sábado, 2 de novembro de 2024

20 anos de Illusion's Play do Shape of Despair!!!


O Shape of Despair é uma banda finlandesa de funeral doom com nuances atmosféricas, que chegava em 2004 com "Illusion's Play", seu terceiro full álbum, lançado pela Spikefarm Records. Conservando a mesma formação do álbum anterior, "Angels of Distress", de 2001, e com poucas alterações desde o debut, incluindo aí o vocalista Pasi Koskinen, aquele mesmo do Amorphis, a banda se consolidava em um nicho de metal totalmente underground, o funeral doom, apreciado apenas por aqueles que reviram ossos das catacumbas mais obscuras, em busca de um som com total ausência de espírito e muita desolação. O play abre com uma música instrumental de mais de 6 minutos, e por aí se tem noção de que a banda não se preocupa com parâmetros e segmentos. Doa a quem doer, aprecie se puder. Já a segunda faixa, "Still-Motion", passa dos 16 minutos e traz um som de guitarra ultra pesado, rastejante, com uma bateria hipnótica e envolvente, onde o vocal gutural penetra em sua mente, levando palavras de sofrimento, busca interior para reconstruir um passado, mesmo que distante de sua própria fé. Os teclados de Jarno Salomaa, que também toca guitarra junto a Tomi Ullgrén (Impaled Nazarene), entram e fazem um papel preponderante nesta música, transformando aquele death doom carregado em um som atmosférico e viajante, que dura mais de 6 minutos. Já "Entwined In Misery", mesmo possuindo teclados pingando de todos os poros, não tem uma seção rítmica extremamente longa que possa te fazer trocar de faixa, mas momentos que funcionam como uma válvula de escape para o peso. Aos poucos você vai percebendo vocais limpos (masculinos e femininos, estes a cargo da Natalie Koskinen), um diferencial que pesa quando você se concentra no som, uma vez que no caso de você ouvir este álbum estudando para a prova de matemática de amanhã, certamente não irá se dar conta de suas existências clean. O Shape sabe subir e descer a ladeira, passando por curvas apertadas, porque corre numa velocidade de caramujo, e fazem isso muito bem, alternando momentos drásticos a outros bem sensíveis. Sabe quando você puxa 40 kg na academia e volta devagar para o ponto de partida? É mais ou menos isso que eles fazem nestas músicas, principalmente em "Fragile Emptiness". Um álbum indicado para os amantes da música fúnebre, e que sobreviveu ao teste do tempo porque o doom é assim, se arrasta pela eternidade e não se prende a nada que se possa chamar de moda.

 

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