quarta-feira, 20 de novembro de 2024

20 anos de Souls To Deny do Suffocation!!!


Seis anos após seu último trabalho, o EP "Despise The Sun" e nove anos após um último full, o Suffocation da terra do tio Sam se reunia para tirar o atraso deste hiato e colocar um novo petardo no mercado fonográfico. A bolacha da vez é este "Souls To Deny", um álbum de 38 minutos com todas as características que o death metal dos anos 90 esbanja. A arte da capa, é claramente uma obra do mestre inglês Dan Seagrave, naquele mesmo estilo da arte de "Transcend To Rubicon" do Benediction de 1993 ou "Where Ironcrosses Grow" do Dismember, também de 2004, num cenário apocalíptico com uma perspectiva de profundidade excelente, dando uma amplitude gigante para um cenário bizarramente pequeno na palma de suas mãos, e ainda melhor com o logotipo do Suffocation por cima de tudo. Na formação, temos a ausência do guitarrista Doug Cerrito, mas Terrance Hobbs tem a seu lado Guy Marchais que, a meu ver, trouxe um pouco mais de melodia ao som do Suffocation. Como o baixista Chris Richards não chegou a um acordo para o retorno da banda, eles gravaram o petardo ainda com o posto vago, ficando o baixo, que é bem tímido no álbum, dividido entre Hobbs e o baterista Mike Smith, que retornava à banda, depois de gravar os 2 primeiros álbuns, "Effigy of the Forgotten" de 1991 e o conhecidíssimo "Breeding the Spawn" de 1993, e esse cara toca muito! Musicalmente a banda não mudou muito seu som, apenas incorporou mais técnica sutilmente, enquanto temos algumas guitarras tocando sons distintos na mesma sequência, como você pode ouvir na porrada que encerra o álbum, a poderosa "Tomes of Acrimony". Não temos muitos blast beats intermitentes, mas eles aparecem por aí, enquanto os break downs estão por toda parte, para a alegria dos bate cabeças. No início da faixa "Souls To Deny", temos o som de almas penadas gritando, enquando o vocalista Frank Mullen grunhe, e isso remete ao "Subconscious Terror" de 1990 do Benediction. "Souls To Deny", o álbum, não é aquele clássico para se lembrar imediatamente quando o assunto é o Suffocation, mas ele cumpre bem seu papel de retorno à ativa da banda, e não deixa a desejar em suas composições, todas fiéis ao death metal brutal proposto por eles. O ponto negativo para este álbum é a produção, que poderia ser bem melhor, dando mais potência a tudo, inclusive os vocais, que parecem não estar na posição correta quando ouvimos o play. No mais, pule no mosh e divirta-se.

 

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

20 anos de Lepta (Лепта) do Arkona!!!


Considere esta resenha uma continuação da última que publicamos, já que estamos falando do segundo trabalho do Arkona, banda russa que debutava em estúdio em 2004 e em alguns meses já chegava a seu segundo play em uma média de 6 meses. Agora "Lepta", sucessor de "Vozrozhdenie", chega sem muitas alterações em relação a seu predecessor. Não que você não vá identificar algumas características determinantes entre eles. A começar pela arte da capa, agora temos algo bem mais chamativo, mostrando que a banda de Masha não foi forjada para se esconder do mundo, mas pretendia entrar rapidamente para a elite do folk metal mundial, coisa que realmente conseguiu. As músicas neste segundo trabalho continuam dependentes dos teclados, e muita coisa apresentada nele se baseia em melodias das teclas, mas se engana quem pensa que não irá encontrar muito metal em todo o álbum. Os vocais rasgados de Masha estão mais aparentes, ficando de lado aqueles rosnados quase guturais tão interessantes no debut. Você pode até achar o uso da flauta um pouco abusivo, mas estamos falando de uma banda de folk, então engula isso. Ele também é um trabalho bem mais curto (aleluia), 41 minutos é o bastante para apresentar seu som, o que não dá pra aguentar são álbuns de 80 minutos onde 30 são claramente "encheção de linguiça". Os vocais limpos da moça continuam lá, mas percebi que houve uma redução neles, talvez para compensar uma perda na obscuridão do debut, pois este trabalho é mais direto. Em alguns momentos a coisa descamba para o viking metal com gritos de guerra, como encontramos no Valdr Galga do Thyrfing, o que ficou bem legal. Enfim, o Arkona chegou querendo um lugar ao sol, e nada mais justo para quem veio de um dos países mais gelados do planeta (confesso que essa foi horrível). Um álbum que não vai te decepcionar, caso não tenha tropeçado nele nestes 20 anos.
 

sábado, 16 de novembro de 2024

20 anos de Vozrozhdenie (Возрождение) do Аrkonа!!!


O Apkoha (ou Arkona) é uma banda russa de folk/pagan metal, criada em 2002, e este Vozrozdenie é seu álbum de estreia, mesmo que tenham lançado outro trabalho no mesmo ano, mas esta é outra história. A Rússia é, aos nossos olhos, um mundo diferente daquele que vivemos no Ocidente, seja geograficamente ou socialmente, e uma banda daquela região que quebra estas fronteiras, certamente merece nosso respeito, independente de qual sub gênero de metal eles toquem. Digo isso porque o folk ou pagan metal que o Arkona faz, foi um estilo que ganhou grandes proporções em determinado período, com bandas como Turisas e Eluveitie, mas que tem um público bem distinto, e nunca foi abraçado por toda comunidade metal, recebendo muitas vezes alcunhas de um estilo risível, para não aprofundar muito em polêmicas. Mas este álbum, mesmo que apresente aqueles instrumentos típicos da música celta, ainda tem muitas características metal, com bons riffs de guitarra e vocais rasgados, femininos e masculinos. É difícil citar alguma música quando não se entende nada do que está escrito e impronunciável, mas podemos dizer que a vocalista Masha "Scream" (a princípio a idealizadora do projeto) tem um grande destaque no trabalho, seja com sua voz limpa ou rasgada e nos teclados que são preponderantes em toda a obra. Mas o trabalho não parece uma colcha de retalhos, como algumas obras do estilo, pelo contrário, ele tem bastante coesão, as melodias folk são bem encaixadas na estrutura das músicas e não soam forçadas. Os vocais extremos dão aquele toque black metal, enquanto a bateria também arrisca ataques acelerados. Existem informações de que este e alguns outros lançamentos do início de carreira do Arkona foram relançados tempos depois, com foco no mercado ocidental, mas a versão que ouvimos para esta resenha foi a original russa. Um começo com pé direito de uma banda que inclusive, já veio tocar no Brasil em duas ocasiões uns 12 anos atrás. 

 

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

20 anos de Graveyard Classics 2 do Six Feet Under!!!


Sabe quando você está com seus amigos tomando todas num bar, e quando todo mundo está pra lá de Bagdá alguém elogia alguma coisa legal que você fez no passado e de repente você e todos os outros decidem fazer algo parecido novamente, mas é claro que não será da mesma forma, afinal hoje vocês estão bêbados! É a minha visão patética quando penso que Barnes e cia decidiram gravar Graveyard Classics 2. A primeira versão, lançada no ano 2000, foi algo interessante de se ouvir, pois tivemos vários hinos do rock e metal, como Black Sabbath, Deep Purple e Venom sendo executados por uma boa banda com um vocal destoante e ultra gutural. Eu amo death metal e o vocal gutural, e acho muito foda quando uma banda faz uma versão ultra violenta de algum clássico antigo, como o Cannibal Corpse fez com "No Remorse" que, convenhamos, nem é tão antiga, mas... voltemos ao bar onde nossos amigos estão reunidos, despojados, com garrafas por todos os lados e um deles diz: "a versão mais legal daquele álbum do ano 2000 foi TNT do AC DC!" Opa, concordei com aquele camarada, ele falou uma coisa legal, TNT realmente ficou demais na voz de Chris Barnes. Daí outro cara fala, "Deveria fazer um disco só com cover do AC DC." Nessa hora já fico mais atento à conversa, pois essa não parece uma ideia muito boa, afinal AC DC nem é uma das minhas bandas favoritas, mas alguém levanta uma garrafa e grita "ISSO". Outro camarada se levanta e diz olhando nos olhos de Chris, "mas tem que ser o álbum 'Back In Black', o maior sucesso dos caras", e todos gritam e brindam e já vão pegando seus instrumentos enquanto o barman já imita um sino com batidas com uma colher numa garrada de rum pra dar início a "Hells Bells" e eu olhando pra todos os lados sem entender nada, e pergunto para um amigo: "Eles estão de zoeira, não é?", mas ele diz que não, que eles eram loucos assim mesmo e que um cara da Metal Blade estava no meio deles e iria gravar aquela porra. Depois desta viagem e após 20 anos eu vejo esse trabalho como um suicídio comercial, mas tudo bem, ele não é ruim de ouvir, acredito que apreciado muito mais por um fã de death metal que por um fã de AC DC, e rola legal naquele churrasco com os amigos, até que alguém peça pra colocar o original. Mas caras, não façam isso novamente. E pra não dizer que não falei da capa, parece um xerox mal impresso em uma impressora precisando trocar o toner.

 

sábado, 9 de novembro de 2024

20 anos de Nymphetamine do Cradle of Filth!!!


Eu, particularmente, considero "Nymphetamine" o último grande álbum de uma fase anterior aos álbuns mais marcados pelo gótico, mesmo que este play já tenha introduzido muitas nuances próximas deste estilo mais clean, em em contraste ao black metal mais ríspido (não cru) que estes ingleses fizeram em trabalhos anteriores. Outrossim, ele é um trabalho muito superior ao "Damnation And A Day", única aposta da Sony Music, pois aqui eles migraram para a Roadrunner, aquela mesma que ganhou muita grana com Sepultura, Obituary e Deicide e um tempo depois praticamente abandonou seus filhos preciosos. Mas cara, esse álbum tem muita guitarra. Germs Warfare que entrou na banda certamente contribuiu para isso, há momentos, como no final da música "Nemesis" que parece que você está ouvindo um álbum de Thrash Metal ou o início de "Filthy Little Secret, e outros como em "Absinthe With Faust" que parecem ter saído de um álbum de death metal, além de solos por todos os cantos. A participação especial de Liv Kristine do Leave's Eyes e claro, o eterno Theatre of Tragedy, trouxe um personalidade marcante para este álbum, primeiro porque ela canta com sua voz angelical a la Aegis na faixa título do álbum, que é repetida numa versão poderosa no final, e não apenas faz seu papel, mas deixa implícita sua marca, como se a música tivesse sido escrita para ela. Outras músicas são especiais neste trabalho, como a mezzo time "English Fire", que tem o melhor trabalho de teclados do álbum. Não posso deixar passar aquela que hoje em dia (20 anos depois) se tornou minha faixa preferida de Nymphetamine. A sensacional "Gilded Cunt". Ok, você que manja de inglês deve estar falando, "fica criticando o funk nacional por causa das letras e manda essa". Ok, as letras inúteis do funk brasileiro são apenas um percentual de todo o lixo que ele representa, então pegue a letra inteira de "Gilded Cunt" para tirar a impressão de pura pornografia e luxúria. Mas o melhor dessa canção não é a sugestão erótica, e sim o lado extremo que ela evoca, a fúria do instrumental e a raiva com que Dani grita as estrofes, como se estivéssemos de volta ao cenário caótico e saudoso de "The Beauty And The Beast", meu álbum preferido do Cradle of Filth, aquele que me fez me apaixonar pela banda, após uma audição anterior que me fez torcer o nariz. Enfim, "Nymphetamine" tem uma produção excelente que deixa todos os instrumentos equilibrados, tem os teclados na medida certa, necessários sem soarem pretenciosos, uma bateria acelerada e um vocalista ainda raivoso, com participações singelas de vocais paradisíacos. A capa não é a mais bela da banda mas corrige o erro do álbum anterior. Um grande álbum.

 

sábado, 2 de novembro de 2024

20 anos de Illusion's Play do Shape of Despair!!!


O Shape of Despair é uma banda finlandesa de funeral doom com nuances atmosféricas, que chegava em 2004 com "Illusion's Play", seu terceiro full álbum, lançado pela Spikefarm Records. Conservando a mesma formação do álbum anterior, "Angels of Distress", de 2001, e com poucas alterações desde o debut, incluindo aí o vocalista Pasi Koskinen, aquele mesmo do Amorphis, a banda se consolidava em um nicho de metal totalmente underground, o funeral doom, apreciado apenas por aqueles que reviram ossos das catacumbas mais obscuras, em busca de um som com total ausência de espírito e muita desolação. O play abre com uma música instrumental de mais de 6 minutos, e por aí se tem noção de que a banda não se preocupa com parâmetros e segmentos. Doa a quem doer, aprecie se puder. Já a segunda faixa, "Still-Motion", passa dos 16 minutos e traz um som de guitarra ultra pesado, rastejante, com uma bateria hipnótica e envolvente, onde o vocal gutural penetra em sua mente, levando palavras de sofrimento, busca interior para reconstruir um passado, mesmo que distante de sua própria fé. Os teclados de Jarno Salomaa, que também toca guitarra junto a Tomi Ullgrén (Impaled Nazarene), entram e fazem um papel preponderante nesta música, transformando aquele death doom carregado em um som atmosférico e viajante, que dura mais de 6 minutos. Já "Entwined In Misery", mesmo possuindo teclados pingando de todos os poros, não tem uma seção rítmica extremamente longa que possa te fazer trocar de faixa, mas momentos que funcionam como uma válvula de escape para o peso. Aos poucos você vai percebendo vocais limpos (masculinos e femininos, estes a cargo da Natalie Koskinen), um diferencial que pesa quando você se concentra no som, uma vez que no caso de você ouvir este álbum estudando para a prova de matemática de amanhã, certamente não irá se dar conta de suas existências clean. O Shape sabe subir e descer a ladeira, passando por curvas apertadas, porque corre numa velocidade de caramujo, e fazem isso muito bem, alternando momentos drásticos a outros bem sensíveis. Sabe quando você puxa 40 kg na academia e volta devagar para o ponto de partida? É mais ou menos isso que eles fazem nestas músicas, principalmente em "Fragile Emptiness". Um álbum indicado para os amantes da música fúnebre, e que sobreviveu ao teste do tempo porque o doom é assim, se arrasta pela eternidade e não se prende a nada que se possa chamar de moda.