domingo, 17 de janeiro de 2021

20 anos de Bonegrinder do Drowned.


Após uma demo muito bem recebida no cenário, chamada "Where Dark And Light Divide..." e participação em algumas coletâneas, a expectativa pelo debut dos mineiros era grande. A cena mineira, até então uma das mais prolíficas do mundo, gerando alguns dos maiores nomes do metal nacional entre os anos 80 e 90 estava estagnada. Poucas novidades e os grandes em hibernação, a cena se mantinha com apresentações de bandas internacionais. Então considero Bonegrinder um divisor de águas, uma renovação da cena, onde o interesse pelo metal nacional retornou, e festivais com bandas como Torture Squad e Nervochaos passaram a ocorrer com boa presença de público. A capa do álbum ficou a cargo do cartunista mineiro Quinho, (Marcos Ravelli), também vocalista do Thespian, e trouxe o mascote quebrador de ossos dilacerando uma pilha de corpos, que ficou muito bonita, mesmo que a ideia já tenha sido usada em Pleasure To Kill do Kreator e na coletânea Warfare Noise II da Cogumelo, gravadora que também projetou o Drowned, outro grande diferencial para uma banda iniciante. Falar das músicas de Bonegrinder não é fácil, uma vez que não há destaques, todas as faixas estão em um nível muito alto, desfilando um Death/Thrash pesado e com belas melodias de guitarras. A mais porrada delas com certeza é "Words From The Pit", um arrasa-quarteirão de pouco mais de 2 minutos, enquanto "Learn To Obey" já vem com ares de clássica, por ser a mais conhecida desde a demo. Os vocais de Fernando Lima vão do rasgado ao gutural com naturalidade e são destaque no álbum, com algumas poucas passagens onde o guitarrista Marcos Amorim arrisca vocais limpos, que seriam melhor explorados em álbuns vindouros. A bateria de Beto Loureiro varia o tempo todo, e talvez possa ser considerado o melhor trabalho de Beto em frente ser kit. Rafael Porto é o responsável pela outra guitarra e há de se dizer que a dupla de guitarristas estava com a criatividade trabalhando a 101% pois os riffs, solos e melodias do álbum deixaram  cada música com sua marca própria, e no baixo o monstro Rodrigo Nunes, tive oportunidade de ver o Drowned no palco algumas vezes naquela época e o cara toca muito. Em 2016 Bonegrinder foi relançado em Digipack e com o EP Back From Hell de bônus, comemorando 15 anos. Agora já são 20 e se você não tem este artefato em sua coleção, com certeza ela não é tão valiosa quanto deveria ser.

 

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