domingo, 26 de abril de 2020

10 músicas com a letra 'R' que você precisa ouvir antes de morrer.


O Metal & Loucuras separou 10 hinos que não podem faltar no seu play list.

1º - Rainning Blood - Slayer (1986). Com um início apocalíptico a faixa de maior destaque em um dos mais respeitados álbuns de Thrash Metal da história, é quase uma unanimidade para todos os metalheads. Rainning Blood literalmente deixa os céus vermelhos de sangue na visão daqueles que batem cabeça à maior velocidade que conseguirem. Não é à toa que várias bandas ao redor do mundo costumam reproduzir versões desta pérola sobre os palcos. Um hino eterno!

2° - Rebellion (The Clans are Marching) - Grave Digger (1996). Tunes of War é pra mim o masterpiece dos alemães do Grave Digger e Rebellion a música que me fez conhecer e me apaixonar pela banda. Com um peso absurdo nas guitarras, um vocal quase gutural de Chris Boltendahl e um refrão fantástico, além da gaita de foles no meio anunciando a partida para a guerra. Um épico primoroso.

3° - Replica - Fear Factory (1995) - A banda que revolucionou o metal industrial, começando no Death e migrando pro techno thrash, lançava seu segundo álbum, o aclamado Demanufacture, e não havia melhor música para gravar um vídeo clipe para que a MTV tornasse a banda um gigante do continente americano. Burton Bell arrebenta nos vocais rasgados e nos limpos também, além do gordinho mais fera da guitarra monstro, Sir Dino Cazares, tira um som incrível aqui. Peso, muito peso!

4° - Rime of the Ancient Mariner - Iron Maiden (1984) - Baseada no poema "Balada do Antigo Marinheiro" do poeta inglês Samuel Taylor Coleridge, o Iron criou uma das músicas mais épicas da história do Heavy Metal. Com mais de 13 minutos, um instrumental maravilhoso e uma interpretação monstruosa de Bruce, esta faixa praticamente hipnotiza qualquer ouvinte atento e os transporta para um navio em alto mar. Impossível não amar.

5° - Return To Serenity - Testament (1992) - Raramente vejo alguém se referir ao The Ritual como seu álbum preferido do Testament, mas é um trabalho excepcional, apesar da banda ter tentado soar um pouco mais comercial (bem pouco). Mas nele temos uma das melhores baladas pesadas da história do metal, a Return To Serenity que além de empolgante, tem uns fraseados e uns solos de guitarra que me deixam maluco. Ouça e coloque no repeat.

6° - Refuse/Resist - Sepultura (1993) - A música começa com o som das batidas do coração do primeiro filho de Max Cavalera (ainda no útero) e abre o álbum que pregou a banda no primeiro escalão mundial do metal, sendo uma das maiores na primeira metade dos anos 90. Com vídeo clipe mostrando cenas de confrontos e revoluções Refuse/Resist apresenta o caos a uma legião de fãs que aguardava com ansiedade este álbum.

7°- Riot Of Violence - Kreator (1986) - Que pedrada na mulera é o segundo trabalho dos reis do Thash alemão. Praticamente um Death/Thrash, Riot of Violence se transforma em um vendaval durante o refrão. A base cheia de breakdowns enquanto rola o solo e a batera de Ventor que também manda os vocais ultra extremos derruba qualquer barricada. Violência era uma palavra indispensável ao título desta música.

8° - Ride The Lightning - Metallica (1984) - Esta música dispensa muitas apresentações. É a faixa titulo de um dos melhores álbuns da história, uma música furiosa que critica a pena de morte. Os músicos do Metallica se mostraram mais técnicos que a fúria encontrada no debut  e exploraram muito bem esta evolução na faixa, seja nos solos alucinantes e nas mudanças de andamento contínuas, ou seja, sem soar forçada e repentina. 

9° - Rust In Peace (Polaris) - Megadeth (1990) - Para fechar o play mais aclamado do Megadeth, Mustaine guardou a faixa título para o final. Não que ela seja a melhor do trabalho, mas tem tantas características Thrash que assim foi. As famosas paradinhas, os solos incríveis e um refrão muito bem construído. O rítmo segue até uma pegadinha pra acreditar que a faixa acabou e volta num final apoteótico que faz você voltar a agulha à primeira faixa ou simplesmente apertar o play novamente.

10º - Riders Of The Storm - Hammerfall (2002) - O Hammerfall da Suécia atingiu o mundo com o aclamado Crimson Thunder para o deleite de fãs do Power Metal Melódico. Com uma grande produção, a faixa que tem seu destaque nos refrãos em coral, abre o álbum e mostra uma banda afiada que chegava ao seu auge.    

X° - Menção honrosa - Foi difícil fazer esta lista com apenas 10 músicas com a letra R, pois poderiam ser 20. Mas para manter o padrão da página fizemos uma peneira, mas a pulga atrás da orelha gritava que Rotting do Sarcófago seria um erro ficar de fora. Então vamos deixá-la como menção honrosa mas que claramente poderia fazer parte de qualquer uma das 10 posições. Rotting é provavelmente a música que atraiu o rótulo Black ao som dos mineiros, muito mais por sua construção do que pela letra que já era pra lá de blasfema no debut. Destaque para os berros cavernosos de Mr Lamounier. 

20 anos de Uprising do Entombed


Vocês se lembram de "Same Difference" de 1998, aquele do cachorro? Pois então, aquele Death 'N Roll sujo que fez muita gente torcer o nariz para os suecos volta em "Uprising" de 2000 com uma carga extra de Death Metal que vai fazer muito radicalzão balançar suas madeixas. A pedrada abre com "Seeing Red", suja e sem frescurites na gravação (ainda é uma banda do famigerado Death sueco com suas serras devastando florestas), e a voz de L-G Petrov está muito apreciável. A música ganhou um vídeo clipe que faz a alegria dos marmanjos e com certeza deve ter sido censurado pela MTV. Se não viu, vai lá no YouTube e comprove. "Say It In Slugs" segue no bate cabeça com destaque para o ótimo baixo de Jörgen Sandström. "Won't Back Down" é outra grande música dentro dos padrões de Uprising, ao passo que "Insanity's Contagious" acaba sendo dispensável por não ter a mesma qualidade das anteriores. Mas "Something Out Of Nothing" vem para corrigir isso e tem uma pegada nas bases de guitarra de Uffe Cederlund e Alex Helid que vão te jogar no mosh sem medo de ser feliz, além de ter uma passagem bem legal somente no baixo com acompanhamento da batera de Peter Stjärnvind. "Scottish Hell" é um cover de uma faixa que consta no debut da banda texana Dead Horse que fazia um crossover em 1989 e tem uma letra pra lá de maluca. Vale a pena dar uma sacada na original. O álbum segue com "Time Out" com bom instrumental, "The Itch" que parece ter influência de Blues (que isso???), "Year In Year Out" com variações no vocal meio estranhas, "Returning To Madness" que é mais arrastada e um p*ta baixo segurando a onda, um dos destaques do play. Temos ainda "Come Clean" e "In The Flesh" que apresenta solos mais trabalhados de guitarra e uma atmosfera mais pavorosa (no sentido gore do cinema). Uprising prova que o Entombed faria o que quisesse, e era melhor se acostumar, porque a coisa não era nada mal.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

20 anos de All Hell Breaks Loose do Destruction


O líder Schmier, vocalista e baixista do "Destruction", uma das maiores potências do Thrash Metal alemão e mundial, estava há 13 anos longe dos estúdios para uma gravação. Neste meio tempo a banda lançou 2 álbuns, "Cracked Brain" em 1990 e "The Least Successful Human Cannonball" em 1998, ambos sem atingir a popularidade que a banda alcançara em seu início. Então "All Hell Breaks Loose" era a cartada para recolocar a banda em seu devido lugar, e conseguiu, mesmo que naquele período o Thrash Metal estivesse um pouco longe dos holofotes, coisa passageira que terminaria em pouco tempo também. O que ouvimos de Schmier, Mike Sifringer (guitarra) e Sven (bateria) é thrasheira acelerada, sem firulas, com ótimos riffs, como em "Tears of Blood". Esta música é um arrasa quarteirão, com ótimo refrão (gritado), bons solos e uma base de guitarra muito competente, na linha Gary Holt (Exodus e Slayer). "Devastation of Your Soul" já começa mandando solos (e sempre que falo de solos em álbuns Thrash lembro com pesar de um tal de St Anger), e uma construção motörhediana que te faz bater cabeça. Depois temos o grande destaque do álbum, "The Butcher Strikes Back", com riff certeiro e vocais que te fazem cantar junto. Um dos grandes pontos a favor deste play foi a gravação na Suécia com Peter Tägtgren no "Abbys Studios" o que, naquela época, era uma enorme referência para grandes lançamentos. O álbum segue com a mesma qualidade, com destaque para a faixa título e "Total Desaster 2000" que é uma música bem agressiva, regravação de "Total Desaster" do cultuado EP "Sentence of Death" de 1984, e Tägtgren dá o ar da graça com seus vocais guturais e tocando guitarra. A capa é uma das últimas com os 3 membros em destaque, depois disso somente o álbum de regravações  "Thrash Anthems II" apareceu com o power trio, para o nosso deleite, já que o Mad Butcher na capa é sempre mais legal. Este play, que completa 20 anos em 5 dias (25 de abril), cumpriu seu papel de mostrar que a banda estava viva, e precedeu um dos maiores clássicos da história do Thrash, o irrepreensível "The Antichrist" que, se tudo der certo, faremos a resenha no próximo ano. 

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Entrevista com Ode Insone


Às vezes aquilo em que acreditamos acabam por nos contradizer. O Doom Metal, estilo caracterizado por sentimentos melancólicos, música que reina na terra da tristeza, quase sempre associado ao escuro e frio de nossas mentes, é muitas vezes relacionado a regiões de mesmo clima. Mas na contramão deste pensamento, temos várias bandas se destacando na região mais quente do Brasil, o Nordeste. E é de João Pessoa na Paraíba a banda Ode Insone, que foi criada há apenas 2 anos e que vem chamando a atenção dos amantes do Death/Doom/Gothic, após lançar o maravilhoso debut "Relógio" e agora com o excepcional "A Origem da Agonia" que saiu em mídia digital e em breve também na versão física. Com a palavra o vocalista Tiago Monteiro.


M&L – Primeiramente gostaria de saber se vocês têm noção da popularidade que a banda conquistou com o álbum “Relógio”.

Tiago – Acho que não totalmente, a internet tende a ser uma ferramenta facilitadora muito forte, torna-se um pouco difícil imaginar até onde o nosso som chegou, e como as pessoas reagiram. Mas recebemos muitas mensagens positivas, de boa aceitação em vários locais diferentes. Recentemente fizemos uma turnê no Nordeste e foi muito legal ver que já tínhamos um público forte em estados que nunca havíamos tocado até então.

M&L – O reconhecimento do Ode Insone (que vem crescendo) veio muito rápido. A banda se formou em 2018 e no mesmo ano gravou Relógio, seu debut. Sabendo que você também faz parte do Aporya, algumas ideias já vêm antes da formação do Ode Insone ou tudo foi feito a partir dali?

Tiago – Tudo iniciou com um desejo meu de produzir em português, inicialmente pensei em um material inédito da Aporya, mas acabei optando por criar um novo projeto. Falei dessas ideias com o Mad Ferreira, um guitarrista que sempre admirei bastante e uma excelente pessoa, juntos começamos do zero o esboço do álbum e corremos pra finalizar. A ideia era lançar um debut e em seguida lançar o segundo álbum em 2019, literalmente corremos contra o tempo e o álbum ‘Relógio’ foi lançado no último dia do ano de 2018. 



M&L – Aproveitando que estamos falando do início, a qualidade encontrada em Relógio é à altura de músicos experientes. Qual a trajetória dos demais membros?

Tiago – Todos nós temos outras bandas ativas, de outros gêneros. Porém todas são relativamente recentes, de 2013 em diante. Até porque somos de uma geração "mais nova", todos na faixa dos 25-19 anos. Mad Ferreira que é o guitarrista e também co-fundador da banda foi o responsável pela produção, mix/master e afins. Mesmo não tendo muita experiência ele meteu a cara e conseguiu um ótimo resultado. Da mesma forma eu produzi as artes do álbum, como foi um trabalho "sem planejamento prévio", produzimos tudo em casa, do jeito que dava e felizmente o resultado foi bem legal. Segue a lista dos projetos ativos de todos atualmente:

*Tiago Monteiro [voz] - Aporya (Doom) ; Flamenhell (Death/Thrash)
* Mad Ferrera [guitarra] - Sea of Monsters (Hardcore/Metal)
* Lucas Souza [guitarra] - The Unknown’s (Deathcore)
* Diego Nóbrega [baixo] - Crânio (Thrash)
* George Alexandria [bateria] - Vermgod (Black Metal)


M&L – Relógio foi lançado em mídia física por vários selos (Tales From The Pit – Kaotic Records – Eclipsys Lunarys – Sonare Funeris – Trevas Nacemos e Totem). Como foi esta parceria?

Tiago – Eu já conhecia o Leandro (Eclipsys Lunaris) e o Filipi (Tales From the Pit) em razão do
lançamento do primeiro álbum do Aporya , o Dead Men Do Not Suffer (2017). Os demais selos envolvidos tive uma proximidade maior através deles, inclusive, através deles conseguimos muita visibilidade. Então agradecemos imensamente aos dois pela força, e também aos novos amigos dos demais selos.


M&L – Um ano depois vocês retornam com “A Origem da Agonia”. Pelo visto vocês não deixaram o relógio parar.

Tiago - Verdade! Temos muita facilidade pra compor, e como produzimos nós mesmos em casa, isso ajuda. Não temos um estúdio profissional a disposição mas o Mad está cada vez melhor na produção sonora, mix/master é com ele mesmo! A ideia de correr contra o tempo em 2018 foi porque sabíamos que poderíamos preparar algo legal também em 2019. Pretendemos, se possível lançar um material por ano, até onde conseguirmos. As vezes sobra ideias mas falta tempo.


M&L – Uma arte da capa mais elaborada já chama a atenção, mas quanto ao som, quais as principais diferenças você destaca em relação ao debut?

Tiago – Utilizamos mais coros, teclados, diferentes ambientações, e também a inclusão de mais vocais limpos. Também exploramos mais outros gêneros, tivemos mais tempo para a produção, pudemos sentar com mais calma e sentir o que cada música precisava. Também houveram participações, Amanda Lins (Seeds of Destiny), Rodrigo Barbosa (Soturnus) e Luiz Eduardo Viana (Vermgod).

M&L – Temos alguns convidados para os vocais no álbum, mas eu destaco a linda voz de Amanda Lins em “Valsa dos Infelizes”, que para mim, já é uma das melhores músicas do Ode Insone. Como chegaram a ela?

Tiago – Conheço a Amanda faz um tempão, já dividimos palco algumas vezes. Eu também organizo shows e eventos aqui na cidade, inclusive um totalmente voltado ao Doom chamado 'Doom Over - João Pessoa', na primeira edição rolou Seeds of Destiny, Aporya, Soturnus e Under the Gray Sky. Além de ser fã do trabalho dela, também admiro muito ela como pessoa, fico muito contente pela participação no disco.


M&L – Por que cantar em português? Esta foi a intenção desde o início?

Tiago – A ideia sempre foi essa, criamos o projeto com essa proposta. Sempre gostei muito de Metal cantado em português, e sempre quis produzir também. Bandas como Harppia, Salário Mínimo, Metalmorphose e Stress sempre me deixavam admirados. Em inglês existe apenas os covers que gravamos para os CDs Tributos que fomos convidados. No caso, ‘If Forever’ do Novembers Doom e ‘My Wine in Silence’ do My Dying Bride.


M&L – “A Origem da Agonia” ainda é encontrado apenas em mídia digital. Há planos para lançá-lo em formato físico?


Tiago – Sim, será lançado em parceria com selos já parceiros, como o Tales from the Pit e o Kaotic Records. Muito em breve estará saindo do forno.


M&L – Aproveitando o gancho da pergunta anterior, você é um cara da nova geração. Você vê importância nos lançamentos físicos ou acha que o formato digital já cumpre seu papel? Digo isto porque sendo mais velho, mesmo tendo tudo para ouvir via internet, sinto muito mais prazer com a mídia física em mãos.


Tiago – Desde os meus 14 anos frequento lojas de disco, especialmente a Musica Urbana, aqui em João Pessoa é conhecida como ‘O Templo’. Ela é um ponto de encontro da cena. Então, coleciono muitos discos, também adquiro em shows Undergrounds ou trocas com outras bandas, acho que consumir esses materiais é o que mais fortalece as bandas. Afinal, tudo é investimento financeiro, e basicamente todos nós produzimos tudo isso por amor...bandas, zines, sites, produtores... então, acho que é essencial consumir discos, a Internet ajuda muito na divulgação das bandas. Mas sempre é mais legal ajuda-la a se manter ativa.

M&L – E a banda continua a toda. Esta semana ouvimos a nova música Autoquíria, com participação de Alex Voorhees do Imago Mortis que ficou bem nervosa. Fale sobre ela.


Tiago – Sempre admirei muito o Imago Mortis e o trabalho do Alex, um dia tomei coragem pra falar com ele e fazer o convite, ele foi muito receptivo e gente boa, então agradeço demais a força que ele nos deu. É um registro que tenho orgulho e será lançado como bônus na versão física do álbum.


M&L – Não poderia deixar de falar sobre a fase atual. Como você vê e no que a banda é afetada com esta epidemia do Covid 19?


Tiago –Acho que é um momento de muita precaução, o ideal é todos evitarem o máximo possível a circulação para que o vírus não contamine mais pessoas. Talvez essa quarentena atrapalhe a gravação do nosso terceiro álbum. Estamos trabalhando para o lançamento ocorrer em 2020, o conceito, letras e 70% do instrumental já está criado. Mas agora estamos impossibilitados de nos reunir, dependendo do desenrolar da coisa, talvez fique pra 2021. 


M&L – Obrigado por dispor de seu tempo conosco. Por favor deixe suas considerações finais.

Tiago –Eu quem agradeço bastante a oportunidade, todos nós ficamos bastante gratos pelo seu apoio em ceder um espaço pra gente. Gostaria de ressaltar que atitudes como a sua é o que mantêm o Underground girando. Parabéns e desejo tudo de melhor! Stay Doom!! 


domingo, 12 de abril de 2020

20 anos de Stronger Than Death do Black Label Society

Todo mundo sabe que o Madman Ozzy Osbourne sempre escolhe guitarristas de destaque para trabalhar em sua carreira solo. Ele ou a esposa Sharon, o mais provável. Randy Rhoads, Jack Lee, Gus G e entre outros, Zakk Wylde. Este último talvez tenha dado seus vôos mais altos, seja com sua banda Black Label Society ou em carreira solo. Zakk é uma grande figura, dá gosto de ler ou assistir suas entrevistas e nos 2 primeiros álbuns do BLS ele teve ao seu lado apenas o baterista Philth, pois gravou sozinho guitarras, vozes e baixo. Com um som meio difìcil de rotular, entre o Sludge e o metal, o play abre com "All For You" com destaque à afinação da guitarra e as vozes de Zakk que seguem a mesma linha de Ozzy, a despeito do refrão mais grave. Na música "Phoney Smiles & Fake Hellos" Zakk recita a letra na maior parte, o que, confesso, achei bem esquisito (pra não dizer ruim), mas baixo e bateria fazem um grande trabalho. Quando resolve cantar ele mostra que é melhor quando não tenta soar como Ozzy. Esta música me faz pensar num acasalamento entre o Pantera em sua músicas mais experimentais e o Corrosion Of Conformity em sua fase Sludge. "13 Years Of Grief" vem com muito groove e liga o botão do headbanging. O som é sujo e flerta um pouco com o industrial. "Rust" já começa com um belo arranjo e se mostra uma balada, com um solo bem diferente do que se espera de uma música assim. "Superterrorizer" é outra que a base de guitarra tem uma distorção bem legal assim como a sucessora "Counterfeit God" com muito peso e que mostra que Zakk vai bem no baixo também, obrigado. "Ain't Life Grand" vem com muito groove e combina perfeitamente com um boteco cheio de motoqueiros jogando bilhar, muita fumaça e mulheres tatuadas com caras de poucas amigas. "Just Killing Time" é outra balada, esta com arranjo de piano, onde a voz grave se destaca, além de ter o mais belo solo de guitarra do álbum. A faixa título tem um início arrepiante (poderia estar num álbum de metal extremo) e tem participação de Mike Piazza nos vocais, jogador norte americano de baseball fã de Heavy Metal e padrinho do filho de Zakk Wylde. O trabalho fecha com Love Reign Down que tem um riff bem sabbáthico. Não mudou a história do metal mas está por aí há 20 anos fazendo a alegria das criaturas que curtem boa música. 

domingo, 5 de abril de 2020

20 anos de Brave New World do Iron Maiden


Dia 29 de Maio de 2000. A data mais esperada para milhares de fãs do Iron Maiden ao redor do mundo. O retorno do frontman favorito da maioria dos fãs, após 8 anos se dedicando à sua carreira solo, Bruce Dickinson retornava na condição de reintegrar também o guitarrista Adrian Smith, e pela primeira vez a donzela teria 3 guitarristas em sua formação. E isso tudo elevou a expectativa de ouvir Brave New World a um patamar incrível. Inclusive aqueles que juraram de pés juntos nunca mais darem outra chance à banda. Pois bem, começando pela arte da capa em que nosso adorado Eddie de Derek Riggs aparece sob a forma de uma nuvem sob uma cidade futurista criada por outro artista, Steve Stone, e baseada no romance Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, lançado em 1932 e considerado um dos maiores romances da literatura britânica. O álbum foi gravado no Guillaume Tell Studios da França e mixado no Sterling Studio de Nova York e traz uma sonoridade menos clean se o compararmos a Fear Of The Dark de 1992. O lado mais progressivo da banda também aflorou neste álbum, com canções extensas e cheias de variações, trazendo belos Oh Oh Ohs em corais perfeitos para ecoar pelas arenas onde a banda se apresentaria, como vemos de cara no final de The Wicker Man, faixa de abertura que ganhou vídeo oficial.
Temos em Brave New World um trabalho bem coeso, em que todas as faixas estão no mesmo nível, dando gosto de ouví-lo do início ao fim, mas inegável que Blood Brothers tenha conquistado de cara sua legião de fãs, com seu refrão ao qual qualquer pessoa pode se associar independente de conhecer a história do livro. Cinco álbuns foram lançados com esta formação desde então e uma coisa é clara. Brave New World é o melhor deles. Porque a banda precisava se recolocar no posto de maior representante do Metal Tradicional do planeta e provar que após todas as feridas ainda sangrando nos últimos 8 anos, seja pelo rompimento ou a pouca aceitação de Blaze nas vozes, a banda ainda poderia ser o gigante implacável que sempre foi. Não importa se de lá pra cá foram necessárias tunês de aniversário tocando clássicos dos anos 80 na íntegra para manter o nome em alta. Brave New World foi essencial para isso acontecer. Se ele falhasse, talvez não teríamos mais a banda nos agraciando com sua música indispensável.
São 20 anos deste marco que, certamente aos 40, será lembrado ainda de forma mais irrefutável.