Esta semana o segundo álbum dos americanos do Evoken completou 20 anos. Lançado pela Avantgarde Music, "Quietus" é um bom nome para quem não quer se mexer muito, deitado na penumbra ouvindo um competente funeral doom com resquícios do sabor de um vinho na língua. A capa é um tanto abstrata, mas lembra um cadáver com metade do corpo soterrado em folhas e flores, em tons cinzas e preto e branco. Temos aqui um som de guitarras que aos menos acostumados ao estilo podem classificar como um som de demo ensaio, mas a verdade é que a produção conseguiu segurar as rédeas de uma distorção ultra pesada, que poderia botar tudo a perder se fosse lançada de qualquer forma. Os teclados cobrem algumas passagens com uma morbidez tétrica e para alcançar um status de álbum mágico, temos até algumas passagens mais aceleradas, como em "Tending The Dire Hatred" como se a bateria tivesse acabado de receber uma carga extra e os vocais alcançassem o alto da montanha assustando os animais que ali dormissem. O teclado que completa a lacuna na transposição da parte mais rápida à mais arrastada tem uma beleza sombria e a sequência é de arrepiar. Alguns vocais limpos e falados estão aqui e ali, mostrando que o Evoken sabe se manter longe da mesmice, adicionando vários elementos cabíveis em um funeral doom para mantê-lo atraente, o que deveria ser aprendido por muitas bandas do estilo. O dono dos teclados era Numinas, que estava desde 1996 e sairia no ano seguinte, o baterista Vince Verkay que fundou a banda ao lado do guitarrista e vocalista John Paradiso, o guitarrista Nick Orlando, que também passou vários anos no Evoken e o baixista Steve Moran. Este álbum já foi lançado em alguns anos posteriores pela inglesa Peaceville com alguns bônus, mas nunca saiu oficialmente no Brasil. Passou da hora.
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