O nordeste brasileiro tem se mostrado uma grata surpresa em se tratando de bandas de Doom Metal. Samanttha, formado em 2005 no Piauí, finalmente nos presenteou em 2019 com este álbum soberbo chamado Bards' Elegy. Bom frisar que de 2009 a 2015 a banda estava em stand by, o que explica tantos anos para o lançamento de seu debut. Com uma capa simples, mas totalmente dentro dos padrões do estilo, Samanttha despeja soturnidade aos quatro cantos da mente. Quando o primeiro som de guitarras de "And Your Pristine Eyes..." surgem dos alto-falantes a gente se assusta achando que colocou um álbum do My Dying Bride para ouvir. Mas aos poucos a banda britânica vai se transformando apenas em referência, pois as criaturas conseguem viajar por várias influências dentro do estilo sorumbático e desfilam momentos totalmente eficazes na difícil tarefa de provocar nossos sentimentos mais lúgubres. "Banishment" é uma prova disso, principalmente quando o vocalista Sérgio Holom solta vocais limpos de uma beleza rara, sem exageros, apenas aquilo que o som pede através dos mórbidos caminhos da melancolia. Os teclados de Marcell Diniz perfazem uma camada intensa, como ouvimos na longa "My Own Lament", mas não se enganem quem pensa que a banda usa os teclados à frente de tudo para esconder um trabalho banal de guitarras, pois Dyego Lisboa e Holom que também cuida das seis cordas fazem um trabalho primoroso, arrastado e pesado, com timbragem perfeita para o estilo, ouça os arranjos nesta mesma música lá pelos quatro minutos que vai atestar o que digo. O álbum foi produzido pela própria banda no estúdio do vocalista e o resultado é muito bom. "Rain Of Tears" tem uma batida de bateria bem interessante, onde o baixista Luiz Gustavo fecha a cozinha com maestria. É uma faixa mais rápida que o normal e dá pra sentir influência do ótimo Avec Tristesse em alguns momentos. Por falar em momentos, a arrastada "Moments" nos brinda com uma poesia repleta de solidão e desolação, contrastando com as risadas da insanidade presentes em "The Dream's Voice". O trabalho termina com um fragmento instrumental da primeira faixa e deixa aquela sensação de querer ouvir um novo trabalho de Samanttha, para ver quais caminhos tortuosos estas criaturas irão percorrer no futuro. Caminhos negros com certeza. Um ótimo play para quem curte Death Doom e que mereceu o carimbo do Metal e Loucuras.
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