O Prophetic Age de Mauá, SP, foi formado em 1996 e se destacou no cenário nacional por 10 anos, com um symphonic black metal de muita qualidade, conquistando o suporte de uma grande gravadora, a Hellion Records, e um público caloroso que logo os identificou como um dos maiores representantes deste estilo no Brasil. Após uma pausa de 15 anos eles retornaram em meio à pandemia para trazer uma nova era profética às criaturas noturnas que habitam cavernas na Terra e, em meio a todo caos que a pandemia nos trouxe, esperamos que as profecias sejam positivas. Com vocês, Prophetic Age:
M&L – O Prophetic Age esteve fora da cena durante alguns anos, mas retornou justamente em um momento delicado para os músicos em geral. O que motivou este retorno?
Rheiss: Durante a pandemia eu e o Sferatu resolvemos colocar em prática um antigo projeto, que era colocar nossas músicas nas plataformas de streaming. Com isso, tivemos que entrar em contato com todos os ex-integrantes. E ocorreu de forma natural para alguns de nós querer voltar à ativa. O fato de estarmos em meio a uma pandemia nos limitou um pouco para postergarmos um encontro presencial para ensaio e até para gravarmos vídeos para participação em festivais online, porém não nos limitou em relação a compor novas músicas e para nós isso é o mais importante nesse momento. Antes do início da pandemia já estávamos fazendo alguns ensaios esporádicos em um movimento inicial para esse retorno. Mas a pandemia nos impulsionou mais criativamente na verdade e decidimos mergulhar de cabeça nesse retorno.
M&L – Quais músicos estão na banda agora e o que vocês andam fazendo para retomar os trabalhos?
Sferatu: Dos membros originais, estão Sferatu (vocal), Gregor (baixo) e Rheiss (guitarra). Recentemente recrutamos um novo baterista, Marcello Nebirvs. No momento essa é a formação da banda. Estamos iniciando os ensaios presenciais para começarmos a trabalhar nos arranjos das novas músicas e em breve gravá-las para apresentar ao nosso público.
M&L – O primeiro e auto-intitulado álbum está completando 20 anos (acesse resenha em nossa página). Vocês pensaram em fazer algo para comemorar este fato?
Sferatu: Sim, em 2021 esse álbum completou 20 anos. Aliás, obrigado pela resenha do Metal e Loucuras, ficamos muito honrados com essa postagem. Gostaríamos de celebrar de alguma forma esse lançamento, mesmo que seja com um vídeo ou single de alguma música que gostamos e que tenha tido menos atenção do que merecia, por assim dizer... mas não pensamos em lançar o material em algum novo formato ou com reedição porque entendemos que já esgotamos esse álbum nesse aspecto e queremos disponibilizar o material novo que temos criado, esse é o foco maior agora.
M&L – Ele foi lançado de forma independente e se tornou peça rara de colecionador naquele formato. Quão foi importante para o reconhecimento da banda?
Rheiss: Consideramos um marco histórico na carreira da banda e também uma página importantíssima das nossas vidas pois foi a realização de um grande sonho que parecia inalcançável àquela altura da vida. Mas tivemos a atitude necessária de assumir esse compromisso de investir por conta própria na nossa banda e isso nos rendeu muito reconhecimento na cena naquela época.
M&L – Dois anos depois saiu o clássico Forged In The Blackest of Metals pela Hellion Records. Vocês incorporaram mais metal sinfônico ao Black Metal executado pela banda e fizeram um álbum fortíssimo.
Sferatu: Obrigado pelas palavras. Do primeiro para o segundo álbum com certeza houve um grande amadurecimento tanto da formação da banda quanto no nível das composições, não acho que incorporamos mas trouxemos um pouco mais à tona esse elemento que sempre esteve presente na banda desde seus primórdios, mas estamos continuamente buscando um bom equilíbrio entre elementos sinfônicos e o peso das cordas e da bateria que o metal requer e que também está em nossa essência.
M&L – A arte da capa é sensacional. Fale sobre ela.
Sferatu: A capa do Forged... foi trabalhada pelo Yuri D'Ávila, grande amigo e parceiro na época e que desenvolveu comigo as artes de todos os nossos trabalhos, sempre foi um processo colaborativo muito foda em que discutíamos as ideias e ele as trazia para a capa dos nossos cds de forma surreal.
M&L – A sonoridade remete um pouco aos noruegueses do Dimmu Borgir da fase Puritanical. É uma influência?
Sferatu: Acho que banda que é influência é aquela que você ouvia quando moleque e que te fez ir aprender um instrumento. Pra você ter uma ideia tem 3 músicas desse disco (Forged) que foram compostas por volta de 1995 ou 1996... Acho que bem antes do Dimmu Borgir compor o Puritanical não é? Bem antes do Enthroned darkness até...
No nosso caso, acho que quando começamos criar nossas músicas pudemos criar também uma identidade que tem mais a ver com uma mistura de muitas bandas que nos influenciaram do que com um caso específico. Pra gente acho que as bandas que nos fizeram querer tocar metal foram Sarcófago, Sepultura, The Mist, Death, Emperor, Rotting Christ, Dissection, Moonspell do início da carreira, Morbid Angel dentre muitas outras, que possuem sonoridade que exerceram influência sobre nossa música desde muito cedo...
M&L – Em 2005 a Hellion relançou o debut com nova arte e em formato duplo com vários bônus, incluindo versões para músicas de Rotting Christ, que ficou matadora, Emperor e Dio. Fale sobre este lançamento.
Rheiss: Esse foi um lançamento muito marcante para nós. Eu colocaria dois pontos altos nesse relançamento. Um deles foi a gravação do nosso videoclipe para I Sing Astonished in the Light e o outro foi a gravação do cover da música Egypt do Dio. Foram momentos únicos que tenho certeza que marcaram todos que participaram. O fato de ser lançado como um CD duplo foi também um marco na nossa história, pois até aquele momento poucas bandas nacionais tinham esse tipo de lançamento.
M&L – O que você acha que vai mudar no cenário nacional após voltarmos à normalidade e vencermos esta pandemia?
Rheiss: A pandemia afetou nosso cotidiano como um todo. O cenário nacional e mundial teve que se adaptar à nova realidade. O que ficou claro é que não é uma pandemia que irá calar as bandas e as pessoas que fazem parte da cena. Todos se mobilizaram para produzir materiais para divulgação online, compor novas músicas, participar de entrevistas ao vivo nas mídias sociais, entre diversas outras atividades que foram executadas. Claro que não podemos deixar de mencionar que as bandas que vivem na estrada sentiram muito mais essa fase, pois lhes foi ceifada a possibilidade de estar em contato com seu público e isso foi muito triste.
Eu vejo que ao fim da pandemia retornaremos mais fortes que nunca, valorizando muito mais os eventos presenciais e o contato pessoal. Esses tempos difíceis que vivemos com certeza nos fizeram refletir sobre o valor de coisas que eram cotidianas, como ir a um show, e que nem sempre eram suficientemente valorizadas.
M&L – Um prazer ter o Prophetic Age nesta seqüência de comemorações dos 12 anos de nossa página. Suas considerações finais.
Rheiss: O prazer é todo nosso! Te parabenizamos pela iniciativa de manter um veículo de divulgação e apoio ao metal. Desejamos muitos anos mais pela frente com muito metal e muito sucesso!
Aos que nos acompanharam por aqui, agradecemos pelo apoio e pela paciência de aguardar esse retorno após tantos anos. Convidamos todos a nos seguirem nas redes sociais e também no nosso canal do Youtube. Estamos preparando novidades e em breve começaremos a divulgar. Um grande abraço e até a próxima!
Orgulho da Cena de Mauá Hell City, Hail vida longa a banda.
ResponderExcluirHail!!!
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