A arte da capa criada por Travis Smith é desoladoramente maravilhosa. Mais que isso, além da beleza, ela é carregada de tristeza e ainda nos provoca uma viagem de pensamentos, sejam eles sobre a natureza, sejam eles sobre nossos sentimentos de solidão interior. Mas a máxima de não julgar um livro pela capa se faz valer aqui, de alguma forma. Mesmo que algumas canções de "A Natural Disaster" se alojem em nossa alma fria, a beleza que estes músicos já conseguiram musicar em álbuns anteriores, acaba sendo deturpada por ideias pouca concretas, ou muitas vezes parecendo flashes de criatividade na mente de algum louco. Ok, em "A Fine Day To Exit", o último trabalho que eu admiro na discografia desta banda, que sempre foi minha preferida em se tratando de tristeza e melancolia, já havia indícios de que a banda se distanciava da miséria que conhecíamos e voava cada vez mais perto da psicodelia. Uma faixa como "Harmonium" nunca deveria ter sido escrita pelo Anathema, muito menos ser colocada como faixa de abertura, merecendo ser no máximo um bônus de relançamento. Nem os vocais de Vincent conseguem salvar esta música. Ok, relaxe, pois na sequência temos "Balance", talvez a melhor música do trabalho, trazendo um pouco de tristeza às bordas do copo. "Closer" tinha tudo para ser uma das mais belas músicas da banda, com um instrumental perfeito para o fim dos dias, mas aquele efeito espacial nos vocais... "Are You There?" é uma das músicas cantadas por Daniel, que praticamente escreveu o álbum sozinho, e mesmo que seja uma faixa mais tranquila, consegue se destacar exatamente por não ter muita experimentação. "Pulled Under at 2000 Metres a Second" é dona de um nome peculiar e também mostra uma face agressiva pouco usual da banda neste período, mas acho que ficou meio parecido com uma experiência inacabada. A faixa título tem a vocalista Lee, irmã do baterista John Douglas, com sua voz emocionalmente forte dando um upgrade no som e serve como uma pré para sua efetivação como vocalista em trabalhos posteriores. Minha música preferida talvez seja "Flying", que deixa a voz fantástica de V. Cavanagh em evidência, mostrando o dom de atingir almas que esse cara tem. "Eletricity", outra música cantada por Daniel, também não tem o mesmo up, inclusive na letra, e acredito que seria diferente se cantada por Vincent. Outras faixas do álbum são as instrumentais "Childhood Dream" e "Violence". Posso ter sido um pouco cruel com "A Natural Disaster", mas a música que mexe com sentimento nem sempre provoca o sentimento que pretende.
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