sábado, 6 de novembro de 2021

Entrevista com HeadHunter DC!!!

 



Carregando a bandeira do metal da morte desde 1987, a banda baiana HeadHunter DC hoje está no topo do death metal nacional em atividade. Com 5 full albuns e vários lançamentos durante tantos anos, o incansável Caçador de Cabeça persevera na brutalidade com humildade, força e qualidade inquestionável. Conversamos com o grande Sérgio Baloff, que você percebe nas respostas, continua empolgado e valoriza seu trabalho, com a simplicidade de um garoto começando no metal e a experiência de quem se tornou uma lenda em nosso meio, e falamos do início de carreira da banda, além das novidades. Com vocês: Mr. Baloff!

M&L – O Headhunter D.C. não pára. A maior pausa entre lançamentos foi entre Punishment At Dawn e ...And The Sky Turns To Black…. E agora saiu a coletânea A Hail To The Ancient Ones... Podemos dizer que é um tributo da banda a seus ídolos?



Baloff - 666 saudações deathmetálicas a todos!!! Sim, com certeza o é! Nós já temos um 'know how' em participações em álbuns-tributo desde 1996 quando fizemos parte do antológico "Omnisciens - Tributo ao Dorsal Atlântica", mas ainda antes disso a banda já prestava homenagens a algumas grandes e inegáveis influências e fontes de inspiração para a nossa música e nossa história, tocando covers dessas bandas em nossas apresentações ao vivo. Lembro que por volta de 87 a banda tocava "Blasphemer" do Sodom e em 89 chegaram a tocar "Children of the Grave" do Black Sabbath, ambas ainda com o primeiro vocalista Eduardo "Falsão". Depois, já comigo nos vocais, costumávamos tocar outra do Sodom, "Sodomy and Lust", "Deceiver" do Napalm Death, isso ainda no início dos 90s, depois "Buried Alive" do Venom, Call from the Grave" do Bathory em meados daquela década, "Zombie Ritual" do Death a partir de 2004 e mais recentemente "The Exorcist" e "Burning in Hell" do Possessed e "Seven Gates of Hell" do Venom, essas sendo as que me vieram à mente no momento, então como podem ver já temos um histórico de tocar covers que vem dos primórdios da banda. Alguns deles estavam planejados para serem incluídos na coletânea através de gravações ao vivo e de ensaios que tenho em meus arquivos, mas isso infelizmente não foi possível porque o tempo total do tracklist passou do limite da mídia do CD, que é de 80 minutos, então tivemos que limitar a compilação em 14 músicas, caso contrário teria que ser um lançamento duplo e assim encarecer o seu valor final de venda. De qualquer forma, fiquei bem satisfeito com o resultado final de "A Hail to the Ancient Ones…", o qual se trata de uma grande oportunidade de se ter todos os covers gravados em estúdio pela banda reunidos em um único lançamento. Um verdadeiro brinde aos Antigos que foram (e continuam sendo) tão importantes para nós enquanto banda e para nossa própria formação como metalheads. Últimas cópias disponíveis através da banda!

M&L – Temos algumas versões bem antigas, como Álcool da Dorsal. Claro que algumas formações diferentes gravaram todas estas versões, mas quais são as versões favoritas neste álbum e por quê?


Baloff - Difícil citar essa ou aquela versão como favoritas, cara, pois cada uma delas representa uma formação, uma era, um momento diferente na história da banda, então apesar de se tratarem de covers e não músicas próprias, tem muito de diferentes pessoas que já passaram pela banda em cada uma delas. A do Dorsal, como já foi citada, realmente tem uma representação especial por ter sido nossa primeira participação em tributos, por ter sido gravada totalmente ao vivo em estúdio, por ter sido para o primeiro álbum tributo a uma banda de Metal brasileira, além da verdadeira história alcoólica que cerca sua gravação - confiram nos 'liner notes' no booklet do CD! Outras versões que gosto muito por diferentes (e não menos importantes) aspectos são as que fizemos para músicas do Mortem, Necrovore, Sanctifier, ThrashMassacre (2 tracks!), Possessed, Black Sabbath (pelo desafio de se fazer uma versão deathmetalizada para um clássico do Heavy Metal - assim como a do Maiden), Bathory e por aí vai. Se eu continuar falando acabarei citando todas as 14 versões aqui, hahahaha!!!


M&L – Apesar de a banda estar sempre ocupada, já fazem 9 anos deste o último álbum de inéditas, o excelente ...In Unholy Mourning... Há previsão para um próximo full?


Baloff - Pois é cara, dessa vez a maldição dos hiatos entre álbuns alcançará o seu maior patamar de 10


anos, mas tenham certeza de que todas esses atrasos independem totalmente de nossa vontade e não condizem aos nossos planos de entrarmos em estúdio para registrarmos nossas músicas mais atuais. É claro que, como costumo dizer, sempre precisamos de um tempo especial para termos a inspiração certa, afinal de contas não fazemos música efêmera ou sazonal, mas a verdade é que diferentes fatores têm nos levado a espaços cada vez maiores de tempo entre um álbum e outro e sei como esses longos hiatos atingem o fã e admirador da banda, que mal podem esperar por um novo lançamento de inéditas. Lembro de quando o Immolation demorou 5 anos para lançar o "Here in After" ou como o Sadistic Intent demora até hoje pra lançar seu tão longamente aguardado début full length "The Second Coming… of Darkness", e eu como fã de ambas ficava e fico tentando conter a ansiedade… De qualquer forma, já temos o próximo álbum 100% escrito já há algum tempo, mas infelizmente veio a pandemia para atrasar ainda mais o que já estava atrasado e mais recentemente as 3 (três!) mudanças de formação de 2017 pra cá que nos forçou a voltarmos ao processo de passar as novas músicas aos novos integrantes, mas temos trabalhado duro pra cumprir essa etapa da melhor e mais prazerosa forma possível e assim estarmos finalmente prontos pra entrarmos em estúdio e darmos vida em forma de morte total ao nosso novo álbum. A idéia é gravarmos no início de 2022 e termos o álbum lançado ainda no primeiro semestre ou no início do segundo. Aguardem!

M&L – São 30 anos do lançamento de Born...Suffer...Die. Você esperava chegar aos dias de hoje com o Headhunter D.C. quando gravou o primeiro álbum?



Baloff - É difícil dizer hoje se eu imaginava que chegaríamos tão longe quando gravamos o "BSD", mas tendo em vista todos os meus esforços e dedicação voltados ao Headhunter D.C. durante esses quase 35 anos seria no mínimo justo que fôssemos lembrados como uma banda referência em Death Metal no Brasil, mesmo que não existíssemos mais - e nem estou falando em talento e qualidade musical aqui, mas de um legado de resistência e fidelidade ao gênero de Metal que um dia escolhemos tocar e defender. Felizmente toda a história conquistada pela banda ao longo de tantos anos e com tantas pedras no caminho se mostra hoje pelo respeito e reconhecimento dos fãs, a quem todos esses esforços sempre foram voltados, e por tudo o que a banda representa para todo um cenário de Metal da Morte no Brasil, na América do Sul e no mundo subterrâneo. Ainda falando sobre nosso début, vê-lo ainda sendo uma referência em termos de Death Metal no Brasil após 30 anos é motivo de muito orgulho para mim!

M&L – Por falar no debut, tivemos uma edição comemorativa de 25 anos com DVD que ficou linda. Já pensaram em uma edição de 30 anos? Ficaria perfeita com o logo atual da banda, que é um dos logos mais belos do metal.


Baloff - Obrigado pelos elogios ao nosso logo! Perceba que o mesmo vem evoluindo em sua concepção desde 1993 quando o fiz já nesse formato para o "Punishment At Dawn". De lá pra cá ele veio sendo desenvolvido em seu estilo, ganhou nova perspectiva e aparece como é hoje. Sim, eu tenho esperado por algo especial para uma edição de 30 anos do "Born...Suffer...Die" para 2021, principalmente por um novo lançamento em vinil, seja ele em picture ou não, mas a verdade é que até agora a Cogunelo não se manifestou sobre uma nova edição comemorativa do álbum, seja ela qual for. Apesar do ano já estar chegando ao seu fim, vamos esperar um pouco mais e ver o que acontece.


M&L – A banda trabalhou com a Cogumelo no início de carreira e viveu um tempo da cena mineira bem de perto. É verdade que vocês moraram em Belo Horizonte entre 91 e 93?


Baloff - A primeira vez que pisamos em BH foi em 91, quando ficamos na capital mineira entre 10 e 15


dias para gravamos o primeiro álbum, mas foi em 93, ano da gravação de "Punishment At Dawn", que resolvemos passar uma temporada maior e acabamos morando por quase 1 ano por lá. Temos uma história de profundo respeito e admiração pela cena mineira, pois a acompanhamos desde os seus primórdios e sempre tivemos contatos com suas bandas, desde as mais conhecidas até as mais obscuras, e esse tempo que moramos em Belo Horizonte só estreitou ainda mais esse elo. Eu fazia parte do fã clube do Overdose entre 85 e 86, recebia os newsletters pelo correio e peguei o split com o Sepultura com a banda assim que saiu. Também tinha contato por carta com o Magela, que era o empresário do Sarcófago, na época da Warfare Noise 1 e tal, então daí começaram os meus laços com o Metal mineiro, portanto fazer parte desse cenário tão de perto e fazer parte do cast da gravadora que fez tudo aquilo acontecer numa proporção maior também é um grande orgulho e muita honra para nós.


M&L – Algumas bandas de BH já estavam gravando seu segundo ou terceiro álbum quando vocês chegaram. Como foi a recepção ao Headhunter em BH, pelas bandas e pelo público?


Baloff - A melhor possível! Nos sentíamos em casa e assim continua sendo sempre que estamos no berço do Death Metal brasileiro. Estávamos em contato direto com as principais bandas de BH, como Chakal, Overdose, SexTrash, Impurity, Atack Epiléptico, The Mist, Lou Cyfer e outras que ainda estavam começando, como Lustful, Pathologic Noise, Aberration, Sanatório, Insurrection, Divine Death entre outras apenas para citar algumas, e tínhamos todas essas bandas e seus membros como grandes aliados, assim como todos os maníacos e maníacas com os quais tínhamos contato e que ajudaram a nos fazer sentir como se estivéssemos na própria Salvador. Nosso show no antológico Metal BH 3 com Chakal, Holocausto e Calvary Death foi um grande exemplo do quão fudida foi a receptividade do público mineiro para o Headhunter D.C.. Quem estava lá sabe do que estou falando! Enfim, são tantas histórias daquele período que um dia escreverei um livro a respeito em algum lugar do futuro… (risos)


M&L – Punishment At Dawn é um dos maiores álbuns da história do death metal. Em 93 ouvi uma entrevista de vocês para o programa Headbanger Attack apresentado pelo Laranja do Chakal, e vocês disseram que buscavam uma sonoridade do death europeu neste play. Quais eram estas influências?



Baloff - Putz, bem lembrado esse programa do Laranja! Não lembro quem deu essa entrevista, se o Ualson, eu ou ambos, mas lembro muito bem do mesmo. Sim, para as então músicas novas que fariam parte do então novo álbum, estávamos altamente influenciados pelo que acontecia na Europa em termos de Death Metal àquele momento. Apesar da dificuldade que ainda existia em estarmos antenados em tempo real com o que rolava por lá naquele período, sempre tivemos bons contatos no exterior que nos deixavam sempre atualizados com as novidades que vinham do Velho Mundo. Naquela época, o Ualson tinha contato com todos os selos mais importantes do Metal Underground mundial, então sempre recebíamos lançamentos da Century Media, Peaceville, Nuclear Blast, Roadrunner, sem falar de nossos contatos com as próprias bandas através das quais adquiríamos seus materiais via trocas de fitas e LPs. Bandas como Morgoth, Entombed, Dismember, Unleashed, Merciless, Convulse, Carcass, Carnage, Pungent Stench já chamavam nossa atenção desde sua fase de demos e primeiros EPs e álbuns, e àquele momento eram bandas que estávamos ouvindo bastante e que inevitavelmente acabaram exercendo uma grande influência em nossas novas músicas, porém sem jamais esquecermos das tradicionais bandas americanas de Death Metal que nos influenciaram desde o início, como Possessed, Death, Morbid Angel e Immolation.


M&L – Baloff, essa pandemia veio para mudar geral muitas coisas. Na cena metal, o que você acha que mudará quando as coisas se normalizarem?


Baloff - Na verdade eu acho que muita coisa já vinha sendo mudada dentro da cena brasileira ainda antes da pandemia, entre essas coisas a queda definitiva das máscaras de muita gente que se escondia em pele de lobo, mas que se revelaram verdadeiros cordeiros de deu$ conforme foram se aproximando as eleições de 2018. Muitos outrora "mestres do Metal nacional", inquisidores da cena, "anti-uaite", pseudo-radicais e os então chamados formadores de opinião de internet passaram a mostrar suas verdadeiras faces e condutas cheias de conservadorismos, preconceitos e demais "valores" cri$tãos, contradizendo tudo aquilo que um dia falsamente pregaram para criar uma imagem de fodões. Posers! 100% gado


bozonarista apoiadores do fascismo e do "deu$ acima de tudo"! Sem salvação para esses aí, a não ser o reino dos céus como promete a cristandade hipócrita! Fora isso, eu realmente não sei como serão as coisas quando voltarmos à normalidade - se é que teremos uma novamente. Hoje vemos muita gente sentindo falta dos shows, shows esses que eles mesmos não iam quando rolavam vários. De qualquer forma, espero que todo esse pesadelo tenha servido para se criar uma consciência coletiva referente a diferentes aspectos, entre eles as próprias relações humanas, caso contrário teremos um mundo ainda pior fadado a um fim triste e catastrófico.


M&L – Uma honra gigantesca ter um dos maiores representantes do death metal nacional em nossa página, para comemorar 12 anos de amor ao metal. As palavras são suas!


Baloff - Foi um prazer responder às suas perguntas, e desde já agradeço pelo suporte e pelo espaço para espalharmos nossa palavra. Vida longa ao Metal e Loucuras e parabéns pelos 12 anos! Aguardem pelo nosso novo álbum e por um Headhunter D.C. ainda mais comprometido com a verdadeira essência do Death Metal! Espero ver todos na estrada em 2022, no jubileu profano de 35 anos do Headhunter Death Cult! Nós cavalgamos nas asas da resistência! Death Metal rules supreme! I.D.M.W.T.!!! 666


HEADHUNTER DEATH CULT Anno Pestilentia 2021:




*Sérgio "Nekrobaloff666" Borges:

Screams of Unsalvation & Rotten Death Prayers...

*Danilo "D. Morbidus" Coimbra:

Mass Death 666-String Guitar...

*Tony "T. Ungodly" Assis:

Pestilential 666-String Guitar...

*Stanley "Pandaemonic" Serravalle:

Low-end Fretless Damnation...

*Daniel "De La Muerte" Brandão:

Drumonster from Beyond...


Contatos do Culto da Morte:

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Um comentário:

  1. Salve Headhunter Dc ! A melhor banda de death metal do Brasil ! Pois é, Balof como encarar cristão enrustidos depois que esse desgoverno Caine ver " esses lobos em pele de cordeiro " dentro do submundo. Sem Piedade para esses falsos !!!

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