Com uma arte simples e um disco autointitulado — ou sem um título específico, como costumamos dizer — o primeiro impacto já passa a sensação de uma banda operando abaixo do esperado. E a abertura com “Maniac Dance” confirma a impressão. A faixa flerta com um hard rock artificial, lembrando o Helloween em seus dias menos inspirados, e ainda vem acompanhada de uma produção fraca se comparada à de Elements. Nem a voz de Kotipelto consegue evitar um generoso torcer de nariz — e isso vindo de alguém que esperava muito mais de uma banda desse porte, ainda que a música não seja exatamente horrível.
“Fight” não melhora em nada esse começo trôpego, então a salvação momentânea surge apenas em “Just Carry On”, quando o cenário finalmente dá uma guinada. A faixa tem mais energia, está longe do speed metal clássico da banda, mas traz uma pulsação própria — ainda que meio rígida — na qual os vocais de Kotipelto começam a resplandecer.
Em “Back to Madness” (e o título dispensa explicações), temos praticamente um documento emocional de Tolkki, uma confissão sonora de tudo que ele vinha enfrentando. A música é carregada de melancolia e tensão, e ouvir isso sabendo do contexto torna tudo ainda mais angustiante. Os dedilhados, as vozes distorcidas e as narrações adicionam uma aura épica à faixa, fazendo dela um dos raros momentos realmente marcantes do álbum.
Ao menos há uma balada para nos lembrar do que o Stratovarius tem de melhor: a voz de Kotipelto. Em “The Land of Ice and Snow”, ele chega bem próximo de seus grandes momentos em uma canção com toques quase folk, curta — pouco mais de três minutos — mas que desperta até a vontade de ouvir algo do Blind Guardian para completar o clima.
Já os teclados de Jens Johansson, tradicionalmente um dos pilares da banda, aqui soam mecânicos, pouco inspirados e nada harmônicos, contribuindo para que o disco permaneça consistentemente abaixo da média.
Não dá para dizer que o Stratovarius lançou seu “St. Anger” em 2005 — porque isso seria crueldade desnecessária, e este álbum não chega a ser um desastre. Mas também é verdade que ele não vai deixar saudades. Um trabalho perdido entre crises pessoais e criativas, que marca mais um período difícil do que um capítulo digno da grandeza que o Stratovarius costumava entregar.

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