sexta-feira, 26 de julho de 2013

Crush, Kill, Destroy

Em 1992 o Sarcófago aproveitou a boa repercussão de "The Laws Of Scourge" e lançou o EP "Crush, Kill, Destroy". Relançando as músicas "Midnight Queen" e "Secrets of a Window" a banda apresentou duas músicas inéditas. A faixa título é tipicamente Sarcófago desta fase, rápida, trabalhada, com backing vocals nos refrões. É uma música que quebra tudo pela frente. Já "Little Julie" é uma "balada" para o estilo do Sarcófago. A música que fala da memória de uma garota (à época com 11 anos) despertou a ira de alguns fãs mais ortodoxos que disseram que o Sarcófago havia se vendido. Pura bobagem, pois esta é uma das melhores músicas que a banda já compôs, e de comercial não tem absolutamente nada. A banda apenas provou que sabia compor música ultra pesada com melodia, assim como fizeram monstros como Metallica e Pantera em "Fade To Black" e "This Love", para citar apenas dois. Infelizmente Fábio e Lúcio saíram da banda após este EP e a banda se tornou uma dupla, voltando de vez as caras para o underground, pois com esta formação eu acredito que ela poderia se tornar ainda maior do que conseguiu ser. Posteriormente estas músicas apareceram no formato de "The Laws" em CD.

domingo, 21 de julho de 2013

ENTREVISTA COM CASITO - WITCHHAMMER

Todos nós sabemos que para fazer heavy metal no Brasil existem alguns fatores primordiais para atingir o reconhecimento: talento, amor pelo estilo e ser guerreiro. Em um país que ainda engatinha quando o assunto é o apoio aos artistas, é somente com muita garra que uma banda de metal consegue sobreviver desde meados dos anos 80 até os dias atuais sem qualquer exposição na grande mídia. Apenas pela força de vontade de seus integrantes em união com seus fãs que os apoiam sempre. O Witchhammer de Belo Horizonte é um exemplo de humildade e perseverança na cena nacional, uma das bandas que ajudou a difundir este estilo que amamos tanto. E é com muita honra que o Metal e Loucuras apresenta uma entrevista exclusiva com Casito, baixista e vocalista e um dos fundadores do Witchhammer.

M&L - Fale-nos um pouco de você hoje. (Trabalho, projetos...)
Casito: Tenho 43 anos hoje e sou músico e professor de inglês na Achieve-Oxford University Press. Dou aulas de inglês para business internacional e inglês geral para adolescentes. Nascido e criado em Santa Tereza, hoje, moro onde nasci, com minha companheiríssima amada Tânia e nossa filha Melissa. Estamos em gravação do novo CD "Metallanguage". A idéia é ainda uma 'pré'  para o negócio final, e está acontecendo nos estúdios do nosso guitarra, Rogério Sena, o Trip & Trip Prod., onde vou a pé. Ótimo, né não? 

M&L - E o Witchhammer, como estão os planos para lançamento deste novo álbum?

Casito: Como estava falando, hoje temos dificuldade em nos encontrarmos tão frequentemente como a paixão exigiria, mas procuramos nos ver e gravarmos em horários alternados. Quase sempre, quando estamos todos juntos, ficamos bêbados e vamos recriando o grupo, compondo todo tipo de coisa. Ótimo também! É a base do que vai ser tudo depois, a linha-mestra dos discos e dos shows, que são mais frequentes na época do lançamento dos CDs. Metallanguage será todo costurado em si mesmo. Como sendo Meta-alguma-coisa, ele fala de si mesmo, o Metal usado pra contar estórias do Metal. Usaremos as letras das músicas para falarmos exatamente da arte de escrever letras para músicas, exaltando letristas famosos como Freddie Mercury, Bob Dylan, Bowie, Hendrix, Neil Peart, King Diamond, Bob Marley, etc. Citaremos também grandiosos escritores como Edgar Alan Poe, Humberto Eco, Márquez, Shakespeare, Stephen King, estes gênios que nos inspiraram tanto com suas estórias, vocês sabem quais, não? Metalinguagem Metametálica, é isso somente. O escrito falando do 'escrever' e o Metal falando da arte de se 'metalear'. Pretendemos lançá-lo em outubro, juntamente com o documentário "Witchhammer: somos feitos de pessoas", que está sendo feito pelo brother Richardson Pontone.

M&L - O Witchhammer é um dos grandes representantes da maior cena underground que o país já teve. Qual a visão que a banda tinha de si naquele contexto?

Casito: A gente achava que era mais underground mesmo, como você falou. Em 1985, as roupas eram rasgadas mesmo, era colete brutal, coturno, cabelo do jeito que crescesse era aquilo mesmo, tipo Sabbath e Deep Purple  no início, sabe? Era cruz de cabeça prá baixo a torto e a direito, todo mundo usava, todo mundo. Patches muitos... Hoje vejo que a nossa primeira demo é tosquêra braba, a Warfare Noise 2 é uma loucura de atentados ao metrônomo e tem execução das músicas rudimentar. Aamonhammer também, toscão.O Mayhem e o Megatrash se mantinham bem no compasso. Já as bandas anteriores a nós estavam bem certinhas nos andamentos, Distorção Neurótica, Destillery, Kamikaze, Overdose, Sepultura, Chakal, Mutilator, tinham uma pegada já bem certinha. A gente era bem underground mesmo, os shows iam acontecendo e se revelando a cada segundo, rolava muita improvisação também. Difícil imaginar isso num show de metal mas juro que rolava. A gente curtia demais aquela vida e queria conhecer todo mundo, todos os mestres, tão jovens quanto nós, ou pouco mais velhos, que faziam aquele som inédito, aqui, em outros estados e países. Éramos pouco mais jovens que nossos ídolos e isso era muito legal, diferente do geral. Cronos era 7 anos mais velho por exemplo. Era uma avalanche, estávamos dentro do acontecimento e nos sentíamos todos brothers. Tudo interligado, era um movimento mesmo. Quanto à visão que tínhamos era que tocávamos bem mais ou menos mas a gente agradava demais, até mais, às vezes. Aí no Mirror, a gente já tinha aprendido um pouco, um pouco. Fomos crescendo bem, rápido, viajando muito. Tivemos muita atenção, até mais do que merecíamos por nossos dotes musicais ainda limitados, mas sempre fomos sinceros e esforçados.



M&L - Vocês tinham o sonho de fazer sucesso no exterior ou nunca foi uma preocupação?
Casito: Em 1990, ficamos em primeiro lugar em duas rádios da Europa com a música Mad Inspiration. Aí, duas gravadoras se interessaram em nos contratar, mas somente caso gravássemos o disco todo naquele estilo de música da Mad Inspiration. Aí não, né? (risadas)... Todos do movimento tínhamos esse sonho, não era exclusividade de uma banda ou outra, se é que é isso que você quer saber. Desafio alguma banda falar que, em algum momento, não sonhou em tocar no Brasil todo, no mundo todo. Ganhar milhões de dólares. Sonhava e sonho até hoje, meu caro. Sucesso não mais, só uma tour bem simples com a banda. E os milhões, claro. Sucesso era só sonho de adolescente. Ficamos no lado B da história, o que é um lucro. Não podemos reclamar de nada. Quantas bandas não foram (ou ainda são) o lado C, D, E... Z da história? Bandas boas que nunca tiveram uma chance sequer? Tenho certeza que pra várias delas, tocar em BH é um sonho. Com o banger local apoiando as bandas, teríamos grandes shows lotados frequentemente. O que levaria às ótimas bandas autorais de BH mostrarem e terem suas músicas cada vez mais amadas, e cantadas pelo povo metaleiro. Cantadas, imagina só. Isso é o que chamaria de cena. Uma 'cena' é o que reimpulsionaria a força, é o que geraria notícia, digamos. Aí, teríamos milhares de bandas do Brasil todo querendo tocar aqui. Seria fácil realizar o sonho delas. Já temos bastante sucesso pensando bem.

M&L - Qual foi o momento mais marcante de sua carreira?

Casito: Quando eu peguei o álbum The First and the Last nas mãos e olhei bem pra ele. Depois coloquei ele junto com os meus outros discos de vinil: Slayer, Destruction, Kreator, Venom, Queen, Stones. Coloquei ele bem lá no meio. Sentiu?

M&L - É, com certeza foi uma emoção indescritível. O Witch sempre foi ousado ao gravar músicas que fugiam às regras do thrash metal, como "Mad Inspiration, The Lost Song, Hair e Call:X". De onde surgiam estas idéias?
Casito: Alguma coisa do Nuclear Assault, outras pitadas do Suicidal, Red Hot, blues demais, a gente ouvia todo dia blues, rock clássico demais também, Led Zeppelin, toda hora, Sabbath, todo dia, Raul Seixas direto, esses malucos aí. A outra metade das ideias vinha da gente mesmo, do álcool. (risadas)  

M&L - Bandas como Sarcófago e Headhunter D.C. (Ba) sempre deixaram clara sua postura agnóstica nas letras. Já o Witchhammer deixa meio indefinido este aspecto, principalmente analisando letras de músicas como “From A Suicide Man To God” e “God’s Growing Older”. Considerando que você é o principal letrista da banda, em que você acredita?

Casito: Sou agnóstico. Os temas das letras nunca representaram somente o que acreditamos. Elas são textos literários antes de tudo. Tratamos de temas diversos e a religião católica sempre foi um foco de nossas músicas. A crítica é exatamente essa - Deus é então visto como velho e sem o poder que classicamente se dá a tal ser. As letras refletem a falta de esperança e fé, os valores já caquéticos e reacionários da igreja católica. Às vezes, as pessoas já veem a palavra 'God' e se assustam.  



M&L - Você disse recentemente que tem o sonho de lançar “The First And The Last” e “Blood On The Rocks” remasterizados em um único trabalho, assim como já aconteceu com o Chakal em “The Man Is His Own Jackal” e “Death Is A Lonely Business”. Existe essa possibilidade? Há algo adiantado entre vocês e a Cogumelo?
Casito: Vamos regravar o 'The First and the Last', tocando tudo de novo, novos arranjos, solos e vocais. Queremos manter a coisa toda bem fiel ao original, mas vamos dar uma ajeitada nos tempos. É um disco honesto, cru, metal mesmo da gema. As ideias são ótimas, a execução nem tanto. Queremos remasterizar o 'Blood on the Rocks' também. A ideia é relançar esses dois em um pack legal, com fotos e um pouco da história da banda também. Não há nada entre nós e a Cogumelo por enquanto.

M&L - Em que o Casito músico é melhor, como vocalista ou como baixista?
Casito: Jogo bem nas duas.

M&L -  Assim como recentemente houve um renascimento do thrash a nível mundial, com várias bandas clássicas lançando bons álbuns e o surgimento de outras bandas, você acredita em um novo boom da cena heavy de Minas Gerais?
Casito: Acredito sim. Tudo tem seus ciclos e renasce. Mas as pessoas do Metal têm que se ajuntar mais, pra sair do frio. E compor com violão também. Ligar uma sonzêra do capeta, abaixar uns tons, e esguelar o ampli, tudo fica legal, né não? Pensando na sua pergunta novamente, vi que você relacionou o fato do renascimento do thrash com a possibilidade de uma repercussão da cena em BH, né? Agora eu te volto a pergunta: você acha que o tal 'novo boom' só aconteceria caso o 'Thrash' renascesse e explodisse o  movimento de novo?

M&L - Olha, não acho que esse novo boom depende do renascimento thrash, mas com certeza estes ciclos são essenciais para nos dar esperança de que a cena pode melhorar. Assim como existe um renascimento do hard na Suécia e o novo gás das bandas da bay area, também pode retornar com força total o movimento black metal norueguês, a explosão do metal melódico ou a cena mineira. Depende de tudo que você disse, das bandas antigas continuarem o legado e das mais novas como Drowned por exemplo, de manterem o foco.

M&L - Por favor, comente em poucas palavras cada um dos 4 álbuns do Witchhammer.

The First and the Last - cru, tosco, mal executado, ótimas letras que contêm o sumo do que éramos e pensávamos, hormônio puro, irmandade era pesada nessa época, a ideia era fazer Metal pra arregaçar na podrêra, agredir sonoramente e politicamente. O disco traz uma lenda, Mr. Walker, um neurótico de guerra e estuprador, que acorda no hospital onde nós trabalhamos, digamos (risadas). Aí tocamos um blues (Medicine Blues) para ninar o 'neném' (risadas, em família). Mas ele foge e faz sua primeira vítima, na segunda faixa do disco(The first...). Aí vai. O disco é todo uma grande estória só, passando por temas que envolvem medicina, estupro, obesidade (diz aí, galera Oldschool!), até que termina com o Mr. Walker, estuprando sua última vítima, Pamela, num mix de estória real e fantasia. Essa Pamela se suicidou mesmo nos States e deixou uma carta numa cabine telefônica que é a oração do salmo 23, da Bíblia, mas de outra forma conhecida como "King Heroin" ou "King Heroin is my Shepherd", algo assim. Então na música ela é salva por Walker, que faz com que ela desista depois que ele dá nela uma 'carcada'!(muitas risadas, hahahahahahahhaaaaa...)




Mirror, my Mirror - feito por várias mãos amigas, inovador, poético, lírico, carismático, eclético na essência, político. A gente tinha envolvimento com o PC do B, o Paulinho mais. A gente bebia pra cacete também nessa época. O 'Mirror' foi feito em grande parte na madrugada. A gente ensaiava no DCE da UFMG, perto da Praça da Liberdade, perto da Savassi. E rolavam altos agitos por lá. Já viu, né? A gente morava no DCE. Tinha um palco do lado do quarto de ensaios! Palco que abrigou todas as bandas daqui em shows históricos! Sylvia Klein e Andréia Dário foram killers demais! A estória do espelho também é real, tenho a cicatriz ainda no punho. Dartherium renasce. Tem Hard Core, blues, gaita, thrash, pancadaria, muito mosh. Disquinho bom mesmo.


Blood on the Rocks - é um ataque a tudo, às políticas de guerra  dos EUA, às religiões, à política brasileira e mundial. Estávamos raivosos essa época, fortes. Zangados mesmo. A gente vivia nas ruas, nos bares. O 'Thrash' era mais forte que nunca em nós. Queríamos as palhetadas mais matadoras e os solos mais 'do mal' do planeta. Meu favorito.








Ode to Death - monstruoso, um thriller, mais técnico, mais pesado, letras mais elaboradas, tem como linha central o tema da morte. Falamos de todo tipo de morte, física, espiritual, psicológica, a morte de conceitos, ideias, atitudes, amizades, a morte da arte, da esperança, do convívio, da paz. Tem vários convidados que cantam, como  Ricardo Sarcinelli, da banda Poison God (Colatina, ES), Tchesco (Pathologic Noise), Celso Grassi, Aender, Mr. Korg (Chakal). Solos maravilhosos de Rogério Sena, que entrou pra banda como se sempre tivesse sido. Foi ótimo o reencontro dos velhinhos de cabelos brancos, meus irmãos.




Agradecemos pela entrevista. É uma honra ter em nossa página alguém que ajudou de forma tão expressiva a construir a cena de metal no Brasil.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Schizophrenia

 Em 1987 o Sepultura de Belo Horizonte lançaria o primeiro divisor de águas de sua carreira, Schizophrenia, abandonando o death metal e caindo de cabeça no thrash. Com a saída do guitarrista  Jairo Guedz e entrada do paulista Andreas Kisser, o Sepultura começava a fazer um som mais técnico, fato que fez com que alguns fãs torcessem o nariz enquanto a banda ganhava milhares de outros. O álbum abre com a clássica vinheta do filme Psicose com Max gritando a palavra Schizophrenia de trás para frente. E a primeira pancada e melhor música deste trabalho é From The Past Comes The Storms. Ela começa em ritmo acelerado que se alterna em partes muito propícias ao mosh. Depois vem To The Wall, seguindo a mesma qualidade e menos acelerada. Escape To The Void também é uma das melhores desta fase, com aquela parte cadenciada a la Kreator no meio que ficou matadora. As letras deste álbum deixaram de lado o 'diabismo clichê' e ficaram mais sérias.
Inquisition Symphony é a maior surpresa deste disco, pois quem imaginaria que naquela época os caras fariam uma música instrumental e ainda mais passando dos sete minutos? Screams Behind The Shadows é uma música muito boa, mas que ficou um pouco apagada no meio das outras. Septic Schizo vem em seguida quebrando tudo novamente, apresentando riffs que davam a tônica das músicas do próximo trabalho "Beneath The Remains". The Abyss é mais uma instrumental, esta bem curtinha bem no estilo dos dedilhados encontrados em "Ride The Lightning" do Metallica e serve de introdução para a última música "R.I.P. (Rest In Pain)". Aqui Max até solto aquele "uhh" igualzinho ao Carlos Lopes da Dorsal em "Antes do Fim", e esta música é outro grande momento de Schizophrenia. É um grande álbum, com passagens marcantes e uma banda entrosada e fazendo um som com muita qualidade, louca para alcançar o mundo. Mesmo que não chegue nem perto de ser o melhor álbum da boa fase da banda.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Campo de Extermínio

Boa noite criaturas. O Holocausto é uma das bandas mais antigas da cena mineira e já fazia parte da famosa coletânea da Cogumelo de 1986, a Warfare Noise I, junto com Sarcófago, Mutilator e Chakal. Com a proposta de cantar em nossa língua e falar de temas de guerra nas letras, o Holocausto lançou seu primeiro álbum em 1987, o Campo de Extermínio. Aqui a coisa é tosca, mas é boa pra caramba. O som em alguns momentos lembra o Sarcófago, mas o Holocausto tem seu estilo próprio neste play, o que não aconteceria nos posteriores, tanto que posteriormente a banda perdeu muitos fãs, e a chance de chegar no mesmo patamar que seus companheiros de Warfare Noise. 
Depois de um discurso de Hitler na introdução, o trabalho começa com a faixa título, naquele início cadenciado que influenciou o SexTrash mais tarde. A gravação não é das melhores do cast da Cogumelo e talvez por isso as guitarras não soem tão pesadas, mas isso é um problema quase geral para aquela época. Na sequência vem "Forças Terroristas", uma das melhores composições do quarteto. Rápida, curta e esporrenta como tinha que ser. A próxima sim é a melhor música, "Scória", que começa com pancadaria (um doce pra quem acompanhar Rodrigo cantando e entender as palavras - hehe) e depois fica cadenciada e muito legal. O refrão é demais "Morte/Fome/Medo/Dor", pra quem curte um vocal escarrado. As próximas músicas são "Facção Revolucionária Armada, Regimento da Morte (início bem Sepultura do Morbid Visions), III Reich (outra bem rápida e curta) Vietnã (essa tem um dos riffs mais legais do álbum), Guerrilheiro Suicida e Setembro Negro." O lançamento em CD tem a música Massacre da demo de 85 como bônus. A formação do Holocausto era Rodrigo Fuhrer nos vocais, Valério Exterminator na guitarra, Anderson Guerrilheiro no baixo e Armando Nuclear Soldier na bateria. Bélicos até nos pseudônimos.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Phantasmagoria

Phantasmagoria é um daqueles álbuns gravados na época errada, pois estava à frente de seu tempo em 1989. Em uma época em que o thrash metal nacional era marcado pela velocidade e linhas retas, ao contrário do americano que já apresentara obras mais técnicas como Master of Puppets, o The Mist, criado a partir das cinzas do Mayhem (que está na coletânea War Faire Noise II), apresentou de cara um álbum altamente técnico e de extremo bom gosto. Até a gravadora Cogumelo teve dificuldades para rotular a banda nesta época acrescentando adjetivos como progressive ao thrash dos mineiros. Ter Vladimir Korg como vocalista, depois de deixar o Chakal, já era motivo para atrair a curiosidade de muitos para a banda. Sem contar que Korg é um letrista fenomenal e aqui apresentou várias letras inteligentes.

Não há uma música fraca neste play. O início com "Flying Saucers In The Sky" já mostra todo o poder de fogo do The Mist. Música rápida, com o vocal de Korg menos agressivo e mais técnico que no Chakal, letra falando de conspirações. Na sequência uma de minhas preferidas, "Smiles, Tears and Chaos" e vale à pena frisar uma coisa: essa faixa chama a atenção para o trabalho de baixo que Marcelo Diaz fez no álbum.  Tocou baixo a la Steve Harris, sem exageros. "A Step Into The Dark" que fala do cara que quer se matar no alto de um prédio vendo todos aqueles a quem ele se orgulha de nunca ter se vendido. Muito legal essa música também.
Depois vem uma música muito especial, pois foi a primeira que ouvi e como se diz que a primeira impressão é a que fica então "The Enemy" fez muito bem seu papel. Música curta com bases cavalgadas, e um belo solo no final, essa é minha preferida em Phantasmagoria. Logo em seguida "Hate" que também não fica pra trás, outra bem na cara. Depois vem "Barbed Wire Land (At War)" que também está entre minhas preferidas. A faixa título é épica e mais um belo trabalho de baixo além de ótimos solos. "Lightning In The Dark" é instrumental de 0:39 que serve para mostrar novamente o talento de Marcelo e para introduzir a faixa "Like a Bad Song" que de ruim não tem nada e pra fechar "Faces of Glass". Essa é thrash puro e foi colocada no final justamente pro ouvinte voltar o braço do toca discos pra primeira música e começar tudo de novo. A capa de Kelson Frost é novamente um diferencial dentre os trabalhos dos primórdios no Brasil. A formação contava além de Korg e Marcelo, com Cristiano Salles na bateria, Beto Lima e Reinaldo Cavalão (falecido em 91) nas guitarras. É lamentável o fato deste álbum não ter saído em CD. Segundo o João da Cogumelo a fita master não foi estocada na temperatura correta e está muito ruim. Não acredito que com tanta tecnologia disponível hoje eles não consigam um lançamento de qualidade. Então aguardemos com esperança.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Circus of Death


Em 1992 o Overdose de Belo Horizonte lançava seu 5º trabalho, Circus of Death. Para este que só conhecia  Século XX e Conscience foi um susto, pois a banda se enveredou por um caminho mais extremo e pesado, o thrash metal. Depois de conhecer todos os trabalhos vejo que Circus é uma sequência natural de Addicted To Reality (1990), que já incorporava mais peso que os trabalhos anteriores. O LP começava com a super porrada "Violence", que ganhou video clipe, que gravei no Fúria da MTV e assisti dezenas de vezes. O vocal mais rasgado de Bozó até camuflou um pouco o sotaque carregado que se apresentava tão evidente nos outros trabalhos. Ponto pra ele. A entrada de um segundo guitarrista colaborou para que chegassem a um som tão potente. "Violence" é daquelas músicas que não te deixam descansar, tirando a introdução no dedilhado, o restante é um bate-cabeça sem freio. "Zombie Factory" vem mais pesada, e depois do início com as guitarras se alternando na base (que dá um efeito fantástico usando fones de ouvido ou 2 caixas de som bem distantes uma da outra) a música se desenvolve em um thrash metal técnico e com uma pegada excelente. Não é à toa que estas duas músicas passaram a fazer parte do set list dos shows destes mineiros. "Dead Clows" com a musiquinha de circo no início vem pra acalmar os ânimos com mais cadência, mas "A Good Day To Die" volta a te lembrar que a regra aqui é quebrar tudo.
O lado B (eita vinil) começa com uma música que se não estivesse aqui o disco não teria o mesmo brilho: "Profit". O início com aquela paradinha (e as outras ao longo da música), as bases de guitarra, o refrão gritado por Bozó e repetido pela banda... é demais!!!! Ouvi e gravei pela primeira vez no Headbanger Attack  que o Laranja do Chakal apresentava na Extra. Depois vem "Powerwish", thrash puro pra banguear, refrão que fica na memória, "The Healer", a mais trabalhada, aquele estilo 'balada pesada' que Metallica e Pantera fizeram com maestria e que na época que comprei o vinil eu ouvi sem parar. Pra fechar "Beyond My Bad Dreams", outra que detona com tudo.
A formação deste clássico tinha Bozó nos vocais, Cláudio David e Sérgio Cichovicz nas guitarras, Fernando Pazzini no baixo e André Márcio na bateria. O CD foi lançado com uma faixa bônus "Children of Sacrifice" e anos depois com uma capa diferente (e horrível) e a ordem das músicas alterada. Nada que tire o brilhantismo de Circus of Death, o melhor álbum de um dos precursores do metal no Brasil.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

The Laws Of Scourge


O Sarcófago, que não conseguia repetir uma formação em seus lançamentos e contava com Gerald Minelli (baixo) e Wagner Lamounier (guitarra e vocal) desde a fundação, juntou forças com Fábio Jhasko (guitarra) e Lúcio Olliver (bateria). O resultado: muita técnica e brutalidade nas faixas de The Laws of Scouge de 1991, o melhor álbum do Sarcófago. Aqui tudo é preciso, violento, e feito com raça. As melhores letras que a banda compôs, o vocal do Wagner, o visual, tudo indicando que o Sarcófago atingiria o mundo. 
O disco abre com a pancadaria da faixa título, passagens técnicas e passagens super velozes com vozes guturais. Wagner mandou muito bem aqui. Depois vem "Piercings", com começo cadenciado, guitarra solando, e vai ganhando ritmo. Na sequência "Midnight Queen", uma das preferidas de muito banger, contando a história de uma prostituta que é assassinada em um quarto de motel. Os backing vocals fazem a diferença no refrão desta faixa clássica. Depois vem Screeches From the Silence, a faixa que ganhou o único vídeo clipe da carreira da banda e melhor deste álbum. É uma porrada sem freio, com direito a uma sombria camada de teclados ao fundo. Prelude To a Suicide, uma das menos comentadas, talvez pelo ritmo mais lento, porém é uma de minhas favoritas. The Black Vomit, regravação que já havia aparecido em versão bem melhor no War Fare Noise, mas que não tira nada do brilho deste play. Pra fechar com chave de ouro Secrets of a Window, com um peso absurdo.
Como sempre disseram, Sarcófago é daquelas bandas que se ama ou odeia, não tem meio termo. E se com este artefato eles não conseguiram atingir o mundo pelo mainstream, com certeza atingiram pelo underground.