guitarras estridentes de Nornagest e Warlord, os vocais rasgados do popular Sabatan, que também segurava tudo com seu baixo servindo de alicerce daqueles construídos com o mais puro concreto. Death Faceless Chaos vem alternando partes rápidas a partes ultra rápidas para não deixar a guerra esfriar. Retribution of The Holy Trinity vem para fazer a linha épica, com seus 7 minutos de caos que cai para um andamento mais pesado no final, acompanhado de um solo tétrico de guitarra, e mostra que a banda também dirige bem em baixa velocidade. Genocide começa com tiros de guerra mostrando a inclinação bélica que eles tinham na época, considero uma das melhores do álbum, principalmente pelas mudanças de andamento e os berros intercalados entre Sabatan e os backings de Nornagest. Volkermord, Der Antigott, em seu início e fim já mostrava que o Enthroned iria incorporar passagens mais clássicas em seu Black esporrento em um futuro próximo. Alastor Rex Perpetuus Doloris dá sequência na pancadaria com backing guturais em alguns momentos e assume um rítmo mais sombrio lá pelos 3 minutos, que ficou muito interessante. Para fechar o trabalho, mais uma faixa épica, agora com quase 12 minutos (ok tem um vazio longo por ali), a Scourge of God, que é um arregaço sonoro. A versão brasileira do álbum vale muito à pena, pois tem 4  bônus ao vivo, incluindo um cover para The Conqueror do Sodom, todos com uma qualidade sonora e musical indiscutível e uma captação dos vocais simplesmente aterrorizante.  

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Vamos de Destruction criaturas noturnas.




Música: Invincible Force
Álbum: Infernal Overkill (1985)

Eu sou uma força invencível do mal

Meu rancor eterno é destrutivo
Não há chance de sobreviver
Eu encarno o fim da humanidade

Estou no topo da carne humana

E eu agonizo numa piscina de sangue
Não tente escapar ou resistir
Pois Cristo não vai te ajudar essa noite

Força invencível

Força invencível

Você se despedaça no pântano

Se vira e os vê dilacerados manchados de sangue
Agora, eu rasgo as tiras do seu rosto
Agora você vai amaldiçoar o dia que nasceu

Você agoniza numa piscina de sangue

Você grita e implora por misericórdia
Não tente escapar ou resistir
Pois Cristo não vai te ajudar essa noite

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Entrevista com Eternal Sorrow



O Metal e Loucuras está comemorando 10 anos e como todos sabem programamos 10 entrevistas com grandes bandas de nossa cena, postadas no início de cada mês desde março. E é com muita honra que desta vez falamos com Maurício Pampuch, líder do Eternal Sorrow de Curitiba, que abriu as portas do Death Doom no Brasil em 1994 e lançou até hoje 3 álbuns de extrema importância para nosso cenário. Então, abrace a melancolia e viaje ao som das catástrofes aterrorizantes do Doom.


M&L – Maurício, vamos fazer uma análise da trajetória do Eternal Sorrow. Como era o cenário Doom em 1994 quando vocês começaram? Bandas como Anathema, My Dying Bride e Paradise Lost eram uma influência real para vocês? 

Não haviam muitas bandas nacionais de Doom na época, mas alguns grandes nomes estavam começando também, tudo era mais difícil até para o acesso dos admiradores do estilo, mas mesmo assim era uma cena forte querendo descobrir, conhecer mais. E essas bandas fizeram parte de nossa influência sim, como outras que não eram do estilo. 

M&L – O que a banda esperava em termos de carreira quando lançou a demo The Sadness Elevation em 95? 

No começo você só quer tocar e mostrar seu trabalho, mas lógico que empolga quando grava algo e a repercussão é positiva, tivemos um bom reconhecimento com a demo que inclusive foi eleita a melhor demo tape estrangeira em uma publicação metálica de  Portugal.

M&L – Então vocês participaram da coletânea The Winds of a New Millennium da Demise Records e pouco tempo depois estavam lançando seu debut pela gravadora. Já havia um acordo para este lançamento ou o convite veio pela repercussão que a música Dreams of Reality teve através da coletânea? 

Não, não havia acordo com a Demise, o convite veio pela boa repercussão da música e pelo trabalho que havíamos feito com a demo.

M&L – The Way of Regret fez um grande sucesso entre os apreciadores do Death/Doom no Brasil. Vocês consideram este álbum o precursor do estilo no país? 

Esse álbum é considerado por muitos um marco e para nós foi algo que nos colocou como referência e nos ajudou a crescer no cenário Doom nacional e até para fora, então com  a importância que muitos fãs dão a esse álbum, acho que  seja  um dos precursores sim.

M&L – Já Legacy é um álbum mais progressivo, há presença de vocais limpos e músicas mais ‘viagem’ como a longa The Last Rain. Não foi uma grande mudança em relação ao debut, mas ainda assim é perceptível. Fale sobre isso. 

Sim, pensamos em aprimorar, experimentar mais, não sei se foi certo ou errado mas quisemos fazer algo diferenciado, em partes para alguns deu certo, outros talvez não gostaram, mas é um álbum que fez sua parte e tem grandes músicas. Com certeza nos divertimos fazendo ele.

M&L - Então a banda ficou um longo período afastada da cena e voltou a lançar outro álbum 13 anos depois. O que ocorreu neste período? Por que demoraram tanto? 

Nesse período trocamos as duas guitas e isso atrapalha muito. Mas gravamos o The House em 2010, aí resolvemos parar por um tempo, nos reunimos 5 anos depois e resolvemos voltar às atividades e retomar o processo de master e a gráfica do álbum para finalmente lançarmos em 2015.

M&L – Para The House houve a troca dos dois guitarristas que gravaram os primeiros álbuns. Mesmo assim ouvindo as canções parece a mesma banda, com aquele timbre característico de outrora. Vocês tiveram receio que esta troca pudesse descaracterizar o som da banda? 

Um pouco mas os guitars que entraram conheciam o som da banda então já sabiam a proposta de nosso trabalho e nos ajudaram muito nesse processo, entraram de corpo e alma na ideia.

M&L – The House vem naquela linha mais agressiva de The Way of Regret. São ótimas melodias, e um belo trabalho artístico, em versão digipack. Mas ele foi lançado de forma independente. Você não acha que isso restringe bastante o acesso ao álbum pelo público? 

Sim com certeza, mas infelizmente no Brasil você tem que remar contra a maré e também não tivemos propostas interessantes, decidimos fazer isso de forma independente, mas  hoje tem muitas formas de mostrar o seu trabalho, às mídias sociais e as plataformas de streamings ajudam.

M&L – Podemos dizer que se trata de um álbum conceitual? Que história retrata The House? 

Sim como o próprio nome diz toda a história se passa na casa, porém as letras dão liberdade para que cada um crie o seu conceito , mas  recomendo escutar e ler o encarte.



M&L – O Doom tem crescido ultimamente no Brasil. Você tem acompanhado a cena? Quais bandas recomenda? 

Com certeza o Doom está cada vez crescendo mais. Acompanho sim temos até grupo de WhatsApp para nos fortalecer e divulgarmos nossos trabalhos, tem muita coisa boa saindo lá, recomendar bandas? Recomendo todas, procurem, existem grandes bandas e uma ótima diversidade, seria de uma tamanha injustiça minha recomendar só algumas.

M&L – O Metal & Loucuras agradece muito sua participação. Espaço aberto a suas considerações finais. 

Muito obrigado pelo convite, fico lisonjeado, espero que a cena só cresça. E que possam vir mais grandes nomes nacionais, que essa nova geração mantenha essa chama acesa. E aguardem que em breve teremos novidades! Um  enorme abraço a todos nossos fãs! Stay Doom !