sábado, 22 de agosto de 2020

20 anos de Grand Declaration Of War do Mayhem

 


A faixa título é uma introdução em ritmo de marcha para a eminente guerra propagada pelos noruegueses. Provenientes da cena mais amaldiçoada da história do metal, o Mayhem chegava a seu segundo álbum já em um cenário diferente daquele em que o estilo se notabilizou, seja pelo som sujo e ultra extremo, seja por todas as bizarrices de assassinatos, suicídios e crimes religiosos ocorridos nos anos 90. A capa é cruel porém muito bonita esteticamente, pelas cores que a compõem, e casa perfeitamente com o título do trabalho se levarmos em conta que a pomba branca seja o símbolo da paz. "In The Lies Where Upon You Lay" tem bons riffs, mas aquelas vozes faladas enchem o saco e atrapalharam uma boa música. "A Time To Die" corrige isso, com os vocais rasgados de Maniac comandando, porém passa muito rápida em seus menos de 2 minutos. E é mais ou menos por aí que transcorre todo o álbum, com passagens carregadas de negatividade em meio a elementos eletrônicos e nuances enigmáticas que há 20 anos talvez os fãs nunca esperavam encontrar em um CD de Black Metal. Vide "A Bloodsword And A Colder Sun". Os músicos provavelmente estavam mergulhados na vanguarda, abrindo mal do som gelado e clássico de De Mysteriis Dom Sathanas para algo que na época pode ter sido complemente incompreendido. Os vocais de Maniac são os mais diferenciados possíveis, a cada música expondo uma característica diferente, além dos tradicionais rasgados, como ouvimos em "Completion In Science And Agony", uma música tão doom e macabra que até o Black Sabbath ficaria feliz. Podemos perceber a performance de Necrobutcher no baixo e a capacidade de Blasphemer em sentimentalizar toda loucura enraizada através das seis cordas. Mas são nas músicas mais aceleradas que vemos o tremendo potencial bélico de Hellhammer com uma precisão absurda de destruidora. De todas as loucuras talvez a faixa "The Daimonion (part II de III) seja a mais estranha e profunda, pois de quase 5 minutos tem apenas uma frase falada (Eu me lembro do futuro. Um novo começo de tempo) e todo o resto é apenas silêncio. E o mais perturbador de tudo é que a gente não muda para a próxima faixa e fica pensando durante todo aquele silêncio "será que nosso futuro será assim, vazio e solitário, composto por nada?" Um álbum para ser ouvido inúmeras vezes caso você dê a chance a ele de se mostrar como uma obra de arte louca mas que faz todo sentido, se é que isso é possível.  

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